Trecho do Prólogo de Bartolomeu Salgado ao livro
"A Viga Oca Sob o Teto"
“A Viga Oca...” tem uma suavidade e elegância distantes do antecessor;
um esmero linguístico quase impossível de se ver na literatura, abandonada ao
imediatismo e aos clichês de maneira geral. Cheio de reminiscências e diálogos
atemporais, ao percorrer o livro encontramos um “fervor cósmico”, quero dizer,
não somente dos antepassados e figuras a transporem a vida da protagonista e
outros personagens; não apenas das imagens líricas, bucólicas de um passado a
assomar da memória, exigindo um lugar marcante no presente, pois o passado é
quase eterno; uma carga a tornar o que foi em ser; fazer o “existiu” reviver
quantas vezes o grito interior de despertá-lo do sono; não só os conflitos, as
amálgamas a cruzar almas; nem infortúnios ou vergonha; fatos ou mistérios; vida
e morte; em que a palavra não é furtiva, nem escorregadia, ao assombro do sinal
divino. Paira sobre as páginas o sobrenatural, o fantástico (especialmente no
último terço), onde nem tudo pode ser explicado; porém, não pode também ser
negado ou feito indiferente, sob pena de o homem ser desprovido de espírito, e
ao mal produzido se juntar o mal não desejado, ou o mal agir por negligência. (...)
“A Viga Oca Sob o Teto”
é um livro admirável, pela sua linguagem não vulgar, pelo destemor de não cometer
excessos, por não se deixar capturar à forma ou à carcaça de um modelo ou
estrutura; por ser autoral sem as amarras de se fazer parecer inédito (muitas
vezes, sinônimo de anômalo e estapafúrdio); reflexivo sem aborrecer. Por tudo
isso, e atendendo aos anseios do autor em não produzir um prólogo que seja o resumo
da história, espero ter aguçado o seu desejo de adentrar a estas páginas e
aventurar-se pelo mundo (des)conhecido de Jorge F. Isah. O qual ele
criou meticulosamente alinhavado por uma teia que certamente o capturará até o
final, belo, profundo e acessível como todo fim deveria ser.
À venda em amazon.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário