Jorge F. Isah
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É verdade que este mundo tem coisas muito estranhas e, ultimamente, está ficando ainda mais bizarro com práticas inusitadas e, porque não dizer, doentias, psicóticas, a acometer um e outro, aqui e acolá. Pessoas se consideram árvores sem produzir um pingo de clorofila; outros gatos, sem darem um miado convincente ou escalarem o muro do vizinho com apenas um salto; “casamentos” entre humanos e animais, com direito a festa, certidão e lua-de-mel, contudo, um e outro podendo pegar (ou ser pego) por qualquer cachorra ou cão vadio das ruas; e até mesmo uniões estáveis com hologramas, claro, se não cair a conexão 5G ou o software. O próximo passo é a vida se transferir definitivamente para o Metaverso e, numa espécie de Matrix, se ter muitas, ou possibilidades de muitas e diversas identidades, sem ter nenhuma de verdade. Por enquanto, esse “paraíso” não está ao alcance da maioria, já que os gastos para se manter uma vida por lá é cinco, seis vezes mais caro do que aqui, mesmo com os impostos absurdos, roubalheiras e corrupções por todos os lados, assaltantes, pedintes e a indústria diminuindo ano a ano o peso dos produtos, mas mantendo o preço nas alturas, a realidade ainda é mais barata.
São como os streaming, Amazon, HBO, History, ESPN ou qualquer outro; você compra o pacote achando que está resolvendo um problema, mas nada, está é criando outro, pois dentro da trouxa principal terá de pagar pelos melhores e mais recentes lançamentos, ou seja, o bobo é você!... Comprar o Sport TV não garante assistir aos melhores jogos e eventos esportivos; para isso, terá de assinar o Premier, o Combate e talvez outro que desconheço, enquanto assiste aos empolgantes jogos de futebol feminino ou GoalBall... são tão entediantes que até um cego vê.
Bem, o título fala de Calígula (Caius Julius Caesar Augustus Germanicus) e ele talvez seja um dos precursores das bizarrices e sandices a espalhar-se mundo afora. Enquanto imperador de Roma (37 a 41 D.C.), nomeou o seu cavalo predileto, “Incitatus”(impetuoso), senador e cônsul, talvez por considerar o Senado digno de receber o seu mais dileto ídolo, ou simplesmente era a cocheira apropriada para alojar o nobre equino. Para piorar a situação, obrigava os senadores a se reunirem e despacharem na presença do animal, o que, certamente, deixava a assembleia bufando de raiva (sei, o trocadilho é infame, mas não pude resistir). Alguém pode alegar: “mas que cara louco! É cada uma que acontece...”; ao que digo: “já olhou o seu título de eleitor e viu o que está fazendo há mais tempo do que o velho Caius?”...
Política por essas bandas (na verdade, no mundo em geral; excluindo-se países onde não se tem nada a discutir, por proibição ou impossibilidades) é mato sem cachorro. Nunca sabe se é caça ou caçador, mas sempre tem um alvo preso às costas e a certeza de o tiro não ser certeiro, suficiente para matar, mas que vai doer demais e derramar sangue, isso vai. No fim das contas, a maioria das vezes é gritaria, arrogância e presunção, sem a noção e percepção de que, seja de qual lado estiver, está ferrado e mal pago. Por aqui, se elege Presidente, Senadores e Deputados, e leva-se de brinde o STF. Curioso é que o alto escalão judiciário parece agir como o imperador dos cavalos: dá ao Executivo e Legislativo capim e alfafa, enquanto eu e você, ganhamos uma banana.
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Nota: Texto publicado originalmente na Revista Bulunga
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