Por Jorge Fernandes Isah
Não há na Escritura ninguém a reivindicar que se creia nele mesmo, a não ser Jesus Cristo; porque, de fato, ele é Deus, e ninguém mais pode reclamar o direito à razão da fé do que o próprio Deus. Mas nem todos estão aptos a ver isso. Muitos, nem mesmo querem ver, e apelam para um cristianismo sem Cristo. Para um cristo sem Deus. Para um deus inútil ao homem. Para um homem perdido, mas inexplicavelmente salvo por uma salvação em que a própria humanidade é redentora. Para um céu que é de todos, por direito, pois o inferno é possível apenas aqui, neste mundo. Para pecados desculpáveis, quando o único pecado indesculpável é a justiça divina. Para arrogar santidade, boas obras, mas sempre como um esforço próprio, como um processo “evolutivo” em que o homem interior se auto-regenerará progressivamente, e a justificação imputada por Cristo seria apenas o exemplo daquilo que se pode alcançar como conseqüência da bondade inerente ao homem, uma espécie de autocriação do bem à margem de Deus, o próprio bem. Mesmo os maus não têm do que se preocupar; no fim das contas, “Deus” vai consertar tudo, e a maldade será recompensada pela impossibilidade de ser boa, como uma “pobrezinha”, uma “coitadinha”, que não tinha consciência da perversidade, pois a ignorância quanto ao bem é o salvo-conduto para se aperfeiçoar e praticar o mal. Afinal, nascer e viver no mal é uma boa desculpa para não fazer o bem. E tem funcionado, pois nunca o mal foi tão amado, contemporizado, e minimizado entre os cristãos; ao ponto em que o pecado é um sofisma, a ser considerado apenas por mentes doentias e retrogradas.
Deixando a digressão de lado, voltemos ao foco: Cristo. Como disse, somente o Senhor avocou para si que os homens cressem nele; e, na Bíblia, somos chamados à fé apenas em Deus. Então, quando ele diz: “Credes em Deus, crede também em mim”, pois, “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim. Se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai; e já desde agora o conheceis, e o tendes visto” [Jo 14.1, 6-7], está simplesmente afirmando a sua divindade, pois quem o vê, vê a Deus. Como também Paulo asseverou sobre ele: “O qual é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação... porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse” [Cl 1.15,19]. De forma que Deus falou, nos últimos tempos, pelo Filho, o qual é o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, a quem constituiu herdeiro de tudo [Hb 1.1-3].
Ora, mas há os que tentam invalidar a Escritura dizendo que Cristo não se nomeou Deus, e os autores inspirados jamais o proclamaram como tal. Eles tentam nadar contra a maré, da mesma forma que um defunto pode pedalar um velotrol numa montanha-russa. O absurdo dos absurdos; e em suas presunções, logram-se sábios, quando não passam de loucos [Rm 1.21-22]. Para tanto, têm de rejeitar a inteligência, a lógica, a verdade, a fim de se entregarem às artimanhas mais vis que o espírito humano pode engendrar. Pois, como resistir, por exemplo, às evidências escriturísticas?
Vamos a algumas delas:
1- “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” [Jo 1.1];
2- “Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, eu sou” [Jo 8.58];
3- “Eu e o Pai somos um. Os judeus pegaram então outra vez em pedras para o apedrejar... não te apedrejamos por alguma obra boa, mas pela blasfêmia; porque, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo” [Jo 10.30-33];
4- “E quem me vê a mim, vê aquele que me enviou” [Jo 12.45];
5- “Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus” [2Co 4.4];
6- “... e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo” [Jd 4];
7- Jesus disse ao paralítico: “Filho, perdoados estão os teus pecados”, ao que alguns escribas arrazoaram, dizendo: “Por que diz este assim blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão Deus?” [Mc 2.5-7];
8- “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” [Is 9.6];
9- “Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue” [At 20.28];
10- “Dos quais são os pais, e dos quais é Cristo segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém” [Rm 9.5];
11- “E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus se manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido acima na glória”[2Tm 3.16];
12- “Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo” [Tt 2.13].
