27 março 2009

LEI & ORDEM




















Por Jorge Fernandes

Parece o título de um folhetim de tv; onde o mal dá as cartas, permite que o bem ganhe uma ou outra partida, mas ao final do jogo o vitorioso será sempre o mal; bastando que se dê algumas opções ao homem, e que ele escolha-as segundo os seus padrões, para que o caos seja instalado, perpetrado, extrapolado. Essa é a sua principal arma: deixar que o homem decida-se por si mesmo, e se jogue de cabeça no buraco sem fim que cavou com as próprias mãos. Não é assim o mundo? Onde as pessoas esperam tirar proveito da virtude quando buscam e se esmeram no que é nocivo? Como diz o salmista: "Não me arrastes com os ímpios e com os que praticam a iniqüidade; que falam de paz ao seu próximo, mas têm mal nos seus corações" (Sl 28.3). Não há refúgio para o bem no íntimo dos homens, antes "não dormem, se não fizerem mal, e foge deles o sono se não fizerem alguém tropeçar" (Pv 4.16).
Há os cegos que não vêem, e não querem ver essa condição e vivem na ilusão de que a essência humana é venturosa, e os perversos, casos raros de "inocentes" cujas culpas não lhes pertencem mas são resultados do meio, da conjunção desfavorável de fatores ambientais, culturais e sociais (popularmente conhecido como "azar"), os quais não permitiram à bondade florescer, pelo contrário, conduziu-os à improbidade, coitadinhos.
Há os que crêem na regeneração humana, fruto dos esforços pessoais de profissionais "infallibiles", de técnicas comportamentais indiscutíveis, e métodos científicos que levarão o perverso a acreditar-se santo, até que todo o aparato psicológico-terapêutico mostre-se ineficaz e estulto quando, diante da escolha, sua inclinação o levará à queda, pois "os seus pés correm para o mal, e se apressam para derramarem o sangue inocente; os seus pensamentos são pensamentos de iniqüidade; destruição e quebrantamento há nas suas estradas" (Is 59.7).
E ao serem confrotados por suas tolices, escondem-se na condicionalidade do tratamento: Antes, inquestionáveis; depois, imprecisos. E assim caminha a humanidade, "porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas" (Jo 3.20).
Está claro por que o mal subsiste: Num mundo sem ordem, todos estão certos e ninguém tem razão; por que o padrão não é absoluto, pelo contrário, rejeita-se o modelo fundamental, cujo princípio é a verdade e normas estabelecidas por Deus. Ao negá-las, o ponto de partida é sempre o do homem "livre" passeando por um universo relativo, onde o próprio conceito de liberdade não existe. São tentativas de se atravessar paredes sem crer que elas existam; então, como atravessá-las?
Dissimulada e cinicamente, é o mesmo que dizer: não há paredes, mas caso houvesse, poderíamos transpô-las, como não existem, contentemo-nos com a possibilidade de atravessá-las. Ou seja: o homem se tornou refém da própria mentira, aquele fosso que diz inexistir, mas de onde não consegue sair, pois em si mesmo apenas afundará mais e mais.
Porém, que mal é esse? Uma força, uma entidade, uma vontade? O mal tem nome e sobrenome: Satanás, o pai da mentira, de quem Cristo diz: "Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira" (Jo 8.44). O Senhor falava aos filhos da perdição, aqueles que eram influenciados pelo diabo, mas que desejavam o mal com a mesma disposição com que ele anelava. Da mesma forma que Satanás é culpado por desejar e praticar o mal, o homem também não é inocente. E assim a sua rebeldia afastou-o tanto de Deus, ao ponto de não considerar mais o significado da verdade e vida; ele reconhece somente a mentira e a morte, declarando-as a própria imagem de si mesmo, ainda que não as confirme autênticas, legítimas, em seu coração escorregadio. Porém, nenhum artifício afasta-lo-á do julgamento de Deus, porque todos estaremos "perante a face do Senhor, porque vem a julgar a terra; com justiça julgará o mundo, e o povo com eqüidade".
