Por Jorge Fernandes Isah
A morte é inevitável. Todos morrerão um dia, a menos que, antes o nosso Senhor volte em glória para unir-se à Sua igreja. Enquanto isso, não damos muita importância a ela, ou fingimos não dar, mas sentimo-la rondar-nos. Sua presença é constante, seja nos noticiários, nos filmes, livros, no trabalho, nas ruas, na mente...
Às vezes é alardeada pelas sirenes, pelas multidões nos velórios, pelas páginas dos jornais, pelos gritos de desespero... Outras vezes, uma manchinha de sangue na calçada, uma lágrima furtiva, ou um aperto silencioso no coração impedem que ela passe despercebida... Em alguns casos, ocorre anônima sem que alguém note, sem que haja um nome, e mesmo um corpo.
A morte pode vir súbita como num acidente, ou prolongada por uma doença dolorosa; pode nos atingir prematuramente, mesmo no ventre materno, como muito avançada em idade; não escolhe sexo nem cor, peso nem altura, fortes nem débeis, ricos nem pobres; acomete tanto na terra, no ar, ou mar... quase alcançou os tripulantes da Apolo XIII, em pleno espaço sideral.
Ela está a rondar solerte, pairando sobre nossas cabeças, pronta para decepá-las. Pode vir como uma brisa prolongada, ou como uma borrasca instantânea, mas, invariavelmente, não será precedida por uma festa ou alegria [mesmo contida] do candidato a morto; e revelará aos vivos a transitoriedade da vida.
Por falar em vida, o que ela é? [esquecendo-nos um pouco da morte]. Podemos defini-la como existência, animação, tempo, estilo ou um modo de se subsistir. Mas em todas essas definições ou alusões temos um estado finito, efêmero, no qual ela estará sujeita à temporalidade, o que levará muitos a crer apenas na sua materialidade, numa realidade exclusivamente terrena; e esta conclusão nem mesmo é uma ínfima fração da verdade.
Definição precisa [ainda que amarga] nos deu um homem sobre a vida terrena: “Os meus dias são mais velozes do que a laçadeira do tecelão, e acabam-se, sem esperança. Lembra-te de que a minha vida é como o vento” [Jó 7.6-7]. Moíses concluiu: “Passamos os nossos anos como um conto que se conta” [Sl 90.9]... “Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece” [Tg 4.14]. Portanto, a vida é algo fácil de perder, pode nos ser tirada a qualquer momento, ainda que a julguemos segura, e esforcemo-nos em propiciá-la. O alento de sustentá-la nunca será suficiente, mesmo que o dispensemos diligentemente... Diante da mais sutil ameaça, a angústia sobrevirá, pois o fim de todas as coisas é a morte: “Que homem há, que viva, e não veja a morte? Livrará ele a sua alma do poder da sepultura?” [Sl 89.48].
Mesmo a vida, num determinado momento, se sujeita a ela...
Não quero trazer-lhe tristeza, nem angústia, nem apressar o que talvez demore ainda muito tempo a acontecer. Ao tocar neste assunto, quero falar é da esperança e da certeza que nem mesmo ela, a morte, é capaz de destruir.
A Bíblia afirma que o último inimigo ao qual o Senhor Jesus derrotaria seria a morte [1Co 15.26] , “porque todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés” [v.27].
Como homem, Cristo padeceu e morreu na cruz do Calvário, para expiar os nossos pecados, e nos dar vida eterna; “porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor” [Rm 6.23]. Cristo morreu para que tivéssemos vida, não apenas por alguns anos ou décadas, mas por toda a eternidade.
Por Sua graça e misericórdia substituiu-nos, recebendo a ira divina que nos seria destinada; “porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo” [1Co 15.21-22].
Ao terceiro dia, Ele ressuscitou, e então, o jugo da morte não mais prevaleceria sobre o Seu corpo; Ele venceu-a: “tendo sido Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte não mais tem domínio sobre ele” [Rm 6.9].
Assim todo o que reconhece o Seu sacrifício na cruz herdará a vida, e jamais morrerá, porque a primeira morte é física, mas a segunda morte é a completa e eterna separação de Deus, quando os que se mantiveram rebeldes a Ele serão lançados no lago de fogo inextinguível, ou seja, a morte definitiva, inexorável. Cristo, através da Sua morte, deu-nos a vida, a qual nem mesmo o tempo será capaz de destruir, porque, como disse, “se alguém guardar a minha palavra, nunca verá a morte” [Jo 8.51], “não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” [Jo 5.24].
Portanto, não há o que temer, antes, ansiar o momento em que encontraremos o nosso Senhor e Salvador, como Paulo disse ao referir-se à própria morte: “tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor” [Fl 12.3].
Deus é o protetor da vida; devemos depositá-la em Suas mãos, o qual é fiel para conservá-la, “porque eu sei em quem tenho crido [Cristo], e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia” [2Tm 1.12], quando O vislumbraremos face a face, “porque assim como é o veremos” [1Jo 3.2]. Porquanto, os efeitos dos nossos inimigos, o pecado e a morte, foram anulados por Jesus Cristo, tragados por Sua vitória [1Co 15.54].
Então, a morte torna-se inofensiva diante da gloriosa vida que Deus nos concede; não a todos, mas para os que confessarem Cristo, pois, “qualquer que me negar diante dos homens, eu o negarei também diante de meu Pai, que está nos céus” [Mt 10.33]; porque “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim" [Jo 14.6].
Sem Cristo, você já está morto!