31 dezembro 2020
24 dezembro 2020
09 dezembro 2020
Os Anelos Espírituais do Padre Brown
Jorge F. Isah
Este é um
livro com algumas histórias do Padre Brown, o alterego de Chesterton, dada a
baixa estatura e a rotundidade, transformando-o em uma figura comum e sem
atrativos, ou destaque, significando, até mesmo, a falta de personalidade marcante.
Contudo, a despeito da sua insignificância física, ele se sobressaí por seu
intelecto e a capacidade de desvendar os crimes mais intricados e que, muitas
vezes, fez o seu amigo, o detetive Flambeau, alto e de boa aparência, parecer
um idiota ou um homem sem qualquer preparo investigativo.
O livro tem
as sutilezas estilísticas de Chesterton, uma narrativa bem costurada (necessária
em livros do gênero), mas alguns componentes o tornam diferente da maioria dos
autores do gênero: Padre Brown não procurava apenas desvendar mais um crime,
como um desafio à sua inteligência e argúcia. Não é o simples caso do detetive
à caça do bandido. A sua capacidade de ver os detalhes mais desprezíveis e que
nenhum outro vislumbrava, ou o raciocínio capaz de ligar fatos aparentemente
dissociados que, contudo, faziam parte da "teia" tecida pelo
criminoso, pode se parecer com o estilo de outros grandes personagens da
literatura policial.
Entretanto, mais
do que um desafio mental, uma disputa intelectual e arguta, o calmo e tranquilo
religioso buscava a redenção do criminoso (em outras palavras, realizar o seu
ministério sacerdotal, sua missão primeira), que poderia alcançá-la a partir da
confissão do crime. E isso, se não se desse pelos meios judiciosos, que o
levassem à condenação, bastava-lhe, como padre (e como tal ele estava
impossibilitado de acusar o réu confesso por direito inalienável de sacerdócio),
ouvir a confissão, o arrependimento do criminoso, e ter concluída mais uma
etapa da sua missão. Satisfazia-o não apenas vencer o criminoso, em seu próprio
campo; antes levá-lo à compunção, a reconhecer-se pecador, um transgressor, e
alcançar a liberdade da alma, do espírito, pela graça.
Mais do que a
preocupação com as questões policiais (o que não negligenciava), elas o
levariam ao encontro da alma necessitada, desesperadamente, de perdão; atormentada
pela culpa (ainda que não o soubesse claramente), e mesmo na condição de recluso
encontraria finalmente a paz.
Pode parecer incoerência
o fato do sacerdote, para quem a defesa da moral é um princípio caro, desprezar
a prisão e punição do infrator, em algum aspecto no curso da história. No
entanto, transparece nele o desejo de que, após a confissão, o criminoso, em
paz consigo e com Deus, se entregue voluntariamente à justiça, provando assim o
seu arrependimento sincero e verdadeiro. Ou seja, a redenção somente é possível
se houver a voluntariedade do aflito na busca libertação e a definitiva
liberdade.
Para alguém
pouco versado em teologia talvez esse aspecto passe desapercebido. Entretanto,
ele está lá, a apontar para um redentor e salvador, para a graça, única capaz
de trazer ao homem caído, em sua condição de humanidade perfeita, a harmonia, a
paz definitiva e o fim da inimizade com Deus.
Ler Chesterton é sempre agradável e instigante. Mesmo em histórias aparentemente banais como as policiais.
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Avaliação: (****)
Título: A Inocência do Padre Brown
Autor: G. K. Chesterton
Editora: L&PM
No. Páginas: 256
Sinopse:
"Esta obra traz doze histórias. Uma delas, 'A cruz azul', na qual o personagem, Padre Brown, faz sua primeira aparição, o clérigo de Essex precisa lançar mão de métodos excêntricos para impedir o roubo de um valioso artefato religioso."
25 novembro 2020
Promoção Amazon: Prefácio do livro "O Morto Inacabado".
Em mais uma promoção conjunta com a Amazon, a Kálamos Editora disponibiliza o livro "O Morto Inacabado", para download gratuito, em promoção até o dia 27 próximo.
Para baixar, basta ter uma conta "Amazon", preencher o nome do livro na caixa de pesquisas, fazer o download, e pronto! Agora resta apenas lê-lo.
Por isso, disponibilizo o prefácio do livro, escrito por Michel Salomão, como instigador, uma inspiração, para adquirir a obra. Espero, realmente, que se sinta motivado a fazê-lo, bem como à sua leitura.
