07 novembro 2008

LÓGICA DEMAIS, OBEDIÊNCIA DE MENOS


















Por Jorge Fernandes

A lógica está intimamente ligada à razão. Portanto, a lógica é racional, e a razão é lógica. Uma não sobrevive sem a outra. Tanto a lógica como a razão fazem parte das habilidades que Deus proveu o homem, então, é uma ferramenta ou faculdade que devemos usar para distinguir o certo do errado. Sem entrar no campo filosófico (até porque não sou versado em filosofia, e me perderia em meio a conceitos e proposições), para que algo seja lógico é necessário que esse raciocínio seja válido, o que nos leva à conclusão de que raciocínios inválidos não são lógicos. Outro ponto é que a lógica pressupõe coerência, uma linha contínua de raciocínio. Mas o que é um raciocínio válido? Pode ser qualquer coisa, dependendo da pessoa ou da cultura em que ela vive; porque, mesmo algo irracional pode revestir-se de uma aparente lógica para existir.
E para o crente? O que é lógico? Certamente não deveriam ser princípios não-bíblicos. Nem princípios que se oponham ao Evangelho de Cristo. Jamais deveriam ser princípios anticristãos ou imorais. O sábio rei Salomão asseverou: “Eu apliquei o meu coração para saber, e inquirir, e buscar a sabedoria e a razão das coisas, e para conhecer que a impiedade é insensatez e que a estultícia é loucura” (Ecl 7.25).
A imoralidade, a perversão e o pecado não têm lógica, nem o porquê de serem defendidos. Se reivindicam uma razão, ela é tão corrompida quanto o homem que a costurou. E não lhe resta mais nada, somente a condenação, pois a desobediência a Deus merece punição... Não foi o que disse Jesus? “E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas" (Jo 3.19). Não é lógico?
Então, para o crente, a verdade representa todo o conjunto de revelações e ensinos contidos nas Escrituras Sagradas, os quais são infalíveis, inerrantes e morais, o que faz da Bíblia um livro lógico. E, como o seu autor, Deus é igualmente lógico (ainda que em nossa finitude não compreendamos a infinita razão divina). Por isso, Pedro disse: “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo” (1Pe 2.2). O que é falsificado, que vai contra o Evangelho, deve ser rejeitado, mesmo que do ponto de vista humano aparente-se lógico.
Há de se ressaltar que o homem caído, cuja natureza acha-se corrompida, é incapaz do bem, de apreendê-lo, de compreendê-lo e praticá-lo completamente. Então, diante da infalível, santa e pura revelação divina, não devemos rejeitá-la, mas aceitá-la como a mais absoluta verdade, inexorável. O que vale dizer que a nossa lógica nem sempre será lógica se fiarmos exclusivamente no conhecimento humano, e muitas vezes, o que aparenta ser racional e válido, biblicamente é irracional e inválido, opõe-se à verdade, sendo mais falso que nota de três reais.
Em contrapartida, se fixarmos a atenção nos princípios de Cristo revelados no Evangelho, seremos sempre lógicos e racionais e, por conseguinte, verdadeiros. Como Ele disse: “Porventura não errais vós em razão de não saberdes as Escrituras nem o poder de Deus?” (Mc 12.24). Paulo ecoou a mesma sentença: “Porque, se alguém for pregar-vos outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, com razão o sofreríeis” (2Co 11.4).
Não há dúvida de que o Evangelho é lógico e suficiente para redargüir, repreender, exortar, para que os nossos ouvidos não se desviem da verdade, e voltemos às fábulas (2Tm 4.2-4); mas para batalharmos “pela fé que uma vez foi dada aos santos” (Jd 3).
Porém, com o argumento de pautar cada pensamento e ensino dentro de métodos lógicos (contudo, humanos), muitos esquecem-se de que a obediência a Cristo e a Sua Palavra é a revelação lógica de Deus. Não observar e praticar o Evangelho é ser incoerente, é estar à margem da razão.
Como homens, somos imperfeitos e estamos sujeitos a todo o tipo de contradição. Pensamos uma coisa e dizemos outra, dizemos e não fazemos, fazemos o que não dizemos. Não há como escapar. A queda de Adão no Éden proporcionou que a perfeição na qual fomos criados, à imagem e semelhança de Deus, decaísse; porque nem o mais lógico ser humano o será 24 horas por dia, todos os dias, o tempo todo. Há muitos que nem se preocupam com isso, e se alegram por não serem e terem nenhuma lógica. Não é assim que o néscio diz, ao valorizar a sua intuição? “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?" (Jr 17.9).
Na verdade, o mundo está muito distante da lógica e da razão. A sociedade é a prova maior de que cultuamos o ilógico, o surreal, e estamos de fato num mundo que flutua entre a loucura e a hipocrisia, entre a imoralidade e as trevas, entre servidão ao pecado e buscar a morte. E cada vez mais afastamo-nos da lógica divina: “Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?” (Rm 6.16).
Muitos querem ser lógicos e acabam no caos, se apegam a cada justificativa mal formulada, a cada pensamento e conceito desconexo, para sustentar a sua rebeldia e resistência a Deus. No fundo, o que desejam é continuar na dissolução, na falsa liberdade do pecado e, para isso, valem-se da lógica... mas afinal, qual lógica? Há razão na desobediência a Deus? Há racionalidade em dizer-se cristão, mas não seguir a Cristo? E dizer-se servo do Senhor, mas não se humilhar diante dEle? Em escutar a Sua palavra, mas fingir-se surdo e negligenciá-la? Dizer que vive, mas está morto? Afirmar que a Bíblia é a sua regra de fé, mas subverter cada versículo para não cumpri-los?... “Se alguém não ama ao Senhor Jesus Cristo, seja anátema” (1Co 16.22), foi o que disse Paulo, seguindo a Cristo: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada” (Jo 14.23). Portanto, não há meio-termo, nem justificativa, nem verdades que se acomodem em suposições. Como escreveu o profeta: “E disse-me o Senhor: Viste bem; porque eu velo sobre a minha palavra para cumpri-la” (Jr 1.12); e ainda: “Porventura a minha palavra não é como o fogo, diz o Senhor, e como um martelo que esmiúça a pedra?” (Jr 23.29). Deus não aceita desculpas esfarrapadas, ainda que pretensamente lógicas: “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6.7).
A lógica é importante aliada da fé, mas sem a obediência, a fé é morta, e não tem lógica. Porque a obediência é a fé prática e lógica de que Cristo é o nosso Senhor.

