07 junho 2013

Estudo sobre a Confissão de Fé Batista de 1689 - Aula 45: "A fiel disciplina da igreja"


Por Jorge Fernandes Isah


RESUMO DA AULA PASSADA:

Na aula passada falamos das marcas de uma igreja verdadeira, fundamentais para distingui-la em meio a tantas denominações que se auto intitulam cristãs.

1) A Fiel pregação do Evangelho - Estudamos que a marca principal é a pregação do Evangelho, não de qualquer "evangelho", mas o Evangelho de Cristo. Conforme o Senhor Jesus nos entregou, em Mt 28.18-20, a "Grande Comissão", a obra de proclamar a sua palavra e fazer discípulos, batizando-os.

2) A correta ministração das ordenanças -
- O Batismo - Mt 26.19-20;
- A ceia do Senhor - Lc 22.19-20.

Paramos no item 3) que é "O fiel exercício da disciplina".
Deixei, para os irmãos lerem durante a semana, dois versos, os quais leremos, novamente, agora:

Mt 18.15-20: "Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão; Mas, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada. E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano. Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu. Também vos digo que, se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus. Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles.".

e

1Co 5.1-5: "Geralmente se ouve que há entre vós fornicação, e fornicação tal, que nem ainda entre os gentios se nomeia, como é haver quem abuse da mulher de seu pai. Estais ensoberbecidos, e nem ao menos vos entristecestes por não ter sido dentre vós tirado quem cometeu tal ação. Eu, na verdade, ainda que ausente no corpo, mas presente no espírito, já determinei, como se estivesse presente, que o que tal ato praticou, Em nome de nosso SENHOR Jesus Cristo, juntos vós e o meu espírito, pelo poder de nosso Senhor Jesus Cristo, Seja entregue a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do SENHOR Jesus".

- O que fica claro para os irmãos nesses textos?

- Podemos falar em disciplina na igreja?

- Como? Por que?

Primeiramente, no texto de Mateus, temos, uma ordem cronológica no evento:
- Um irmão encontra-se em pecado;

- Ele é advertido por outro irmão, mas persiste no erro;

- É chamado à presença de mais um ou dois para, novamente, ser exortado ao arrependimento;

- É levado finalmente à igreja, visto não ter se arrependido;

- Ainda assim, se insistir em permanecer no pecado, não arrepender-se, revelando um coração duro e empedernido, a igreja deve considerá-lo como gentio ou publicano, como um incrédulo.

Então, temos o Senhor Jesus investindo a igreja de autoridade, da sua autoridade, ao dizer que onde dois ou três estiverem deliberando em seu nome, ali ele estará [v.19-20].

E, qual é a autoridade da igreja?

A que ela se refere?

Apenas em assuntos ligados à doutrina?

À ordem do culto?

Em deliberar como serão gastos os recursos financeiros da igreja?

Ou também nos assuntos relativos ao comportamento escandaloso de seus membros?

Há uma ideia de que esse verso se refere, pura e simplesmente, a qualquer reunião de crentes, o que é verdade, mas, no contexto de Mateus 18, especificamente, ele nos diz da autoridade com a qual Cristo investiu a igreja para deliberar, decidir, dirimir e aplicar todas as resoluções que foram tomadas no âmbito eclesiástico, inclusive, em relação à conduta dos seus membros. Mais do que estar no nosso meio [não entendam que eu esteja menosprezando ou conferindo somenos importância a um fato essêncial e fundamental: Cristo presente no seio da sua igreja], deu-nos a autoridade para resolver todas as questões relativas à igreja, inclusive, a de juízo, em e pelo seu nome. Quando decidimos algo, o fazemos em o nome de Cristo, e é ao nome dele que devemos honrar e ser leais.

Por isso Cristo está a tratar exatamente do pecado de um irmão e da necessidade de discipliná-lo. Não é algo ultrapassado, sem cabimento, nos dias atuais, pois os mandamentos do Senhor são eternos, e nenhum tratamento humano, seja filosófico, psicológico ou pedagógico pode suprimi-lo. De forma que a prática da disciplina eclesiástica é uma prova de maturidade, e amor cristão, tanto a Deus, como à igreja, como também ao irmão empedernido. Mantê-lo em seu pecado é dar um "empurrãozinho" em direção ao inferno; e se alguém considera o desdém como forma de acolhida, saiba que ele é prova maior de rejeição, de falta de apreço, e do exercício de um certo sentimento de superioridade que leva a não fazer caso da desgraça e do mal que acomete o pecador, mas também da igreja conivente com o seu pecado.

