23 janeiro 2018

Sermão em Tiago 4.7-8: Ao invés de encontrá-lo, é Cristo quem o achará! - Parte 1





Jorge F. Isah






“Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.

Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai os corações.”




INTRODUÇÃO

- Este é um dos trechos mais famosos da Escritura. Até mesmo quem lê pouco a Bíblia (talvez por ouvi-la em pregações e estudos), certamente já se deparou com estes versos. 

- Em um mundo onde cada vez mais o pecado é transigido e considerado uma “criação social”, na qual a tradição judaico-cristã é acusada de provocar o sofrimento e a dor do homem através da culpa pela infração de um código de normas autoritário e opressivo, ouvir a exortação de Tiago parece ser algo fora do tempo e desnecessário. 

- Para um mundo onde o egoísmo, o narcisismo e o hedonismo parecem ser a única saída em direção à felicidade, onde o materialismo tem sido uma normatização dos valores sociais, cuja filosofia quer, a todo custo, proclamar a “morte de Deus”, e manter o homem em um estado de completo abandono existencial, espiritual e, por conseguinte, torna-lo em um simples reverberador de um esquema coletivo de anulação individual (em vários aspectos da consciência e responsabilidade) e adestramento maciço (onde a consciência e a responsabilidade são coletivas, ainda que firam e aniquilem o indivíduo); falar em negar-se, em suprimir o lado negro da alma, e entregar-se à vontade divina, é coabitar com os loucos. 

- Por outro lado, para o homem, cada vez mais arraigado à sua natureza, corrompida pela Queda, em que o importante é fazer o que quiser, sem se preocupar em dar satisfação de nada a ninguém, a sujeição a Deus parece outro tipo de escravidão qualquer; para muitos, é sair de uma algema para outra, de uma prisão para outra. Mas, será verdade?

- Para o homem que vive nas trevas e não conhece a luz, somente Cristo pode revelar-lhe onde realmente está, e para onde deve ir. Por isso, infelizmente, muitos não acreditam nos próprios tropeços, quedas, ferimentos e lesões aos quais estão submetidos, sem saber o porquê, nem onde se feriu; e mesmo agonizando, às portas da morte, considera-se, erroneamente, um iluminado. 

- Na igreja, também há aqueles que, caminhando em meio à escuridão, acreditam que o pecado é apenas um meio pelo qual a graça se manifesta; e, ao invés de se envergonharem e buscarem arrependimento, exaltam-se e o têm por honraria. 

- No fim-das-contas, estará a exortação de Tiago ultrapassada? Ela servia apenas para o seu tempo, onde o homem ainda não havia se libertado das tradições, do patriarcalismo, da barbárie social e institucional?

- Ou a exortação é válida tanto para os leitores e ouvintes de Tiago, dois mil anos atrás, como é válida também para hoje e para as gerações futuras?



A AUTONOMIA DO PECADO

- O autonomismo faz com que o homem se iluda na pretensão de que ele é dono do seu destino, e de que poderá muda-lo ao seu bel-prazer, quando quiser, se quiser. 

- Ora, sabemos que todos os homens estão condenados, e de que o seu destino inevitável é o inferno, já que todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus (Rm 3.23). 

- Vamos caminhar um passo de cada vez: 

- Primeiro, todo homem já nasce condenado: 

“Tem misericórdia de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas transgressões, segundo a multidão das tuas misericórdias.
Lava-me completamente da minha iniquidade, e purifica-me do meu pecado.
Porque eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim.
Contra ti, contra ti somente pequei, e fiz o que é mal à tua vista, para que sejas justificado quando falares, e puro quando julgares.
Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe.” (Salmos 51:1-5)

- Davi não disse que o pecado o encontrou na mocidade ou na vida adulta, mas que ele nasceu em iniquidade, e de que a sua mãe o concebera em pecado. 

- Ele não diz que o parto é um pecado, muito menos a concepção. São atos que Deus havia estabelecido para homens e mulheres, pois os criou assim, com todas as condições de conceber. Então, não é o ato de nascer um pecado; mas Davi diz que em pecado foi formado. No sentido de ter ele herdado a natureza de Adão; de juntamente com Adão, Davi, e todos nós, termos caídos da graça, da pureza inicial, para a corrupção. 

- É o que Deus disse a Adão: 

“E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente,
Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.