01 novembro 2008

COMENTÁRIO A JOÃO 11.1-16








Por Jorge Fernandes Isah


No começo, é-nos mostrada a situação em que se encontrava “um certo Lázaro, de Betânia, o qual era irmão de Maria e Marta”. Betânia era uma aldeia que ficava na Judéia, distante de Jerusalém quase quinze estádios (v.18), aproximadamente, três quilômetros.
Cristo estava em Jerusalém, havia confrontado os judeus; foi ameaçado de morte por apedrejamento; retirou-se para além do Jordão onde João o batizara, e ali, muitos iam ter com ele, e creram nEle (Jo 10.22-41).
Mas aqui, o Espírito Santo nos revela que Lázaro está enfermo. Para, em seguida, sabermos que Maria, sua irmã, foi a mulher que derramou um arrátel de ungüento de nardo puro nos pés do Senhor, enxugando-lhe os pés com os cabelos (v. 2; Jo.12.3).
Suas irmãs mandaram chamar Jesus com a seguinte notícia: “Senhor, eis que está enfermo aquele que tu amas” (v.3). Ora, não era preciso dizer mais nada. A mensagem que Marta e Maria endereçaram ao Senhor era clara: Lázaro está muito doente, às portas da morte, venha logo salvá-lo! O intuito delas era que Ele fosse até Betânia e pudesse curar Lázaro em tempo. E como irmãs que amavam ao seu irmão, confiando em Jesus como o Filho de Deus, elas encarregaram-se de apelar para os sentimentos do Senhor de uma forma profunda: “aquele que tu amas”. Seria mesmo necessário lembrar a Jesus do Seu amor para com Lázaro? Bem, vejo algumas hipóteses:
1) Por ser Lázaro um nome comum na época, queriam certificar a Cristo de que o Lázaro doente era “aquele que tu amas”.
2) Queriam que o Senhor, ao saber que “aquele que tu amas” estava doente, partisse imediatamente para Betânia a fim de curá-lo.
3) Demonstravam com “aquele que tu amas” revelar a urgência da situação em que Lázaro se encontrava, enfermado.
4) O Espírito Santo quis que a frase “aquele que tu amas” fosse guardada para as gerações futuras de crentes, para que jamais houvesse dúvida quanto ao amor que o Senhor Jesus tem por Suas ovelhas. Neste ponto, faz-se necessário voltarmos a João 10, e observarmos que, claramente, Cristo é-nos revelado como o bom pastor, aquele que dá a vida por Suas ovelhas, e das mãos do qual nenhuma delas se perderá.
Jesus respondeu que a enfermidade de Lázaro não era para morte, mas para a glória de Deus; a mesma explicação que deu aos Seus discípulos quando viram um cego de nascença (Jo 9.3). Lázaro, como o cego de nascença, foi instrumento de Deus para que o poder de Cristo se manifestasse aos homens enquanto era dia, através das obras pelas quais o Pai O enviou a fazer; para que todos vissem que Ele era a luz do mundo (Jo 9.4-5). Então, novamente, em obediência ao Pai, Jesus permaneceu dois dias onde estava.
Fico a conjecturar se o Senhor não desejou profundamente ir ter com os seus queridos. Se não era a Sua vontade partir imediatamente, e permitir que o Seu amigo não morresse. Porque lemos: “Jesus amava a Marta, e a sua irmã, e a Lázaro” (v.5). Talvez a espera o afligisse. Certamente, sendo o Filho de Deus, Ele poderia reivindicar junto ao Pai a urgência da situação, e partir logo. Mas como Deus soberano, o qual nada lhe escapa das mãos, sabendo que tudo se cumpre rigorosamente segundo os propósitos divinos, decretados eternamente (não podendo ser pego de surpresa, ou tendo de adaptar-se ou adequar-se às novas situações), Cristo manteve-se obediente ao plano de Deus, cumprindo-o, porque o objetivo de toda aquela situação era a glória de Deus, e que o Filho glorificasse o Pai, e que o Filho fosse glorificado pelo Pai (Jo 17.1).
Então, passada a espera, Ele disse aos seus discípulos que retornassem à Judéia (v.7), causando-lhes espanto, por que o nosso Senhor havia sido ameaçado de morte; recentemente, em duas ocasiões pelos judeus, escapando milagrosamente (Jo.8.59;10.31). Em ambas as situações, os judeus tentaram contra a Sua vida porque Cristo confrontou-os, revelando-lhes a soberba e a inutilidade por depositarem a esperança de salvação numa religiosidade humana, baseada na justiça humana (a qual jamais é justa, mas injusta; jamais é santa, mas iníqua; e, portanto, ineficiente para aplacar a ira e satisfazer a justiça de Deus), ao mesmo tempo em que afirmou, explicitamente, a Sua condição de igualdade e unidade com o Pai, revelando-se como o Filho de Deus.
Há de se ressaltar, que Cristo acusou os seus inquiridores de fazer as obras do seu pai, Satanás (Jo 8.44). O fato de não amar o Senhor, e de procurar matá-lO, revela o quanto aqueles homens serviam aos desejos do seu pai, e o quanto estavam enganados quanto a servir a Deus. Ao apegarem-se às mentiras proferidas pelo diabo, rejeitando a Verdade que era o próprio Senhor, Cristo emite uma sentença condenatória a eles, ao denunciar que aqueles que não ouvem as palavras de Deus não são de Deus (Jo 8.47). Para, em seguida, declarar que aqueles que guardarem a Sua palavra jamais verão a morte (Jo 8.51), ou seja, a Sua palavra é a própria palavra de Deus, e se os judeus não a ouvem e não a guardam, encontram-se no estado de condenação eterna.
Os discípulos não entendiam porque Cristo queria voltar para a Judéia. Diante dos riscos iminentes, ainda frescos em suas memórias, por que Ele tencionava voltar para lá? O Senhor respondeu-lhes que era necessário que a luz se manifestasse, de que as obras que o Pai deu-lhE a fazer realizassem-se enquanto era dia (Jo 9.4); para denunciar as obras das trevas, e torná-las visíveis aos olhos do Seu rebanho; e, pela luz, a qual é o próprio Cristo, Suas ovelhas não tropeçariam (v.9), não seriam enganadas pelas artimanhas de Satanás, o qual é o pai da mentira e não se firmou na verdade (Jo 8.44), e suas obras foram reprovadas pela luz (Jo 3.20).
É evidente a obra que o Senhor Jesus Cristo realiza no homem caído, que está envolto em densas trevas (Ef 5.8). Como luz, Ele abre-nos os olhos, revelando-nos a Verdade, tanto a do homem corrompido como a do Deus santo, dá-nos a vida (Jo 1.4), tirando a venda que nos cegava (1Jo 2.11), que nos mantinha enganados, que obscurecia o nosso entendimento, e conservava-nos em constante e persistente rebeldia contra Deus, num estado de absoluta oposição ao Criador. Cristo, o Deus Filho, é a luz, e quem anda na luz jamais andará em trevas (Jo 12.46).
Por um momento, os discípulos sentiram-se aliviados com a resposta de Jesus, a qual lhes transmitiu a idéia de que Lázaro dormia e estaria salvo, não morto (v.11-12). Assim, não seria necessário que eles retornassem à Judéia, e, portanto, o Senhor não correria novos perigos. Os discípulos ativeram-se apenas a uma parte da resposta do Senhor, esquecendo-se do restante da frase: “mas vou despertá-lo do sono” (v.11). Por isso, eles não compreenderam corretamente aquilo que o Senhor disse, e foi preciso que Ele falasse claramente: “Lázaro está morto” (v.14). Muitas vezes, não é assim que ocorre? O Senhor nos fala, e, preocupados com o nosso desejo, com aquilo que queremos, em confirmar o que supomos ser correto, verdadeiro, e o que nos traz alegria, negligenciamos a palavra de Deus, ainda que, em nossos corações, enganamo-nos crendo estar fazendo o melhor para Deus. Não foi assim com os discípulos? Ao negligenciarem a totalidade da resposta de Jesus, apegando-se apenas a uma parte dela, de certa forma, não estavam atendendo ao anseio dos seus corações? Ao temor que os afligia? E, não é assim que agimos quando, querendo adequar a Palavra aos nossos conceitos e desejos, negamos a Verdade, tornando-nos rebeldes a Deus?
Mesmo com todos os nossos pecados, e a atitude de oposição a Deus (uns em maior, outros em menor grau, mas, de qualquer forma, rebeldes), Cristo revela-nos o Seu amor; e, misericordioso, vê cumprindo-se cada um dos eternos decretos divinos, a fim de que o Seu rebanho creia e seja salvo. Então, Ele diz: “vamos ter com ele” (v.15).
É provável que, entre os discípulos do Senhor, não houvesse alguém mais cético do que Tomé (excluo Judas Iscariotes, que jamais foi discípulo de Jesus). Ele era um homem lógico, que cria naquilo que via, um homem que não era dado a fantasias, era um realista na acepção da palavra. Em João 20.24-25, ele questionou os discípulos que lhe contaram ter visto o Senhor após a Sua morte e ressurreição. A despeito da afirmação de todos, ele recusou-se a crer no relato: “Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos, e não puser o meu dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei”. Tomé andou com Jesus durante os três anos do Seu ministério terreno. Ele presenciou os milagres, os ensinamentos, e viu cumprir-se cada uma das profecias acerca do Messias, proferidas pelos santos do Antigo Testamento. Porém, não creu no relato daqueles homens, companheiros com os quais esteve lado a lado, e que conhecia muito bem. Como um bom judeu, ele precisava ver um sinal (1Co 1.22).
De uma forma maravilhosa, Deus usou a incredulidade de Tomé para trazer ao coração das Suas ovelhas a certeza da salvação, e de que o Filho de Deus está vivo; e por Ele, somos vivificados, quando estávamos mortos em ofensas e pecados (Ef 2.1).
Este Tomé é quem, naquele momento, não apenas está preparado mas pronto para morrer juntamente com o Senhor (o v. 15 pode dar a idéia de que Tomé está falando em morrer juntamente com Lázaro, o qual Cristo confirmou que está morto, mas, creio que ele se refere à possível morte do Senhor pelos seus perseguidores). De certa forma, a sua afirmação soa pessimista, e, nem mesmo as vezes em que escaparam ilesos dos ataques dos fariseus servia-lhe de consolo. Continuava cético, apesar de tudo o que Jesus lhe mostrou: “Vamos nós também, para morrermos com ele” (v.16). Era necessário que ele visse mais milagres, e nem todos os milagres seriam capazes de fazê-lo crer. Assim, também somos nós que pedimos sinais dos céus, e esquecemo-nos de que “a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem” (Hb 11.11).
A resignação de Tomé com a morte, antes de ser um ato heróico, era uma atitude de descrença, revelando o quanto estamos distantes de Deus e Sua santidade. Mesmo diante de tudo aquilo que Deus nos revela de Si, somente pela Sua graça e longanimidade, é que, tanto Tomé, como eu, como você, podemos crer em Cristo para a vida eterna.
Tomé, como nós, conformava-se com a iminência da morte; porém, Jesus morreu por amor aos Seus eleitos, ressuscitou, e venceu-a, abolindo-a definitivamente (2Ti 1.10).

30 outubro 2008

AMOR














Por Jorge Fernandes

Não é o nome apagado na agenda,
Nem a vela a consumir-se no funeral,
Ou água a esvair-se da pipa fendida;
É muito mais do que cair do cavalo,
Que manter os pés secos na enxurrada,
Cozinhar o galo em banho-maria,
Sonhar tênue em meio à emboscada.