Como é possível, diante dessas evidências, que alguém ainda defenda a não-divindade de Cristo [e há um volume muito, mas muito maior na Escritura acerca dela]? Porém, o pior, o inconcebível, são pessoas que se dizem “cristãs” acreditarem, como ebionistas e arianos, que Jesus é um homem muito especial, um ser criado magnífico, mas nada além disso; não podendo jamais ser Deus.
Por Cristo vir buscar e salvar o que se havia perdido [Lc 19.10], o que implicará automaticamente na condenação dos que não forem salvos e mantêm-se dispersos no pecado, ao ver deles, é-se necessário desqualificá-lo, diminuí-lo, para, primeiro, anular o Juízo de Deus, depois a redenção, e então propor, à revelia da Bíblia, uma obra cujo valor é apenas moral, um exemplo de coragem, coerência e desprendimento para todos os homens.
O reflexo direto desse posicionamento é a descrença. Primeiro, por não levar em conta a revelação divina no texto bíblico e, segundo, por não levar em conta o próprio Deus. O que há é o desejo acalentado de atrair o homem para uma liberdade incapaz de tirá-lo da escravidão [2Pe 2.19]: a irrestrição para se pecar descaradamente, ainda que a noção de pecado esteja tão corrompida pelo próprio pecado, que não pareça pecado.
O pior é que conceitos não-cristológicos, ou seja, não-bíblicos, estão sendo sutilmente propagados nas igrejas e seminários; pequenos desvios, quase subliminares; heresias reformuladas e adequadas ao padrão de desconhecimento e pouco caso para com a Escritura, refletindo uma espécie de cultivo esmerado e tenaz da ignorância, em que a verdade dá lugar a mentiras travestidas de meias-verdades, como se fossem verdades. O discurso é aparentemente bíblico, mas não se está a exibir o que a Bíblia diz; eles buscam uma proximidade, e até mesmo se utilizam de expressões escriturísticas para dissimularem seus reais intentos, e seduzirem os tolos; e fazem crer que o Cristo não-revelado é o revelado, e assim, concluírem sua obra demoníaca. É o que Pedro diz: “haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão ao Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade” [2Pe 2.1-2].
No fundo, o homem natural apenas repete a si mesmo em seus muitos erros, acreditando na autonomia, na independência e autosuficiência em relação a Deus. Ele se encontra tão cheio de si, achando possível encontrar um significado no próprio homem, que erra enquanto acredita acertar, e perde a razão, tornando-se um ser ridículo, uma figura burlesca, um farsante que se orgulha de seus embustes; convencido de que não é trapaceiro, pelo hábito de trapacear.
Por isso, Cristo diz: “morrereis em vossos pecados, porque se não crerdes que EU SOU, morrereis em vossos pecados” [Jo 8.24].
E muitos já estão, sem sabê-lo, cometendo suicídio espiritual.
Prezado irmão Jorge,
ResponderExcluirexcelente texto.Muito claro. O problema em afirmar a divindade de Cristo é a questão do exclusivismo. Na cultura "pos-moderna" o exclusivismo leva à intolerância com as demais afirmações, daí o homem natural ter dificuldade em crer em Cristo, pois, hoje a sociedade não é anti-Deus, mas anti-Cristo. As escrituras, o pais da igreja, os concílios sempre afirmaram a divindade de Cristo, pois, do contrário seria impossível a salvação do homem. Por isso, seu texto é oportuno e atual, pois, o que mais a igreja precisa nestes dias é afirmar a exclusividade de Cristo e sua obra singular.
Um abraço
Em Cristo
Caro Jorge. Texto lido. Obrigado.
ResponderExcluirO suicídio espiritual decorre do monoteísmo radical do ser humano natural, pois o único "deus" que ele reconhece e adora é a si mesmo.
Um abraço.
ê irmão, pretendia vê-lo pessoalmente e ainda não o pude. Mas sinto profunda saudade de você e dos seus. Afinal passamos muitos anos sem contato, lembra-se. Bons tempos da web. Nosso deus o abençoe e continue a sustentá-lo em todas as coisas.
