30 novembro 2016

ESBOÇO EM SALMOS 91.14: “A RIQUEZA DE DEUS PARA OS QUE O AMAM”



Jorge F. Isah





INTRODUÇÃO
-      Estamos terminando a série de promessas divinas expressas no Salmo 91.
-      Como já dissemos, este Salmo lindíssimo nos dá a garantia de estarmos seguros em Deus, de encontrarmos nele o esconderijo perfeito, de estarmos a salvos do mal e seu efeito devastador.
-      Com isso, não se afirma a inexistência ou impossibilidade do mal nos afligir, mas ele jamais nos dominará ou subjugará, porque o Senhor é a nossa defesa e proteção.
-      Proteção contra a morte definitiva e eterna, sem o temor que ela inflinge sobre o homem natural; porque temos por certo não sucumbirmos ao seu terror e flagelo.
-      Depois de tantas bênçãos enumeradas pelo salmista, há algumas advertências, ou melhor, condições para aquele que é o alvo das promessas esteja cada vez mais seguro e tranquilo quanto ao zelo e a segurança patrocinados pelo Senhor.
-      Vamos a elas:

A PROTEÇÃO DIVINA NÃO É GERAL E IRRESTRITA

-      Se compreendemos, como foi dito, que o cuidado divino não está sobre todos, mas sobre os eleitos, os alvos do seu amor eterno, o verso 14 nos apresenta uma condição para aqueles que estão debaixo da segurança de Deus: amá-lo encarecidamente!
-      A palavra encarecidamente é o advérbio derivado da palavra “caro”, que significa “fazer sacrifício”, “pagar alto preço”, “esforçar” e algo “trabalhoso”.
-      A ideia é de um amor sacrificial, no qual há uma renúncia voluntária, abnegação.
-      Mas, qual seria esse esforço ou sacrifício?
-      Primeiro, deve-se compreender que o homem, naturalmente, não ama a Deus.
-      O Senhor Jesus disse, em João 14.21:
Aquele que tem os meus mandamentos e obedece a eles, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e Eu também o amarei e me revelarei a ele”.
-      O homem natural não ama a Deus porque não o obedece, antes está em constante e duradouro estado de rebelião, de insubordinação, ao Senhor. Se não o obedece, nem o conhece, como pode amá-lo? Como amar um desconhecido? Como amar sem desejar agradá-lo? Sem ser grato pelo seu infinito e eterno amor?
-      Somente o amamos porque ele nos amou primeiro, mas, teremos que reconhecer o seu amor, prová-lo, senti-lo, para depois ele ser gerado em nós.
-      Por isso o apóstolo nos diz em 1 João 4.19:
Nós amamos porque Ele nos amou primeiro”.
-      Enquanto não formos chamados por Deus, tivermos nossos olhos abertos, a mente transformada e o espírito regenerado, a hipótese de amá-lo será tão impossível quanto alcançar a Lua com as nossas mãos.
-      É preciso que o homem morto em seus delitos e pecados seja vivificado pelo Espírito Santo (Ef 2.1-2).
-      Então, reconhecendo quem é Deus, quem somos, e o que ele fez por nós, podemos, enfim, amá-lo.
-      Mas, para isso, é necessário um sacrifício. Logo, voltamos a pergunta inicial, qual seria esse sacríficio?