É como erguer uma parede,
Estender a mão ao amigo,
Chorar a dor de quem perdeu,
Andar sem esforço no atoleiro.

Pode durar uma hora ou dias;
Pode arrastar-nos pela vida,
Pode perpassar indelével com o tempo,
Pode ser a carga a nos encurvar.

Cura
Mitiga,
Suporta
Fia.

Conhece,
E faz-se conhecer.

Tem coração,
Tem vida,
É verdadeiro,
É Único.

Seu Nome acima de todos:
Cristo.

Não há outro,
Diante do qual o amor se curve.

24 outubro 2008

APOLOGÉTICA COM FILOSOFIA?












Por Jorge Fernandes

Usarei o comentário que escrevi sobre o livro “Pode o Homem Viver Sem Deus?”, para prosseguir no entendimento do que considero, verdadeiramente, ser apologética.
“Ravi Zacharias é um dos maiores apologetas da atualidade. Por todo o mundo, ele ministra palestras e debates defendendo a existência de Deus, e da necessidade da aplicação dos princípios cristãos na sociedade.
Neste livro, em sua primeira parte, ele faz uma defesa da idéia de Deus a partir de analogias morais e filosóficas. Há de se reconhecer o seu esforço, seu vasto conhecimento, seus pressupostos filosóficos (a maioria baseada em Aristóteles), e a defesa apaixonada de Deus. Apesar de haver alguns "buracos", no conjunto ele é convincente, porém, nem tanto eficiente. Pode parecer que estou contra Zacharias, o que não é verdade. Mas a questão é que não creio em apologética sem Cristo e Seu Evangelho. Ideais filosóficos e estéticos são bons para se promover debates, para páginas e páginas de discussão acadêmica, para inflar e esvaziar egos, mas nunca conversões. Alguns me dirão que Paulo demonstrava grande conhecimento dos filósofos gregos, e usava-os em suas pregações. Concordo, parcialmente.
Certamente, o apóstolo dos gentios, como um homem extremamente culto, um erudito em sua época, conhecia profundamente os filósofos gregos, bem como os judeus e outros tantos grupos filosóficos. Porém, não vejo Paulo usando "sabedoria de palavras, para que a cruz de Cristo se não faça vã" (1Co 1.17), pelo contrário, como ele mesmo disse, a única coisa que lhe interessava era pregar a Cristo, e este crucificado, visto que Ele era escândalo para os judeus e loucura para os gregos (1Co 1.23).
O fato de Paulo conhecer filosofia e citá-la parcamente (e ainda assim, de forma indireta) não nos dá o direito de substituir a pregação do Evangelho por ciências humanistas, amoldando e acondicionando a Palavra a conceitos e teses humanas. Isso é pecado, esvazia a mensagem de Cristo, tornando-a refém da nossa mente caída, e é ineficiente diante dos homens e seus pecados.
Paulo, como Pedro, João, Tiago e todos os apóstolos eram apologetas. Mas o eram com a mente de Cristo, e não com suas mentes imperfeitas; evangelizavam pela pregação da Palavra, pois, se não há pregação, como crerão aqueles que não crêem? (Rm 10.14-15).
Por isso, quase desisti de continuar a ler a primeira parte de "Pode o Homem viver sem Deus?". Por mais convincente que Ravi fosse em sua argumentação, não via muitas possibilidades de que alguém pudesse crer diante da sua exposição. Pelo fato de não ser o Evangelho, seus pressupostos filosóficos eram passíveis de refutação. E ao revelar a verdade como um conceito filosófico, tornava-a contra-argumentável.
Contudo, na segunda parte do livro, o autor da "nome" à Verdade: Jesus Cristo, o Deus Filho! E começa a expor a Verdade através do Evangelho. Então, fica evidente e patente a solidez de suas argumentações, e como se torna impossível contradizê-las (apesar do quê, para os escandalizados e loucos com a cruz, somente há oposição na loucura e soberba do homem caído, abandonado por Deus).Resta-me agora continuar a lê-lo, esperando que não mude de foco, pois, somente através da ação do Espírito Santo pela Palavra, ateus e todos os tipos de incrédulos se curvarão diante de Cristo, reconhecendo-O como Deus, Senhor e Salvador de suas almas”.

18 outubro 2008

FISIOLOGIA DO MAL - O SEQUESTRO DO ABC -











Por Jorge Fernandes

Não é habitual que eu faça comentários do cotidiano, contudo, diante de outra prova da capacidade do homem de suplantar a si mesmo em crueldade (“Não há um justo, nem um sequer... Não há quem faça o bem, não há nem um só... Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. Em seus caminhos há destruição e miséria; e não conheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos” [Rm 3.10-18]), pergunto: onde estavam os pais da Eloá quando ela iniciou o namoro, aos 12 anos, com um rapaz de 19? Onde está a família, a autoridade paterna, o dever e obrigação que têm de cuidar, proteger e educar seus filhos? Os pais, ao concederem aos filhos a permissão para o namoro numa tenra idade, ainda como crianças, não estão negligenciando-os? Não estão jogando-os as feras? Não seria o mesmo que apartar-se dos filhos? E uma forma de rejeição? De transferência de responsabilidade? Ao entregar a filha ao namorado-criminoso, maior de idade, não estavam também outorgando-lhe a “tutela” da filha? Declarando-o tacitamente responsável pela sua educação? Não estaria ele exercendo o direito do pátrio poder ou poder familiar em lugar dos genitores?... Meu Deus, que mundo!... Onde, cada vez mais, as pessoas tornam-se omissas, rejeitam seus deveres, temerosas em assumir posições que, num ambiente pós-moderno, leva todo tipo de idiotice, devaneio e capricho a sério, como normal, e mesmo, factível.
Não seria por isso que o criminoso-namorado sentiu-se no direito de dispor ao cárcere sua ex? E de julgar-se no direito de dispor-lhe a vida? E de zombar de todos? Dele mesmo, da ex-namorada, e da sociedade? Não estaria ele, como tantos outros, brincando de deus, ao negar os princípios cristãos? Não estamos sendo permissivos em demasia com todos os loucos que subvertem a moral e a ordem? Que desprezam o próximo? Que se rebelam contra Deus? Quem será a próxima vítima? Onde ocorrerá o próximo crime?... Ouvi um psicólogo dizer que o namorado-criminoso deveria ser tratado com amor, por estar em “descompasso emocional”, uma espécie de “pane” mental, ou algo parecido. E a menina (ela tem apenas 15 anos), que se encontra entre a vida e a morte, e somente por um milagre de Deus sobreviverá, poderá ter o “prazer” de manifestar o mesmo desequilíbrio assassino e bárbaro que o ex? Será que ela e a amiga, únicas vítimas de fato, não foram desamparadas pela família e pela sociedade? Será que ao permitir que o crápula tivesse o livre acesso a uma criança, não nos torna culpados? Ao não proteger nossos filhos indefesos dos ataques sistemáticos das forças do mal, travestidos de prazer, diversão, modernidade e aceitação de todo pecado, não os entregamos à sanha destruidora do mal? Restando-nos apenas debruçar desconsolados sobre os seus caixões?
A mídia, como um vampiro, bebeu até a última gota de sangue; e débil, certa Sônia entrevistou, em rede nacional, o bandido-ex-namorado, e em meio à sua fala mansa, cordial, afável, louca e irresponsável, colheu alguns pontos a mais de audiência, e muitos reais a mais em merchandising. Provavelmente, estimulou outros a cogitar a hipótese de ganhar alguns minutos de fama, ainda que com a destruição da vida alheia. Ética? Abutres vivem de cadáveres... Impotente, o Estado viu esvair entre os dedos mais uma oportunidade de nos defender; em outra tentativa malograda, ficou patente a sua inépcia.
Depois, restarão algumas lágrimas, e esquecer... Até que, no derradeiro dia, quando formos o alvo do pecado e da depravação dos criminosos, adulados e bajulados pelos ideólogos da esquerda, os fisiólogos de plantão, ninguém chorará por nós... Será tarde demais... E, talvez, o padrão irracional, imoral e repugnante moldado pela sociedade será a inscrição em nossas lápides.

O QUE É APOLOGÉTICA?








Por Jorge Fernandes Isah


“Antes, santificai ao Senhor Deus em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós” (1 Pe 3.15)

Apologética é a defesa sistematizada e racional da fé cristã. As cartas paulinas e as cartas universais são exemplos de apologética. Ali, os apóstolos e discípulos do Senhor Jesus Cristo defendem o Evangelho contra os ataques insistentes e insidiosos dos judaizantes e dos gnósticos. Aqueles pregavam a salvação pelo cumprimento da Lei, estes, creditavam a salvação pelo conhecimento, ainda que esse conhecimento fosse fruto de distorções da verdade. Assim, eles desqualificavam a mensagem do Evangelho: a salvação exclusivamente pela graça de Deus. Ambos eram deformações dos princípios pregados por Cristo e os apóstolos; e, tanto os judaizantes como os gnósticos, infiltraram-se sorrateiramente na Igreja, eram aceitos como crentes, mas estavam a serviço do seu deus, Satanás, e pregavam heresias com o único intuito de destruir o povo de Deus.


