08 janeiro 2010

Autofilia





















Por Jorge Fernandes Isah



Tornou-se comum entre os crentes frases do tipo:  

“Não olhe para mim, olhe para Jesus”.

Mas seria ela e suas corruptelas uma verdade?

Digamos que... parcialmente, pois contém apenas uma fração da verdade.

Devemos olhar sempre para o nosso Senhor, pois é Ele quem nos dirigirá, revelando-nos, segundo a Escritura, a Sua vontade [para nós e nossos semelhantes] como Aquele que é o autor e consumador da nossa fé [Hb 12.2]. Contudo, isso não quer dizer que não devamos olhar para os homens, nem aprender com seus exemplos, seja imitando o que fazem de bom, e rejeitando prontamente seus erros, não incorrendo neles, tudo segundo e sob a luz das Escrituras Sagradas.

Muitos se utilizam daquela frase com o nítido intuito de justificar seus erros; alguns até mesmo para encobri-los, quando devíamos seguir o exemplo de Paulo: “Admoesto-vos, portanto, a que sejais meus imitadores” [1Co 4.16].

Estaria o apóstolo tão cheio de si mesmo que proclamaria uma blasfêmia? Comparar-se a Cristo? Estaria envolvido pela vaidade e o orgulho a ponto de afirmar a necessidade dos coríntios serem como ele? Qual o fundamento de Paulo para tal afirmação? Não estaria o homem louco e dominado pela auto-exaltação?

Vejamos algumas características do apóstolo:

1)     Paulo estava crucificado com Cristo [Rm 6.6, Gl 2.20a].

2)     Paulo tinha a mente de Cristo [1Co 2.16].

3)     Paulo tinha o Espírito de Cristo [Rm 8.9].

4)     Paulo era imitador de Cristo [1Co 11.1].

No mundo atual, todos se querem originais, mas são exatamente os que se dizem originais que descambam para as esparrelas do diabo, os velhos ardis com que sempre os pegou; na pretensão de serem, digamos, únicos, singulares, acabam por repetir vulgarmente o que tornou satanás em pai da mentira e homicida desde o princípio, o qual "não se firmou na verdade, porque não há verdade nele" [Jo 8.44].

A mesma originalidade que fez Adão e Eva cairem; Caim matar seu irmão Abel; os homens contruírem a Torre de Babel; desprezarem os alertas de Nóe quanto ao julgamento divino; matar os profetas que proclamavam a Palavra de Deus; convencer Davi a assassinar covardemente um soldado a fim de adulterar com sua esposa; a crucificar Cristo; perseguir a igreja e matar os santos; implementar heresias, corrupções e formatar os antievangelhos com o nítido objetivo de dispersar o rebanho do Senhor, como se fosse possível espalhar aquilo que Cristo juntou pelo poder do Seu sangue na cruz [At 20.29].

Paulo não se envergonhava de ser como Cristo, pelo contrário, ele desejava ardentemente sê-lo, “esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” [Fl 3.13-14]. E o alvo era viver para e pelo Evangelho, o qual chamou apropriadamente de “meu evangelho” [Rm 2.16]. 

Novamente, parece que o apóstolo está envolto em soberba e arrogância, buscando uma autopromoção, porém, creio que para cada um de nós, os crucificados com Cristo, o Evangelho é nosso também, pois por ele fomos salvos, vivemos e seremos glorificados eternamente.

Antes de jactar-se em si mesmo, Paulo estava a glorificar Cristo, arraigado ao desejo de se parecer e ser semelhante ao seu Senhor. Ao invés de orgulho e vaidade, temos submissão e obediência, ao ponto de o termo “imitador”, algo tão desprezível em nossos dias, ser apontado por Paulo como uma virtude, uma qualidade dos que estão em Cristo, e são guiados por Ele.

Então, quando o apóstolo exorta a igreja a imitá-lo, o faz pelo privilégio de pertencer a Deus, mas não somente por isso, mas porque vivia não mais ele, mas Cristo nele; e a vida vivida na carne, vivia-a pela fé do Filho de Deus, o qual o amou, e se entregou a si mesmo por ele [Gl 2.20b]. O apóstolo tinha o legítimo direito de admoestar os crentes a serem seus imitadores, assim como ele era de Deus, pelo amor com que Cristo o amou em oferta e sacríficio a Deus [Ef 5.1-2].

E nós? Podemos pedir para que os irmãos nos imitem assim como imitamos Cristo? Ou nossa consciência nos diz para eles não fazerem isso? Por quê? Não será que nos esquecemos de seguir o exemplo de Paulo e imitar o Senhor? Ou estamos preocupados demais em imitarmos a nós mesmos, em nossas mentiras, orgulhos, vaidades, pretensões e objetivos nitidamente antibíblicos?

Se Paulo não vivesse a verdade seria facilmente confrontado. Não teria a autoridade apostólica reconhecida. Nem teria suas epístolas citadas por Pedro como parte das Escrituras. Se Paulo tivesse uma falsa vida cristã seria rejeitado pela igreja, a mesma igreja que o acolheu e reconheceu a regeneração operada pelo Espírito Santo naquele que antes a perseguia.

Na verdade, quando alguém afirma: “Não olhe para mim, olhe para Cristo”, está rejeitando em seu coração o próprio Evangelho; está se colocando vergonhosamente como alguém que não precisa seguir exemplos, e nem mesmo pode ser um; que se considera autosuficiente em si mesmo, e pode recusar qualquer conselho, exortação ou ensinamento, pois não se deve olhar para mais ninguém; e nisso, muitos acabam erroneamente por segui-lo... Contudo, Deus é um desconhecido para essa espécie de crente, o que nos levará inevitalmente à seguinte pergunta: como esse “super-homem” pode olhar exclusivamente para o Senhor, conhece-lO e a Sua vontade, se não se enquadra nas características de Paulo?

Ele:

1)     Não está crucificado com Cristo.

2)     Não tem a mente de Cristo.

3)     Não tem o Espírito de Cristo.

4)   Não é um imitador de Cristo.

É possível?

Como está escrito: “haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos... Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te” [2Tm 3.1-2,5].

Assim se constrói uma mentira, a de que não devemos seguir os homens, nem ouvi-los, nem lê-los, nem espelharmos naquilo que de bíblico fazem. Ao contrário dos irmãos de Beréia que ouviam Paulo atentamente, mas confirmavam se tudo o que dizia estava nas Escrituras, a maioria está mais preocupada em viver uma vida à margem da Bíblia. Como bandoleiros e usurpadores da palavra; como se o testemunho cristão fosse algo irrelevante, descartável, inalcansável. E, nisso, tentam fazer de Deus mentiroso, para a própria condenação.

É uma via de mão-dupla:

1)     Não se segue ninguém, porque assim pode-se viver a vida que quiser, à revelia da Escritura, sem que nada ou alguém o leve a imitar Cristo;

2)     E não se corre o risco de ser imitado, e assim não é necessário aprimorar-se na palavra e no conhecimento de Deus. Pode-se ser o que sempre foi sem medo de ser importunado.

Sendo ainda possível:
1) Se considerarem em tão grande conta no seu orgulho que desprezam a igreja. Dizem:  "Ela não é perfeita... ninguém é perfeito... então, por que devo olhar para os homens?"

Esquecem-se de que a igreja julgará o mundo juntamente com o Senhor, e de que, se não olharmos para ela, com seus erros e acertos, sendo capazes de apreender o bem e rejeitar o mal, não haverá purificação, porque Deus utilizará exatamente os meios humanos para torná-la santa e perfeita. De tal maneira que a multiforme sabedoria divina seja agora conhecida dos principados e potestades nos céus, através da igreja, "segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus nosso Senhor" [Ef. 3.10-11].