Abraço.
Jorge F. Isah
23 novembro 2020
18 novembro 2020
"Arpeggios Insulares" grátis na Amazon: Leia o Prólogo!
Jorge F. Isah
Nesta semana, de 16 a 20 de Novembro, a Amazon disponibilizou o meu segundo livro de poesias, "Arpeggios Insulares", aos interessados em baixá-lo no formato ebook/kindle.
Publicado em 2018, reúne quarenta e seis poesias escritas entre meados de 2017 e o primeiro semestre de 2018, que tratam de temas variados, extraídos do mais profundo da alma, com tudo de bom e ruim derivado da natureza humana.
Entretanto, talvez o sentimento mais presente em toda a obra seja o de gratidão a Cristo, pelo seu eterno e infinito amor, capaz de tornar as trevas interiores em um dia intensamente ensolarado, e da mesma penumbra tocar os mais doces e consoladores acordes; um bálsamo a aliviar e curar qualquer espécie de dor, angústia e sofrimento.
Deixo o "prólogo" do livro, abaixo, para a sua apreciação; e caso se sinta instigado, vá até a amazon.com.br, digite na barra de pesquisas o título "Arpeggios Insulares" e baixe a sua cópia. E, talvez, entenda o que não fui capaz de descrever por aqui.
Um fraterno abraço!
Jorge F. Isah
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O
tempo passa...
Iniciei
a escrita deste livro logo após a publicação do meu primeiro, “A palavra não
escrita”, em formato ebook. Transcorridos pouco mais de um ano e meio,
apresento ao leitor o trabalho demorado em dias, e exíguo em linhas. São
quarenta e seis poemas que tratam de vários temas, mas que têm a mesma visão
central: a fé cristã como cosmovisão, essência e fundamento da minha vida, ao
menos nos últimos quatorze anos.
Por
isso, em quase tudo, não é difícil perceber a orientação dos versos e a
sujeição deles à pessoa de Cristo. Ainda que não seja citado diretamente, a
inferência ao seu governo é recorrente e está nas entrelinhas e subliminarmente.
Não podia ser de outra maneira, visto a excelência da sua Pessoa e a minha
completa dependência dEle.
Alguém
pode dizer que a minha impressão, estilo e imaginação, é excessivamente
pessimista em relação à vida, às pessoas e o futuro. Realmente, não posso ser
considerado um otimista quanto a este mundo. Não nutro qualquer esperança no
homem, nas ideologias, nos sistemas, no intelectualismo, ou nas ciências; de
alguma forma, muito menos nas religiões. Entretanto, não sou um pessimista
completo e incorrigível, pois nutro a esperança viva de que, naquele glorioso
dia, o dia do Senhor, o verei face a face, e nenhuma tristeza, angústia, dor, e
dúvidas se farão presentes na vida.
O cristianismo
somente vive na pessoa de Jesus e sua Igreja (a verdadeira, aquela resgatada
pelo seu sangue), e ainda que possa ser interpretado por várias correntes, a
verdade existe e subsiste nele e por ele. Então, se o pessimismo exagerado
quanto ao mundo em si se sobressai no meu pensamento, em contrapartida existe uma
esperança viva, otimista, exultante, em relação ao Porvir, naquele que é o Senhor
do tempo, do passado, presente e futuro, mas também da eternidade.
Com
isso, alguns podem sugerir que haja uma visão dicotômica da vida e que eu seja
incoerente. A verdade, contudo, é que o homem sem Deus não me inspira qualquer
confiança (ainda que eu tenha compaixão, assim como também necessitei de
piedade), e mesmo a bondade possível nele, somente se realiza por meio dAquele
que é, em si mesmo, o Bem por atributo; a natureza que o torna quem é, e da
qual não pode prescindir, nem ser anulada.
E é
nesse Bem que deposito a esperança, a expectação de uma existência em que, mais
do que eu mesmo, serei mais dele, ao ponto em que nele serei encontrado. Como o
apóstolo Paulo escreveu aos Gálatas, este é o meu mais puro e ansiado desejo, o
de proferir sinceramente: “Já não sou eu
quem vive, mas Cristo vive em mim!”[1].