Foi percebendo essa ameaça que Paulo alertou os bispos de Éfeso: “Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue. Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho; e que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si. Portanto, vigiai...” (At 20.28.31).

Orientado pelo Espírito Santo, Paulo percebeu que muitos pregariam outro evangelho, e chamou a esses de malditos, traidores da fé: “Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema” (Gl 1.9).

Portanto, desde os primórdios da Igreja, os ataques malignos vêm sucedendo-se, com variações da mesma fórmula: rejeitar e negar a autoridade de Cristo como o Cabeça da Igreja; rejeitar e negar a autoridade das Escrituras Sagradas; rejeitar e negar a autoridade da Igreja; rejeitar e negar a Verdade; rejeitar e negar Deus.

Sutil e sorrateiramente, manipulando a palavra e torcendo o significado das Escrituras, esgueiram-se pelas fileiras de cadeiras das congregações, destilando o seu veneno e ódio a tudo o que diz respeito a Cristo, e à fé uma vez dada aos santos (Jd 3). O objetivo desses lobos em pele de cordeiros é o de “imitar” o trabalho do Espírito Santo, parecendo sinceros, inofensivos e utilizando-se de uma linguagem que soa espiritual (muitos citam as Escrituras com habilidade), e, através dos seus ideais “quase cristãos”, almejam remover os fundamentos da fé, demolir os alicerces da Verdade; e as conseqüências disso são o instaurar-se a confusão, a descrença, o nominalismo e o engano. Ao utilizar-se da astúcia, a heresia "contamina" as pessoas na igreja, pouco a pouco, tornando-a popular, exatamente por ser "quase a verdade", e se amolda perfidamente à natureza corrompida e pecaminosa do homem, o qual é incapaz de vê-la, e mesmo os que a vêm, por sua perspicácia, acabam por considerá-la inofensiva ou uma "verdade recriada". A capacidade que a heresia tem de reformular-se e aproximar-se da verdade, fazem as diferenças parecerem insignificantes, e as justificativas as tornam ainda mais diabólicos.

Hoje, o que se vê, não é propriamente a defesa da fé (tenho para comigo que a verdade não precisa de defensores, ela por si só defende-se a si mesma, porém, deve ser proclamada, e jamais escondida a "sete chaves", como um tesouro secreto), mas a defesa de conceitos e dogmas apóstatas, ou seja, a renúncia, o abandono do Evangelho de Cristo em favor das deturpações doutrinárias, de algo aparentemente cristão, mas que, diante da lente da revelação divina, as Sagradas Escrituras, denunciam o que realmente são: a falsificação da verdade. E, quando se abandona a objetividade da Palavra e o viver santo, para viver a subjetividade do coração e uma vida dissoluta, essa falsa liberdade os manterá presos, escravos de seus desejos.

Ao desprezar a Verdade, a qual é Jesus Cristo (Jo 14.6), o homem, norteado pelo humanismo, acomoda-se no redil das incertezas, no pecado, tornando-se conivente e participante do mal (Rm 1.32). Somente Cristo pode libertá-lo através do Evangelho, pois, sem Ele tudo é permitido, mas nada possível... Sem Ele, a condenação é a mais pura verdade.

Então, a Igreja não pode permanecer passiva diante do ataque inimigo, porque, após negligenciar a defesa da fé por anos, o passo seguinte é repudiar esse dever. E isso vem acontecendo em muitas denominações, na chamada igreja emergente (um segmento ultraliberal onde impera a filosofia pós-moderna), a qual afirma não haver verdade nem absoluto, e onde tudo é relativo, tornando-se agradável ao mundo (a própria afirmação é, por si só, um contra-senso, visto que, será capaz aos adeptos da i.e. crerem, conscientemente, em mentiras ou na não-verdade?). E dessa forma, em sua incredulidade, tentam fazer de Deus um fantoche, ou, como Nietzsche pretendeu, declarar a morte de Deus.

Na apologética residem o repelir as agressões aos princípios bíblicos, pois, o perigo é que, num ambiente onde eles encontram-se corrompidos e demolidos, não sobrará muito mais o que destruir.

10 outubro 2008

ABORTO & ELEIÇÃO












Por Jorge Fernandes

Deus nos fala de muitas formas; e nesta semana, Ele reforçou em meu coração dois conceitos bíblicos. Um sobre a nossa natureza, e outro sobre a Sua divina e perfeita natureza. Lendo o livro "E Agora, Como Viveremos", dos apologetas Charles Colson & Nancy Pearsey (CPAD), deparei-me com a narrativa de um obstetra americano, o Dr. Bernard Nathanson, o qual durante as décadas de 1960 e 1970, supervisionou mais de 60.000 abortos na clínica CRASH em NY (um nome, no mínimo, sugestivo para o local onde Nathason praticou assassinatos, inclusive, dois dos seus próprios filhos). Para ele, os fetos eram seres impessoais, dependentes completamente da vontade de suas "mamães", as quais detinham o"direito" de eliminá-los ou não. Assim, juntamente com grupos feministas e pró-abortos, fomentou a aprovação de leis que permitissem o extermínio em massa de bebês nos EUA.

Em 1973, tornou-se chefe da unidade de perinatologia do St. Luke's Hospital Center, passando a cuidar das mães e dos bebês (embora continuasse a praticar abortos). Sua função era monitorar os fetos eletronicamente, e tratar dos recém-nascidos doentes.

A ultrasonografia, lançada recentemente, era o que de mais moderno havia para se acompanhar o desenvolvimento do feto; e ele assistiu às imagens, pela primeira vez, juntamente com um grupo de residentes reunidos ao redor de uma paciente grávida. Durante o exame, ele percebeu que a sua mente abandonou o termo feto em favor do termo bebê. Tudo o que aprendera na faculdade de medicina fundiu-se às imagens na tela, e impactou a consciência de Nathanson, convencendo-o de que a vida humana existia no ventre desde o começo da gravidez (depois de apenas doze semanas, nenhum novo desenvolvimento anatômico ocorre no bebê; ele simplesmente fica maior e mais capaz de sustentar a vida fora do útero).

Em 1979, finalmente, decidiu não realizar mais abortos, qualquer que fosse a justificativa (ele ainda acreditava que o aborto, em casos especiais, era legítimo). Publicou livros, documentários, e realizou palestras contra o aborto, tornando-se um defensor da vida, o que lhe valeu a inimizade e o desprezo dos seus mais diletos aliados no passado.

Em 1989, após procurar alívio para sua alma em quase tudo: casas maravilhosas, carros da moda, esposas que exibia como se fossem troféus, adegas de vinho, cavalos, livros de auto-ajuda, terapia, drogas e misticismo, ele se converteu a Jesus Cristo [O Dr. Nathanson escreveu: "Eu estava morando com a suserania dos demônios do pecado, obviamente dedicando-me a tudo que estivesse vinculado ao aparente carnaval sem fim dos prazeres, a festa que nunca termina (como os demônios fazem acreditar)"].

Ao ler o seu testemunho, veio-me à mente Efésios 2:1: "E (Deus) vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados"; e, novamente, percebi o quão miseráveis e malditos somos, incapazes de nos achegar a Deus, e colaborar com a nossa salvação. Um pecador como Nathanson, como eu, como você, está morto em seus pecados, MORTO! Paulo diz em Efésios 2.3: "Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também"; harmonizando-se com as palavras de Cristo: "Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados, porque se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados" (Jo 8.24). A única recompensa que fazemos jus é ao INFERNO, à punição de sermos condenados eternamente ao lago de fogo.

Mas aprouve a Deus, pela Sua graça, amor e misericórdia, nos resgatar das garras do maligno, e nos transportar para o Seu Reino de glória. Ele diz: "Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim, e dos teus pecados não me lembro" (Is 43.25); e ainda: "Porque isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados" (Mt 26.28); enquanto Paulo conclui: "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie" (Ef 2.8-9).

Portanto, a cada dia, devemos nos convencer da nossa condição amoral, pecadora e dissoluta diante do Deus Santo; e reconhecer que, ainda assim, Ele nos derrama a Sua graça, perdoando-nos, redimindo-nos, limpando-nos, regenerando-nos, tenha eu matado milhares de bebês indefesos ou não, pois, todos carecemos da salvação que somente há em Cristo Jesus nosso Senhor: "Ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã" (Is 1.18).

Que a salvação dada pelo Senhor Jesus Cristo, a qual não temos mérito algum, o faça exultar, glorificando a Deus por tê-lo elegido antes da fundação do mundo (Ef. 1.4), assim como fez ao Dr. Nathanson.

Somente Ele é capaz de transformar um assassino em santo, pois, "isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece" (Rm 9.16).

Texto escrito em 05/01/2008, publicado no extinto periódico "O Enviado".