A falácia do não seguir os homens está em acordo com o individualismo, o egoísmo e o humanismo que têm permeado a igreja nos últimos tempos. Já imaginou se os discípulos do Senhor tivessem esse pensamento, visto ser Jesus homem (sem se esquecer da sua deidade)? Já imaginou se os discípulos, pelo fato dEle ser também humano, desprezassem seus ensinamentos e mandamentos? E como a igreja se iniciaria, progrediria, sendo pastoreada por homens simples e incultos como Pedro, Tiago e João? Mas, que tinham a sabedoria que vinha do céu? Haveria uma Igreja de Cristo? Haveria proclamação do Evangelho? Haveria salvação? Santificação? E Cristo teria um corpo? E o Noivo, a Noiva?

O Evangelho foi pregado por homens divinamente inspirados e guiados. Hoje, o Evangelho progride por homens igualmente inspirados e guiados pelo Espírito Santo. Assim como devemos orar e clamar a Deus para que Ele nos capacite e aperfeiçoe ao ponto em que outros sentirão o desejo de nos imitar. Não para a nossa glória pessoal, mas para a glória de Deus, que a cada dia nos faz mais semelhantes ao Seu Filho Amado, Jesus Cristo. Se você não crê nisto, a sua fé está posta em outro deus, não no Deus Vivo e Todo-Poderoso.

Não seguir os homens naquilo em que são bíblicos, fará seguir os que não são bíblicos. E esta não é a vontade de Deus, mas somente outra forma do maligno aprisioná-lo.

Nota: Autofilia = estima exagerada por si próprio; egolatria  (Do gr. autós, «próprio» +philía, «amor; amizade»)

20 comentários:

  1. Prezado irmão Jorge,
    creio que indiretamente todos olhamos para exemplos dados na vida. Essa falsa humildade que diz que devemos olhar para Cristo somente demonstra ser um disfarce para a pouca profundidade na vida cristã. Já pensou seu um pai dissesse isso para seus filhos: "Olhem para outros não para mim". Estaria jogando seus filhos no abismo da eterna insegurança e relativismos, pois, deixou de ser o modelo no qual os filhos deveriam se basear em suas formações de seres humanos. Outro dia disse ao meu filho mais novo: "se precisar de um modelo para balizar seus comportamentos pode seguir o meu". Nunca esperaria que ele se pautasse por outros homens. Seu texto foi preciso mais uma vez. Não existe soberba ou arrogância na afirmativa de Paulo, mas somente a convicção que estava trilhando o caminho correto.
    Que Deus nos ajude a sermos exatamente aquilo que a Palavra diz para sermos.
    um abraço

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  2. Pr. Luiz Fernando,

    essa história de não seguir exemplos é engraçada, para não dizer, sem nexo. Como disse no texto, não seguir aqueles que agem biblicamente implicará em seguir os que não agem. Não há meio termo.
    No fundo, o que eu vejo é muita arrogância e soberba dos que assim pensam, e uma crítica intransigente com a igreja (afinal, a igreja somos todos nós, os salvos) como se ela fosse a fonte de todo o mal no mundo, quando é o contrário, ela é a Noiva de Cristo, por quem Ele morreu.
    Como o irmão disse, que saibamos ler, ouvir e obedecer a Palavra, cumprindo-a para honra e glória do Senhor.

    Grande abraço ao irmão.

    Cristo o abençoe!

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  3. Não é perigoso dizer que devemos seguir os homens? Isso não pode levar ainda mais ao erro? Paulo era Paulo, como saber se existe outro Paulo nos dias de hoje?

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  4. Rubens,

    o perigo está em não observar o que a Bíblia nos orienta a fazer. Quer queira ou não, em algum momento da sua vida, você seguirá alguém ou seguiu alguém. Isso é inevitável. Se conhecermos a vontade de Deus expressa na Escritura, ela será o nosso orientador naquilo que seguiremos, indicando aonde iremos. Assim, não há como errar. Mas mesmo que se erre, é possível reverter o erro, e voltar ao caminho correto.
    Repetindo o que disse, se não seguirmos os homens naquilo em que são bíblicos, seguiremos os que não são bíblicos.
    Quanto ao fato de haver outro Paulo nos dias de hoje, isso é impossível, assim como é impossivel haver um Rubens como você. Deus nos criou únicos. Mas o fantástico é que seremos todos um dia semelhantes a Cristo.

