29 abril 2008

AINDA ASSIM

Por Jorge Fernandes

Tudo me deres,
E, ainda assim, orgulho-me de tê-las aceito,
Como se possível fosse tomá-las,
E pelo vigor, o céu se tornar azul,
Ramos a brotar da terra,
Enquanto suo gotas douradas de paladino.


Tudo me dás,
Mas no intelecto descanso,
Um sono atormentado e lívido,
Onde posso todas as coisas,
E, ainda assim, vejo-me cair em trevas,
Nem ao menos tocar o fundo,
Sem saber o que me esperas.


Tudo me darás,
E, ainda assim, ponho-me em insatisfação plena,
Onde o gozo difuso,
Me possui no segundo,
Para depois arder em prurido;
Análogo ao doador,
Julgo sê-lo,
Quando na verdade, não é o meu sangue,
Mas o Dele a verter em mim.


Risos, gargalhei,
Lágrimas, chorei,
Por mim,
De mim,
Estendi minha debilidade,
Como um cueiro a agasalhar-me o corpo,
Na elevada auto-estima,
Resisti-me nu,
Ao frio a vergalhar-me a carne,
Qual caça nas garras do predador.


Ainda assim, eu não O via
Suster-me em suas mãos,
A Palavra a gerar vida,
Nutriu-me a alma,
Os olhos fitos à Luz.


Não sou mais eu,
Nem o fui,
Mesmo como tresvario,
Anseio a morte,
E nem o mais sofístico kamikaze conceberia,
Que ao invés do logro,
Surge a verdade:
Ele vive em mim.


Se deu a Seu tempo,
Eternamente.

2 comentários:

  1. Não entendo muito de poemas, mas gosto dos seus, acho legais. Você escreve a muito tempo?

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  2. Anônimo,
    O hábito da leitura é que fará com que entenda o que os poetas dizem (é claro que há os que não dizem, e aqueles que dizem sem dizer, e mesmo os que não querem dizer); somente assim é que você poderá discernir qual a intenção deles.
    Sempre gostei de escrever, mas há mais de vinte anos que não fazia poesia. Estou gostando da experiência, em retomá-la, a qual tem me auxiliado muito a sintezar idéias, e a proclamar a minha fé em Cristo.
    Obrigado pela visita.

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