04 outubro 2008

A MORTE DA MORTE








Por Jorge Fernandes


Como adepto do existencialismo, vivi três meses de completa rejeição à idéia de Deus. Lá pelos meus dezenove anos, após “desviar-me” da igreja batista à qual era membro desde os dezesseis, vi-me seduzido pelo mundo, pela liberdade do mundo (livre para a devassidão), pela imoralidade, e o prazer carnal que ela trazia. A idéia de Deus que eu ouvira nas pregações, leituras bíblicas, e do testemunho de crentes fiéis não podia conviver com o meu novo estilo de vida, portanto, a primeira coisa a fazer era “matar” Deus, para não ter a consciência afligida, nem ninguém a cobrá-la.
E o que no princípio tornou-se uma festança, esbaldando-me em cada esquina, leviana e dissolutamente, foi dando lugar à dor, ao vazio e a desesperança. A mente, ao insurgir-se contra Deus, somente é capaz de ferir-se... desiludida, confusa, colide-se com o natural, e não é capaz de encontrar alívio em mais nada, apenas na própria dor. A mente flagela-se, dilacera-se, esmaga-se, não se aceita; incapaz de curvar-se, engendra saltos ainda mais profundos, e o que lhe resta é a própria autodestruição. O suicídio torna-se o alívio derradeiro: a suprema escolha ilógica do indivíduo, porque viver é por demais desalentador, é um esforço sobre-humano.
Como não há verdade objetiva nem absoluta, o existencialista sofre, angustia-se, revolve-se na existência frouxa da paixão, que, maquinalmente, o mergulha no poço da incerteza, ou na fuga à nulidade, à completa ignorância de si mesmo, do seu semelhante e do mundo.
Via-me como os personagens dos desenhos Looney Tunes que, invariavelmente, precipitavam-se no abismo ao serem perseguidos ou ao perseguirem alguém. Sequer percebiam o chão fugir-lhes sob os pés, e quando davam por si, estavam em queda-livre, de encontro à realidade, dura como o chão era para o Coiote, e quebravam a cara. A perseguição do Coiote ao ingênuo mas rápido Bip-Bip era irreal. Porém, o existencialismo despreza os outros, ridicularizá-os, ri-se deles enquanto chora convulsivamente diante do espelho... sem esperança... é patético.
Mesmo envolto em trevas, não me foi possível suportar o ateísmo [também os demônios crêem que há um só Deus, e estremecem (Tg 2.19)]. Porém, eu não queria abrir mão da imoralidade, da pretensa liberdade que me levava, única e exclusivamente, ao pecado, e a sugestionar e induzir outros incautos ao pecado [alguns nem tão incautos... outros, apenas a esperar um empurrãozinho]. Então, adeqüei-me ao deísmo, a idéia de que Deus não estava nem aí para a sua criação; como afirmei tolamente inúmeras vezes: “Deus fica no céu, e eu aqui! Ele não me incomoda, eu não mexo com Ele!”. Era o cúmulo da arrogância, da blasfêmia, da rebeldia contra Deus. Era a minha natureza caída opondo-se desavergonhadamente a Ele... Menos de um ano após a minha saída da igreja, eu acreditava em um deus impessoal, não cria no diabo, nem no inferno, e sentia-me confortado em saber que, no fim das contas, esse deus salvaria a todos, não condenaria ninguém, e que haveria um paraíso, mesmo eu sendo o que era, fazendo o que fazia. Mas esse aparente conforto não trouxe paz, porque a verdadeira paz, a paz interior, somente Cristo é capaz de propiciá-la [Jo 14.27]. Pelo contrário, quanto mais eu tentava fugir da idéia da morte, mais era atacado por ela, e as noites só eram possíveis após doses cavalares de álcool. De certa forma, mantinha-me anestesiado à noite, e anestesiava-me durante o dia, na espera da tarde chegar, e poder enfim embriagar-me novamente.
O que ficou claro nesses vinte anos, é que a aparente trégua entre mim e Deus não me trouxe tranqüilidade. Ao manter a distância, afastando-me mais e mais d’Ele, sobreveio-me uma dor crônica, infligindo-me tormentos, abrindo feridas que não foram curadas, mesmo com todos os paliativos filosóficos, estéticos e sentimentais administrados. Coube-me buscá-los, aplicá-los, desfrutar de momentâneo alento, e rejeitá-los por sua ineficiência... são quando as frustrações tornam o viver um flagelo, algo insuportável. O tempo passa, os métodos também, e ao olhar-se para si mesmo, vê-se apenas o fracasso. Então, a morte que fustigava, revela-se como a amiga mais próxima, aquela que nos revelará exatamente o que somos, da maneira mais temível, dura e impiedosa: “és pó e em pó te tornarás” [Gn 3.19]. Segue-se a loucura as vezes, a apatia as vezes, a irresponsabilidade, ou a negação outras vezes... como se possível fosse abandonar a vida, apagá-la completamente, como se jamais tivesse existido.
Então, quando tudo parecia perdido, Deus, do qual mantínhamos uma grande distância, encurta-a, aproximando-nos d’Ele. Não há como explicar... Imediatamente, somos içados do fundo do abismo. Instantaneamente, toda a treva se faz luz; toda tormenta se torna em bonança; toda aflição se torna em alegria... uma alegria inconcebível e surpreendente, tão magnífica que nos lança ao chão, e de joelhos, choramos o arrependimento pela rebeldia, pela afronta à santidade de Deus, clamando pelo Seu perdão. Cristo, o justo que morreu pelos injustos, para levar-nos a Deus [1Pe 3.18], é a fonte de toda essa transformação. Num átimo, sabemos o que somos; sabemos quem é Deus, e o que Ele começa a promover em nós pelo poder regenerador do Espírito Santo: antes mortos, agora vivos! Antes, andando segundo o curso deste mundo, em ofensas e pecados, éramos filhos da desobediência [Ef 2.2]; agora, pela misericórdia de Deus, pelo Seu muito amor com que nos amou, deu-nos vida em Cristo nosso Senhor [Ef 2.4-5]. Antes, fazendo a vontade da carne, na imoralidade (porque todo ato que não glorifica a Deus é pecado), éramos filhos da ira; agora, ao recebermos a Cristo, crendo no Seu santo nome, pelo Seu poder, somos feitos filhos de Deus, “os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” [Jo 1.12-13]. É indizível... e resta-nos somente quedar admirados, e render-nos gratos diante da intervenção pródiga que nos libertou dos laços da morte, fruto da graça e misericórdia do nosso Senhor, pois éramos arredios e andávamos dispersos, e Cristo nos reuniu em um só corpo, como filhos de Deus [Jo 11.52].
Então, a nossa mente rebelde, que em toda altivez se levantava contra o conhecimento de Deus, pelo Seu poder, foi levada cativa à obediência de Cristo [2Co 10.5], o qual levou cativo o cativeiro, para que Deus habitasse entre nós [Sl 68.18]. Porque somos novas criaturas, “as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” [2Co 5.17]... Sonho? Delírio?... Não! Mas fé! Não uma fé humana, claudicante, flutuante, como “nuvens levadas pela força do vento, para os quais a escuridão das trevas eternamente se reserva” [2Pe 2.17]. Não. É uma fé viva, sobrenatural, que provém de Deus, sendo Sua doação a nós [Ef 2.8]; pois, “a graça de nosso Senhor superabundou com a fé e amor que há em Jesus Cristo. Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal” [1Tm 1.14-45].
A morte já não exerce mais o seu domínio, pois passamos da morte para vida, pela vida que Cristo nos deu na Sua morte.

29 setembro 2008

CABER











Por Jorge Fernandes

Frio,
Pés em modorra,
O silêncio,
A contemplar as pás girar.
Latido,
Revolve as tripas,
O sentido,
A latejar as pontas dos dedos.
Risco,
Lança-se ao desperdício,
O sonido,
A empilhar calafrios.
Rude,
Fustiga a pedra solta,
O sólido,
A fragmentar-se no moedor.
Freio,
Pedágio em terra estéril,
O sino,
A roer o osso.
Livre,
Rende-se à dor infinita,
O sono,
A fatigar em penas.
Inferno,
Não é apenas o torpor dos delírios.

25 setembro 2008

NÃO SOIS DAS MINHAS OVELHAS

Comentário João 10.22-42








Por Jorge Fernandes Isah

A segunda seção do cap. 10 é a ratificação, o complemento de tudo o que foi apresentado na primeira seção (1-21). Novamente, estamos diante da incredulidade dos judeus, os quais resistem tenazmente em negar Cristo como Messias e Deus; acercando-se d’Ele, inquirindo-O irreverentes e céticos (v. 24). A resposta do Senhor é direta, mostrando-lhes o quão cegos estão diante de todos os prodígios que realizou, os quais testemunham a Sua filiação com o Pai, como Messias e Deus.

Diante da descrença dos seus inquiridores, fruto da arrogância que revela a ruína de todo o sistema religioso judaico, no qual os seus olhos são mantidos fechados para a Verdade das Escrituras, Ele expõe-lhes frontalmente o estado de perdição e condenação em que se encontram:
“Mas vós não credes porque não sois das minhas ovelhas, como já vo-lo tenho dito” (v. 26).