Essa
é a glória a se buscar, a “cobiça” maior à qual o homem deveria se entregar, perseguindo-a
como o bem mais precioso e enlevado, e na qual, desde algum tempo, tem sido o
anelo da minha vontade. E que ela, como todo o meu ser, esteja cativa e
submetida à perfeição, santidade e graça do Filho.
Se
eu conseguir, de alguma maneira, que você leitor veja-o assim como o vejo, já
me darei por satisfeito, e em plena alegria. Porque a vida, sem dar a glória e
o louvor devidos a Cristo, é como uma sinfonia tocada à perfeição para uma
plateia de surdos.
16 novembro 2020
09 novembro 2020
A Jornada no Império - A vida do Dr. Robert Kalley, ou a mordaça secular que não silencia.
Por Jorge F Isah
26 outubro 2020
Conta-Gotas: 3 - Cristo fez!
Jorge F. Isah
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16 outubro 2020
O amanhã póstumo em "Ópera dos Mortos", de Autran Dourado
Jorge F. Isah
Nos últimos
meses, me aventurei pela leitura da ficção mineira, algo negligenciado há
muito; e me fazia sentir um senso de injustiça quanto à minha própria terra.
Por isso, comecei com Fernando Sabino e o seu “Encontro Marcado” (concluído, e
cuja resenha pode ser lida aqui mesmo), ando às voltas com “Crônica da Casa
Assassinada”, de Lúcio Cardoso (a conclusão desse demandará ainda um bom tempo)
, “Obra Completa”, de Murilo Rubião (em fase de leitura), e “Ópera dos Mortos”.
Ah, não posso me esquecer de Luiz Ruffato e o seu “Flores Artificiais” (resenha
por aqui, também), e a próxima leitura, já adquirida, de “Verão Tardio”, do mesmo autor.
“Opera dos
Mortos” é considerado o maior romance de Autran Dourado, que é comparado a
Guimarães Rosa, de quem ainda não consegui concluir nenhuma leitura, e me é, em
algum aspecto, um escritor intragável. Espero mudar de ideia, pois pretendo
novas tentativas de leitura dos seus principais livros, e talvez ele se torne
digerível. Mas entendo a comparação, já que Rosa é considerado o maior prosista
mineiro e, ao lado de Machado de Assis, do Brasil. Mostra a envergadura de
Autran Dourado, e um pouco de quem estamos a falar. Escrito em 1967, o livro é
o primeiro volume da trilogia cuja sequência se dá com “Lucas Procópio” e “Um
Cavalheiro de Antigamente”.
A história se
passa no interior mineiro, e tem como principal personagem um “Casarão”, isso
mesmo, onde se desenrolam os conflitos, intrigas e a solidão dos demais
personagens. Esses são como vultos, fantasmas, a assombrarem com seus desvios e
pecados as paredes, tetos e pisos da construção, numa sequência interminável de
feridas expostas e das quais é impossível se esquecer; sem alívio, uma dor
interminável. O ressentimento, o orgulho, a amargura áspera, permeia a vida dos
ocupantes e o restante da cidade, em um sentimento de culpa sem qualquer
perdão. Tudo porque, no passado, a cidade traiu a confiança e boa-fé do
patriarca da família Honório Cota, pai de Rosalina, moça que conserva a
tradição familiar de isolar-se em casa e evitar, a todo custo, o contato com os
demais habitantes da cidade. Do avô, Lucas Procópio, odioso em seu
comportamento desumano, frio e egoísta, Rosalina parece herdar a loucura, uma
loucura melancólica, trágica, quase inofensiva (a não ser a si mesma), enquanto
o ancestral impregnou-se de uma demência maligna, perversa.
Moram no
casarão a empregada Quiquina, uma descendente de escravos e que criou
Rosalina, tendo-a por filha, após a morte da patroa. E a chegada do maledicente e preguiçoso e errante
Juca Passarinho, exímio caçador, a despeito de ter apenas um olho bom; o outro,
era uma névoa branca. Ele se apaixona pela figura nobre, circunspecta e altiva
de Rosalina. Com o tempo, angaria alguma simpatia dela e a aversão de
Quiquina. Com o tempo também, as coisas mudam; se de dia o aspecto geral da
casa e suas relações é austera, formal e corriqueira, a solidão de Rosalina,
que não tem com quem conversar, já que Quiquinha é muda, acaba por “ceder” à
bisbilhotice atrevida de Juca; e este passava as tardes ouvindo as resenhas da
patroa, atropelando-a vez ou outra com os seus palpites despropositados e
perguntas indelicadas. À noite, o convívio tomava ares completamente distinto,
fazendo lembrar ao narrador (indistinguível) as diatribes do velho Procópio.