- O relato bíblico não diz que Adão comeu do fruto primeiro que Eva, foi ela quem comeu e depois ofereceu ao marido. Contudo, como Deus falou diretamente a Adão, e antes de haver criado a Eva, era necessário que ele comesse para que o pecado contaminasse toda a humanidade. 

- Se Adão tivesse permanecido resoluto em seu estado de obediência a Deus, não comendo do fruto, nenhum de nós herdaria o pecado, e, talvez, até mesmo Eva pudesse ser absolvida do seu erro, ou não. 

- Fato é que Adão cai, pecando contra Deus, e todos nós também caímos. Nesse sentido, não será o que fizermos em nossa vida que determinará se seremos ou não salvos, mas a quem servimos.

- E será a quem servimos, que determinará o que fazemos em nossa vida: se a Deus, glorificando-o e louvando-o por tudo, enquanto ganhamos dele, cada dia mais, as características santas e perfeitas do seu Filho Amado; e nisso consiste a liberdade de todo aquele que foi resgatado das trevas: servir ao Senhor da sua vida, o que antes era impossível e inimaginável. 

- Se ao pecado e o diabo, nos embrenharmos cada vez mais nas masmorras do inferno, sendo dominado pelo mal, desejando o mal, vivendo pelo mal, pois tudo aquilo que não seja viver no eterno e supremo Bem, o será para a destruição e morte. 

- O irmão(a) pode me dizer: “Você está errado! A Bíblia diz que Deus julgará por aquilo que fazemos, e pelo que não fazemos”. 

- Sim. Você está certo, mas não completamente. 

- Se o estado do homem é de inclinação para o pecado, e por causa do mal que habita em nós, a condenação está a bater na porta; se somos criminosos diante de Deus, e esses crimes nos levará à morte, como alguns atos aparentemente bons poderão me absolver?

- Na verdade, a maioria das pessoas pensa assim: 

“Deus colocará o que fiz de bom de um lado da balança, e o que fiz de mal do outro lado. O lado da balança que pesar mais é que determinará se me salvarei ou não. 

- Existem várias ilusões e falácias neste esquema: 

1) De que o mérito na salvação é exclusivamente humano. Dependerá daquilo que você faz. 

2) Neste sentido, por que Cristo morreu na cruz? Se a salvação depende de mim, e somente de mim, não há sentido no Filho de Deus encarnar, viver, morrer e ressuscitar, certo?

3) Quem é bom diante de Deus? Em Marcos 10.17-22, lemos: 

“E, pondo-se a caminho, correu para ele um homem, o qual se ajoelhou diante dele, e lhe perguntou: Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?
E Jesus lhe disse: Por que me chamas bom? Ninguém há bom senão um, que é Deus.
Tu sabes os mandamentos: Não adulterarás; não matarás; não furtarás; não dirás falso testemunho; não defraudarás alguém; honra a teu pai e a tua mãe.
Ele, porém, respondendo, lhe disse: Mestre, tudo isso guardei desde a minha mocidade.
E Jesus, olhando para ele, o amou e lhe disse: Falta-te uma coisa: vai, vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, toma a cruz, e segue-me.
Mas ele, pesaroso desta palavra, retirou-se triste; porque possuía muitas propriedades.”

- O Senhor diz que: 

1) Somente Deus é bom. 

- Equivocadamente, os TJ’s, e outros grupos unitaristas, afirmam que somente Deus é bom, e como Jesus questionou o jovem rico, por chama-lo de bom, logo não era Deus porque não era bom. Ora, quanta ignorância quanto à verdade e ao que a Escritura declara. Cristo apenas quis ter certeza de que o jovem sabia a seriedade da sua afirmação, e de que estava realmente ciente de que estava falando diretamente com o bom Deus (Ah, maravilha das maravilhas! Quantos tiveram esse privilégio, e o desprezaram. Glória a Deus, por seu Filho! Porque, por ele, estaremos eternamente na sua presença, e falaremos e o veremos face a face!). 

- A pergunta de Jesus é muito mais retórica, no sentido de que o jovem se acercasse de que fala com Cristo, e de que Cristo tinha não somente a autoridade para instrui-lo quanto á salvação, mas também de salvá-lo. É o que veremos a seguir. 

- Em nenhum momento, o jovem desmentiu ou desdisse o que havia afirmado.