É interessante como para o homem natural a Verdade jamais penetrará nos ouvidos moucos e nos corações impenitentes, por mais que se repita, a menos que o Espírito Santo aja regenerando, dando o novo nascimento a eles, tornando o natural em espiritual. E a prova é que Jesus, por diversas vezes, afirmou aos judeus tanto a própria divindade (Jo 5.36), como a própria condenação deles (Jo 5.37-43); os quais permaneceram duros e céticos, inflexíveis em sua impiedade.


Outro ponto é que, caso quisesse, Cristo poderia abrir-lhes os ouvidos, curar-lhes os corações e mentes, tornando-os ovelhas do Seu aprisco. Mas por que não o fez? Porque eles não eram do Seu rebanho:
“As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão” (v.27-28). Quão maravilhosa é a salvação! Como ela é totalmente de Deus, para que nenhuma carne se glorie, e apenas Ele seja exaltado! Como o Senhor é poderoso em misericórdia e graça para salvar e sustentar a salvação de Suas ovelhas. Ele as conhece. O Senhor não conhecerá as Suas ovelhas, mas Ele já as conhece, e dá-lhes a vida eterna: “Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus” (Jo 17.9). Não é uma possibilidade, veja bem, mas uma certeza. Cristo não nos dá a possibilidade de sermos salvos, de virmos a ser salvos num determinado momento ou de continuarmos perdidos eternamente. Não! Cristo nos salva e nos mantêm salvos, “porque todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora” (Jo 6.37). A obra é toda e completamente d’Ele. Por isso, o Senhor lançava-lhes em rosto a condenação de suas almas, a perdição eterna, a qual é definitiva também, não havendo possibilidade de se reverter: “aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo” (Hb 9.27).

Ao assegurar a salvação, Cristo mostra a união que há entre o Pai e o Filho, de como são um (v.30): Ele e o Pai, ambos, garantem a salvação; estamos seguros nas mãos de Deus Pai e Deus Filho; ninguém nem nada nos arrebatará delas.


Porém, diante de tudo o que o Senhor diz à assistência judaica, os seus corações endurecem-se ainda mais, não lhes sendo suficiente acusá-lo de blasfêmia, mas matá-lo (v.31-33). Tomam em pedras para lhe atirarem, como fizeram em Jo 8.59. O que os levou a essa atitude? Os judeus, erroneamente, acreditavam que Jesus blasfemava contra Deus, ao fazer-se como Ele, portanto, em cumprimento a Lv 24.16, caber-lhe-ia a punição de morte.



Muitos dizem que Jesus Cristo jamais se proclamou Deus. O que, no mínimo, é uma mentira grosseira. Iludem-se crendo que Ele não passa de um iluminado, um mestre, um guru, contudo, à luz das Escrituras, é flagrante e patente a Sua condição de Segunda Pessoa da Trindade, o Deus Filho. Cristo possui todos os atributos de Deus: onisciência, onipresença, onipotência; Ele é justo (1Pe 3.18), santo (Hb 7.26), sem pecado (Hb 4.15)... e somente Ele é capaz de dar-nos a salvação (Jn 2.9; At 4.12; Rm 1.16; 2Ti 2.10; )*.

Há ainda de se entender que o Senhor veio cumprir a profecia de Isaías 53, onde o Cristo é descrito como o “Servo Sofredor”, o qual veio cumprir fiel e plenamente a vontade do Pai (Jo 6.38), culminando com o Seu sacrifício salvífico na cruz do Calvário, e três dias após, a Sua gloriosa ressurreição.
Em resposta à acusação de blasfemo, o Senhor lança-lhes ao rosto o próprio ceticismo com que o indagam, citando a lei:
“Vos sois deuses” (Sl 82.6); “pois, se a lei chamou deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida, e a Escritura não pode ser anulada, aquele a quem o Pai santificou, e enviou ao mundo, vós dizeis: Blasfemas, porque disse: Sou Filho de Deus?” (v.34-35). O significado do Salmo 82.6 não é o de equiparar-nos a deuses. Não somos deuses, nem o seremos. A alusão é feita ao próprio Deus como o juiz supremo, o qual está sobre tudo e todos, e que estabeleceu juizes, magistrados, no meio do Seu povo a fim de julgar com justiça os conflitos entre os homens (Dt 1.16-17). Portanto, Cristo imputa aos seus inquiridores a sentença de que, ao acusá-lO, o fazem injustamente, pois aparentam cumprir a lei ao querer matá-lo com pedras, porém, descumprem a própria lei ao julgá-lO injustamente, por desejar condenar o inocente, e, agindo assim, pecam contra o próprio Deus.

Cristo, de acusado, torna-se juiz daqueles homens, ao apontar-lhes incisivamente os seus pecados; porque, como disse:
“Quem me rejeitar a mim, e não receber as minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia” (Jo 12.48). Portanto, a lei que os judeus usavam para acusá-lO é a mesma que os condenará, pois, ao invés de buscar a justiça, agem segundo o seu coração endurecido, distorcendo a Verdade com o propósito de alcançar os seus perversos e ímpios intentos.

Ao confrontá-los com as obras que realizou, das quais eram testemunhas, e por intermédio delas conheceriam que o Pai está no Filho, e o Filho no Pai, revelando-lhes a unidade de Deus, e de que Cristo é Deus (v.38-39), e de que, ninguém a não ser Ele poderia realizar as obras que são de Deus; os judeus procuraram matá-lO. E a obstinação dos seus corações em agir iniquamente, confirma Marcos 4.12:
“Para que, vendo, vejam, e não percebam; e, ouvindo, ouçam, e não entendam; para que não se convertam, e lhes sejam perdoados os pecados”. Em João 12.40, Jesus cita Isaias 6.10: “Cegou-lhes os olhos, e endureceu-lhes o coração, a fim de que não vejam com os olhos, e compreendam no coração, e se convertam, e eu os cure”.
A soberania de Deus sujeita todas as coisas a Ele. Nada lhe escapa, e tudo lhE é submisso. Os judeus, como muitos hoje, estão cegos, surdos e em profundas trevas; inflexíveis em seus pecados, teimosos em sua rebeldia, trazendo sobre si a ira vindoura e a condenação eterna ao inferno.


Porém, àqueles aos quais o Filho revelou o Pai, pois
“ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Mt 11.27), esses creram n’Ele (v.42), receberam a salvação, e participarão da Sua eterna glória.
Como Pedro disse:
“Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor” (At 3.19)... Porque é chegado o Reino dos Céus (Mt 3.2).

* Sobre a divindade de Cristo ler http://tabernaculobatista.blogspot.com/2008/09/cristo-deus.html

20 setembro 2008

VOCÊ ESTÁ MORTO?

















Por Jorge Fernandes Isah
 
A morte é inevitável. Todos morrerão um dia, a menos que, antes o nosso Senhor volte em glória para unir-se à Sua igreja. Enquanto isso, não damos muita importância a ela, ou fingimos não dar, mas sentimo-la rondar-nos. Sua presença é constante, seja nos noticiários, nos filmes, livros, no trabalho, nas ruas, na mente...

Às vezes é alardeada pelas sirenes, pelas multidões nos velórios, pelas páginas dos jornais, pelos gritos de desespero... Outras vezes, uma manchinha de sangue na calçada, uma lágrima furtiva, ou um aperto silencioso no coração impedem que ela passe despercebida... Em alguns casos, ocorre anônima sem que alguém note, sem que haja um nome, e mesmo um corpo.

A morte pode vir súbita como num acidente, ou prolongada por uma doença dolorosa; pode nos atingir prematuramente, mesmo no ventre materno, como muito avançada em idade; não escolhe sexo nem cor, peso nem altura, fortes nem débeis, ricos nem pobres; acomete tanto na terra, no ar, ou mar... quase alcançou os tripulantes da Apolo XIII, em pleno espaço sideral.

Ela está a rondar solerte, pairando sobre nossas cabeças, pronta para decepá-las. Pode vir como uma brisa prolongada, ou como uma borrasca instantânea, mas, invariavelmente, não será precedida por uma festa ou alegria [mesmo contida] do candidato a morto; e revelará aos vivos a transitoriedade da vida.

Por falar em vida, o que ela é? [esquecendo-nos um pouco da morte]. Podemos defini-la como existência, animação, tempo, estilo ou um modo de se subsistir. Mas em todas essas definições ou alusões temos um estado finito, efêmero, no qual ela estará sujeita à temporalidade, o que levará muitos a crer apenas na sua materialidade, numa realidade exclusivamente terrena; e esta conclusão nem mesmo é uma ínfima fração da verdade.
 