    Abraços.

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  5. A maior prova de um homem de Deus está na sua própria casa.

    Ele é exemplo para os seus filhos e sua esposa?

    Quem deve responder a pergunta não é a própria pessoa fazendo autocrítica reflexiva, a verdadeira resposta deve ser colhida nos filhos e com a esposa.

    Um grande pregador do passado, uma vez pregou um sermão que eu achei maravilhoso cujo tema era "Absalão, Absalão, meu filho Absalão...".

    Ouvindo seu sermão, vejo tristemente que desgraçadamente profetizava contra si próprio.

    Pego este exemplo para mim, e oro a Deus que não permita que eu caia em adultério, ou que sejam mau exemplo para os meus filhos e esposa.

    Não adianta eu escrever lindos textos no meu blog, se a minha esposa não conseguir lê-los sem menear a cabeça e dizer "coitado, não consegue nem ser marido... e quer ensinar os outros".

    Ou aquela outra infeliz versão de uma esposa que foi procurada por outros que lhe diziam "Nossa que pregador maravilhoso é seu marido, e que simpático e amoroso ele é com todos, deve ser maravilhos ser esposa dele..." E a esposa pensa "vão passar um tempo lá em casa e vocês vão ver que de maravilhoso ele não tem nada".

    Quem passar pelo crivo dos filhos e da esposa como verdadeiro homem de Deus, então tem a minha admiração.

    Ninguém precisa se enganar, cada um examine-se a si mesmo (pois sabemos a resposta deles) e veja se é exemplo para os seus.

    Grande abraço!

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  6. Natan Oliveira,

    meu grande e fraterno amigo e irmão, senti saudades durante suas longas férias... e ao que parece, voltou "turbinado", com a corda toda.
    Sim, tudo o que você disse é verdade. Se não sirvo de exemplo para os meus familiares, amigos, vizinhos, colegas de trabalho, etc, não sirvirei de exemplo para mais nada, nem mesmo na igreja.
    Na verdade, a minha proposição em discutir era o problema da maioria dizer que não devemos seguir ninguém, numa falsa desculpa para não se envolver nos trabalhos da igreja (aqui, incluída, a disciplina eclesiastica); de não congregar porque a igreja é formada por homens, e homens não devem ser seguidos; de não se buscar a santificação a fim de ser exemplo para outros não-santificados, e por aí afora.
    Como ovelhas devemos seguir o pastor de nossas almas, Jesus Cristo, sem nos esquecer de que, tanto a igreja como as lideranças delas exercem autoridade sobre nós, investida pelo próprio Deus.
    Devemos nos examinar diariamente, por que, certamente, temos muito a aprender com os santos que ainda vivem neste mundo.
    Abraços, e um ótimo retorno ao batente, como se diz por aqui, nas Gerais.
    Cristo o abençoe e aos seus queridos!

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  7. Olá, Jorge!

    O seu texto "Autofilia" está muito bom! Essa pseudo ética cristã do "olhe para Jesus não olhe para mim" é nociva, abusiva e infelizmente está na moda "evangélica". Parabéns! Gostei muito.

    Um abração!
    Jonas

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  8. Jonas,

    sinto-me surpreso e honrado com a sua visita (não sei se mais surpreso ou honrado... mas, depois da surpresa que passa logo, fica apenas a honra de recebê-lo em meu minifúndio).
    E saber que o irmão concordou com a abordagem do texto só me tranquiliza, no sentido de que, realmente, não estou a falar antibiblicamente.
    Um grande abraço ao irmão!
    Cristo o abençoe!

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  9. Jorge, meu caro irmão,

    Estou conhecendo o seu blog e posso adiantar que gosto do que vejo (leio). Quero apreciar com mais vagar tudo que tem por aqui e aprender mais sobre Ele.

    Penso que essa história de "não seguir a homens" tem muito a ver com Jeremias 17:5 e Romanos 1:25. Porém, se esquecem os tais (que usam o "chavão") que podemos ser imitadores dos homens naquilo em que eles imitam Cristo, não fazendo da "sua humanidade mortal a nossa força".