Por que o homem se aproximou tanto do caos? Por que Deus é ordem, e em sua teimosa oposição, o homem desprezou-O, preferindo a confusão. Deus estabeleceu leis pelas quais o homem, observando-as, viveria pacificamente, e a sociedade em disposta justiça. Por isso, após a Queda de Adão no Éden, quando desobedeceu à lei de não comer da árvore do bem e do mal (
"porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás" [Gn 2.17]), enganado que foi pela serpente, a qual induziu-o a cobiçar o pecado que havia em seu coração, a humanidade se tornou abominação para Deus, o qual viu "que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente. Então arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a terra e pesou-lhe em seu coração" (Gn 6.5)*.
Para reger as decisões humanas, o Senhor deu-nos a Sua Lei, que estabelece o que não devemos fazer, o pecado (negativamente), e o que devemos fazer, o certo (positivamente), visto o homem ter apagado em seu coração a Lei Natural (Rm 1.18-21),
"o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos" (Rm 1.21-22).
A Lei Moral percorre por toda a Escritura, mas pode ser resumida pelos Dez Mandamentos, que foram entregues por Deus a Moisés no Monte Sinai (Ex 20.1-17) para que o temor de Deus esteja diante de todos,
"a fim de que não pequeis" (Ex 20.20). Contrário à verdade, o homem desprezou a sabedoria de Deus, entregando-se as suas regras injustas, ao pecado, encerrando a falsidade no recôndito da sua alma, como o produto final de toda a estupidez humana, "que detém a verdade em injustiça" (Rm 1.18). Ainda que o Senhor em sua misericórdia e bondade tenha alertado incontáveis vezes os homens a se converterem dos maus caminhos e das más obras; "não ouviram, nem me escutaram, diz o Senhor" (Zc 1.4); permanecendo mortos em suas ofensas e pecados. Por isso, cada homem e mulher serão julgados. Deus, do alto do Seu trono onde está assentado perpetuamente, "já preparou o seu tribunal para julgar" (Jr 9.7), e "Ele mesmo julgará o mundo com justiça; exercerá juízo sobre povos com retidão" (Jr 9.8).
Mas ainda não é o fim. Quer dizer que o caos e o mal venceram? Não houve a mínima chance para o bem e a ordem? Há um ditado que diz que as aparências enganam. Não sei em outros casos, mas especificamente neste, tudo o que vemos, mesmo a desordem e o pecado, estão em perfeita ordem com tudo aquilo que Deus estabeleceu na eternidade. Nenhum pecado, nenhuma mentira, nenhum engano, nenhuma maldade surpreende ao Todo-Poderoso, que os decretou como forma de manifestar a Sua ira e justiça (Rm 9.22). Para esses, que perpetraram o mal, deleitaram-se nele, acaletaram-no como uma anomalia ardentemente esperada, e deles fluiu como a mais imperfeita das aberrações, a fim de encherem sempre a medida de seus pecados, os "que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que fazem das trevas luz, e da luz trevas; e fazem do amargo doce, e do doce amargo" (Is 5.20) sem arrependimento, "se guardam para o fogo, até o dia do juízo, e da perdição" (2Pe 3.7).
Contudo, os que buscam o Reino de Deus e a Sua justiça (Mt 6.33), encontrarão a ordem e a santidade em Cristo, o qual é "o caminho, e a verdade e a vida" (Jo 14.6), e ninguém vai ao Pai senão por Ele.

