Jorge F. Isah
“Mas entre vós não será assim; antes, qualquer que entre vós quiser ser grande, será vosso serviçal;
E qualquer que dentre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos.” Marcos 10:43,44
INTRODUÇÃO:
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Vivemos em um mundo onde o poder, a influência, a dominação, o sucesso, e o
controle são características vistas como desejáveis, como meta a ser
perseguida.
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O homem, desde o Éden, se considera não somente o senhor da sua vida, mas
também dos outros.
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Filosofias como o utilitarismo e o pragmatismo, que afirmam os fins
justificarem os meios, e o êxito em qualquer empreitada, ou ação, como a prova
da verdade. Ou seja, a verdade somente pode ser medida como tal se ela obtiver
sucesso prático, ou for útil para se alcançar a felicidade.
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Em linha gerais, seria verdade tudo aquilo que, de alguma maneira, colabore ou
contribua para determinado objetivo pelo êxito ou sucesso, ou que leve à
felicidade.
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É claro que os critérios de êxito, sucesso e felicidade são algo subjetivos dentro
da posmodernidade e do poscristianismo ao qual o mundo tem se embrenhado.
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Muito disso decorre do fato de não ser crer em uma verdade, ou na verdade, mas
de que o conceito de verdade é completamente íntimo, e algo pode ser verdadeiro
para um, mas não para outro.
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As pessoas, de um modo geral, tendem a reduzir o sucesso e a felicidade ao seu
caráter material, de que aquilo que se pode ver, tocar, possuir ou comprar é a
prova ou não do sucesso e felicidade.
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Para muitos, a exposição na mídia, o acumulo de riquezas, e o poder para
controlar um maior número de pessoas, são as diretrizes que identificarão se
uma pessoa alcançou ou não o sucesso e a felicidade.
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O materialismo, aquela velha ideia de que tudo pode ser medido apenas pelo que
se vê ou se toca, de que a realidade, e suas nuances, somente podem ser
explicadas pela matéria.
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Fama, dinheiro e poder normalmente são os elementos materiais que identificarão
aquele que deu certo, caso as consiga, ou aquele que deu errado, caso não as
alcance.
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Por causa dessa visão distorcida e diabólica, a maioria dos crimes são
praticados; e eles suscitam tanto a inveja, o orgulho, a cobiça, como o roubo e
o assassínio.
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O mundo, portanto, caminha na contramão da vida, ao dar importância a um
conjunto de substâncias que, antes de promove-la, tratam de aniquilá-la.
OS PRIMÓRDIOS DA
HUMANIDADE
“E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor.
E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; e atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta.
Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante.
E o Senhor disse a Caim: Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante?
Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar.
E falou Caim com o seu irmão Abel; e sucedeu que, estando eles no campo, se levantou Caim contra o seu irmão Abel, e o matou.”
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O primeiro exemplo, do conflito permanente entre os homens, se deu no início da
humanidade. Como lemos no relato de Gênesis, Caim se irou, e matou, o seu irmão
Abel por pura inveja, por se sentir desprezado.
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Sendo arrogante, orgulhoso e vaidoso, não suportou a rejeição de Deus à sua
oferta; não aceitou os méritos do seu irmão em agradar a Deus, e, por esse
sentimento de insatisfação, de revolta, e insubordinação a Deus (não são esses
os elementos a marcarem o “vitimista” moderno, assim como marcou o “vitimista”
pós-Éden?), deu cabo da vida do seu irmão.
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Antes de entender a sua missão, de agradar a Deus, preocupou-se em ser
reconhecido (e este parecia o seu objetivo), em alcançar os méritos sem se
preocupar, efetivamente, em cumprir correta e adequadamente a sua tarefa;
achava-se tão autossuficiente em si mesmo, que a ideia da vitória, ou seja, ser
reconhecido por Deus (ao invés de querer agradá-lo), levou-o a produzir
deficitariamente, não cumprindo o real intento da sua vocação ou chamado. Cheio
de si, olhava para si, e considerava suficiente o seu amor-próprio para
alcançar os louros divinos.
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Entretanto, o fim de todo o homem é glorificar a Deus, sendo esta a mais
sublime de todas as vocações, de todos os desejos, o real significado da vida.
Qualquer homem que prive a si mesmo dessa busca, está morto. Qualquer homem que
não veja isso como a meta primordial e necessária da sua existência, não vive,
e está fadado ao fracasso.
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Caim não aceitou o fracasso; em sua soberba, e não servindo o fracasso como
experiência, aprendizado, a fim de compreender, mas de também corrigir os
erros, e aperfeiçoar-se, preferiu matar Caim, e encobrir o seu insucesso.