O Casarão
contém, em seu espaço, duas realidades diferentes, em que as vidas se encontram
no limiar de uma tragédia grega. E acaba por consumar-se.
É impossível
não relacionar o título da obra com o enredo, no qual se vislumbra a realidade
em que os mortos de verdade estão vivos, e tão vivos que impregnam os
habitantes da casa com a própria morte; como se a resistência estivesse no
estigma de leva-los, os ainda vivos, à morte, de forma a unirem-se a eles. E se
os ainda vivos agem como mortos, e os mortos como vivos, nas lembranças,
objetos, e condução da vida na velha mansão, ali se enterram, e são enterradas,
as esperanças, os desejos, as almas dos moradores. Nem mesmo quando a casa é
aberta e os habitantes da cidade têm a oportunidade de invadirem os seus cômodos,
a tortura, o martírio permanecem como presenças graves em cada parte, cada
detalhe, cada som, sem que ninguém se sinta ou esteja livre da mancha a gravar
o vestígio da condenação e a clausura de todo o povo, dentro ou fora do Casarão.
Ele é o centro da sociedade, da atividade, da vida pregressa e futura da
cidadezinha.
Ópera dos
Mortos é uma grata surpresa. Um livro em que Autran Dourado traça a ponte entre
o passado e o presente, e um futuro tão embebido neles que se transforma em
“amanhã póstumo”, onde a morte traz da vida outros defuntos.
_______________________
Avaliação: (****)
Título: Ópera dos Mortos
Autor: Autran Dourado
No. Páginas: 212
Editora: Civilização Brasileira
29 setembro 2020
Conta-Gotas: 2 - Teologia
Jorge F. Isah
31 julho 2020
Luz em Agosto: O mundo idiossincrático de Faulkner
Gastei um bom
tempo lendo este livro. Para ser mais exato, quase um ano. E não foi uma
leitura fácil. Em muitos momentos me vi refletindo em algo do texto, sem poder
continuar. Um certo “peso” me fazia parar e buscar uma literatura mais
digerível, menos estafante. Com isso não estou dizendo que não gostei de “Luz
em Agosto”, pelo contrário, já estou engatilhando o próximo livro do autor.
Como Thomas
Mann, Faulkner não é para leitores apressados, ao menos, é o que penso. Em um
mundo onde a literatura se tornou refém das imagens, como subproduto criado
para a TV ou Cinema, é possível afirmar que a maioria das pessoas não se
interessará pelo livro. Alguns o considerarão difícil. Outros indesejado. Para
muitos outros, ignorado. É o preço a se pagar por gerações e gerações de
pessoas cada vez mais apequenadas em seu mundo tubular, de lcd ou led. Mesmo os
e-readers pertencendo ao “mundo” dos LEDs, a grande massa ignora-os por
completo.
Faulkner tece a sua linguagem de forma
minuciosamente orquestrada, onde cada palavra parece desempenhar uma função
além do próprio significado. Ela transcende a si mesma, revelando um mundo
muito mais vasto do que o sentido que se atribui. Como se fosse um tubo de
imagem (os mais velhos saberão do que estou falando) a emitir uma explosão de ondas
capazes de formar uma paisagem nem sempre nítida, nem sempre identificável, mas
sempre abrangente. Ainda que os indivíduos tenham nome, endereço e cpf,
qualquer um de nós pode se identificar ou identificar algum conhecido entre as
figuras criadas pelo autor.
Os personagens
desfilam sua ordinariedade (no sentido trivial, comum), mas por meio de uma
narrativa sofisticada e, por vezes, hermética. Penso que nenhum escritor deseja
ser impenetrável ou complexo, mas são características que permeiam grandes
nomes da literatura (James Joyce me parece o expoente entre todos). Eles gostam
de “brincar” com o leitor, em um jogo de charadas intricadas, ou não tão
reveladoras, deixando a cargo da imaginação e da intuição o complementar a
informação. Há quem goste. Há quem desgoste. Há quem não se importe. O certo é
que, uma mesma história pode ser contada de maneiras diferentes. Algumas
afloram asco, outras indiferença, ainda outras encanto. Faulkner está no
terceiro e último grupo, bastando a atenção necessária, e a paciência ainda
mais primordial para degustá-la calma e parcimoniosamente.
