18 junho 2021

Trecho do Prólogo de Bartolomeu Salgado ao livro "A Viga Oca Sob o Teto"

 







Trecho do Prólogo de Bartolomeu Salgado ao livro 

"A Viga Oca Sob o Teto"



            “A Viga Oca...” tem uma suavidade e elegância distantes do antecessor; um esmero linguístico quase impossível de se ver na literatura, abandonada ao imediatismo e aos clichês de maneira geral. Cheio de reminiscências e diálogos atemporais, ao percorrer o livro encontramos um “fervor cósmico”, quero dizer, não somente dos antepassados e figuras a transporem a vida da protagonista e outros personagens; não apenas das imagens líricas, bucólicas de um passado a assomar da memória, exigindo um lugar marcante no presente, pois o passado é quase eterno; uma carga a tornar o que foi em ser; fazer o “existiu” reviver quantas vezes o grito interior de despertá-lo do sono; não só os conflitos, as amálgamas a cruzar almas; nem infortúnios ou vergonha; fatos ou mistérios; vida e morte; em que a palavra não é furtiva, nem escorregadia, ao assombro do sinal divino. Paira sobre as páginas o sobrenatural, o fantástico (especialmente no último terço), onde nem tudo pode ser explicado; porém, não pode também ser negado ou feito indiferente, sob pena de o homem ser desprovido de espírito, e ao mal produzido se juntar o mal não desejado, ou o mal agir por negligência. (...)

            “A Viga Oca Sob o Teto” é um livro admirável, pela sua linguagem não vulgar, pelo destemor de não cometer excessos, por não se deixar capturar à forma ou à carcaça de um modelo ou estrutura; por ser autoral sem as amarras de se fazer parecer inédito (muitas vezes, sinônimo de anômalo e estapafúrdio); reflexivo sem aborrecer. Por tudo isso, e atendendo aos anseios do autor em não produzir um prólogo que seja o resumo da história, espero ter aguçado o seu desejo de adentrar a estas páginas e aventurar-se pelo mundo (des)conhecido de Jorge F. Isah. O qual ele criou meticulosamente alinhavado por uma teia que certamente o capturará até o final, belo, profundo e acessível como todo fim deveria ser.


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