ResponderExcluirLi um dia desses em um site muçulmano acerca da descrição de quem Alá, para o Islã. Surpreendetemente para os menos avisados corresponde a descrição que temos de Deus mas sem Cristo e a seguir vem a justificativa ( já que o objetivo é converter "cristãos" ao Islã, as justificativas lógicas e bem encadeadas de que como Deus não pode ter um filho, a solitária existência de um Deus em uma única pessoa, etc. Trata-se de um deísmo sem Cristo, sem Jesus o Salvador. Boa parte do cristianismo hoje é umdeismo sem Cristo, biblicismo sem autoridade de um Salvador vivo. com relação a temas pseudo-polêmicos, como união entre duplas ( não casais de pessoas de mesmo sexo ), consulta-se delegados da denominação, não as Esrituras com a sua autoridade e menos ainda um Jesus vivo, que como Senhor e Deus tem a sua visão de nós mesmos e do que fazem os filhos dos homens.
De fato não existe caminhar mais lento e certeiro que o caminhar para a perdição. Afinal ´é o caminho largo em que muitos incorrem em permanecer em percorrê-lo.
Um abraço mais uma vez.
Gostei!
ResponderExcluirDois comentários e dois possíveis títulos para o meu blog (num futuro hipotético):
- "Ele não é anti-Deus, ele é anti-Cristo...";
- "Monoteismo radical de si mesmo..."
Tenho que pagar direito autoral?
Belo e Texto Jorge,
ResponderExcluirJesus é Deus, verdade indigesta para os que acreditam que Jesus é mais uma opção salvífica dentre tantas existentes na teia do pluralismo. Ele não é um caminho, senão o único caminho, e ele é o único caminho porque Ele é Deus.
Louvo à Deus por sua vida, alguém por quem Deus se faz revelar por meio da crença na sua Palavra.
Graça e Paz
Mizael Reis
Pr. Luiz Fernando,
ResponderExcluirobrigado por seu comentário.
Concordo plenamente com o irmão. De uma forma geral, o homem crê em um "Deus", mas quando falamos no Deus bíblico, aquele que encarnou, viveu, morreu e ressuscitou por amor dos Seus, elas não compreendem, nem entendem, nem aceitam. É como o Senhor disse: Têm olhos e não veem, ouvidos e não ouvem.
Proclamemos Cristo crucificado e ressurreto.
Forte abraço, meu irmão!
Cristo o abençoe!
Helvécio,
ResponderExcluirprecisamos encontrar e colocar a conversa em dia.
Concordo com o que diz. E é isso mesmo, a perdição é um caminho lento, sem pressa de atingir o alvo, mas certamente o fará para a infelicidade daqueles que trilham suas veredas.
Forte abraço, meu irmão!
Cristo o abençoe!
Rogério,
ResponderExcluiro antropocentrismo é a praga do nosso século. Cultua-se um deus, o próprio homem, que, ao invés de salvar, apenas condena. E muitos tolos ainda se consideram "sábios" por acreditar na perdição, ou por desdenhar dela.
Forte abraço, meu irmão!
Cristo o abençoe!
Natan,
ResponderExcluiracho que os irmãos não se importarão que use os "títulos", agora, o que você vai fazer com eles é que me preocupa [rsrs].
Grande abraço, meu irmão!
Cristo o abençoe!
Mizael,
ResponderExcluirdevemos agradecer a Deus a cada minuto de nossas vidas por Cristo, seu Filho Amado. Sem Ele, não haveria a menor esperança para nós; e Deus se tornaria impossível, e jamais seríamos alcançados.
Forte abraço, meu irmão!
Cristo o abençoe!
Jorge,
ResponderExcluirA grande diferença do Cristianismo para as outras religiões monoteístas é exatamente o Cristo encarnado, Filho de Deus e Deus vivo. Tanto o judaísmo como o Islã creem em um 'deus' que dizem ser o nosso Jeová, uma vez que revelado nos livros do Pentateuco. Mas não é. O único Deus verdadeiro é aquEle que deu seu filho unigênito em sacrifício vicário para salvar tantos quantos nEle creiam.