O livro conta
a história de Christmas (e não é por aqui que cessam as referências cristãs),
um homem branco que se considerava negro. Desde a mais tenra idade, viveu o dilema
de carregar um sangue que não refletia a cor da sua pele. Na verdade, na casa
dos 30 anos, não se identificava com qualquer dos aspectos da sua origem. Apenas
se sentia abandonado, jogado à própria sorte. Não se sentia branco, apesar de
parecer; e atormentava-se com a negritude, a qual assumiu e alardeou aos quatro
ventos, mas que o consumia. Na parte sul da América, onde a escravidão havia
sido abolida, mas a segregação estava a pleno vapor, ser negro não era o melhor
dos mundos. E Christmas parecia se autoflagelar, ou não ser capaz de escapar do
estigma que supunha distingui-lo. Era uma espécie de autoexpiação, de purgar a
si mesmo pelo que não tinha, enquanto abandonava o que lhe restava.
Antes, e a
narrativa principia daí, temos uma jovem grávida, Lena, prestes a conceber, que
atravessa metade do país em busca do pai do seu filho, o qual prometera se
casar, mas fugiu, deixando pistas ambíguas do seu paradeiro. Ela viaja
solitária, contando com a ajuda de estranhos para alimentar-se e cruzar os
territórios à caça do aspirante a marido.
Talvez a
figura mais marcante e atormentada seja a do pastor Hightower, homem confuso
quanto a sua fé, o relacionamento com Deus, e as lembranças de sua esposa nada
sincera. Ele faz várias reflexões, sem contudo chegar a alguma conclusão. Passa
boa parte do tempo se torturando com as lembranças e o próprio rumo que a sua
vida tomou, quando não está a desgraçar os outros. Não somente através dele, e
pelo viés de outros personagens, Faulkner utiliza-se das descrições de lugares,
situações e ações para “filosofar”, e trazer um certo aspecto racional, ou
intelectual, à profusão de sentimentos. Enigmas que precisam ser desvendados,
na busca da verdade, mas que são abandonados pelos dilemas cotidianos. Apenas
como aperitivo, transcreverei dois trechos em que Hightower pondera:
Não falarei
mais sobre a obra em si, dado o meu desprazer em escrever resumos e estragar a
curiosidade e o divertimento do futuro leitor.
“Luz em
Agosto” não pretende iluminar a vida dos personagens, como se viesse
reabilitá-los. Não existe a pretensão de tirá-los da escuridão, na qual todos
parecem estar imersos, de uma forma ou de outra. Apenas reconhece-os como são,
com todos os seus pecados, dúvidas e as complexidades da natureza humana,
permeadas por um mundo tão humano e, por isso, idiossincrático em suas
relações. Não há heróis. Há, sim, indiferença, ódio, conflitos, mas também
bondade ingênua, como a de Burch. Se existe desapego de um lado, há obstinação
do outro. E nem mesmo o desapego sobrevive ao crivo do apego, teimoso.
Este é um
livro altamente recomendado para não preguiçosos, e que buscam uma leitura
“quase idílica”.
Sinopse: "Este livro de William Faulkner em nova tradução é um romance de arquitetura complexa. A ruptura com a linearidade desconcerta o leitor. O tempo é estilhaçado e é pela valorização dos estilhaços que Faulkner multiplica os pontos de vista, iluminando figuras sublimes e grotescas. Da atmosfera de violência e horror do Mississippi surgem personagens profundamente humanas. Mas a história não termina aí. Toda a maestria da construção de "Luz Em Agosto" se confirma no último capítulo, numa reviravolta narrativa que o consagrou definitivamente. O leitor, guiado pelo autor, encerra o livro em estado de assombro. Viveu intensamente o horror, tomou contato com os recônditos da alma. Percebeu o passado como um inimigo que não dá trégua. Será assombrado por imagens poderosas. Um livro que não tem fim."
28 julho 2020
Sermão em Atos 4.8-12: A exclusividade de Cristo
Por Jorge F. Isah
“Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina. E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos”
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Nota: Para ouvir o áudio da pregação, clique em Tabernáculo Batista Bíblico
08 julho 2020
O Encontro Marcado e Desmarcado em Eduardo
23 junho 2020
Um jardim quase real em "Flores Artificiais"
Jorge F. Isah