O SACRIFÍCIO PARA AMAR A DEUS

-      Até agora a atuação humana parece limitada a reconhecer tudo aquilo que Deus fez por ele e, por gratidão, o homem espiritual o aceita, de forma que não havia como não aceitar. O amor divino é tão imensamente belo, generoso, gracioso, que somente a consciência completamente depravada e aniquilada pelo pecado não reconheceria.
-      Porém, o “encarecidamente” nos dá a ideia de um esforço. O que podemos fazer por Deus que ele não tenha feito por nós?
-      São duas perguntas, mas a resposta vem em uma única sentença: negamos a nós mesmos; negamos o velho homem; e queremos, ansiamos, e desejamos ser como Cristo.
-      Ora, Cristo é o Filho eternamente obediente ao Pai. Em seu ministério terreno, fez exatamente a sua vontade, sem que houvesse um mísero Segundo no qual o desobedeceu.
-      Expressamente é o que ele diz em João 6:38-39:
Pois Eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, mas a vontade daquele que me enviou. E esta é a vontade do Pai, o qual me enviou: que Eu não perca nenhum de todos os que Ele me deu, mas que Eu os ressuscite no último dia”.
-      O eleito, o homem regenerado, crucificará o velho homem:



De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?
Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte?
De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida.
Porque, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição;
Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado.
(
Romanos 6:2-6)


- Paulo declara, em Galatas 2.20, aquilo que acontecerá com todos os crentes; uma experiência a qual ele já vivia, a seu tempo:


 Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.”


-      Portanto, apenas aqueles que estão crucificados em Cristo e mortos para si mesmos, são livres, libertos, do mal e da sua ação destruidora.




CONCLUSÃO: NADA DE MAL ACONTECERÁ ÀQUELE QUE AMA A DEUS

-      O mal existe, é um fato. Como já foi ditto, ele é a ausência do bem, ou seja, onde não há amor e reverência a Deus, o mal age livremente, escravizando e aniquilando vidas.
-      A promessa é de que estarmos livres, preservados do mal, envoltos no amor protetor, na segurança perene com a qual o Senhor reservou cuidado para aqueles que ama.
-      Se o amamos, é porque ele nos ama; e amando-o, guardaremos os seus mandamentos.
-      Desejamos ser como o nosso Senhor Jesus, o qual, vivendo neste mundo, não se sujeitou ao pecado, antes serviu completamente ao Pai em seu amor obediente e servil.
-      Por amá-lo encarecidamente, estaremos seguros no alto retiro, na Fortaleza inabalável, no rochedo indestrutível que o é o nosso Deus.
-      Para concluir, um verso escrito pela pena do apóstolo Paulo:
E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.”
(
Romanos 8:28)


- E esta é a nossa certeza e esperança: sabemos que o Bem Supremo cuida de nós, e nenhum mal, ou pecado, terá domínio ou controle sobre nossas vidas. 

Cristo o(a) abençoe!

-

14 novembro 2016

Esboço de Sermão em Salmos 93.1-4: "O Senhor Reina!"



Jorge F. Isah





1)  INTRODUÇÃO:

-      A primeiro afirmação que o salmista nos faz é a de que o “Senhor reina”!
-      Não há qualquer questionamento em relação à existência divina; isto é visto e pautado como um fato pelo escritor; ao reinar, ele existe; existe porque reina e reina porque existe.
-      Da mesma forma, não há qualquer tentativa de provar ou defender a existência de Deus; o salmista tem, por princípio, fundamento e pressuposto, o fato de que Deus existe, como verdade absoluta e insofismável.
-      Nenhum outro autor ou texto da Escritura se preocupa com esta questão. Todos partem da afirmação ou assertiva de que Deus existe; isto é um fato, não uma hipótese ou possibilidade.
-      No primeiro verso de Gênesis pode-se já, de início, perceber, entender, e crer, nessa constatação, pois está escrito:
“No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1)
-      Nela está contida a preexistência divina antes de ele criar tudo o que há pelo seu poder.
-      O irmão consegue imaginar como Deus é poderoso, criativo e perfeito?
-      Se vislumbrarmos uma pétala de flor (algo visível ao homem), em sua beleza, fragilidade, pequenez e exclusividade, assim como o poder, esplendor e grandiosidade de uma estrela, é impossível não se maravilhar com o poder, diversidade e perfeição de tudo aquilo ao qual Deus fez, criou, por sua exclusiva vontade.
-      Existem outros componentes como o amor, a providência e a sabedoria divina em todas as criaturas, que refletem em maior ou menor grau a sua maravilhosa engenhosidade como designer.
-      Por mais que o homem seja criativo (e ele é, como reflexo do próprio atributo divino que nos foi imputado), nada se compara ao mundo pensando e colocado em prática pelo Senhor.
-      E esse é um fato, uma certeza, porque o homem traz dentro de si a imagem divina ou “Imago dei” (Gn 1.16-27) Mesmo corrompida pelo pecado, essa imagem está viva no homem, gritando dentro dele; e ela não se cala, pois a própria luta de alguns em negá-la se converte na prova de que é necessário apagar aquilo que de mais vivo há no homem para que ele possa se manter morto. A negação de Deus se converte na melhor forma de suicidio espiritual, na morte, no aniquilamento de si mesmo, a fim de encobrir as impressões divinas deixadas no ser humano.
-      O homem, por mais cético que seja, e por mais que permaneça em sua intransigente teimosia, jamais poderá, sinceramente, destruir a imagem de Deus sem aniquilar-se a si mesmo, e em seu lugar colocar um “monstro”, alimentado pelo pecado.