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Creio que o pensamento de Caim foi o seguinte: se não posso ter o sucesso que o
meu irmão Abel, ele também não o desfrutará!
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Na verdade, Caim se considerava injustiçado por Deus, e de que merecia o seu
reconhecimento. Deus havia falhado em aceitar a oferta de Abel, e ele, Caim,
estava disposto a reparar esse erro: se não podia ser honrado, Abel também não.
Afinal, o direito lhe pertencia muito mais do que ao seu irmão.
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O caráter humano passou a ser moldado pela ambição.
O QUE PLEITEARAM OS APÓSTOLOS
DE CRISTO?
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Voltemos ao texto de Marcos 10.32-45. Do que ele trata?
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Resumidamente, o Senhor Jesus fala aos seus discípulos do que o aguardava, do
sofrimento que estava por vir, e de que ele sofreria.
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Sendo o Filho de Deus, ele não deveria passar por isso, certo?
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Errado! Ele mostrava a eles que mesmo sendo o Filho de Deus estava disposto a
se sacrificar pelo seu povo. Estava disposto a padecer. A se humilhar. Ser
rejeitado. E condenado como um criminoso.
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Sendo ele santo, perfeito e imaculado, se sujeitaria a cumprir a vontade do
Pai, por amor a ele, e por amor às suas ovelhas.
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É o que ele diz nos versos 33 em diante:
“Eis que nós subimos a Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes, e aos escribas, e o condenarão à morte, e o entregarão aos gentios.
E o escarnecerão, e açoitarão, e cuspirão nele, e o matarão; e, ao terceiro dia, ressuscitará.”
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Ele afirma que será zombado, desprezado, açoitado, cuspido, maltratado e morto.
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Mas, a despeito de tudo, ele ressuscitará ao terceiro dia, mostrando que a
morte não exerce poder sobre ele.
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Então, como se nada do que ele estivesse dizendo importasse ou comovesse Tiago
e João, eles se aproximam e lhe perguntam:
“Mestre, queremos que nos faças o que te pedirmos.
E ele lhes disse: Que quereis que vos faça?
E eles lhe disseram: Concede-nos que na tua glória nos assentemos, um à tua direita, e outro à tua esquerda.”
- Parece estranho que os apóstolos, após a
descrição do que esperava o Senhor, no futuro, tenham se preocupado
estritamente consigo mesmos, e não atentaram para o que viria a acontecer com o
Senhor. Parece insensibilidade, descaso, mas é apenas o egoísmo humano, o
desejo de destacarem-se, como se houvesse neles mérito para ocuparem lugares de
destaque no Reino de Cristo.
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Outro ponto interessante é que o pedido é quase uma ordem: “queremos que faças
o que te pedirmos”, tem o caráter de uma imposição, de uma exigência, como se o
homem pudesse se aproximar de Deus e dizer o que ele deve ou não fazer.
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Nessa situação, parece que os apóstolos estão muito distantes de compreenderem
a missão de Cristo e a deles próprios, ao colocarem-se diante do Senhor com
tamanha arrogância e presunção.
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É claro que não há de se demonizar os dois apóstolos, no sentido de que eles
não tivessem se apercebido da honra que teriam caso ocupassem esses postos. O
problema é que não deixaram essa decisão para o Senhor, mas arvoraram-se a
pleiteá-la, reivindicando-a imperiosamente, ordenando-lhe o que fazer, quando
não lhes pertencia essa prerrogativa, ainda mais da maneira desonrosa contida
nela.
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Cristo os inqueriu, e respondeu, pacientemente:
“Mas Jesus lhes disse: Não sabeis o que pedis; podeis vós beber o cálice que eu bebo, e ser batizados com o batismo com que eu sou batizado?
E eles lhe disseram: Podemos. Jesus, porém, disse-lhes: Em verdade, vós bebereis o cálice que eu beber, e sereis batizados com o batismo com que eu sou batizado;
Mas, o assentar-se à minha direita, ou à minha esquerda, não me pertence a mim concedê-lo, mas isso é para aqueles a quem está reservado.”
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Primeiro, Cristo pergunta se eles beberão do mesmo cálice que ele beber,
significando o sofrimento, dor e humilhação que advirão, ao que respondem com
um “podemos”; e se serão batizados com o mesmo batismo em que ele será batizado,
significando a morte, para a glória de Deus, o que respondem: “podemos”.
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Não sei se Tiago e João compreendiam corretamente as implicações daquilo que
afirmavam, do que os esperava, as dores e angustias e perseguições que
sofreriam no futuro. Cristo afirma eles não saberem o que estão a pedir. Por
isso, penso que não. Que suas respostas continham um elemento de orgulho
incapaz de reconhecer o perigo a que estariam expostos, em breve.