Quando se aborda o tema da disciplina estamos tratando diretamente de dois aspectos: a dependência do crente à igreja e a autoridade da igreja sobre o crente.

Alguém tem dúvidas de que seja isso o que o Senhor está dizendo?

Penso que a igreja, ao se omitir quanto a esse assunto, revela alguns sérios problemas.

Vamos agora a 1Co 5.1-5; não vou transcrevê-lo novamente.

O que salta aos olhos dos irmãos nesta passagem?

O pecado, escândalo, de um irmão levou Paulo a comparar a igreja com o mundo, ou melhor, a considerá-la mais pecaminosa do que o próprio mundo.

O que os irmãos entendem quando Paulo chama os Coríntios de estarem "ensoberbecidos" [vaidosos, orgulhosos, soberbos]? Não é esse o sinal de desprezo que apontei acima?

A soberba, que é um tipo de autossuficiência, de se considerar superior e até mesmo intocado ou inatingível, levou a igreja a:

- Negligenciar e fazer vistas-grossas ao pecado;

- Tornou-se conivente com o pecado, associando-se a ele;

- Faltou o temor do Senhor, levando-a à insensatez [Pv 9.10];

- Faltou-lhe amor e piedade para com o irmão em pecado, sabendo que a prática exercida por ele flagrantemente afrontava a Deus;

- E eles mesmos desprezavam o conselho divino e a sua Lei;

- Por fim, tudo isso levou a igreja de Corinto a não se envergonhar do pecado daquele irmão, de forma que ele permanecia no meio deles. Paulo alertou-os de que o orgulho impediu-lhes de tirá-lo dentre eles [v.2].

Em seguida, invocando a autoridade dado por Cristo, falando em nome dele, pela união que há entre o espírito de Paulo e dos irmãos de Corínto [aqui temos o princípio da igreja invisível, espiritual e universal da qual já falamos, e pela qual a igreja tem autoridade para deliberar em todos os assuntos a ela pertinentes, em conformidade com o que Cristo disse em Mt 18.19-20, em uma clara relação entre o que o Senhor disse para fazer e Paulo, como apóstolo da igreja, fez], ele entrega o tal irmão pecador a Satanás, para que a carne seja destruída e o espírito seja salvo [v.5].

O que lhes parece isso? A carne destruída e o espírito salvo pela disciplina da igreja? Mas como se dá isso? E, por que?

Paulo diz o mesmo de Himeneu e Alexandre em 1Tm 1.20, entregando-os, como blasfemadores, a Satanás. Aqui não é possível saber se ele já é salvo ou não, ainda que pareça que não. O certo é que ele comete um pecado grave, e ao que tudo indica foi exortado individualmente por um ou outro irmão, não arrependeu-se e insistiu na rebeldia. A igreja, portanto, tem o dever de excluí-lo, para que, estando fora da proteção da igreja, padeça nas mãos de Satanás e reconheça e busque a necessidade de perdão. Deus utilizará o diabo para disciplinar, na carne, àquele homem.

Hebreus 12.4-13 parece-me a chave da resposta. O apóstolo nos remete ao castigo que não é punitivo, mas educativo, pedagógico, como se gosta de dizer atualmente. Com o objetivo de sarar, de curar e, porque não, salvar o perdido. Veja bem, não é possível saber se aquele irmão era salvo ou não; o texto aponta para o fato dele não ser salvo, pois precisaria ser entregue ao diabo para que o fosse, mas o certo é que o castigo tinha o intento de curá-lo, e sará-lo do quê? De uma vida de pecados, empedernida, e que resistia ao arrependimento. E tudo isso é prova de amor de Deus para com os seus, e da igreja para com os irmãos.

Qual atitude é mais fácil para um pai que sabe do envolvimento do seu filho com as drogas, por exemplo? Procurar curá-lo [e muitas vezes com atitudes que vão contra a vontade rebelde do filho de se drogar, podendo ser a internação ou entregá-lo à justiça] ou abandoná-lo ao próprio vício, como muitos pais e mães agem atualmente? Em qual delas ele demonstrará amor verdadeiro? Em qual delas temos piedade e misericórdia?