2)  QUEM É O SENHOR?

-      Em um mundo onde há uma profusão de deuses (criados à imagem e semelhança do homem caído); a época do salmista não era diferente, e em meio a tantos ídolos ele afirma categoricamente: o Senhor reina!
-      Mas, quem é esse Senhor?
-      Ele não é feito de barro, madeira, metal, nem esculpido pelas mãos humanas. Ele é Espírito, e como tal, não pode ser simbolizado por formas daquilo que vemos, pois ele não pode ser visto por olhos naturais.
-      Diferente dos deuses pagãos (sejam hindus, gregos, romanos, ou de outra cultura qualquer), ele não está circunscrito aos mares, ao fogo, à terra ou ao ar. Nem mesmo às estrelas.
-      Ele não é um Deus limitado, que precisa ser carregado, que está preso em um lugar, um elemento ou esfera da criação, como os falsos deuses. Ele é infinito, onipresente, e, portanto, está em todos os lugares.
-      O Senhor não é um Deus impessoal, que criou o universo e todas as coisas para abandoná-las, como um espectador assistindo a história passar diante de si passivamente. Não. O Senhor é o Deus ativo, por quem tudo veio a existir, e sem o qual nada existiria e subsistiria. Ele governa plantas, animais, homens, os elementos, os astros, e toda a sua criação, sem que nada aconteça alheio à sua vontadee ordem.
-      Muito menos um Deus fraco, impotente, sujeito à vontade de suas criaturas, incapaz de controlar a sua própria criação; um Deus de mãos atadas.
-      O salmista descreve, em seus poucos versos, o Deus Todo-Poderoso, Senhor de tudo e de todos, ao qual ninguém pode resistir.
-      Sua vontade é soberana, e seu reino é eterno.

3)  REINO ETERNO E IMUTÁVEL:

