15 julho 2024

Far-West Tupiniquim: Eu Brinquei de Forte Apache, de Marcos Guazzelli

 




Jorge F. Isah




Este livro, em formato e-book, foi o presente de um grande amigo e irmão, Gilberto Resende, e trata de um tema praticamente inexplorado no país: o brinquedo, e hoje objeto de desejo dos colecionadores e aficionados, “Forte Apache”.

Gilberto é além de colecionador e negociante de acervos, restaurador de peças e conjuntos. É um dos maiores entusiastas, especialmente do passatempo em questão.

Quanto ao livro, o título já diz tudo: “Eu brinquei de Forte Apache”, e sobre ele falaremos um pouco. O autor, Marcos Guazzelli, desde o início, na introdução, especifica a razão do lançamento: “Não realizei nenhuma pesquisa detalhada que me permita afirmar isto com absoluta certeza, mas ousaria dizer que o faroeste foi a maior manifestação cultural do século XX ... Apresentei as informações da melhor maneira que as reuni ao longo de muitos anos. Mas estamos a tratar de uma história que não possui registros formais, na qual a maioria das informações está na memória de pessoas”. E, nesse aspecto, o que mais importa ao se tratar do brinquedo que movimentou, emocionou e divertiu gerações de crianças, que não sejam as lembranças?

O caráter do livro não é se tornar um tratado sobre o assunto, mas explicar a origem, o desenvolvimento e o amadurecimento durante o que chamou “eras”: Diamante, Ouro, Prata e Bronze, como se fosse uma olimpíada onde o nosso “campeão”, em algumas décadas, não manteria a performance vencedora do seu auge; ainda assim, é inevitável dizer que o “Forte Apache”, em especial, e seus congêneres, permanecem vivos, sendo produzidos e alcançando ainda em grande escala fãs e entusiastas.


É um livro simples, sem rebuços, com dezenas de imagens a descortinar a evolução dos brinquedos “Far-West”. Como já dito, não é uma pesquisa minuciosa, pois o autor encontrou sérias dificuldades em incorporar elementos, seja por não mais existirem os grandes fabricantes, registros destruídos (como o incêndio na Casablanca), ou negativas quanto a exposição de dados (mormente, a Gulliver), e tornou complexa a investigação. Baseou-se em suas próprias reminiscências, nas de outros colecionadores, ex-funcionários das antigas fábricas e “sobreviventes” do processo de criação, como o grande desenhista Nelson Reis. Entretanto, muitos deles não tinham detalhes precisos, que o tempo anuviou ou apagou. Marcos, contudo, é honesto na exposição dos fatos, e deixa evidente o que não pode ser certificado, e de algumas conclusões serem frutos de deduções, somente possíveis por sua vasta experiência na área, inclusive em dezenas de viagens mundo afora, à cata de objetos raros ou simplesmente vislumbrar “in loco” exemplares cuja existência desconhecia ou era concebida apenas em fotos.

Ao final, é o relato da paixão de uma vida e da relevância de toda uma indústria consumida por crianças, jovens e adultos, no período de 60 anos, cuja história continua a ser escrita.

O único senão na obra, que se diga é um ótimo texto introdutório ao tema, é não haver uma revisão ortográfica especializada, mesmo os erros sendo mínimos, e deixaria a obra ainda mais impecável.

Não é apenas um tributo, mas o seu ineditismo, o ponto de partida para a escrutinação futura, onde as informações coletadas definirão nítida e abertamente o passado do “Forte Apache”, e traçar os rumos seguintes.

Por tudo isso, é inegável o trabalho de Marcos Guazzelli em preservar a história, ou parte dela, e estimular outros investigadores e apaixonados a levar às novas gerações o interesse, e, porque não a diversão, e desfrutar do magnetismo inexplicável das conquistas, vitórias, fracassos, e desvendar imageticamente um pouco da humanidade perdida, em tempos débeis, mecanicistas e sem inspiração como os atuais.

Que o trabalho empreendido pelo autor provoque novos debates e pesquisas, instigue e acorde a galera, em sua maioria, inerte e soronga em seu torpor criativo.

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