10 maio 2008

O CÉU REINA












Por Jorge Fernandes


“...entregando para a morte, quem é para a morte; e quem é para o cativeiro, para o cativeiro; e quem é para a espada, para a espada” (Jr.43.11)

Deus é soberano! Certamente, a maioria dos crentes concordará com esta afirmação. Mas de que forma Ele exerce esse poder? Muito se tem discutido até que ponto Deus é soberano, ou como a Sua soberania se manifesta. E em grande parte, a doutrina bíblica se mistura à filosofia, à cultura e tradições, prejudicando ainda mais o seu entendimento, e porque não, o seu real significado; ainda que, aparentemente, tudo pareça mais fácil e digerível para o homem e seu humanismo, ao não desejar abrir mão da sua liberdade, mesmo que ele não a possua no sentido de sê-la livre de influências, e o livre-arbítrio não passe de uma utopia proveniente do nosso coração rebelde.
Há uma enorme diferença entre o que acreditamos possuir e o que verdadeiramente temos; geralmente, fica mais fácil aceitar prontamente o que nos parece verdade (ainda que suspeita), o que se molda melhor com os nossos conceitos, se acomoda ao nosso ego, e nos traz alívio mesmo que apenas momentaneamente; fruto da indolência e desleixo com que tratamos a nossa relação com Deus (sobre o assunto da liberdade humana, ver o post
Senhor ou Escravo? ).
A Bíblia afirma, categórica e extensamente, que Deus é soberano, e de que, nada, mas absolutamente nada afasta-se do Seu propósito e vontade (Ef 1.11). Deus domina sobre todas as coisas, e todas as coisas estão sujeitas a Ele (1Tm6.15; Dn 4.35; Jó1.12; Sl 89.9; Mc 4.39); nada pode frustá-lO e a Sua vontade, sendo ela a causa final de tudo (veja bem: tudo! E não uma parte ou alguns itens).
No livro de Daniel, o Rei Nabucodonosor tem um sonho, e pede ao profeta para interpretá-lo: “Esta é a interpretação, ó rei; e este é o decreto do Altíssimo, que virá sobre o rei, meu senhor: Serás tirado dentre os homens, e a tua morada será com os animais do campo, e te farão comer erva como os bois, e serás molhado do orvalho do céu; e passar-se-ão sete tempos por cima de ti; até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer. E quanto ao que foi falado, que deixassem o tronco com as raízes da árvore, o teu reino voltará para ti, depois que tiveres conhecido que o céu reina (Dn 4.24-26). E todas estas coisas vieram sobre ele, pois se cumpriu a palavra de Deus, a qual havia determinado acontecer ao rei Nabucodonosor, transcorridos 12 meses (Dn 4.28-33).
No Salmo 33, o salmista proclama a glória e a soberania de Deus como o criador de todas as coisas, como Aquele que controla e subjuga todas as coisas; mas também Aquele através do qual o crente alegra-se em esperar e confiar, pois é o seu auxílio, escudo e refúgio (v.20-22).
O domínio do Senhor antes de ser o motivo para o pânico (semelhante ao de uma ameaça terrorista), deve ser a causa do nosso júbilo(v.1-3; 12; 21), sabendo que somos sustentados por Ele, protegidos pela Sua misericórdia (v.18), guardados em Sua sabedoria, santidade e perfeição; O qual zela por nós, e nos mantém firmados na Rocha que é Cristo. Como o profeta Jeremias afirmou judiciosamente: “Bendito o homem que confia no Senhor, e cuja confiança é o Senhor... meu refúgio és tu no dia do mal” (Jr.17.7;17); e Paulo, extasiado, proclamou um cântico de louvor a Deus: “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!” (Rm 11.33).
Ainda que não entendamos tudo sobre a vontade divina, e em muitos aspectos os Seus desígnios sejam inescrutáveis, não há como não aceitá-la, e reconhecer que os caminhos do Senhor são muito mais altos do que o nosso, e os Seus pensamentos mais altos do que os nossos, e que Ele fará o que lhe apraz (Is.55.8-11).
Há questões que vão além da nossa mente finita e corrompida, das quais não temos solução nem somos capazes de entender, que fogem ao nosso controle, e julgamos dissociáveis: como a soberania de Deus e a responsabilidade humana. A Bíblia afirma a existência de ambas: tanto Deus é soberano, como somos responsáveis por nossos atos. Contudo, não compreendemos como uma ação aparentemente livre, pode ser operada pela vontade de Deus e assim ser determinada. Resta-nos resignar, admitindo o quanto somos limitados; e humildemente reconhecer a nossa incapacidade para desvendar aquilo que o Senhor não quis nos revelar, contudo, estejamos confiantes, seguros e confortados com o que Ele quis nos manifestar através da Sua santa palavra, o que já é por demais grandioso e glorioso para a nossa exiquidade.
Infelizmente, parece mais fácil adequar os atributos divinos à nossa imperfeita e caída natureza do que avaliar submissa e espiritualmente os ensinamentos bíblicos, com temor e reverência, sabendo que se trata de algo muito elevado, muito além dos meros preceitos humanos, muito além do nosso juízo.
O importante é crer que as Escrituras são a fidedigna palavra de Deus, revelada ao Seu povo, e de que o Senhor é o Deus soberano e supremo de todo o universo; o que não exclui eu, você, ou qualquer outra coisa (seja mineral, vegetal, animal ou espiritual), de sujeitar-se à vontade divina, “porque falou, e foi feito; mandou, e logo apareceu” (Sl. 33.9).
Como Davi cantou, ao reconhecer sabiamente o que o Altíssimo fizera ao elegê-lo, libertá-lo e entronizá-lo como o rei de Israel:“ O Senhor é o meu rochedo, e o meu lugar forte, e o meu libertador; o meu Deus, a minha fortaleza, em quem confio; o meu escudo, a força da minha salvação, e o meu alto refúgio... Porque quem é Deus senão o Senhor?... O Senhor vive; e bendito seja o meu rochedo, e exaltado seja o Deus da minha salvação. É Deus que me vinga inteiramente, e sujeita os povos debaixo de mim” (Sl 18.2;31;46-47).

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