-      A Bíblia afirma que Deus é um, subsistindo na forma de três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo (Mt 3.13-17).
-      Não faremos um estudo sobre a Trindade, não é este o tema do Salmo, mas é preciso que o Senhor seja identificado como tal, como ele é.
-      Novamente, voltemos à afirmação inicial do salmista: Ele reina!
-      Ao contrário de tantos reis e monarcas que são alçados e destituídos dos seus tronos, Deus reina; ele não reinou apenas, em um tempo remoto, ou reinará em um futuro distante, mas ele reina! O verbo está na sua forma intransitiva, indicando não necessitar de complementos, sendo, em si mesmo, completo, pronto, acabado.
-      Por isso, podemos afirmar que o seu reino é imutável; o seu reinado é indestrutível.
-      O seu reino existe porque ele o criou, por seu poder e vontade absoluta,  suprema.  Não existe qualquer condição para o seu reinado, a não ser o fato de ele ser o rei, o soberano pleno.
-      O seu reino não está circunscrito a uma região, país ou determinada área, povo ou etnia, mas sobre tudo e todos indistintamente.
-      O seu reino existe para refletir a sua glória, a glória eterna que possui.
-      O Senhor é rei eterno, ninguém o entronizou, assim como ninguém o destituirá. Ele está revestido de majestade, da glória que sempre teve consigo e da qual não pode se separar.
-      Assim, o seu poder é eterno e inerente ao seu ser eterno, não é algo que lhe foi dado e que lhe pode ser tomado; não é algo de que se arrependa ou despreze, porque ele é assim, e assim será.
-      Sendo ele imutável, também é imutável o seu poder, glória, reino e majestade. Tudo é intocado e intocável, pois não há nada maior do que o Senhor.
-      Da mesma forma, o seu eterno decreto, ou seja, a sua vontade soberana e imutável não transige, nem pode ser abalada. Ela está firmada nele, e como uma rocha é indestrutível.

4)  CRISTO: O SENHOR VÍSIVEL

-      Existe uma ideia equivocada de que Deus é Senhor apenas daqueles que se convertem a ele, mas a verdade é que a Biblia nos revela Deus como aquele que governa, rege, todas as criaturas, sem que nenhuma delas escape ou fuja do seu poder.
-      Muitos se recusam a reconhecer o seu senhorio, como se o fato de eu não gostar de azul pudesse mudar a cor do céu.
-      Por isso, Paulo nos diz, àcerca de Cristo: ler Filipenses 2. 5-11
-      O fato de não aceitar o senhorio de Cristo, não o impede de ser Senhor, pois ele é, a despeito da minha rebeldia e insensatez, Senhor!.
-      Então, Quando lemos o relato de que todo joelho se dobrará diante de Cristo, e toda língua confessará que ele é Senhor, não há margem para ninguém, nem mesmo o diabo e seus anjos, estarem fora dessa lista, não estarem subordinados a Cristo.
-      Se ao passo em que o crente regenerado o faz por amor e gratidão, os ímpios o farão pelo irresistível poder divino de sujeitar todos debaixo do seu poder, da sua autoridade; não haverá como satanás e seus servos não se curvarem e se sujeitarem ao senhorio de Cristo.
-      Nem há como discutir o fato de ele ser a expressa imagem de Deus, o Deus revelado, visível.
-      Mas nada disso acontece porque nos aproximamos dele, o amamos primeiro, então, Deus, em reciprocidade, reconhecendo o nosso esforço e aceitação, nos ama e se aproxima de nós. Não. Foi ele quem nos amou primeiro, eternamente, e por causa do seu amor é que o amamos (1Jo 4.19).
-      Cristo, pelo poder de sua palavra, mantém todas as coisas em ordem, ainda que para nós, em nossa arrogância e tolice, consideremo-nas caóticas e frágeis (Hb 1.1-3)
-      E é nesta palavra que Estamos firmados. Em Cristo, o verbo eterno, existimos, vivemos, nos movemos, para a sua glória.
-      Ler João 1.1-5

5)  CONCLUSÃO:

-      Este Salmo aponta diretamente para Cristo. Na verdade, toda a Escritura aponta para ele. Ao ponto em que, creio, o Pai e o Espírito Santo se alegram e são glorificados quando o Filho é glorificado; ao passo em que, caso o Filho não o seja, nem o Pai e o Espírito o serão.
-      Ele nos liga, de maneira sobrenatural, maravilhosa, a Deus; pois sendo Deus, se humilhou e assumiu a forma humana, fazendo-se um de nós, para nos tornar agradáveis ao Pai.
-      Portanto, como está escrito: tudo é por Cristo, para Cristo e em Cristo (Rm 11.36)
-      Glória eterna ao Rei dos reis e Senhor dos senhores!