    O seu texto foi perfeito ali onde você insere o individualismo como o verdadeiro motivo para "não imitar homens", logo, a motivação recôndita é espúria.

    Gostei mais ainda de saber que você aprecia o instigante Dostoievski. Uma das poucas obras dele que eu não havia lido, "O idiota", comprei a última edição lançada pela Editora 34, traduzida diretamente do russo para o português ( pela primeira vez), por Paulo Bezerra, que é uma beleza! Se não tem ainda, compre.

    Grande abraço. Ótimo texto.

    Em Cristo,

    Ricardo

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  10. Ricardo,

    fico muito feliz com a visita do irmão. Há algum tempo venho acompanhando o seu blog e comentários que tece em outros, e, realmente, gosto muito do seu posicionamento bíblico, e da defesa intransigente da fé cristã. Por isso, é mais um motivo para me sentir honrado de tê-lo por aqui.

    Quanto ao texto, fico feliz que o irmão tenha gostado, e espero que não encontre muitos erros por estas páginas (ao menos, espero... rsrs).

    Entendo que a autofilia leva as pessoas a se considerarem muito superioras às outras, no sentido em que há um orgulho travestido de descrença no homem, não porque o homem não seja confiável, mas porque acabo sendo "mais" confiável do que todos. No fundo, é arrogância, prepotência, soberba.

    Um bom exemplo foi a discordância de Paulo com Pedro, relatada em Gálatas. Pedro errou, mas ainda assim, na mesma carta, ele é considerado uma das colunas da igreja, juntamente com João e Tiago. Paulo reconheceu que ele era repreensível naquela atitude hipócrita com os judaizantes, mas não deixou de reconhecer a sua autoridade de apóstolo e um dos líderes da igreja. Da mesma forma, Pedro compara os textos paulinos como parte das Escrituras, demonstrando ter aprendido a lição, e não haver mágoas com Paulo. Eles eram homens comuns, usados por Deus para construir o Seu reino na terra, sujeitos a acertos e falhas segundo a vontade de Deus, mas em nada a autoridade deles foi enfraquecida.

    Infelizmente as pessoas têm desprezado a igreja, esquecem-se de que o corpo local é o corpo de Cristo, pelo qual Ele morreu. Então, me irrita muito ouvir esse tipo de bobagem, que serve como mais uma desculpa para não se obedecer os princípios bíblicos. Ou seja, continuar rebeldes à palavra.

    Quanto ao Dostoievisk, reputo-o um dos cinco melhores escritores de todos os que já li (e olha que a minha lista é grande). Infelizmente, ainda não li o "Idiota". Quando peguei o "calhamaço" (se não me falha a memória, 700 ou mais páginas) estava numa fase muito mundana, e o álcool não me deixava cuidar de mais nada a não ser do meu vício. Graças a Deus, isso é passado, pois aprouve ao Senhor me chamar e regenerar pelo poder no sangue do Seu Filho Amado Jesus Cristo.

    Após a releitura dos Irmãos Karamazov vou-me dedicar ao Idiota.

    Vamos trocar informações sobre livros. Tenho um blog especialmente para as minhas leituras, onde posto os meus comentários a medida em que vou lendo. Estou meio arrastado em alguns volumes, mas espero, após a "resseca" de fim-de-ano, retomar as leituras diariamente. Que tal se o irmão participasse comigo, postando suas leituras e impressões? Pense nisso. Seria um prazer! (especialmente, para os leitores, que devem estar cansados de mim...rsrs).

    Grande abraço ao irmão.

    Cristo o abençoe!

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  11. Jorge,

    Será um prazer interagir com você, especialmente no que se refere a livros. Eu já fui um leitor compulsivo, viciado, do tipo que lia 20 horas seguidas.

    Durante o tempo de faculdade li tanto, tantos autores, que, imagino, esqueci a metade deles ou mais. Eu deveria ter feito um registro, mas nunca fiz.