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Segundo, Cristo afirma que eles beberão e serão batizados da mesma forma que
ele beberá e será batizado. O Senhor não nega a afirmação deles, ainda que eles
não tenham a real compreensão daquilo que estão dizendo.
-Terceiro,
ele diz que a prerrogativa de determinar quem estará à sua direita ou esquerda
compete ao Pai. E de que já está determinado, ou em suas palavras, reservado,
àqueles que o Pai escolher.
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Do ponto de vista prático, Tiago e João tiveram o seu pedido negado; não
alcançaram o que almejavam, como se o Reino de Cristo fosse equiparado a um
reino terreno, onde os homens têm preeminência e ascendência sobre outros
homens, numa nítida disputa de poder.
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Estavam equivocados em relação ao mérito pessoal, às suas exigências, e quanto
ao modelo de Reino que Cristo lhes apresentava.
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Ao invés de poder, honrarias e triunfos, dentro de uma visão humanizada, eles,
para alcançar o Reino, teriam de se sujeitar a Deus, e à guerra protagonizada
contra Satanás, seus demônios e servos.
A REAÇÃO DOS DEMAIS APÓSTOLOS
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Entendendo que ali, no circulo do Senhor Jesus, estava a igreja, diante da
pretensão de Tiago e Pedro, como os demais apóstolos agiram?
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O trecho nos revela:
“E os dez, tendo ouvido isto, começaram a indignar-se contra Tiago e João.”
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A palavra indignação significa irar-se, revoltar-se, zangar-se, indispor-se,
revelando que eles ficaram muito bravos com a atitude dos dois.
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Eles perceberam a presunção, arrogância, orgulho, e superioridade deles.
Entenderam que Tiago e João se consideravam melhores do que os demais, e
seguindo esse espírito, sentiram-se traídos pelos “filhos do trovão”. Era como
se, adiantando-se em reivindicarem ao Senhor uma posição de destaque no Reino,
estivessem “passando a perna” nos demais apóstolos.
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Tal qual os dois, os outros dez, agindo carnal e impensadamente, hostilizaram
Tiago e João. É provável que os tenham xingados.
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É assim que se deve agir na vida, de um modo geral, e na igreja de maneira
especial? Claro que não!
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Como está escrito (Rm 12.9-21):
“O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem.
Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros.
Não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor;
Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração;
Comunicai com os santos nas suas necessidades, segui a hospitalidade;
Abençoai aos que vos perseguem, abençoai, e não amaldiçoeis.
Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que choram;
Sede unânimes entre vós; não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes; não sejais sábios em vós mesmos;
A ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas honestas, perante todos os homens.
Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens.
Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor.
Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça.
Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.”
- As exortações são claras, no sentido de apartamos do mal,
mas de não reagirmos na exata medida do mal, vingando-nos da ofensa sofrida.
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Os dez tinham todo o direito de se exasperarem e tirarem
satisfações com os outros dois, mas agindo assim demonstravam apenas terem, em
si mesmos, a aptidão tão comum ao homem natural, aquela a revelar o homem
carnal, que deseja fazer justiça com as próprias mãos, e por tudo a termo
alheio à vontade de Deus, mas satisfazendo-se a sua natureza caída.
- O Senhor, chamando-os para junto de si,
repreende-os:
“Mas Jesus, chamando-os a si, disse-lhes: Sabeis que os que julgam ser príncipes dos gentios, deles se assenhoreiam, e os seus grandes usam de autoridade sobre eles;
Mas entre vós não será assim; antes, qualquer que entre vós quiser ser grande, será vosso serviçal;
E qualquer que dentre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos.”
- Ele nega a ideia de Tiago e João de que o Reino de Cristo seja comparado a um reino terreno, onde as autoridades e governantes dominam, subjugam e conquistam o povo.
- A mesma passagem é descrita por Lucas, no cap.
22.25:
“Mas eis que a mão do que me trai está comigo à mesa.
E, na verdade, o Filho do homem vai segundo o que está determinado; mas ai daquele homem por quem é traído!
E começaram a perguntar entre si qual deles seria o que havia de fazer isto.
E houve também entre eles contenda, sobre qual deles parecia ser o maior.
E ele lhes disse: Os reis dos gentios dominam sobre eles, e os que têm autoridade sobre eles são chamados benfeitores.
Mas não sereis vós assim; antes o maior entre vós seja como o menor; e quem governa como quem serve.
Pois qual é maior: quem está à mesa, ou quem serve? Porventura não é quem está à mesa? Eu, porém, entre vós sou como aquele que serve.
E vós sois os que tendes permanecido comigo nas minhas tentações.
E eu vos destino o reino, como meu Pai mo destinou,
Para que comais e bebais à minha mesa no meu reino, e vos assenteis sobre tronos, julgando as doze tribos de Israel.