- Em nenhum momento, Cristo disse que não era Deus, e de que o jovem estava equivocado, quanto ao que dissera. 

2) Jesus então lhe pergunta se ele sabe os mandamentos. Em outras palavras, o Senhor lhe pergunta se ele sabia e conhecia a Lei. 

3) O jovem responde que não somente sabe, mas a cumpre. 

4) Cristo disse-lhe: “Falta-te uma coisa”

5) Aquele jovem acreditava que deveria cumprir o código legal dado por Deus a Moisés para se salvar. Entretanto, ainda assim, ele tinha dúvidas quanto a sua salvação, por isso a pergunta ao Senhor. 

6) Ainda que ele fosse um cumpridor da Lei (e Cristo não nega que ele fosse), ela não era suficiente para salvá-lo. Faltava-lhe ainda uma coisa. 

7) E qual é essa coisa?

8) Primeiro, vender tudo o que possuía. Por que? A tradição judaica afirmava que a riqueza era um sinal de bênção divina, e de que ao possuí-la, significava que aquele homem era agradável a Deus, e dele se agradava, e de que os favores do Senhor estavam sobre ele. Por isso os discípulos perguntaram: Quem poderá, pois, salvar-se? (v. 26). 

Entretanto, a riqueza em si mesma, ter muito dinheiro e bens, não é pecado, nem por isso faz alguém pecador. A questão à qual Cristo quer chamar a atenção daquele jovem é quanto ao apego, ao culto, ao ídolo que ele tinha quanto ao que possuía. 

De alguma maneira, o jovem colocava a sua “possível” salvação em sua riqueza, como a tradição dizia. Era necessário que ele a perdesse (no sentido de abrir mão dela), para reconhecer verdadeiramente a fonte da verdadeira salvação. 

9) Segundo, não podemos negligenciar que o pedido de Jesus foi uma maneira de testar o jovem, e até que ponto ele estava sinceramente desejoso da vida eterna. Era algo ao qual o jovem se apegara, do qual não queria abrir mão, e não estava disposto a se sacrificar. 

- Não é assim também conosco, meus irmãos! Será que podemos fazer uma analogia da riqueza daquele jovem com ofensas, calúnias, mentiras e desprezo, que nossos lábios proferem todos os dias contra o próximo? Com aquilo que cobiçamos, ilicitamente, todos os dias, e não nos pertence? Com os vícios aos quais nos apegamos para a morte? Com as distrações que nos impedem de ter comunhão com Deus e servi-lo? 

- Muitos de nós não querem abrir mão do seu prazer, daquilo que ele acalenta e guarda com estimação. O dinheiro para aquele jovem era o seu ídolo, assim como a mentira, a inveja, a arrogância, e tantos outros pecados “menores” são nossos ídolos. 

- Estamos realmente dispostos a rejeitar os nossos desejos, de abdicar daquilo que nos mantém distante do verdadeiro tesouro, e negar-nos a nós mesmos para vivermos para Deus?

- Aquele jovem era prisioneiro do seu desejo, da sua idolatria; e pelo menos, naquele momento, permaneceu cativo a ele (Fiz uma outra análise deste texto, aqui mesmo, no Kálamos, há alguns anos. Em uma abordagem mais afeita à soberania de Deus. Ele pode ser lido em “Jovem rico: condenado?”

10) Terceiro, Cristo disse: “segue-me”, não sem que antes tomasse a própria cruz. 

- O ponto central não era o dinheiro, mas o seguir a Jesus. Para isso, ele teria de abrir mão do que o mantinha preso, do que o escravizava, para, livre, então seguir o Mestre. 

- Se ele não estivesse disposto a isso, era sinal de que a sua pergunta, ainda que sincera, não era realmente o que de mais importante havia para ele. 

- Era necessário que o jovem confiasse em Cristo para responder positivamente à sua ordem ou pedido. Abrindo mão da sua fortuna, ele demonstraria estar verdadeiramente interessado em sua salvação, 



AS MASMORRAS DO PECADOR: UMA ANALOGIA

- Vamos a uma analogia, para melhor entender a narrativa do Senhor. Temos um muro que divide dois lados: à direita, o bem, a santidade e a vida, enquanto à esquerda, o mal, o pecado e a morte. Nesse quadro, temos um homem natural. Muitos pensarão que ele está em cima do muro, observando um lado e outro, prestes a se decidir onde ficar. Se seus atos forem bons, ele poderá então pular para a direita, onde está a vida. Se seus atos forem maus, ele pulará à esquerda, onde está a morte. Mas mesmo que ele caia à esquerda, se quiser e tiver vontade, ele poderá escalar novamente o muro e pular para o outro lado. A isso se chama “livre-arbítrio”. 