Definição precisa [ainda que amarga] nos deu um homem sobre a vida terrena: “Os meus dias são mais velozes do que a laçadeira do tecelão, e acabam-se, sem esperança. Lembra-te de que a minha vida é como o vento” [Jó 7.6-7]. Moíses concluiu: “Passamos os nossos anos como um conto que se conta” [Sl 90.9]... “Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece” [Tg 4.14]. Portanto, a vida é algo fácil de perder, pode nos ser tirada a qualquer momento, ainda que a julguemos segura, e esforcemo-nos em propiciá-la. O alento de sustentá-la nunca será suficiente, mesmo que o dispensemos diligentemente... Diante da mais sutil ameaça, a angústia sobrevirá, pois o fim de todas as coisas é a morte: “Que homem há, que viva, e não veja a morte? Livrará ele a sua alma do poder da sepultura?” [Sl 89.48].
 
Mesmo a vida, num determinado momento, se sujeita a ela...
 
Não quero trazer-lhe tristeza, nem angústia, nem apressar o que talvez demore ainda muito tempo a acontecer. Ao tocar neste assunto, quero falar é da esperança e da certeza que nem mesmo ela, a morte, é capaz de destruir.
 
A Bíblia afirma que o último inimigo ao qual o Senhor Jesus derrotaria seria a morte [1Co 15.26] , “porque todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés” [v.27].
 
Como homem, Cristo padeceu e morreu na cruz do Calvário, para expiar os nossos pecados, e nos dar vida eterna; “porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor” [Rm 6.23]. Cristo morreu para que tivéssemos vida, não apenas por alguns anos ou décadas, mas por toda a eternidade.
 
Por Sua graça e misericórdia substituiu-nos, recebendo a ira divina que nos seria destinada; “porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo” [1Co 15.21-22].
 
Ao terceiro dia, Ele ressuscitou, e então, o jugo da morte não mais prevaleceria sobre o Seu corpo; Ele venceu-a: “tendo sido Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte não mais tem domínio sobre ele” [Rm 6.9].
 
Assim todo o que reconhece o Seu sacrifício na cruz herdará a vida, e jamais morrerá, porque a primeira morte é física, mas a segunda morte é a completa e eterna separação de Deus, quando os que se mantiveram rebeldes a Ele serão lançados no lago de fogo inextinguível, ou seja, a morte definitiva, inexorável. Cristo, através da Sua morte, deu-nos a vida, a qual nem mesmo o tempo será capaz de destruir, porque, como disse, “se alguém guardar a minha palavra, nunca verá a morte” [Jo 8.51], “não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” [Jo 5.24].
 
Portanto, não há o que temer, antes, ansiar o momento em que encontraremos o nosso Senhor e Salvador, como Paulo disse ao referir-se à própria morte: “tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor” [Fl 12.3].
 
Deus é o protetor da vida; devemos depositá-la em Suas mãos, o qual é fiel para conservá-la, “porque eu sei em quem tenho crido [Cristo], e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia” [2Tm 1.12], quando O vislumbraremos face a face, “porque assim como é o veremos” [1Jo 3.2]. Porquanto, os efeitos dos nossos inimigos, o pecado e a morte, foram anulados por Jesus Cristo, tragados por Sua vitória [1Co 15.54].
 
Então, a morte torna-se inofensiva diante da gloriosa vida que Deus nos concede; não a todos, mas para os que confessarem Cristo, pois, “qualquer que me negar diante dos homens, eu o negarei também diante de meu Pai, que está nos céus” [Mt 10.33]; porque “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim" [Jo 14.6].
 
Sem Cristo, você já está morto!

11 setembro 2008

100% SOBERANO

Comentário de João 10.1-21












Por Jorge Fernandes

Diante da dureza dos corações e da incredulidade do povo judeu, Cristo revela-lhes que somente há um pastor, o qual é Ele. Não há outro. Muitos se dizem pastores... há mesmo uma idéia relativista de que todos os caminhos levam a Deus. Mas somente um caminho pode levar o homem a Deus: Cristo nosso Senhor (Jo 14.6). O Senhor aponta o sistema religioso judaico como os falsos pastores, lobos na verdade, o qual foi contaminado por filosofias, tradições e o legalismo, tornando-o um sistema corrompido em que, supostamente, o esforço do homem em cumprir certas regras garantir-lhe-ia a salvação.
Em contraste a esse esquema extrabíblico e que glorifica o homem, os patriarcas e profetas depositavam as suas almas em Deus, creditando a Ele, por Sua graça e misericórdia, o poder de serem salvos e alegrarem-se na salvação que vinha apenas do Senhor (Sl 18.2, 35.9, 118.14; Is 61.10).
Portanto, Jesus Cristo é o único pastor, o qual me faz deitar em verdes pastos, e guia-me mansamente a águas tranqüilas, refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça (Sl 23.2-3).
É surpreendente como o apóstolo João deixa clara a atividade, a ação positiva do Senhor, e a nossa passividade. Ovelhas são animais que carecem de extremos cuidados. Se não tiverem uma atenção especial, tornam-se presas fáceis do inimigo. Logo, necessitam de um pastor. O qual está disposto a morrer por elas; se preciso for, dar a vida por elas. Cristo morreu por seu rebanho. Ele não morreu pelo rebanho do vizinho, nem por todas as ovelhas do mundo, mas exclusivamente por Suas ovelhas, as quais O seguem porque conhecem a Sua voz. Por isso, Ele se proclama o bom Pastor, aquele que conhece as Suas ovelhas, e delas é conhecido. “Como o pastor busca o seu rebanho... assim buscarei as minhas ovelhas; e livrá-las-ei de todos os lugares por onde andam espalhadas” (Ez 34.12). A ação de buscar as ovelhas é totalmente do Senhor, e não a nossa de ir até Ele, o que evidencia claramente a Sua soberania em escolher aqueles que farão parte do Seu rebanho, porque “o Senhor conhece os que são seus” (2Tm 2.19).
A idéia de que Cristo morreu por todos é enganosa. Se Ele morreu por todos, então todos são ovelhas do Seu rebanho, portanto, ninguém se perderá. Isso é universalismo, é heresia, e se opõe flagrantemente às Escrituras, que não afirmam que todos serão salvos, antes que “muitos são chamados, mas poucos escolhidos” (Mt 20.16, 22.14).
Cristo disse que o Seu rebanho não era formado exclusivamente de judeus, mas de outras ovelhas que ainda não faziam parte do Seu aprisco. Novamente a ação é completa do Senhor, porque “também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor” (v.16). Fica claro que Jesus não veio exclusivamente para os judeus, mas também para os gentios, pois, “vindo, ele evangelizou a paz, a vós que estáveis longe, e aos que estavam perto. Porque por ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito” (Ef. 2.17-18); não vindo apenas para a nação de Israel, mas também para os gentios, “para reunir em um corpo os filhos de Deus que andavam dispersos” (Jo 11.52).
Não há meio-termo naquilo que Jesus diz. Ele não cogita algo “provável” que pode vir a ser improvável, nem faz conjecturas, nem deixa ao ouvinte qualquer dúvida sobre o que diz; sempre encontramos n’Ele a certeza de que tudo dito se cumprirá, porque é completa e totalmente a Verdade. Por que tudo o que se realizará depende exclusivamente da Sua vontade, e a vontade de Deus não é um mero desejo que pode ou não se concretizar, que está dependente das circunstâncias; e esses “reveses” poderiam frustrá-lo. Ao contrário, o Deus Eterno e Único é quem faz as circunstâncias para que os Seus eternos decretos sucedam-se tal qual os planejou. Então, não há como algo ou alguém (mesmo uma criatura poderosa como satanás) malograr os desígnios divinos, porque “bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido” (Jó 42.2).
Cristo revela-nos que ao servir o Pai e os Seus eleitos, o faz livremente, assim Ele quer: “porque dou a minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou” (v. 17,18). Claramente o Senhor diz que o poder de dá-la e tomá-la lhE pertence (v. 18), portanto, não resta dúvida quanto ao cumprir-se fielmente Seus propósitos: Cristo é 100% soberano, como Senhor que é.
Jesus se dirige claramente ao grupo de escolhidos, os quais chama de amigos: “ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelo seus amigos” (Jo 15.13). Ele não o faz pelos seus inimigos, mas aos amigos, ainda que temporalmente o amigo não saiba sê-lo, mas o Senhor o sabe antes da fundação do mundo, quando desde sempre somos feitos Seus amigos.
Outra evidência é de que Deus Pai e Deus Filho são um, e a salvação é dada àqueles que são entregues a Cristo pelo Pai: “Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós” (Jo 17.11).
Da mesma forma que os judeus questionavam a Jesus àquela época (alguns o achavam louco ou endemoniado), hoje, igualmente, muitos pregam e crêem em um senhor menor, que nem sempre é Deus, ficando à mercê da vontade caída e frágil do homem. Esses proponentes do “deus menor” se apegam ferrenhos à necessidade de liberdade plena e completa para que a responsabilidade humana seja “funcional”. Para que o homem seja condenado é necessário que tenha o famigerado livre-arbítrio, o qual é tão poderoso em si que o próprio Deus se curvaria à sua autoridade, se fosse possível. A justiça está no próprio homem e não em Cristo que é quem nos justifica; “porque, ainda que eu fosse justo, não lhe responderia; antes ao meu Juiz pediria misericórdia” (Jó 9.15); porque “ele levou sobre si o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores” (Is.53.12).
Não crer na soberania plena de Deus, a qual é claramente exposta em João 10.1-21, é desmerece-lO, menosprezá-lO, é torna-lO frágil, omisso, dependente e submisso à vontade humana (ainda que o seja apenas em nossa mente); porque o Senhor não pode ser guiado ou impelido a se conformar ao nosso desejo; o fim de tudo não é Deus seguir os nossos conselhos, mas levar “cativo todo o entendimento à obediência de Cristo” (2Co 10.5); porque “o conselho do Senhor permanece para sempre; os intentos do seu coração de geração em geração” (Sl 33.11).
Aquele sem entendimento louva a si mesmo, mede-se a si mesmo fora da medida, e não segundo a reta medida que Deus deu; a qual é: “aquele que se gloria, glorie-se no Senhor” (2Co 10.17).