Certa vez, vi uma declaração impactante de uma mãe na Tv. O seu filho estava envolvido em crimes, um jovem de 15 anos, e ela preferiu entregá-lo à polícia do que vê-lo caminhar a passos largos para a morte prematura. Ela disse ter tentado de tudo para demover o filho da vida de crimes, e não houve mudanças. Então, em um ato desesperado, ela o denunciou. Muitos a criticaram por essa atitude. Muitos entenderam que a posição dela não traria resultados à correção do filho. Mas, entendo que, na simplicidade daquela senhora, ela agiu como uma verdadeira mãe que ama o seu filho. Ela não foi negligente nem omissa, preferiu a dor de denunciá-lo, e levá-lo certamente à condenação, do que vê-lo viver uma vida miserável de crimes [e as suas lágrimas e a expressão de sofrimento eram evidências claras de como o seu coração estava partido e angustiado]. Ela vislumbrava, na prisão, uma chance que ele não teria levando a vida que levava do lado de fora... Ela entregava o filho à justiça para que pudesse resgatá-lo novamente. Tal qual Paulo diz, ela esperava que ele, no fim de tudo, se salvasse da vida criminosa e da morte iminente.

Então, temos que o princípio da disciplina da igreja visa o arrependimento, e deve ser aplicada em amor, piedoso e misericordioso, que levará, como consequência, caso o irmão se arrependa, ao perdão por parte da igreja e de Cristo [não nessa ordem, claro!].

E isso traz tristeza à igreja, e deve trazê-la também ao irmão em pecado, como Paulo diz em 2Co 2.4-11. Aqui, exatamente, encontramos uma outra exortação relativa a esse mesmo irmão, de que a igreja o perdoe e não aja de maneira excessivamente dura para não aumentar-lhe a tristeza. Ao que tudo indica, esse irmão se arrependeu, mas a igreja não parecia muito disposta a perdoá-lo e tratá-lo novamente como a um irmão. Tem-se de ter cuidado para não extrapolar o ensinamento bíblico e não agirmos no mesmo nível de carnalidade do pecador.

Mas, e se o irmão não se arrepender? Como deve proceder a igreja? Este é o segundo objetivo da disciplina, manter a unidade da igreja. Um exército dividido, sem um objetivo comum, o de glorificar a Deus, não subsiste.

Leia o que Paulo diz em 2Tm 3.1-9 e 4.2-4; e veja o que João, chamado de o apóstolo do amor, nos diz em sua Carta segunda, versos 9-11:

“Todo aquele que prevarica, e não persevera na doutrina de Cristo, não tem a Deus. Quem persevera na doutrina de Cristo, esse tem tanto ao Pai como ao Filho. Se alguém vem ter convosco, e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis. Porque quem o saúda tem parte nas suas más obras”.

A palavra “prevaricar” significa proceder mal; transgredir a moral, os bons costumes: aquele jovem prevaricara. Vti: Faltar a, deixar de cumprir: Prevaricar aos deveres, às promessas. Corromper, perverter. 

É preciso entender que o crente não pode nem deve ser motivo de escândalos para a igreja, o que, consequentemente, significa escândalo para o nome de Cristo. Por isso há tantas e tantas advertências ao comportamento e modos de agir do cristão. É nosso dever testemunhar, não somente com palavras mas com atos, tudo o que nos foi entregue por Deus como a sua vontade, de que sejamos irrepreensíveis e exemplos para os homens e a sociedade. Ser luz no mundo não é outra coisa a não ser guia-lo [o mundo] na verdade, tirando-o das trevas, do engano, da mentira e do pecado. Mas se nós mesmos estamos em trevas, como podemos enxergar o caminho, seguir a Cristo, e levar outros conosco?

Para finalizar, entendemos que a disciplina pode ser exercida de várias formas, desde a simples exclusão do irmão das atividades de liderança, o não participar da Ceia do Senhor, até, em último caso, a exclusão do rol de membresia. Mas estes serão assuntos que abordaremos mais detidamente à frente. Por hora, é-nos necessário ter a certeza de que a disciplina eclesiástica é bíblica e uma das mais importantes marcas de uma igreja verdadeiramente cristã.