- Essa ideia é fictícia, não somente por entender, equivocadamente, que o homem está sobre o muro, em um lugar de neutralidade, e que dali ele pode escolher para qual dos lados irá, como, estando no lado “negro” ele tem meios, em si mesmo, para pular para o outro lado. 

- A questão da balança pendendo para cá ou para lá, pelos esforços, mérito e vontade humana de se aperfeiçoar, é falso, como nota de três reais. Se há algo em que o homem se aperfeiçoa, por si mesmo, é em caminhar e adentrar cada vez mais nas trevas. 

- Na verdade, o homem já nasce do lado mal, onde existe apenas a morte, e ele mesmo já está morto espiritualmente, porque não tem comunhão com Deus. E quanto mais experimentar de si mesmo, mais ele se entregará ao distanciamento, ao afastamento de Deus. 

- Por seus próprios meios, não pode subir o muro, e, na verdade, não quer, nem gostaria de fazê-lo. Ele se sente bem onde está: fingindo ver na densa escuridão; fingindo viver nos sepulcros; fingindo ser puro, quando de suas mãos escorrem o veneno do pecado; fingindo ser digno do céu, quando merece apenas o inferno. As mãos do verdugo estão sobre ele, arrastando-o para os calabouços mais profundos da alma moribunda. 

- A autonomia do pecado, no homem não redimido, significa servi-lo e sujeitar-se a ele, fazer-se escravo, chama-lo de Senhor e adorá-lo. 



CONCLUSÃO

- E tudo isso, se deve ao pecado, ao desejo do homem em não se afastar de si mesmo e buscar a Deus. Porque foi ele mesmo quem disse: 

“Buscar-me-ei, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração” (Jeremias 29.13)

- Dizer que se busca a Deus, mas quer satisfazer apenas aos seus desejos, e não daquele a quem se busca; busca-lo as vezes, em períodos espaçados, enquanto diariamente se entrega ao seu prazer escuso; busca-lo, mas não desejar servi-lo, nem satisfazer a sua vontade; busca-lo superficialmente, sem que o coração exploda de desejo de encontra-lo; busca-lo, e trocá-lo por um prato de lentilhas como o fez Esaú, é enganar-se na busca. 

Se todo o coração não estiver à procura do Deus vivo e verdadeiro, não busca, nem existe sentido em busca-lo. 

Porém, se todo o seu coração estiver no encalço dele, saiba que o que prometeu, cumprirá. E, ao invés de encontra-lo, é ele quem o achará.


05 janeiro 2018

Sermão em Ezequiel 33.30-32: "Honram com os lábios, desprezam com o coração!" - Parte 1





Jorge F. Isah





“Quanto a ti, ó filho do homem, os filhos do teu povo falam de ti junto às paredes e nas portas das casas; e fala um com o outro, cada um a seu irmão, dizendo: Vinde, peço-vos, e ouvi qual seja a palavra que procede do Senhor.
E eles vêm a ti, como o povo costumava vir, e se assentam diante de ti, como meu povo, e ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra; pois lisonjeiam com a sua boca, mas o seu coração segue a sua avareza.
E eis que tu és para eles como uma canção de amores, de quem tem voz suave, e que bem tange; porque ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra.”
Ezequiel 33:30-32


INTRODUÇÃO

- Ezequiel foi contemporâneo de Jeremias e de Daniel. 

- Os Caldeus invadiram Israel e Judá. E sitiaram e controlaram Jerusalém. 

- Houve uma primeira leva de judeus cativos e que foram levados para a Babilônia.

- Houve uma segunda leva de judeus cativos levados à Babilônia, por Nabucodonosor. Ezequiel estava nessa segunda leva de judeus levados ao cativeiro caldeu (cerca de dez mil homens), juntamente com o Rei Joaquim (Jeoaquim), em 597 a.c., para Tel-Abibe. 