04 setembro 2008

DESCONTINUIDADE RADICAL*












Por Jorge Fernandes Isah


Há uma tese que defende a distinção extremada entre o Deus do AT e o Deus do NT, chamada Descontinuidade Radical, a qual despreza o AT como Escritura divinamente inspirada, a reputar Deus como um ser “irado” em contraste com o Deus do NT, o qual é “complacente”, quase um cúmplice do homem. Este é um conceito distorcido, herético e diabólico, que leva à incredulidade e a fé em um deus irreal, distorcido, utópico e feito à imagem do homem; e o grande problema é exatamente este: querer explicá-lO através dos nossos olhos, da nossa mente e dos nossos corações caídos e enganosos.
Desqualificar o AT como parte do Cânon, não crendo na sua inspiração divina, inerrância e infalibilidade, a fim de amoldar Deus segundo os conceitos e percepção errados do homem é excluir o que não se enquadra à mente, pensamentos e suposições nitidamente corrompidos. Portanto, parte das Escrituras (no caso o AT) devem ser negadas para que o homem e sua filosofia sejam confirmados. É uma impostura, um blefe, um sofisma que lança em densas trevas os seus defensores, afastando-os cada vez mais da verdade do Evangelho.
O AT é parte das Escrituras juntamente com o NT, e disso, ninguém pode duvidar sem incorrer em blasfêmia contra o Espírito Santo, que é o seu autor.
Numa clara inversão de valores o pecado do homem é transferido para Deus, lançando-se sobre Ele a culpa exclusivamente humana. É uma espécie de auto-absolvição-condenatória, em que os perfeitos desígnios de Deus são impossíveis de se realizar diante da “justiça” e do conceito erroneamente humano do bem e do mal. Se fossemos capazes de discernir entre o bem e o mal naturalmente, porque Deus nos daria a Lei Moral? Por ela, Ele estabeleceu o padrão de certo e errado, de justo e injusto, de bem e mal, de moral e imoral.
Ainda assim, com todos os alertas, baseados em uma falsa justiça, pecamos ao desobedecê-lO. Como então podemos questionar as ações de Deus? Ao que Paulo diz: "Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim?" (Rm 9.20).
Baseiam o seu “deus” no amor que dizem Cristo ter, não o amor real e eterno que o Senhor tem, mas um amor conivente, condescendente, preso e afeito à vontade do homem. Este tipo de amor tão alardeado e propalado entre os cristãos em nossos dias não é o amor de Deus revelado nas Escrituras, antes é extra-bíblico e claramente enganoso, um artifício maligno de satanás, que o vem repetindo de tempos em tempos nas mentes e corações incautos. Pois afirmam que Deus seria incapaz de fomentar a destruição, a matança e o extermínio dos povos inimigos de Israel (por conseguinte, inimigos de Deus, visto que Israel era o Seu povo eleito), como fez com os cananeus, os amorreus, os amalequitas... Então, os relatos veterotestamentários não são condizentes com a “imagem” que fazem de Deus, logo, o AT não é parte do Cânon divino.
Por outro lado, apegam-se a um tipo de amor que as Escrituras não revelam. Cristo é corporalmente a plenitude, a completude de Deus (Cl 2.9), portanto, Ele é amor, mas é igualmente, santidade, justiça, retidão... Senão,vejamos:
1) Não foi com a autoridade e santidade de Deus que Jesus condenou Cafarnaum ao afirmar: "E tu, Cafarnaum, que te ergues até aos céus, serás abatida até aos infernos; porque, se em Sodoma tivessem sido feitos os prodígios que em ti se operaram, teria ela permanecido até hoje" (Mt 11.23)? E o que pode ser pior? O extermínio físico dos cananeus e outros povos, ou a condenação eterna ao inferno?
2) Paulo diz a Timóteo que Jesus julgará o mundo: “Conjuro-te, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino” (2Ti 4.1).
3) Quando necessário, Cristo usou de sua autoridade divina para julgar os fariseus e sacerdotes: “Serpentes, raça de víboras! Como escapareis da condenação do inferno?” (Mt 23.33).
4) Igualmente, Ele agiu conforme os Seus atributos de santidade e justiça ao irar-se contra os mercadores no templo: “E entrou Jesus no templo de Deus, e expulsou todos os que vendiam e compravam no templo, e derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas” (Mt 21.12).
Dizer que Cristo revelou-se apenas em amor é mentira, é distorcer a Bíblia. Porque Cristo é a 2a. pessoa da Trindade Santa, e, portanto, igualmente justo, reto, santo e inimigo do pecado tanto quanto o Pai e o Espírito Santo. Quando voltar, Cristo não voltará como servo sofredor, mas como Juiz, Senhor, Rei e Guerreiro, o qual aniquilará definitivamente o mal, o pecado e todos os rebeldes que se utilizam indevidamente do amor de Cristo para tentar torná-lO cúmplice dos seus pecados.
Deus não age como o homem, nem tem as limitações do homem, portanto, ainda que não entendamos (muitas vezes porque queremos fazer Deus igual a nós), a Sua justiça e santidade podem ser percebidas ainda que na "aparente" injustiça do massacre dos povos inimigos de Israel (e porque não, no próprio sofrimento do povo de Israel). Afinal, não são elas conseqüências do pecado e da rebeldia contra o Todo-Poderoso? As quais faz-se necessário julgá-las? Pode o pecado ficar impune? Sem castigo? E o castigo ao pecador impenitente não denota a santidade e justiça de Deus, e o amor por Si mesmo e por Seus eleitos?
Por isso, Ele deu o Seu Filho Amado para expiação dos pecados do Seu povo, dos Seus eleitos, para que sobre eles não viesse a condenação.
Infelizmente, a visão distorcida do homem faz de Deus um ser suscetível, impotente, frágil diante do pecado, da desobediência, do diabo e da vontade humana. Segundo eles, Deus somente pode ir aonde o pecado, o diabo e a rebeldia do homem não chegaram. Ali, a Sua soberania pára, e dá lugar à ação dessas criaturas. Como explicar, então textos como Dt 32.39-43 e Is 45.7?
Jamais podemos olhar-nos e, através da nossa imagem, do que vemos em nós, de nós mesmos, explicar a Deus. Antes, é Ele quem nos define, explica, transforma, e um dia, nos manifestará como é em plenitude, em glória; porque, pela revelação das Escrituras, todos os atos de Deus são bons, justos, santos e retos, mesmo os que não entendemos, aceitamos ou julgamos maus, pois "quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos" (Rm 11.33).
A falta de humildade, de se reconhecer o quanto somos imperfeitos, e a necessidade de nos justificar perante Deus, cria esse "mar" de distorções, de enganos e mentiras. Bastaria ao homem reconhecer em Deus aquilo que Ele nos revelou de Si no Cânon. E se não o aceito, jamais conhecerei ao Deus Único, Vivo e Eterno.
A falta do conhecimento bíblico e de Deus leva o incauto a julgar que Deus não é "páreo" para as convicções humanistas e liberais, como se a filosofia pudesse anular o que Ele é; e ao invés de julgar o homem em sua pecaminosidade, volta-se contra Deus e sua Palavra, julgando-O a partir de falsas e frágeis premissas, sem reverenciá-lO e glorificá-lO como o Deus revelado nas Escrituras (e naquilo que Ele quis nos revelar).
O discurso é restritivo, pois apresenta apenas um dos atributos de Deus: o amor. Mas e a justiça, santidade, retidão...? E a aversão ao pecado? E a necessidade de se condenar o pecador?
Posso afirmar que o adepto da “descontinuidade radical” é alguém que flerta com a apostasia, a heresia; é um lobo em pele de cordeiro com sua pretensa bondade, pois, não há outro termo para se referir a quem questiona, despreza e incita vergonhosa e fraudulentamente a rejeição ao AT, à Palavra de Deus: "Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor" (2Co 6.17).


*Síntese dos meus comentários ao livro "Deus mandou matar?" em http://kiestoulendo.blogspot.com/2008/08/deus-mandou-matar.html