Por Jorge Fernandes Isah
Analisemos alguns questionamentos comumente formulados pelos defensores da não autoridade pastoral e do não-sustento pastoral que, via de regra, fazem variações do mesmo tema, resumido-o em três perguntas/afirmações, as quais encontram-se numeradas e entre "aspas":
1)
"Apenas os Levitas tinham o direito de serem sustentados pelo restante
do povo de Israel, porque a tribo de Levi, na qual estavam todos os
levitas, não receberam parte da terra de Israel, dada por Deus. Logo,
eles não tinham onde plantar, caçar, etc, especialmente porque ficavam
por conta dos cuidados no Templo. Como não há mais levitas, desde a
època apostólica, não há porque sustentar qualquer ministério em nossos
dias. Esse padrão foi extinto, e não houve continuidade na igreja
primitiva".
Resposta: 1Co 9:1-16:
Interessante como
Paulo se utiliza de vários princípios do Antigo Testamento para validar o
sustento do seu ministério. Ao contrário daqueles que fazem uma
"separação" entre o AT e o NT, Paulo fundamenta-se e se
baseia no AT para validar um princípio que era negligenciado pela Igreja
de Corinto, o desprezo que tinham para com ele e Barnabé, de forma que
eles, corintios sustentavam os demais apóstolos [ao menos é o que parece
afirmar o apóstolo, no verso 12], excluindo-o. Justamente ele que foi
quem plantou aquela igreja, discipulou-a, e contribuiu como nenhum outro
para o seu crescimento. Portanto, essa ideia de que os Testamentos, em
algum sentido, se anulam, é falsa e equivocada, pois o próprio Paulo se
encarrega de lançar por terra essa distorção ao fazer uso do AT para defender-se diante dos corintios como alguém que também era
merecedor do seu cuidado e do zelo.
2) "Paulo diz que ele tinha o direito de ser sustentado,
mas de que abriu mão desse direito, portanto, o ministro do evangelho
também deve fazê-lo".
Resposta: Mais do que
simplesmente negar o auxílio que porventura os corintios pudessem
dar-lhe, Paulo diz que a negligência deles para com ele não o impediu de
continuar pregando, discipulando e encaminhando-os nas santas veredas
de Cristo, pois Deus havia suprido as suas necessidades através de
outras igrejas. Paulo novamente confirma que o seu ministério é tão
apostólico como o dos demais apóstolos, e a prova era de que Deus havia
suprido as suas necessidades por mãos de outros irmãos [V. 9-10]. Ele
assevera ainda mais fortemente essa questão após citar Dt 25.4, dizendo
que o referido verso fala exatamente deles, e por causa deles foi escrito.
Ora, o fato de Paulo abrir mão desse direito, e temos que ele o faz para
não pôr impedimento ao seu ministério junto aos corintios [v.12], anula
o dever da igreja de sustentá-los? Certamente que não, e é sobre isso que o
apóstolo disserta, levando a igreja a refletir: "Se nós vos semeamos as
coisas espirituais, será muito que de vós recolhamos as carnais?" [V
11]. Entendo que a irrefutabilidade desse questionamento, em si mesma, é
mais do que suficiente para anular qualquer afirmação de que a igreja
não tem o dever de sustentar o seu pastor.
3) "O ministério pastoral é espiritual e não pode ser
comparado a um trabalho assalariado, como se Deus tivesse empregados e a
igreja fosse uma empresa".
Resposta: A tolice
de tal afirmação é tão gritante, e reivindica uma alta espiritualidade
que, contudo, não passa de uma apelativa falsa espiritualidade, na qual
os seus proponentes não se enquadram, no de serem espiritualmente
elevados e prescindirem o próprio sustento, mas de, por não serem
capacitados ao ministério, desejar que os ministros vivam de "vento",
como a minha avó dizia. Pois bem, Paulo, talvez apercebendo-se de que
alguém poderia questioná-lo da mesma forma, já lançou o seu veredito
sobre os que assim pensam: se lhe damos as coisas espirituais, não
podemos tomar-lhes as carnais? Ora, o que é mais importante? O dinheiro
guardado em um cofre, na carteira, despendido com gastos muitas vezes
supérfluos, ou usá-lo na propagação do evangelho, no trabalho do
discipulado, nos meios necessários para que a mensagem de Cristo se
espalhe pelo mundo? Ou seja, o que sou incapaz de fazer, que não tenho
por dom, não me impede contudo de poder ajudar aos que o tem, e assim também sou
participante na difusão do evangelho. Paulo diz que o fato dos corintios
não o sustentarem, e a Barnabé, não tem implicações pecuniárias, visto
que sustentavam outros ministros, mas por desprezarem-no; eles não
consideravam o trabalho de Paulo digno de ser mantido, conservado,
estimulado. A origem do não sustento da igreja de Corinto baseava-se no fato de que o
ministério de Paulo, para eles, era sem importância, o que os tornava
ainda mais culpados diante do apóstolo e de Deus, agora por ingratidão. Não era questão financeira, pois os coríntios sustentavam a outros, em detrimento daquele que plantou a igreja entre eles, mas sobretudo os amava e continuava a guiá-los nos santos caminhos de Cristo.
Paulo sentencia no verso 14, "assim ordenou também o
Senhor aos que anunciam o Evangelho, que vivam do evangelho".
Primeiramente, Paulo cita a Cristo, o próprio Senhor, o qual ordenou: "
Digno é obreiro do seu salário" [Mt 10.10, Lc 10.7].
É possível abstrair daqui uma série de conceitos, e
há aqueles que dirão que a palavra "vivam" não tem relação material, mas
apenas espiritual. Bem, qualquer um que não experimentou somente o viver
imaterial não pode defender tamanha sandice. O homem é um ser completo,
total, e suprimir a parte material dele dizendo que o evangelho, em si
mesmo, será capaz de alimentá-lo e vesti-lo, por exemplo, sem que alguém
disponha de recursos para isso, é teoria das trevas, planejada no
inferno, para destruir não somente a igreja, mas a autoridade de Cristo e da sua palavra.
Por fim, penso que aquele que não dizima nem se preocupa
com o sustento do ministério do seu pastor ou de outros obreiros na
proclamação do Evangelho não ama verdadeiramente a igreja, nem Cristo,
pois ele morreu por ela, e mais ninguém.
Assim como ao final do estudo sobre o dízimo, que será a próxima pauta destes estudos, gostaria de perguntar: Por que não dizimar?
Essa é uma questão que não se cala...
Notas: 1 - No áudio, desta aula, entra-se um melhor desenvolvimento da questão, e outras implicações são nele abordados;
2 - Aula realizada na EBD do Tabernáculo Batista Bíblico;
3 - Baixe esta aula em aula 47c.mp3
Notas: 1 - No áudio, desta aula, entra-se um melhor desenvolvimento da questão, e outras implicações são nele abordados;
2 - Aula realizada na EBD do Tabernáculo Batista Bíblico;
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