Por Jorge Fernandes
A palavra de Deus é verdadeira, e nela está contida toda a verdade. Porque, então, temos tanta dificuldade em aceitar partes dela, e compreendermos que Deus nos deu a Sua revelação como um todo; e não para escolhermos apenas e tão somente o que nos agrada, ou melhor, somente o que nos satisfaz egoisticamente, e acomoda a nossa fé? E nos leva a uma vida confortável, sem compromisso, riscos ou percalços; ensimesmados em nós mesmos por falsas promessas e conceitos distorcidos? Que nos torna no pior tipo de fariseu, ou no melhor tipo de irresponsável e negligente, dito "cristão"?
Quando as provações vêem, qual a nossa reação? Murmurar e nos rebelar contra Deus? Imputar-lhE injustiça e fazer-nos de vítimas? Ou aproximar-nos obedientes e submissos do Seu trono, aceitando a Sua santa vontade, sabendo que estamos sob os cuidados de um Deus sábio e reto?
Ao ouvir-lhE a voz, e sermos chamados à conversão, a obra de Deus inicia-se em nós, e conduz-nos até o dia do Senhor: "tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até o dia de Jesus Cristo" [Fp 1.6]. Aceitando-O como Senhor e Salvador, adquirimos o passaporte que nos levará ao gozo eterno, numa viagem sem retorno; que, contudo, não está isenta de dificuldades, muitas vezes, dolorosas. Ainda assim, nada está à Sua revelia; em cuja soberania e perfeição Ele não se permite surpreender, nem se decepcionar, visto que todo o curso da história [inclusive a nossa história pessoal] encontra-se determinado eternamente por Seus decretos.
Não podemos ver a provação apenas como um castigo por algo que fizemos de errado, por causa do pecado ["Porque o Senhor corrige o que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho" (Hb 12.6)]; mas devemos vê-la como um instrumento de Deus para a nossa santificação ["Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor" (Hb 12.14)], a qual nos levará à perfeição ["Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra"(2Ti 3.17)]; e, portanto, sentirmos gozo nas aflições, a fim de perseverarmos, mantendo-nos firmes nas promessas do Senhor, mesmo quando tudo parece conspirar contra nós.
Assim Deus estará colocando em nós o caráter do Seu Filho Jesus Cristo, e nos fará semelhante a Ele. Como Paulo disse: "Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados. Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; trazendo sempre por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também nos nossos corpos" [2Co 4.8-10].
Devemos crer firmemente que Deus dirige a nossa vida, que Ele cuida de cada detalhe do nosso dia-a-dia, mesmo os aparentemente insignificantes, mesmo aqueles que sequer notamos. E assim, temos a confiança de que, ainda que sem entender, sabemos que Deus não nos abandona, e de "que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito" [Rom 8:28]. Se O amamos, somos obedientes, e submetemo-nos aos Seus desígnios. E teremos conforto na Sua palavra, a qual promete que Jesus nos dará a paz que o mundo não pode nos dar [João 14:27].
Portanto, sigamos firmes no Senhor, "que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia" [2Ti 1.12]; entregando a nossa vida em confiança ao Deus eterno e santo, o qual nos purificará como o ouro é purificado pelo fogo [1 Pe 1.7], a fim de nos apresentarmos diante do Seu trono irrepreensíveis, aprovados em Cristo Jesus, "para uma herança incorruptível, incontaminável, e que não se pode murchar, guardada nos céus para nós" [1 Pe 1:4].; pois, "Bem-aventurado o homem que sofre a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam" [Tg 1.12].