18 outubro 2008

FISIOLOGIA DO MAL - O SEQUESTRO DO ABC -











Por Jorge Fernandes

Não é habitual que eu faça comentários do cotidiano, contudo, diante de outra prova da capacidade do homem de suplantar a si mesmo em crueldade (“Não há um justo, nem um sequer... Não há quem faça o bem, não há nem um só... Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. Em seus caminhos há destruição e miséria; e não conheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos” [Rm 3.10-18]), pergunto: onde estavam os pais da Eloá quando ela iniciou o namoro, aos 12 anos, com um rapaz de 19? Onde está a família, a autoridade paterna, o dever e obrigação que têm de cuidar, proteger e educar seus filhos? Os pais, ao concederem aos filhos a permissão para o namoro numa tenra idade, ainda como crianças, não estão negligenciando-os? Não estão jogando-os as feras? Não seria o mesmo que apartar-se dos filhos? E uma forma de rejeição? De transferência de responsabilidade? Ao entregar a filha ao namorado-criminoso, maior de idade, não estavam também outorgando-lhe a “tutela” da filha? Declarando-o tacitamente responsável pela sua educação? Não estaria ele exercendo o direito do pátrio poder ou poder familiar em lugar dos genitores?... Meu Deus, que mundo!... Onde, cada vez mais, as pessoas tornam-se omissas, rejeitam seus deveres, temerosas em assumir posições que, num ambiente pós-moderno, leva todo tipo de idiotice, devaneio e capricho a sério, como normal, e mesmo, factível.
Não seria por isso que o criminoso-namorado sentiu-se no direito de dispor ao cárcere sua ex? E de julgar-se no direito de dispor-lhe a vida? E de zombar de todos? Dele mesmo, da ex-namorada, e da sociedade? Não estaria ele, como tantos outros, brincando de deus, ao negar os princípios cristãos? Não estamos sendo permissivos em demasia com todos os loucos que subvertem a moral e a ordem? Que desprezam o próximo? Que se rebelam contra Deus? Quem será a próxima vítima? Onde ocorrerá o próximo crime?... Ouvi um psicólogo dizer que o namorado-criminoso deveria ser tratado com amor, por estar em “descompasso emocional”, uma espécie de “pane” mental, ou algo parecido. E a menina (ela tem apenas 15 anos), que se encontra entre a vida e a morte, e somente por um milagre de Deus sobreviverá, poderá ter o “prazer” de manifestar o mesmo desequilíbrio assassino e bárbaro que o ex? Será que ela e a amiga, únicas vítimas de fato, não foram desamparadas pela família e pela sociedade? Será que ao permitir que o crápula tivesse o livre acesso a uma criança, não nos torna culpados? Ao não proteger nossos filhos indefesos dos ataques sistemáticos das forças do mal, travestidos de prazer, diversão, modernidade e aceitação de todo pecado, não os entregamos à sanha destruidora do mal? Restando-nos apenas debruçar desconsolados sobre os seus caixões?
A mídia, como um vampiro, bebeu até a última gota de sangue; e débil, certa Sônia entrevistou, em rede nacional, o bandido-ex-namorado, e em meio à sua fala mansa, cordial, afável, louca e irresponsável, colheu alguns pontos a mais de audiência, e muitos reais a mais em merchandising. Provavelmente, estimulou outros a cogitar a hipótese de ganhar alguns minutos de fama, ainda que com a destruição da vida alheia. Ética? Abutres vivem de cadáveres... Impotente, o Estado viu esvair entre os dedos mais uma oportunidade de nos defender; em outra tentativa malograda, ficou patente a sua inépcia.
Depois, restarão algumas lágrimas, e esquecer... Até que, no derradeiro dia, quando formos o alvo do pecado e da depravação dos criminosos, adulados e bajulados pelos ideólogos da esquerda, os fisiólogos de plantão, ninguém chorará por nós... Será tarde demais... E, talvez, o padrão irracional, imoral e repugnante moldado pela sociedade será a inscrição em nossas lápides.

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