04 novembro 2023

Idiossincrasias Brasileiras

 




Jorge F. Isah



O brasileiro é um tipo engraçado... Ao mesmo tempo em que tem complexo de vira-latas, no dizer de Nelson Rodrigues, se considera digno de ser estudado pela Nasa. Talvez não somente pela natureza caótica, mas, porque, há quem diga, somos descendentes de uma finada civilização alienígena capaz de criar o funk carioca, o PCC, o jogo de bicho e o vatapá sem que essas coisas se misturem; porém, se misturadas fariam a “alegria” dos “Orcs” na Terra Média... Vai ver, por isso, os Ets se extinguiram...

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Brasileiro gosta e precisa de ídolos. Se nas demais culturas as coisas acontecem naturalmente e o tempo se encarregará de mostrar quem é ou não gênio e merecedor dos louros, por aqui a ideia é produzir um a qualquer custo. Tanto que, anualmente, se espera o fim do programa “Big Brother” para saber quem será o novo fetiche nacional. Não dura muito, mas preenche o orgulho pátrio até a próxima edição do reality show.

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Há quem duvide que o “menino Ney”, o Neymar Jr., seja brasileiro. Não existe suposição mais esdrúxula que essa, pois nenhum outro pais chamaria alguém, com mais de 30 anos, de guri, sem se perceber o ridículo da situação. Se há um brasileiro, ele é ninguém mais, ninguém menos, que o “menino Ney”.

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Brasileiro odeia filas, mas não pode ver uma. Se tem fila, tem coisa boa do outro lado, dizem. Por isso, muitos sem saber se aventuram a gastar horas e horas para comprar um eletrodoméstico que não precisa ou a pomada para o prurido que ainda não tem.

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Brasileiro é supersticioso o suficiente para não passar debaixo da escada, não cruzar com o gato preto na noite de sexta-feira, ou bater 3 vezes na madeira para prevenir o mal-dito. Mas nada se compara ao dia das eleições, quando jura mudar o mundo, enquanto permanece o mesmo.

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Há coisas típicas que acontecem apenas aqui, no nosso “varonil” pais: se alguém quer entrar em um lugar, mas a saída estiver mais perto, nada melhor do que economizar tempo e esforço, não é!

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Brasileiro odeia esperar. Tomar “bolo” então... Mas, se dependesse dele, os relógios marcariam dois horários: a hora exata e a provável, e esta seria cada vez mais improvável.

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Muito se fala em corrupção, propina, e estas coisas milenares pertencentes à nossa cultura desde quando os índios ainda eram índios. Outros tantos se indignam, esperneiam, ameaçam quem é useiro e vezeiro em trapaças. Mas nada melhor, para se acalmar os ânimos e os nervos do que distribuir “bolas”; e não estou pensando em esportes...

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Outra característica é o pouco caso com as leis. Se lemos: “Proibido jogar lixo”, imediatamente surge o comichão irrefreável de atirar qualquer coisa, nem que sejam as havaianas, e voltar descalço para casa.

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O Brasil não é lugar para amadores, mas poucos são profissionais. E o que isso quer dizer?... Bem, somos o ponto fora da curva e, misteriosamente, não há explicação.

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Nota: Texto publicado na Revista Bulunga


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