- 2 Rs 24.10-18:

“Naquele tempo subiram os servos de Nabucodonosor, rei de babilônia, a Jerusalém; e a cidade foi cercada.
Também veio Nabucodonosor, rei de babilônia, contra a cidade, quando já os seus servos a estavam sitiando.
Então saiu Joaquim, rei de Judá, ao rei de babilônia, ele, sua mãe, seus servos, seus príncipes e seus oficiais; e o rei de babilônia o tomou preso, no ano oitavo do seu reinado.
E tirou dali todos os tesouros da casa do Senhor e os tesouros da casa do rei; e partiu todos os vasos de ouro, que fizera Salomão, rei de Israel, no templo do Senhor, como o Senhor tinha falado.
E transportou a toda a Jerusalém como também a todos os príncipes, e a todos os homens valorosos, dez mil presos, e a todos os artífices e ferreiros; ninguém ficou senão o povo pobre da terra.
Assim transportou Joaquim à babilônia; como também a mãe do rei, as mulheres do rei, os seus oficiais e os poderosos da terra levou presos de Jerusalém à babilônia.
E todos os homens valentes, até sete mil, e artífices e ferreiros até mil, e todos os homens destros na guerra, a estes o rei de babilônia levou presos para babilônia.
E o rei de babilônia estabeleceu a Matanias, seu tio, rei em seu lugar; e lhe mudou o nome para Zedequias.
Tinha Zedequias vinte e um anos de idade quando começou a reinar, e reinou onze anos em Jerusalém; e era o nome de sua mãe Hamutal, filha de Jeremias, de Libna."


- Por meio de sucessivos reis perversos, a nação de Israel havia se desviado dos caminhos do Senhor, rejeitando-o, entregues à idolatria, ao culto a outros deuses, mergulhados em pecados e em uma espiritualidade superficial e diabólica. 

- Deus conclamava o povo ao arrependimento, através dos seus profetas, para voltarem-se para ele e abandonarem os falsos deuses; mas o povo permanecia entorpecido, com suas consciências cauterizadas e servindo ao próprio ventre. 

- Enquanto isso, no meio do povo, se levantavam falsos profetas, homens que não eram enviados de Deus, e que diziam falar em seu nome, adulando o povo rebelde com promessas de que eles herdariam a terra prometida, garantindo-lhes que voltariam, em breve, para o seu país. 

- Deus levantou a Ezequiel, para que ele dissesse a verdade ao povo: tão cedo não se livrariam do jugo caldeu, e tão cedo não regressariam à sua terra. Ou seja, o cativeiro se prolongaria por muito tempo. 

- Ezequiel afirmou ainda que Jerusalém seria completamente destruída, significando que os judeus em exílio não teriam para onde voltar. 


O RECRUDESCIMENTO DO POVO

- Jerusalém cai sob as mãos de Nabucodonosor:

“E sucedeu que, no ano duodécimo do nosso cativeiro, no décimo mês, aos cinco do mês, veio a mim um que tinha escapado de Jerusalém, dizendo: A cidade está ferida."
Ezequiel 33:21


- Deus revela a Ezequiel o que acontecerá com o seu povo:

“Ora, a mão do Senhor estivera sobre mim pela tarde, antes que viesse o que tinha escapado; e ele abrira a minha boca antes que esse homem viesse ter comigo pela manhã; e abriu-se a minha boca, e não fiquei mais calado.
Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
Filho do homem, os moradores destes lugares desertos da terra de Israel falam, dizendo: Abraão era um só, e possuiu esta terra; mas nós somos muitos, esta terra nos foi dada em possessão.
Dize-lhes portanto: Assim diz o Senhor DEUS: Comeis a carne com o sangue, e levantais os vossos olhos para os vossos ídolos, e derramais o sangue! Porventura possuireis a terra?
Vós vos estribais sobre a vossa espada, cometeis abominação, e cada um contamina a mulher do seu próximo! E possuireis a terra?
Assim lhes dirás: Assim disse o Senhor DEUS: Vivo eu, que os que estiverem em lugares desertos, cairão à espada, e o que estiver em campo aberto o entregarei às feras, para que o devorem, e os que estiverem em lugares fortes e em cavernas morrerão de peste.
E tornarei a terra em desolação e espanto e cessará a soberba do seu poder; e os montes de Israel ficarão tão desolados que ninguém passará por eles.
Então saberão que eu sou o Senhor, quando eu tornar a terra em desolação e espanto, por causa de todas as abominações que cometeram.”
Ezequiel 33:22-29

- Deus aplicava sobre a sua nação desobediente o castigo por ter insistido em se rebelar, e contender com Deus, praticando o mal: idolatria; sacrifício de crianças, assassinatos, e outras agressões ao próximo. 