Logo, Deus decretou a desordem e o pecado, para que em Seu Filho Amado o pecador descobrisse, e fosse-lhe reveladas a ordem, a santidade e a justiça; e o bem, ao contrário dos folhetins de tv, triunfou na cruz do Calvário, tornando maldição em bênção (porque todo aquele que subir no madeiro será maldito); e na Sua ressurreição, Cristo venceu o mal e o caos, o pecado e a morte, para cumprir em Si mesmo a Lei, e fazer-nos perfeitos nEle (Cl 2.10).


* Na verdade, Deus não se arrepende (Nm 23.19; Os 13.14; Tg 1.17), o que há aqui é Ele expressando-se de forma humana (antropomorfismo), em uma linguagem humana, a forma pela qual entendemos e percebemos o desagrado de Deus com o homem e suas atitudes. Portanto, Deus não se arrependeu de criar o homem que, ao relacionar-se com o Criador de maneira ímpia, levou-O a revelar o Seu desgosto com a maldade.

16 março 2009

A NÃO-RELATIVIDADE DO PECADO


















Por Jorge Fernandes

Na era pós-moderna, em que a sociedade é guiada pelo conceito relativista-materialista, o homem é visto como um amontoado de genes, e suas atitudes estão diretamente ligadas à combinação dos genes, hormônios, e a interação deles com o meio natural e social em que vive. Segundo esse padrão, o homem é resultado de agentes biológicos/hereditários, químicos e ambientais; e assim explica-se os seus atos, os quais são conseqüência direta desses fatores. Tal pensamento visa tirar do homem o senso moral, e suprimir-se Deus, o criador da Lei Moral, pela qual o homem se revela iníquo, e culpado pelos seus pecados. Desta forma, está-se livre para praticar a dissolução e impiedade descaradamente, o "salvo-conduto" que o tornará inconsequente e irracional, fugindo de qualquer responsabilidade que não seja a de pecar, o vínculo suícida com o delito, que culminará na própria destruição.
O ceticismo aboliu a idéia do pecado como ato condenável e condenatório, não podendo ser julgado pela moral cristã, visto ser ao homem impossível resistir às "forças" bio-químico-sociais, as quais está exposto. Como os animais, o homem é refém do seu instinto, não podendo resistir-lhe. Este conceito é o que chamo de a "cara-de-pau" do pecador; por que, diferentemente dos animais, o homem possui uma alma imortal, e ela é capaz de conter e deter os seus impulsos pecaminosos. É claro que esta não é uma definição mas uma dedução, e se aplica apenas àqueles que são regenerados pelo Espírito Santo, mas o objetivo principal é o de diferenciar o homem e sua mente do animal e seu instinto. Muitos podem dizer que o animal é por vezes mais racional que o homem em sua irracionalidade. Pode ser. Mas o fato é que a Bíblia indica os atos imorais humanos como pecados, por isso a necessidade da Lei Moral, a qual distingue nossos atos (e por conseguinte, nós) das demais criaturas.
Por outro lado, o homem somente poderá se conter e deter os seus impulsos pecaminosos pelo poder e pela graça de Deus, ao transformar o coração de pedra em coração de carne; em outras palavras, Deus operará a conversão e o novo-nascimento no homem caído, e pelo poder de Cristo, o homem é justificado, absolvido dos seus pecados, e feito santo.
Se o homem tivesse se mantido puro e perfeito no Éden como Deus o criou, à Sua imagem e semelhança, não haveria o pecado, nem condenação (não entro no mérito de como isso se daria, porque o “se” aqui tem a idéia de hipótese não realizável, uma conjectura, visto Deus agir no homem e na história conforme Sua vontade decretada na eternidade).
O mundo moderno vê o pecado e o mal como resultado natural do que somos. Porém, as Escrituras nos revelam que o mal e o pecado são conseqüências daquilo que nos tornamos ao rebelar-nos contra Deus, ao rejeitar Sua autoridade, supondo-nos capaz de ser como Ele. Ao opor-se a Deus, deliberadamente o homem aliou-se ao mal, teve corrompida a sua natureza, fazendo-se antinatural, uma abominação.
Cristo veio restaurar o que se havia perdido, veio restaurar em nós a imagem de Deus que havia sido maculada e deteriorada por Adão e Eva. Por Ele ser o homem perfeito, puro, santo e sem pecado, ao morrer na cruz do Calvário, substituiu-nos, pagando o preço da nossa desobediência, dos nossos pecados e, então, fomos regenerados, santificados, purificados e transformados novamente à imagem e semelhança de Deus.
Então, o pecado não é relativo: por ele estamos mortos para Deus; por ele virá a condenação eterna; por ele Cristo morreu na cruz... e, por Ele, muitos serão justificados e salvos.
Glória eterna a Jesus Cristo, o nosso bendito Senhor e Salvador!

14 março 2009

PECADO: UMA TRAGÉDIA!














