18 setembro 2024

Malemolência Tupiniquim

  




Jorge F. Isah

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Tem coisas que somente os brasileiros fazem, dizem por aí. Existem hábitos (para alguns, manias) típicos e quase exclusivos nossos, tupiniquins. Um deles, e talvez o mais difícil de se entender, é o de comer pizza com talheres. Normalmente, mundo afora, come-se essa iguaria com as próprias mãos, aos moldes alimentares dos nossos queridos “hermanos” silvícolas. Para os “gringos” é abominável degustar tão saboroso (e gorduroso) alimento sem apalpá-lo, afagá-lo e apertá-lo entre os dedos. Chega a ser um fetiche. De nossa parte, esse negócio de comer pizza com as mãos deveria ser proibido e constar no código penal, com sentenças de 15 a 20 anos de prisão, sem direito a fiança e atenuação de pena. Deveria incluir trabalhos forçados; mas isso é sonhar demais, né!

Onde já se viu comer com as mãos? Ainda mais pizza? Já imaginou quantos micróbios e bactérias poderíamos ingerir?... E, depois, são esses “selvagens” a obrigar-nos ao uso de máscaras. Gente sem noção...




Outro particular, é a existência de cesto de lixo nos banheiros. Lá fora, eles simplesmente jogam no vaso sanitário o papel higiênico junto com os seus dejetos. Parece lógico, já que conservar restos fecais em cestinhos não tem nada de civilizatório e higiênico. Seria o mesmo que manter o seu Título de Eleitor em um cofre forte enquanto espalha dinheiro e joias pelas mesas e cômodas da casa. Dizem que as eleições, mais do que um dever é um direito. Ah, se fosse assim, veríamos filas semanas adentro, verdadeiros acampamentos, nos portões das seções eleitorais. Mas essa atitude é típica dos fãs de estrelas do rock, dos consumidores loucos por promoções, ou dos psicóticos usuários de iPhone. Ninguém monta barraca, literalmente, traz travesseiro, cobertor, cadeira de praia, garrafa térmica e biscoito amanteigado para votar. Nada mais justo do que abolir os cestinhos dos banheiros e qualquer esperança nos eleitores.




Brasileiro gosta de banho. Ao contrário de boa parte do mundo, é costume nacional lavar-se diariamente. Há aqueles que não se limitam a um, mas tomam dois ou três. E veem depois falar em ecologia. Querem prender a senhorinha que esfrega o passeio uma vez por semana, e o moleque que lava o carro quinzenalmente. Mas aqueles intermináveis 40 minutos de ducha, três vezes por dia, não causam qualquer impacto na natureza. É o típico cara a tirar o cisco do olho alheio enquanto mantém a trave no seu.

Aqui as coisas são tão estranhas que se criou o termostato de chuveiro, para impedir o excesso de tempo entre um enxague nos cabelos e outro nos pelos pubianos.

Essa mania se espalha a quase tudo, até mesmo nos altos escalões. Houve um tempo, não muito distante, onde se criou a “Operação Lava-Jato”, cujos efeitos foram tão rápidos e inócuos (graças a artifícios interpretativos de certa Corte) que todos os "sujões” estão a emporcalhar o país de novo. Nem uma fonte de água sanitária molhando-os ininterruptamente daria cabo desta bodega. Ou seja, não adiantam banhos, pois jamais seremos devidamente “limpinhos”.




Talvez, por sermos tão “sui generis”, o mundo desconhece que “hablamos” português, e acreditam piamente que o Brasil é um país de língua espanhola. Não sei o que os lusitanos esperam e fariam, mas, se fosse eu, ficaria quietinho e deixaria toda a culpa para os hispanos.




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Nota: Texto publicado originalmente na Revista Bulunga

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