24 outubro 2008

APOLOGÉTICA COM FILOSOFIA?












Por Jorge Fernandes

Usarei o comentário que escrevi sobre o livro “Pode o Homem Viver Sem Deus?”, para prosseguir no entendimento do que considero, verdadeiramente, ser apologética.
“Ravi Zacharias é um dos maiores apologetas da atualidade. Por todo o mundo, ele ministra palestras e debates defendendo a existência de Deus, e da necessidade da aplicação dos princípios cristãos na sociedade.
Neste livro, em sua primeira parte, ele faz uma defesa da idéia de Deus a partir de analogias morais e filosóficas. Há de se reconhecer o seu esforço, seu vasto conhecimento, seus pressupostos filosóficos (a maioria baseada em Aristóteles), e a defesa apaixonada de Deus. Apesar de haver alguns "buracos", no conjunto ele é convincente, porém, nem tanto eficiente. Pode parecer que estou contra Zacharias, o que não é verdade. Mas a questão é que não creio em apologética sem Cristo e Seu Evangelho. Ideais filosóficos e estéticos são bons para se promover debates, para páginas e páginas de discussão acadêmica, para inflar e esvaziar egos, mas nunca conversões. Alguns me dirão que Paulo demonstrava grande conhecimento dos filósofos gregos, e usava-os em suas pregações. Concordo, parcialmente.
Certamente, o apóstolo dos gentios, como um homem extremamente culto, um erudito em sua época, conhecia profundamente os filósofos gregos, bem como os judeus e outros tantos grupos filosóficos. Porém, não vejo Paulo usando "sabedoria de palavras, para que a cruz de Cristo se não faça vã" (1Co 1.17), pelo contrário, como ele mesmo disse, a única coisa que lhe interessava era pregar a Cristo, e este crucificado, visto que Ele era escândalo para os judeus e loucura para os gregos (1Co 1.23).
O fato de Paulo conhecer filosofia e citá-la parcamente (e ainda assim, de forma indireta) não nos dá o direito de substituir a pregação do Evangelho por ciências humanistas, amoldando e acondicionando a Palavra a conceitos e teses humanas. Isso é pecado, esvazia a mensagem de Cristo, tornando-a refém da nossa mente caída, e é ineficiente diante dos homens e seus pecados.
Paulo, como Pedro, João, Tiago e todos os apóstolos eram apologetas. Mas o eram com a mente de Cristo, e não com suas mentes imperfeitas; evangelizavam pela pregação da Palavra, pois, se não há pregação, como crerão aqueles que não crêem? (Rm 10.14-15).
Por isso, quase desisti de continuar a ler a primeira parte de "Pode o Homem viver sem Deus?". Por mais convincente que Ravi fosse em sua argumentação, não via muitas possibilidades de que alguém pudesse crer diante da sua exposição. Pelo fato de não ser o Evangelho, seus pressupostos filosóficos eram passíveis de refutação. E ao revelar a verdade como um conceito filosófico, tornava-a contra-argumentável.
Contudo, na segunda parte do livro, o autor da "nome" à Verdade: Jesus Cristo, o Deus Filho! E começa a expor a Verdade através do Evangelho. Então, fica evidente e patente a solidez de suas argumentações, e como se torna impossível contradizê-las (apesar do quê, para os escandalizados e loucos com a cruz, somente há oposição na loucura e soberba do homem caído, abandonado por Deus).Resta-me agora continuar a lê-lo, esperando que não mude de foco, pois, somente através da ação do Espírito Santo pela Palavra, ateus e todos os tipos de incrédulos se curvarão diante de Cristo, reconhecendo-O como Deus, Senhor e Salvador de suas almas”.

Um comentário:

  1. Caro Jorge

    Concordo totalmente:

    "O fato de Paulo conhecer filosofia e citá-la parcamente (e ainda assim, de forma indireta) não nos dá o direito de substituir a pregação do Evangelho por ciências humanistas, amoldando e acondicionando a Palavra a conceitos e teses humanas. Isso é pecado, esvazia a mensagem de Cristo, tornando-a refém da nossa mente caída, e é ineficiente diante dos homens e seus pecados."

    Por isto que entendo que a abordagem que "mistura" cultura e Evangelho até é válida, mas secundária como ferramenta de evangelização.

    Um abraço

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