    Eu também já fui bem chegado nessa substância (álcool) outrora, além de ter sido um fumante inveterado. Pela graça soberana dEle eu também fui libertado dessas amarras.

    O seu estilo é muito bom e a profundidade do conhecimento também. E eu estou aqui para aprender com aqueles que sabem, logo, é um prazer mesmo manter e aprofundar esse contato.

    Grande abraço,

    Em Cristo,

    Ricardo

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  12. Ricardo,

    e aí, quando é que começa a sua participação no blog?

    Grande abraço!

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  13. Jorge meu irmão,

    Sinto-me deveras honrado com o convite. Só há um problema que deve ser analisado por você - e penso que pode ser um empecilho. Eu li poucas obras teológicas. Somente há pouco tempo venho me dedicando a esse conhecimento.

    Até então a grande maioria das obras lidas fazem parte da literatura secular. Portanto, os meus comentários e sinopses se circunscreverão quase que exclusivamente às obras seculares.

    Pude observar que você tem um grande acervo de obras teológicas (já as leu), ao contrário deste que vos fala. De qualquer maneira, pretendo aprender com você - e isso já será de grande valia.

    Assim, fique a vontade quanto a manter o convite, sabendo que o meu pequeno conhecimento não abarca as referidas obras teológicas. Leio mais fragmentos, artigos em sites teológicos, como o monergismo e outros. A partir de agora estou começando a adquirir e lerei os grandes autores teológicos, inclusive aproveitando as indicações de vocês.

    De qualquer maneira, repito, sinto-me honrado com o convite feito.

    Grande abraço.

    NaquEle que nos Salvou imerecidamente,

    Ricardo

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  14. Ricardo,

    Para mim, está ótimo!
    Eu postei alguns livros seculares (poucos é verdade), e gostaria que o blog fosse, digamos, mais abrangente e diversificado em estilos literários.
    Por isso, não há problema algum de você citar romances, novelas, críticas, livros científicos, acadêmicos, ou qualquer outra coisa que queira. Será muito bem vindo. O que me interessa, e acredito ser o meu propósito, é manter a interpretação de qualquer obra literária cativa a Cristo, ou seja, que elas sejam comentadas por pessoas que tenham a mente renovada, como é o seu caso.
    Então, está mantido o convite. Mande-me o seu email pelo meu dosty@monergismo.com que lhe enviarei a autorização como autor do blog de livros, e assim, você poderá postar diretamente.

    Antes de ser um prazer tê-lo comigo no blog de livros, é uma honra; e, certamente, um privilégio para os leitores.

    Grande abraço!

    Cristo o abençoe!

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  15. Meu caro Jorge,

    Postagem e comentários excelentes. Vejo que foi até bom eu demorar para ler o texto!

    A "inversão" que você faz do dito comum é fantástica. Pois o que há de mais comum em nosso tempo é este orgulho travestido de humildade. O "eu me basto" que é a verdade por trás do "não me olhem" é o mesmo orgulho que aquele que insistente e repetidamente combato no meu blog: "minha razão basta", a falsa humildade epistêmica!

    É interessante também o imitar quando falamos sermos pecadores. Paulo se chama o maior dos pecadores, e a quem devemos imitar! Não no pecado, obviamente, mas no arrependimento e na rejeição dele. E assim é que temos que ser em nossa esfera de influência. Imitadores de Cristo. Mas, se pecamos, imitamos Paulo (como qualquer outro cristão que se arrependa) e temos Cristo por advogado!

    Enfim, meu caro, gostei muito do texto!

    Um abraço, no Senhor,
    Roberto

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  16. Roberto,

    meu irmão, escrevi três laudas e você resume tudo num comentário de poucas linhas? Que precisão! Puxa, desculpe-me, mas não deixo de sentir uma certa inveja "santa" diante do seu pensamento sintético.