Por Jorge Fernandes

Diante da imoralidade e da cegueira que campeiam no país, onde os valores cristãos têm sido constante e pertinazmente desprezados e substituídos pela falácia humanista/marxista, onde a verdade se tornou relativa a ponto do mal quase não mais incomodar ninguém (a não ser os que sofrem diante da ilusão de que o homem é bom e somente precisa ser compreendido e aceito como tal para que “toda” a inclinação para o bem que não possui se manifeste), alguns blogs discutiram a polêmica do aborto da menina de 9 anos estuprada pelo padrasto em Recife, e que somente se tornou uma controvérsia porque os padrões absolutos de Deus e Sua sabedoria são sistematicamente substituídos pela crença no homem e sua parvoíce.
Certamente, se não houvesse o desdém aos princípios bíblicos, casos como esse não aconteceriam (nem mesmo se chegaria ao estupro, quanto mais ao aborto dos gêmeos), porque Cristo é a verdade e, fora dele, há apenas mentira e fraude. Mas enquanto o homem permanecer cego, o que lhe resta ver a não ser as trevas?
Abaixo, transcrevo alguns dos comentários que fiz em blogs cristãos, cujos links de acesso encontram-se no final de cada um dos textos.
“Bem-aventurados os retos em seus caminhos, que andam na lei do Senhor. Bem-aventurados os que guardam os seus testemunhos, e que o buscam com todo o coração. E não praticam iniqüidade, mas andam nos seus caminhos. Tu ordenaste os teus mandamentos, para que diligentemente os observássemos... Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti” (Sl 119.1-4;8).
Que assim seja!

1) COMENTÁRIO AO TEXTO DO PRESBÍTERO SOLANO PORTELA NO "TEMPORA-MORES"

Solano,
Por que os abortos são legitimados? Como você disse, porque a nossa consciência é antropocêntrica e não teocêntrica. Se a Bíblia fosse não somente a regra de fé, mas a regra moral e ética da sociedade, certamente tal crime não seria cometido. Quando uma sociedade relativiza a vida e a morte, o que se pode esperar dela? Quando os parâmetros são dúbios, incoerentes, pautados pelo “vale-tudo” (a)moral, há poucas chances ou nenhuma para o certo. E o pecado se torna inofensivo, indolor, anestesiante, ainda que o homem se deleite na própria destruição.
De certa forma, somos culpados por essas mortes; quando aceitamos em nossas igrejas que irmãos afastem-se da palavra de Deus e adotem uma postura humanista/liberal sem que sejam exortados e/ou disciplinados à obediência divina, ao Evangelho de Cristo. Quando se oferecem "cristos" baseados nas concepções humanas, e não o Cristo da Bíblia, o qual é único, não há esperança para a vida, apenas morte.
O arcebispo errou ao condenar o aborto? Não. Ele conhece as Escrituras? Provavelmente, não. Mas muitos de nós usam a Bíblia desonesta, espúria, corruptamente, a fim de justificar pecados e crimes como o homossexualismo, o aborto, o divórcio e o novo casamento, entre outros. Não querem perder o contato carnal com o mundo, nem rejeitá-lo, mas viver nele com o endosso e aquiescência de Deus, como se fosse possível. Não querem guerra, nem inimizade com o mundo, mas tornarem-se aliados.
A tristeza é que, casos como esse, acontecem diariamente em nossas cidades, sem que ninguém se importe. Recentemente, no interior de Minas, uma menina de 10 anos engravidou-se do padrasto (e aí não estaria parte do erro? Mães e pais que colocam as suas prioridades acima das dos filhos e filhas?), o qual foi preso, mas a família optou pela vida, e não pela morte do bebê. Enquanto a sociedade for permissiva e proteger os bandidos, nós continuaremos vítimas, e fazendo-nos de vítimas.
Abraços.
(a discussão enfim, migrou para a pena de morte, a qual fiz algumas considerações)

2) COMENTÁRIO AO TEXTO DO JÚLIO SEVERO EM SEU SITE

Júlio,
Concordo com tudo o que disse, porém, a questão é muito mais grave, pois os males sociais estão diretamente ligados ao desprezo a Deus e Sua palavra. Se houvesse a aplicação da Lei Moral de Deus, com as punições descritas no A.T., ao invés da indústria do crime fomentada por advogados, juízes, psicólogos forenses, leis inócuas e o sistema prisional inepto, garanto que a criminalidade desceria a quase zero. Temos de entender que os princípios bíblicos não são apenas para os crentes mas para toda a sociedade, cuja sabedoria de Deus entregou-nos a Sua Lei para que o mal fosse restringido. Contudo, o homem crê na sua falsa sabedoria, entrega-se ao racionalismo/humanista/liberalismo/esquerdista, e é vítima dos seus pecados, soberba e estupidez, deleitando-se na própria destruição.
Creio que a crítica maior está reservada à igreja que não tem sido luz no mundo, ao contrário, tem se aliado com as trevas e propalado o padrão iníquo de satanás, ao não somente permitir mas desejar guiar-se por ele.
Enquanto o homem rejeitar Deus e a Sua Lei, estará fadado à morte e a ruína. E cabe-nos, o corpo de Cristo, guerrear contra o mundo e pela verdade, o Evangelho de nosso Senhor Jesus, pois não estamos autorizados a rever os princípios bíblicos, mas a obedecê-los, simplesmente.

