Jorge F. Isah
Durante anos, tenho lido bastante, não o suficiente (e nunca o será), e realizado anotações no meu blog de leituras e em outros lugares. Decidi então postar essas anotações tal qual foram escritas, sem burilá-las ou alterar-lhes o sentido. Tento assim ser fiel ao apreendido na época da leitura, apenas com a correção de erros datilográficos e ortográficos. Em alguns casos, foram feitas dezenas de anotações; na maioria, algumas. Começarei por um livro que marcou a minha caminhada cristã, e através do qual Deus falou imensamente comigo. Trata-se da biografia do primeiro missionário moderno, o inglês William Carey. Enviado pela Sociedade Missionária de Londres para a Índia, pais pobre, politeísta em cuja tradição praticava-se sem remorsos o infanticídio e o assassinato de esposas, Carey nos deu o testemunho de que, contra tudo e todos, "se Deus é por nós, quem será contra nós?" (Rm 8.31).
Desejo que a leitura destas notas estimule-o(a) à leitura do livro; pois, tenho como certo o fato de a igreja fraquejar atualmente em parte pelo desprezo (o não querer conhecer ou o querer não conhecer) ao testemunho fiel dos santos em todos os tempos.
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Notas de uma semana lendo "Fiel Testemunha"
em 2008
Sabia pouco sobre o pr. William Carey: era inglês, tornou-se
missionário na Índia e, após seis anos de pregação, houve a primeira conversão
através do seu ministério. Sabia também que ele foi o primeiro missionário
moderno. Portanto, aí está o interesse em ler a sua biografia.
Estou um pouco além da pag. 100, e Carey ainda está em solo britânico.
Timothy George descreve as lutas e oposições que Carey e seu grupo (formado por
Andrew Fuller, Robert Hall, John Ryland Jr. e John Sutcliff) tiveram para
implementar o trabalho missionário, cumprindo a Grande Comissão da qual Cristo
nos responsabilizou (Mt 28.18-20).
O livro relata o amadurecimento espiritual de Carey; e as vias doutrinárias da
época (o início do hipercalvinismo, por exemplo), os avivamentos na Europa e
América, e um apanhado geral dos trabalhos missionários de Jonathan Edwards,
John Elliot e David Brainerd.
A escrita é agradável e, muitas vezes, torna a leitura compulsiva.
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Na segunda parte, vemos Carey e Thomas na Índia,
ilegalmente, e experimentamos um pouco do sofrimento, aflição e angústia pelos
quais passaram. Carey perdeu o seu filho Peter, de 5 anos, vítima de uma febre,
e viu o nascimento de outro filho, Jonathan, enquanto a sua esposa enlouquecia,
e irmãos e amigos morriam pelo caminho. Tendo de sobreviver sem ainda dominar
o idioma bengalês, abandonado por todos, com o desejo fervoroso de pregar o Evangelho de
Cristo aos pagãos, sofreu sobremaneira com a injustiça, e abandono, da sociedade inglesa missionária, que alegou vê-lo afastar-se do seu real compromisso com as missões para entregá-lo à própria sorte (quando, na verdade,
essa sociedade foi quem "esqueceu-se" de Carey, Thomas e seus
familiares, sem lhes dar qualquer apoio em sua jornada no oriente).
É evidente o amor de Willian para com a obra do Senhor, e o seu único
objetivo é a glória de Deus e a conversão de almas. Fica evidente também a
providência de Deus em favor dos seus filhos, sustentando-os espiritual
e materialmente.
Timothy George não poderia ter escolhido título mais apropriado para o livro:
Fiel Testemunha.
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A terceira parte aborda a implementação de grupos
missionários na Índia, sob a supervisão de Carey, e a sua entrada na vida
acadêmica como professor de bengali, sânscrito e outros dialetos hindus; a
tradução da Bíblia para esses dialetos; a morte das duas primeiras esposas e do
seu filho Félix; o rompimento com a Sociedade Missionária de Londres, e o
surgimento de grupos "liberais" mais jovens (em sua maioria
heréticos) entre os batistas que se opunham aos métodos de Carey.
Ele foi professor, pastor, missionário, tradutor, editor, mas o seu objetivo
principal era a proclamação do Evangelho de Cristo, sem se esquecer das causas
sociais como a luta contra o infanticídio e o ritual de sati (onde as viúvas
eram queimadas vivas juntamente com os corpos dos seus maridos mortos), o que
acabou sendo proibido depois de muitos anos de luta (nas quais foi apoiado por
Wilberforce). Mas em tudo havia o desejo de glorificar a Deus e de obedecê-lo
naquilo que era a Sua vontade, como ficou claro em suas palavras, ao completar 70
anos:
"Hoje estou fazendo setenta anos, o que é um monumento à
misericórdia e bondade divina, apesar de, numa revista de minha vida, eu
encontrar muitas coisas pelas quais devia ser humilhado no pó. Meus pecados
ostensivos e concretos são inumeráveis, minha negligência no trabalho do Senhor
foi grande, não promovi sua causa nem busquei sua glória e honra como deveria.
Apesar de tudo isso fui poupado até agora e ainda sou mantido em sua obra, e
tenho confiança de ser recebido na presença de Deus por meio dele. Eu queria
ser mais consagrado ao seu serviço, mais santificado, praticando as virtudes
cristãs e produzindo frutos de justiça, para louvor e honra do Salvador que deu
sua vida em sacrifício pelo pecado" (Carta
escrita por William Carey a Jabez Carey, em Serampore, índia, 17/08/1831).
Apenas alguém que não buscou a glória pessoal, mas honrar ao bom Deus em
obediência poderia dizer tais palavras; sabendo que tudo feito só foi possível
graças à Ele, que nos amou primeiro.
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Há dois apêndices no livro, um fazendo um paralelo da
relevância de Carey para hoje (cap. XI), e outro, o livro escrito por Carey
"Uma Averiguação...", o qual é fundamental para se entender os seus
pensamentos sobre missões e evangelismo.
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Existe um filme contando a vida do "pai das missões modernas", denominado "Uma Chama na Escuridão", disponível no Youtube e provavelmente em outras plataformas de streaming.
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Avaliação: (*****)
Título: Fiel Testemunha - A vida e a obra de William Carey
Autor: Timothy George
No. Páginas: 296
Publicação: 1a. Edição (1997)
Sinopse:
"William Carey é universalmente reconhecido como o “Pai das Missões Modernas”. Seu nome se confunde com o período heroico do movimento missionário protestante iniciado com seus 40 anos de ministério na Índia, período que inclui a saga de outras personagens notáveis como Henry Martin, Adoniram Judson e David Livingstone, cujas vidas foram profundamente influenciadas pelo exemplo de Carey. Sapateiro, botânico, tradutor, pregador, gerente de fábrica – William Carey foi tudo isso e muito mais. Acima de tudo, ele foi uma fiel testemunha do evangelho de Jesus Cristo no meio de uma vida de sofrimento pessoal, de desprezo profissional e de discórdias internacionais. Livro de cabeceira, Fiel Testemunha o conduzirá pelos caminhos trilhados por William Carey, numa linguagem cheia de vida, de emoções e de convicções intensas, que Timothy George sabe expressar com maestria indiscutível, a exemplo de sua outra obra publicada pela Vida Nova, Teologia dos Reformadores."
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