Por Jorge Fernandes Isah
O que aconteceria se você ficasse exposto à radiação nuclear? Como os habitantes de Goiania ao Césio 137? Ou os russos em Chernobyl? E arriscar-se, por anos, aos perigos dos agrotóxicos sem qualquer tipo de proteção? A nada no Tietê somente de sunga? Ou tomar arsênico no café da manhã?
Sem entender muito do assunto, qualquer um de nós saberia a resposta: a morte imediata, a morte após algum tempo, doenças, ou sequêlas irreversíveis por toda a vida. O nosso corpo não suportaria um ataque como esses sem que houvesse meios adequados de proteção, e se degeneraria, e seria destruído. Em alguns casos, não se é necessário anos e anos de exposição às toxinas para sermos minados, mas apenas alguns minutos, às vezes, segundos, e somos derrotados.
Agora, imagine-se diante de uma tv, uma hora, duas, três, quatro... dia após dia, semana a semana, durante anos... seria o mesmo que oferecer-se como cobaia numa experiência de transmutação de cérebros, ou candidatar-se a homem-bomba palestino. Ao sujeitar-nos a todo o tipo de miséria humana: degradação, perversão, injustiça, cobiça, estupor, infâmia... expomo-nos a uma programação abjeta, que revela o quão próximo se está de atingir o suícidio moral, a destruição da família, e por fim, a eutanásia social... O espírito necrosa muito mais rapidamente do que o corpo.
A tv não é inocente, enquanto a maioria de nós finge ser, pois sabemos muito bem o que vemos, sabemos quais são as consequências, e o quanto somos afetados. Mas a disposição para o mal encarrega-se de embrutecer a consciência, e somos arrastados pelas imagens e sons, cores e movimentos, glória, poder e ruína, como folhas no tsunami. Alguns segundos: suficientes para nos levar ao engano da “máquina de sonhos”, a ter entorpecidos os sentidos, e agir como “eles” programaram: chorar quando se é para chorar, rir quando se é para rir, xingar quando não se pode calar, dormir e acordar vazio como um balão sem ar... Já não é questão de tempo... estamos vencidos, cativos na própria alma, produzida na fábrica de abstração.
“E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2).
O alerta é para não sermos conformados com este mundo, e a tv é a síntese do que ele é. Mas Cristo diz-nos: “Porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal” (Jo 17.14-15). Não ser deste mundo representa não se conformar com ele; se o fazemos, é porque pertencemos a ele, e não somos o alvo da oração do Senhor. “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele... E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre” (1Jo 2.15;17).
O seu monitor ainda está ligado?
Em João 12.46 lemos: “Eu sou a luz que vim ao mundo, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas”. Quer dizer que há trevas e há luz; o mundo e tudo o que ele representa são trevas: “adultério, prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus” (Gl 5.19-21). Estes são os frutos da carne, as concupiscências da carne, ou pecados; e por acaso não é a eles que estamos submetidos diariamente? E se propagam através de nós?
É um massacre a persuadir-nos, inclinando-nos às transgressões. São os recheios das novelas, reallity-shows, programas de auditório, filmes e peças de teatro em cartaz ou fora dele, das músicas tocadas em casas e ruas, da literatura de ficção e na maioria dita acadêmica; são os conteúdos da internet, das revistas e jornais, onde grassa o pecado contra Deus, e contra o próximo. “Porque da abundância do seu coração fala a boca” (Lc 6.45); e, “se alegram de fazer mal, e folgam com as perversidades dos maus” (Pr 2.14).
Ao contrário, quantas vezes viu ou manifestou a luz, ou os frutos do Espírito? “Amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança” (Gl 5.22)?
Então, a Palavra de Deus mantém-nos livres do domínio do pecado; com os olhos no mundo, contudo, sem nos deleitar e conformar com ele. Através dela, conhece-se o que se é, e o que se pode ser em Cristo nosso Senhor: “Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4.12).
Que a nossa vida seja o produzir frutos do Espírito, contra os quais não há lei (a lei de Deus, pois, a lei humana quer impedir que esses frutos se reproduzam), e “os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito” (Gl 5.24-25). Porque Cristo veio ao mundo, o qual foi feito por Ele, e o mundo não o conheceu (Jo 1.10).
Plugar-se ao mundo, é desligar-se de Deus.
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