- Temos que, quanto mais distante do Senhor, mais o coração do homem se inclinará ao pecado, maquinará o mal, satisfará a sanha maligna, rejeitando a bondade e o favor divino, rejeitando a sua Lei, e entregando-se de corpo e ao desejo perverso de rebelião deliberada. 

- Assim como aqueles falsos profetas, que incitavam o povo à permanecerem na desobediência, acalentando o mau coração que tinham com falsas promessas, mantendo-os iludidos com a perspectiva de que não seriam castigados, e de que estavam agradando a Deus e o servindo, assim também, no mundo de hoje, muitos falsos mestres e profetas incitam os homens a continuarem em suas vidas rebeldes, contaminadas pelo pecado, sem a necessidade de arrependimento, sem a necessidade do perdão divino; vivendo como se Cristo houvesse vindo ao mundo desnecessariamente. Quando muito, para dar exemplo de abnegação, de entrega, mas morrendo inutilmente na cruz, porque o homem pode, por si mesmo alcançar os favores e a graça do Pai: esse homem se acha merecedor da graça de Deus. 

- Quantas pessoas procuram uma igreja ou religião apenas para satisfazerem a si mesmas, imaginando que, com suas devoções, sacrifícios, penitências, estarão satisfazendo a Deus?

- Quantas pessoas querem, verdadeiramente, procurar a Deus pelo que ele é, agradecendo-o por tudo que tem feito em seu favor? Ao contrário, eles acham que são capazes de dar-lhe algo, procuram-no para molestá-lo com os seus egos, numa clara atitude de autoexaltação, como se pudessem dar mais a Deus do que dele receber.

- Buscam, no fim-das-contas, uma autojustificação, considerando-se merecedores dos cuidados de Deus, ao invés de humilharem-se, arrependendo-se, buscando nele o perdão. 

- Essa é a religião dos homens, em que cada um busca satisfazer-se a si mesmo, considerando os louros pelo esforço pessoal, enganando-se a si e a muitos outros, pondo a sua fé em um ídolo, um embusteiro. 

- No Éden, Adão e Eva acreditaram possível descumprir uma ordem , um preceito, dada por Deus e ainda assim permanecerem agradáveis aos seus olhos. 

- Pior, acharam que poderiam ser como Deus, caindo nas esparrelas e lorotas da serpente. 

- Mas o que lhes sucedeu após pecarem?

- Veja bem, todos os envolvidos na Queda, na tragédia do Éden, foram punidos; 

· A serpente: Gn 3.14-15.

· A mulher: Gn 3.16.

· O homem: Gn 3.17.

· A terra não ficou incólume ou foi inocentada (aquela que sustentou a árvore, que a alimentaria, de onde sairia o fruto do bem e do mal): Gn 3.17b.

- Claro que a terra não teve uma participação direta na Queda, mas por causa da quebra da mordomia de Adão, o qual era responsável e zelador da criação, ela também foi afetada pelo pecado, e agora produziria ervas daninhas, espinhos, cardos e pragas. Gn 3.18

- Assim como Adão e Eva não se arrependeram do que fizeram (pela gravidade das suas decisões, caso houvesse arrependimento, o Senhor o deixaria registrado nas Escrituras, levando-me a crer que o casal primevo não se arrependeu de seus atos), Israel também não se arrependeu, pelo contrário, insistiam obstinadamente em pecarem sucessivamente contra Deus, mesmo que Deus lhes tenha dado todos os avisos, e esperado pacientemente que o povo se reconciliasse consigo. 

- Demonstrando o que havia em seus corações, o povo, diante dos insistentes alertas de Ezequiel, como agia?

Na próxima semana, analisaremos mais detidamente esta e outras questões proclamadas pelo Senhor, pela boca do seu profeta Ezequiel. 


Nota: Sermão ministrado no Tabernáculo Batista Bíblico