    Quanto ao texto, esse orgulho travestido de falsa piedade é algo que realmente me irrita, quase chego a perder as estribeiras. No fundo, o pecado tem várias formas de enganar, e creio que a maior delas é a falsa humildade, falsa piedade, o falso amor, a falsa obediência, a falsa adoração, ou seja, as mentiras se propagam como se fossem verdades, e, por fim, levam o tolo a se trair pelo engano e a desprezar a verdade. E alguns ainda dirão que ele agiu de boa-fé.

    Por isso, cada vez mais, devemos lutar pela proclamação do Evangelho, para que não sejamos colhidos pelos ardis diabólicos.

    Grande abraço ao irmão!

    Cristo o abençoe!

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  17. Caríssimo,
    Pô! Você escreve um ótimo texto desse e fica com inveja do meu poder de síntese! rsrsrs. Santa ou não, não haveria mesmo porque! rs. E quer saber? Eu gostaria muito de ter um espírito analítico. Pelo meu gosto por epistemologia, seria bem útil! rs. Mas Deus nos dá dons conforme Seu desejo e devemos servi-lO com eles. Na real, estou feliz com o que Ele me deu!
    Cuidemos para usá-los bem e também para que não caiamos nos mesmos erros de falsidade! Como você bem disse!
    No amor do Senhor,
    Roberto

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  18. Roberto,

    É um dom seu, e a inveja, mesmo santa, não pode ser um des"dom" meu (rsrs). Por isso, reintero a sua capacidade de síntese, sem a inveja, mas agradecendo a Deus por ter-lhe dado essa capacidade e característica.

    Quanto a mim, sou meio verborrágico, talvez, por isso, goste tanto do Dostoieviski, e também aprecie quem tem o dom de síntese. Como ele escrevia seus romances em partes que eram publicadas em jornais (diariamente), e recebia por publicação, tinha de escrever muito senão perdia o ganha-pão. Mas mesmo verborrágico, o Dosty era viceral, à sua maneira, sem a esquisitice e a empáfia da vanguarda pós-moderna; além do quê, era um gênio, o que muitos querem e jamais serão.

    Obrigado pelo comentário, e parabéns pela retomada do curso de teologia e filosofia. Mas não nos prive dos seus textos e comentários.

    Estarei orando pelo irmão.

    Cristo o abençoe e a sua família!

    Grande abraço!

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  19. Wow!!! Bom demais! Tenho refletido muito mesmo sobre essa falsa humildade que nos assola. Por estes anos todos, às vezes, eu e minha esposa nos pegamos sob determinadas lideranças que nos leva a refletir: "Acho que Deus está nos mostrando isso para não sermos iguais"! Por outro lado, graças a Deus, também conhecemos cristãos admiráveis. Aliás minha conversão deu-se exatamente diante do impacto de um professor cristão. Ainda descrente, assistindo à aula que ele dava sobre "história de missões", é que eu me peguei pensando: "Eu queria ser como ele..."! Ontem de manhã, eu estava numa reunião e tive o privilégio de ouvir uma liderança indígena cristã falar sobre as necessidades dos jovens indígenas, enquanto ele falava, peguei-me mais uma vez pensando comigo: "Eu queria ser como ele..."! É tão bom ter bons exemplos. Conhecer pessoas que realmente foram crucificadas com Cristo; que tem Sua mente, Espírito e que se dedicam a imitá-lO. Igreja é isso! Abraços, meu amigo!

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  20. Fábio,

    rapaz, disse tudo e um pouco mais!

    Quem diz que não quer ser como "fulano" e "beltrano", no corpo local, usa o mesmo expediente do fariseu, orando no templo juntamente com o publicano. Foi ele, em sua arrogância e soberba, que orou pedindo a Deus para não ser como o publicano, enquanto este se humilhava diante do Senhor, e aquele considerava-se bom demais diante do meu Deus. Como o Senhor Jesus disse: quem entre eles saiu do templo justificado?

    Reconheçamos a nossa pequenez e a necessidade de aperfeiçoar-nos, tendo exemplos na igreja a seguir, e nos quais espelharmos para a glória do bom Deus. E é o próprio Senhor quem os ergue, cumprindo o seu santo e bendito propósito.

    Um grande e forte abraço, meu irmão e amigo!

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