- Durante a última ceia, antes da crucificação, o
Senhor diz que seria entregue aos seus algozes por um dos doze. Então, os
apóstolos se perguntaram, entre si, qual seria ele, dentre eles.
- Em seguida, a partir da inquirição de quem seria
o traidor, eles passam para qual deles seria o maior. Sem obterem a resposta
para a primeira dúvida, abandonam-na, e passam para a disputa orgulhosa de qual
deles é o maior, como a nova disputa anulasse a primeira.
- O Senhor então mostra-lhes que o Reino de Cristo
é diferente do que eles imaginam, e daquilo que o mundo estabeleceu como
honraria e sucesso.
- Ao invés de dominar, o crente deve ser dominado;
ao invés de ser servido, o crente deve servir; ao invés de mandar, o crente
deve obedecer; ao invés de ser o maior, ser o menor; ao invés da pompa, de
gabar-se e honrar-se a si mesmo, ele deveria humilhar-se.
- O Reino de Cristo era feito por servos, sendo
ele, o Filho de Deus aquele que mais serviu.
- Por isso, ele os exorta a seguirem o seu exemplo;
servindo, seja na vida, seja na morte, a fim de que Deus seja glorificado em
cada um deles, mesmo nas situações mais angustiantes, dolorosas, mesmo nas
piores perdas.
- Um parênteses:
- Uma das doutrinas bíblicas mais desprezadas, a da
expiação limitada, é anunciada aqui pelo Senhor, ao final do verso 45, quando
ele diz que veio para servir, “e para dar a sua vida em resgate de muitos”.
- A morte de Cristo não é uma mera possibilidade,
uma hipótese improvável de que o homem pode colaborar, de alguma forma, com a
sua salvação. A morte de Cristo não deu “uma chance” ao homem de ser salvo,
como muitos afirmam, e de que a morte de Cristo criou a possibilidade de o
homem vir a se salvar, precisando que ele “aceite” a salvação.
- Assim, tem-se em voga hoje o conceito de que
Cristo morreu por todos, mas nem todos serão alcançados por sua morte, pois
muitos serão condenados e irão para o inferno. Ao ver deles, Cristo criou a
condição para que todo homem se salve, não houve a salvação efetiva, de fato,
por ato, significando que a maioria se perderá, a despeito do esforço do Filho
de Deus.
- Se essa afirmação não é uma blasfêmia, o simples
fato do Senhor afirmar que veio para servir e dar a sua vida em resgate de muitos,
não significando todos, anula-a.
- A morte de Cristo tem de ser efetiva,
resgatadora, em todos os seus objetivos, pois do contrário ele não poderia
afirmar: está consumado!! Dependeria ainda de cada um, a seu bel-prazer, querer
ser salvo ou não.
- Não entrarei em todos os pormenores deste debate;
este não é o caso, nem o texto se propõe a isso, no momento, mas para o leitor
se aperceber de inexorabilidade da doutrina da Expiação Limitada. Qualquer
afirmativa contrária significará o universalismo, se não em princípio, o será
em finalidade, como consequência.
- Fecha-se o parênteses.
CONCLUSÃO:
- Os apóstolos disputavam, entre si, a primazia que
cada um exigia receber no Reino de Cristo. Achavam que o certo seria um se
sobrepor ao outro, exercendo o seu poder e dominação como os reis, príncipes e
autoridades o fazem.
- Por não terem a real compreensão do Reino divino,
julgavam que o lugar a ocuparem no Reino era fruto dos méritos pessoais de cada
um, e de que cada um tinha mais méritos que o outro; quando, na verdade, o
Reino de Cristo é uma dádiva, uma concessão, um presente de Deus para os seus
eleitos.
- Não alcançado pelo esforço humano, mas pela obra
divino-humana do Filho de Deus. Apenas Cristo poderia fazer entrar pecadores em
seu celestial reino, ao fazê-los santos, resgatando-os, transformando-os, e
tornando-os semelhantes a si.
- Então, como ele serviu, aqueles que são chamados
de cristãos (semelhantes, seguidores de Cristo) são ordenados a servirem a
Deus, e ao próximo, colocando-o acima de
si mesmo.
- Para terminar, o texto em Filipenses 2.3-11:
“Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo.
Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros.
De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,
Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus,
Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;
E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.
Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome;
Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra,
E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.
- O Pai nos abençoe, capacite e fortaleça, a fim de
que o sirvamos, tal qual o seu Filho o serviu, para que o seu nome seja
glorificado e exaltado acima de tudo, mas especialmente por nossa sujeição e
obediência, em fazê-lo crescer enquanto diminuímos, em glorifica-lo enquanto
nos humilhamos, por amor do seu nome.
Amém!