11 setembro 2008

100% SOBERANO

Comentário de João 10.1-21












Por Jorge Fernandes

Diante da dureza dos corações e da incredulidade do povo judeu, Cristo revela-lhes que somente há um pastor, o qual é Ele. Não há outro. Muitos se dizem pastores... há mesmo uma idéia relativista de que todos os caminhos levam a Deus. Mas somente um caminho pode levar o homem a Deus: Cristo nosso Senhor (Jo 14.6). O Senhor aponta o sistema religioso judaico como os falsos pastores, lobos na verdade, o qual foi contaminado por filosofias, tradições e o legalismo, tornando-o um sistema corrompido em que, supostamente, o esforço do homem em cumprir certas regras garantir-lhe-ia a salvação.
Em contraste a esse esquema extrabíblico e que glorifica o homem, os patriarcas e profetas depositavam as suas almas em Deus, creditando a Ele, por Sua graça e misericórdia, o poder de serem salvos e alegrarem-se na salvação que vinha apenas do Senhor (Sl 18.2, 35.9, 118.14; Is 61.10).
Portanto, Jesus Cristo é o único pastor, o qual me faz deitar em verdes pastos, e guia-me mansamente a águas tranqüilas, refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça (Sl 23.2-3).
É surpreendente como o apóstolo João deixa clara a atividade, a ação positiva do Senhor, e a nossa passividade. Ovelhas são animais que carecem de extremos cuidados. Se não tiverem uma atenção especial, tornam-se presas fáceis do inimigo. Logo, necessitam de um pastor. O qual está disposto a morrer por elas; se preciso for, dar a vida por elas. Cristo morreu por seu rebanho. Ele não morreu pelo rebanho do vizinho, nem por todas as ovelhas do mundo, mas exclusivamente por Suas ovelhas, as quais O seguem porque conhecem a Sua voz. Por isso, Ele se proclama o bom Pastor, aquele que conhece as Suas ovelhas, e delas é conhecido. “Como o pastor busca o seu rebanho... assim buscarei as minhas ovelhas; e livrá-las-ei de todos os lugares por onde andam espalhadas” (Ez 34.12). A ação de buscar as ovelhas é totalmente do Senhor, e não a nossa de ir até Ele, o que evidencia claramente a Sua soberania em escolher aqueles que farão parte do Seu rebanho, porque “o Senhor conhece os que são seus” (2Tm 2.19).
A idéia de que Cristo morreu por todos é enganosa. Se Ele morreu por todos, então todos são ovelhas do Seu rebanho, portanto, ninguém se perderá. Isso é universalismo, é heresia, e se opõe flagrantemente às Escrituras, que não afirmam que todos serão salvos, antes que “muitos são chamados, mas poucos escolhidos” (Mt 20.16, 22.14).
Cristo disse que o Seu rebanho não era formado exclusivamente de judeus, mas de outras ovelhas que ainda não faziam parte do Seu aprisco. Novamente a ação é completa do Senhor, porque “também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor” (v.16). Fica claro que Jesus não veio exclusivamente para os judeus, mas também para os gentios, pois, “vindo, ele evangelizou a paz, a vós que estáveis longe, e aos que estavam perto. Porque por ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito” (Ef. 2.17-18); não vindo apenas para a nação de Israel, mas também para os gentios, “para reunir em um corpo os filhos de Deus que andavam dispersos” (Jo 11.52).
Não há meio-termo naquilo que Jesus diz. Ele não cogita algo “provável” que pode vir a ser improvável, nem faz conjecturas, nem deixa ao ouvinte qualquer dúvida sobre o que diz; sempre encontramos n’Ele a certeza de que tudo dito se cumprirá, porque é completa e totalmente a Verdade. Por que tudo o que se realizará depende exclusivamente da Sua vontade, e a vontade de Deus não é um mero desejo que pode ou não se concretizar, que está dependente das circunstâncias; e esses “reveses” poderiam frustrá-lo. Ao contrário, o Deus Eterno e Único é quem faz as circunstâncias para que os Seus eternos decretos sucedam-se tal qual os planejou. Então, não há como algo ou alguém (mesmo uma criatura poderosa como satanás) malograr os desígnios divinos, porque “bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido” (Jó 42.2).
Cristo revela-nos que ao servir o Pai e os Seus eleitos, o faz livremente, assim Ele quer: “porque dou a minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou” (v. 17,18). Claramente o Senhor diz que o poder de dá-la e tomá-la lhE pertence (v. 18), portanto, não resta dúvida quanto ao cumprir-se fielmente Seus propósitos: Cristo é 100% soberano, como Senhor que é.
Jesus se dirige claramente ao grupo de escolhidos, os quais chama de amigos: “ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelo seus amigos” (Jo 15.13). Ele não o faz pelos seus inimigos, mas aos amigos, ainda que temporalmente o amigo não saiba sê-lo, mas o Senhor o sabe antes da fundação do mundo, quando desde sempre somos feitos Seus amigos.
Outra evidência é de que Deus Pai e Deus Filho são um, e a salvação é dada àqueles que são entregues a Cristo pelo Pai: “Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós” (Jo 17.11).
Da mesma forma que os judeus questionavam a Jesus àquela época (alguns o achavam louco ou endemoniado), hoje, igualmente, muitos pregam e crêem em um senhor menor, que nem sempre é Deus, ficando à mercê da vontade caída e frágil do homem. Esses proponentes do “deus menor” se apegam ferrenhos à necessidade de liberdade plena e completa para que a responsabilidade humana seja “funcional”. Para que o homem seja condenado é necessário que tenha o famigerado livre-arbítrio, o qual é tão poderoso em si que o próprio Deus se curvaria à sua autoridade, se fosse possível. A justiça está no próprio homem e não em Cristo que é quem nos justifica; “porque, ainda que eu fosse justo, não lhe responderia; antes ao meu Juiz pediria misericórdia” (Jó 9.15); porque “ele levou sobre si o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores” (Is.53.12).
Não crer na soberania plena de Deus, a qual é claramente exposta em João 10.1-21, é desmerece-lO, menosprezá-lO, é torna-lO frágil, omisso, dependente e submisso à vontade humana (ainda que o seja apenas em nossa mente); porque o Senhor não pode ser guiado ou impelido a se conformar ao nosso desejo; o fim de tudo não é Deus seguir os nossos conselhos, mas levar “cativo todo o entendimento à obediência de Cristo” (2Co 10.5); porque “o conselho do Senhor permanece para sempre; os intentos do seu coração de geração em geração” (Sl 33.11).
Aquele sem entendimento louva a si mesmo, mede-se a si mesmo fora da medida, e não segundo a reta medida que Deus deu; a qual é: “aquele que se gloria, glorie-se no Senhor” (2Co 10.17).

2 comentários:

  1. Anônimo,
    No texto abaixo "Rótulo", deixo claramente a minha posição doutrinária. Leia-o.
    Abraços.
    Jorge Fernandes

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