3) COMENTÁRIO AO TEXTO DO MARCOS DAVID MUHLPOINTNER EM "MÚSICA, CIÊNCIA E TEOLOGIA"

Marcos,
Concordo com boa parte do que disse, exceção à questão do aborto. A legitimação desse crime, seja qual motivação houver, sempre ferirá a Lei Moral, a qual, para nós crentes, está acima da lei estatal. Muitas vezes são argumentos humanísticos (eivados por uma falsa justiça) que, invariavelmente, tentam desacreditar e invalidar a Escritura Sagrada, e levam os cristãos a guiarem-se pelo pensamento antropocêntrico.
Não sou biólogo, nem médico, mas se fosse, me recusaria a realizar pesquisas com embriões, abortos e cirúrgias de mudança de sexo, ainda que fosse punido pela lei. A questão é se os meus pressupostos são bíblicos, aparentemente bíblicos ou não-bíblicos; o que refletirá diretamente na minha conduta de vida. Se são bíblicos, guiarei-me pela vontade de Deus, nos outros dois casos, a minha cosmovisão é extra-bíblica, e conflita com a revelação divina.
O problema é que a nossa sociedade despreza Deus e a Sua palavra e, como tal, desde o início, mantém-se num estado de rebeldia, onde casamentos são desfeitos e outros arranjados sem se preocupar com a real proteção e necessidade dos filhos (tratando-os negligente e irresponsavelmente), além do quê, há uma irritante tolerância com o criminoso(a). Vivemos uma avalanche de padastros (e pais, mães) que torturam, estupram e matam enteadas e enteados (filhos e filhas), e a origem disso está onde? No desprezo aos princípios bíblicos, os quais são para toda a sociedade, não apenas para o crente (e a maioria de nós quer se ver livre deles, e pecar comodamente).
Portanto, a despeito do apelo emocional e sentimental da situação (realmente triste, sobretudo, porque é uma afronta a Deus), não vejo nada além do que pecadores sofrendo por sua própria rebeldia (não se esqueça de que "todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus" [Rm 3.23], inclusive a menina)

10 março 2009

INFINITO



















Por Jorge Fernandes

Calma, o mar se tornou ainda mais tempestuoso,
Profundo, o sono não pode ser interrompido por ferroadas,
Fuja enquanto se agarra às amarras do mastro,
Lançam-se as cargas, o vento não quer o mar calado,
O silêncio é o medo de lembrar
Que a sorte ruiu como o casco em pedaços.

Calma, o mar não vai se aquietar
Até que as aves dêem voltas na terra,
E se cansem de ruflar as asas,
E recordem que o céu não lhes é permitido,
De que a terra seca é temerária.

Calma, o mar está embravecido,
Por minha causa, a fúria não cessou,
Os remos se perderam na tormenta,
Salva-vidas definharam ao peso das almas viciosas.

Calma, o mar não se aquietará,
Levantai rogos e preces,
Nossas cabeças estão postas sob sangue inocente,
Vede, ele ofereceu-se em sacrifício,
A causa de não ser eu consumido em desgraça.

Calma, deixou o mar a sua ira,
Ele declarou que fez tudo por mim,
Até mesmo o mal sobreveio por sua causa,
E temi... Porque, se enfurecer de novo, o que farei?

Calma, não há como desertar, ninguém há de acolher,
A passar por cima de mim, a gratidão exibida
São lágrimas encerradas por ferrolhos no coração.

Calma, o inferno cercou-me, com a angústia dos perdidos,
Diante dos olhos, os lamentos são falsos sacrifícios,
Como a recompensa do ingrato, o pagamento do estelionatário,
O cordame enrolado ao pescoço, o ofício do morto.

Calma, gritei do ventre a minha oração,
Tornei a ver a sua misericórdia,
Voltou-me a vida às entranhas, a resposta aos ouvidos,
Fui convocado à sua presença, retido no tempo indefinido,
Onde se desenrola irreversível o perdão definitivo,
Como o compasso do andar imutável, sem decorrer o fim.

A obra verdadeira testifica:
Do Senhor vem a salvação.