Grande abraço meu irmão.
Em Cristo,
Ricardo.
Ricardo,
ResponderExcluire essa diferença, Cristo, é que dará ao homem a morte ou a vida eterna; pois Ele não é um detalhe, mas a essência de tudo o que o homem pode vir a ser, se reconhecê-lo como Deus e Senhor; ou deixar de ser, se desprezá-lo como tal.
A diferença que determinará toda a eternidade do homem, na qual muitos amargarão terem rejeitado-nO.
Forte abraço, meu irmão!
Cristo o abençoe!
Graça e paz Jorge,
ResponderExcluirde todos os lados vemos pessoas tentando tirar a autoridade de Cristo, e isso já vem de longa data e o apóstolo Paulo sabia muito bem disso, tanto que escreveu aos Colossenses sobre esse assunto. E de lá para cá nada mudou, pelo contrário, o mesmo espírito que agia naquela época está agindo hoje e vem agindo desde o início da Igreja. E pessoas querendo se mostrar inteligentes estão se envolvendo nessa teia de ateus e de Satanás.
De tempos em tempos surgem umas idéias no meio acadêmico e agora também na net. Por exemplo, quando eu fui para o seminário a moda era dizer que Satanás não existia e que o livro de Jó era uma alegoria. Agora estamos na moda do Teísmo aberto, amanhã só Deus sabe qual será a nova moda, mas com certeza será tentar tirar a credibilidade das Escrituras e do sacrifício de Cristo por nós.
Que o Senhor nos ajude.
Fique na Paz!
Pr. Silas
Pr. Silas,
ResponderExcluirobrigado por sua visita e comentário.
Infelizmente, é como disse ao fim do texto, o homem natural é um farsante e está convencido de que não é trapaceiro, pelo hábito costumeiro de trapacear.
E muitos não vivem exatamente por estarem mortos.
Grande e forte abraço, meu irmão!
Cristo o abençoe!
Olá Jorge,
ResponderExcluirO grande problemas das chamadas filosofias do mundo é que o argumento delas é extremamente convincente para os que se perdem. Então, estudam a Bíblia, vão à igreja, e depois percebem que dá para fazer um "link" com outras doutrinas. Aí abre-se o caminho para uma manada de heresias, blasfêmias, e todo tipo de conduta reprovável. Bom seria se, no meio acadêmico, independente de sermos odiados pelos outros, escrevermos artigos apresentando o Senhor Jesus acima de todos os outros. As feministas cairão em cima, os ateus, os pós-modernos, pluralistas, mas quem se importa com o que eles pensam academicamente, se temos a Verdade?
Marcus Paolo,
ResponderExcluirse não fosse a sua foto, aquela em que está a cara do Marcos Feliciano [rsrs], não descobriria que você é o "Amado do Senhor". Para ser sincero, nem sabia que tinha um blog... você sabe esconder mesmo as coisas...
Sim, é verdade. Mas acontece que o homem, mesmo muitos crentes, se sentem seduzidos pelo conhecimento secular ao ponto de desprezarem o conhecimento escriturístico, como se fosse possível o pensamento de Deus ser inferior aos dos homens. Paulo chama isso de loucura e, estou com ele, assino embaixo.
Somente nós, como instrumentos divinos, guiados por seu santo Espírito, podemos impedir o avanço do liberalismo, da heresia, da incredulidade. Pregando e defendendo o Evangelho, e a fé uma vez nos dada por Cristo.
Mas há uma rejeição clara à verdade, por isso, a ilusão com a mentira é necessária. E muitos de nós, abraçamo-la de tal forma que, nem mesmo se quiséssemos, poderíamos abandoná-la. Apenas Cristo, pelo seu poder, pode tirar os grilhões que nos prendem.
Volte sempre, é uma honra tê-lo por aqui.
Grande abraço, meu irmão!
Cristo o abençoe!