03 março 2009

ESBOÇO DE UM ESQUEMA












Por Jorge Fernandes Isah

Incipientemente, tentei montar um esquema sobre a soberania de Deus e a criação, conforme exposta na Escritura. Não há uma ordem cronológica na proposta, e ele não quer explicar o dilema infra/supralapsariano (o qual acho irrelevante, tendo-se em vista que o decreto de Deus é único e não tem uma ordem sucessória, pois foi estabelecido fora do tempo. Porém, a proposição mais coerente com a soberania de Deus é o supralapsarianismo, que não conflita com a onisciência e onipotência divinas). É uma síntese do meu entendimento sobre a soberania de Deus e a criação, onde está contido o bem, o mal e a Lei Moral.

Pode parecer um esforço tolo ou pretensioso, mas creio que o entendimento da soberania de Deus é o divisor de águas que nos fará compreender o Senhor, Sua vontade, e a nos sujeitar completamente a Ele em servidão, inclusive, intelectual, ao reconhecer o Seu poder e como age em nossas vidas. E é isso que a Bíblia nos exorta a ser, meditar, compreender e aceitar.


Muitos reputam como algo impossível, mas se Deus nos revelou a verdade na Escritura, e deu-nos conhecê-la pela ação do Espírito Santo, não há porque refugarmos e afastar-nos das questões difíceis. Se essa não fosse a Sua vontade, que conhecêssemos os Seus preceitos, não nos teria dado a Palavra revelada e a capacidade de entendê-la.


Não se deve colocar
"chifre em cabeça de cavalo" e ir além do que Deus nos faz conhecer, mas também não se pode negligenciar e ficar aquém do que Ele quer nos mostrar.

É urgente que se dê a Deus a glória devida, e entendamos que Ele não brinca de gato e rato com os Seus filhos, para, no fim, deixar-nos completamente abatidos, ignorantes diante da Sua palavra; mas deu-nos o poder de conhecê-lO pela Sua vontade, a qual todos estamos submetidos.



ESBOÇO DE UM ESQUEMA:


DEUS (É o ser supremo, e sujeita à Sua vontade tudo e todos, não havendo nada sobre Ele ou que o submeta, nem o bem, nem o mal ou a Lei moral. Portanto, Deus não está subordinado a nada do que criou, ao passo que tudo o que foi criado está-lhe subordinado ativamente)


CRIAÇÃO (Tudo o que Deus criou por Sua vontade, seja para o bem ou para o mal, manifesta a Sua sabedoria) 


BEM (Parte da Criação. Mas, também, atributo inerente de Deus, e o qual a Bíblia afirma ser a Sua natureza por definição)

MAL (Parte da Criação. Do Seu eterno decreto)


LEI MORAL (Parte da Criação. Do decreto de Deus. Por ela temos conhecimento do pecado e da condenação/punição) 


QUEDA E PECADO (Parte da Criação, do decreto de Deus, para que a graça e misericórdia fossem manifestadas na salvação dos eleitos; e a ira na condenação e castigo dos reprovados)


PREDESTINAÇÃO (Tudo ocorre segundo a vontade de Deus, estabelecida antes da fundação do mundo. E nesse contexto soberano, Deus, em Sua infinita sabedoria, destinou alguns homens para a salvação e outros para a condenação eterna) 


ELEIÇÃO E SALVAÇÃO (Deus resgatou o Seu povo por Seu muito amor, que elegeu por filhos, a fim de se revelar a Sua graça e misericórdia, através do sacrifício do nosso Senhor Jesus Cristo na cruz do Calvário, o qual ressuscitou dos mortos corporalmente; e o mesmo ocorrerá com todos os santos salvos pelo Seu sangue em todas as eras)


CONDENAÇÃO (Deus destinou à perdição aqueles que não seriam justificados pelo sacrifício do nosso Senhor Jesus Cristo na cruz do Calvário, os quais seriam endurecidos e mantidos cegados a fim de serem condenados e sofrerem a punição eterna no fogo do inferno, a fim de que a Sua ira fosse manifesta).


Este é o esboço das principais doutrinas bíblicas, em que a soberania de Deus encontra-se ativa em cada um dos pontos da criação, desde o início quando Ele as decretou, quanto agora em seu desenrolar, e no futuro, quando todo o Seu plano estiver completo e consumado, com os salvos vivendo eternamente na glória celestial, e os condenados recebendo a punição eterna no inferno... e a justiça de Deus triunfalmente contemplada.