Notas: 1- Baixe o áudio da aula em Aula 45.MP3
2- Aula realizada na EBD do Tabernáculo Batista Bíblico

4 comentários:

  1. Jorge, meu querido.

    Que texto enriquecedor!

    A forma como alinhou os textos nos quais o assunto é tratado, trouxe uma clara visão do tema, mostrando a coerência das Escrituras e o empreendimento de Deus, que por meio delas, buscar exortar e amadurecer o seu povo.

    Quanto a questão sobre as maneiras pelas quais a disciplina pode ser efetuada, eu confesso que tenho um sério problema quanto aquela segundo a qual se poderia privar um membro da ceia. Mas deixemos para falar disso em um momento mais oportuno.

    Um forte abraço meu irmão.

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  2. Mizael,

    meu caro e dileto irmão, como vai?

    Obrigado por seu comentário e, ainda mais, por seu aval.

    Este é um assunto que, em nossa igreja, estamos estudando há algum tempo. Tenho por certo muitas coisas, mas, como você, também penso que a decisão de não permitir que um irmão, em processo de disciplina, participe da Ceia é algo, no mínimo, delicado.

    Contudo, o apóstolo João, em sua carta, nos exorta a sequer cumprimentá-lo, então demovo-me da minha dúvida e acredito que seja um dos "passos" para o arrependimento e a volta daquele irmão à fé cristã, ao convívio da igreja e a reconciliação com Deus.

    É claro também que essa decisão se aplicaria em um estágio mais avançado de disciplina, quando todas as demais etapas foram "queimadas". E se esse irmão não se arrependeu até aqui, manter-nos em comunhão com ele [e a Ceia tem esse caráter de harmonia, de concordância mútua] não me parece correto. Paulo diz que devemos viver no mundo, nos relacionarmos com as pessoas do mundo, de outro modo, como proclamaríamos o Evangelho? Mas ordena também que nos afastemos daquele que, se dizendo irmão, não age como tal, antes como um ímpio.

    Logo, creio ser uma sábia recomendação do Senhor para que a igreja não se escandalize nem se contamine, sendo partícipe no pecado daquele irmão [a Bíblia também nos diz que consentir com um pecado torna-se cúmplice desse pecado]. É como se sinalizássemos para todas as pessoas o seguinte: "vá, meu irmão, mas se pecar, isso não é problema nosso, então, agiremos como se nada tivesse acontecido, e você voltará naturalmente, como se nada tivesse praticado também".

    Mas o que temos, na maioria das vezes, é a hipocrisia de fingir que nada aconteceu, enquanto se formam grupinhos para "discutir" o caso e causar ainda mais vergonha na igreja [as fofocas têm um caráter nitidamente demoníaco, de ridigularizar e tratar a questão carnalmente, quando, todos irmãos deveriam manterem-se em estado de oração pelo irmão disciplinado]. Por isso, uma deliberação geral, de todos, na Assembléia, coloca os pingos nos "is", e faz com que a intriga se torne uma bobagem, e faz com que os verdadeiros crentes orem pelo arrependimento e reconciliação do irmão afastado.

    Mas reconheço que você está certo, pois não se deve impedir ninguém de cear, já que a responsabilidade daquele que ceia indignamente é pessoal. Porém, fica a questão: a igreja, afastando o irmão rebelde, e se o faz, o faz consciente do seu pecado, não estaria colaborando, de alguma forma, para que ele se mantivesse em pecado? E, o que é pior, levando-o a pecar novamente? Já que o faz indignamente, sob os auspícios do Corpo Local?

    São pontos que devemos ponderar, sempre com prudência, sabedoria, e em oração.

    Grande e forte, meu irmão!

    Cristo o abençoe!

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  3. Boa análise. Dessa forma, eu também estou de acordo.

    Estamos falando de um membro da igreja que, em última análise, é visto pelo corpo como gentio?

    Os passos a serem seguidos através dos quais a fé do que erra será provada, darão indícios ou do reconhecimento do seu erro e, quanto a este caso, nada se diz de um afastamento ou suspensão de atividades, ou de uma vida de pecados não reconhecidos e confessados, por conta da qual tal pessoa sequer será vista como cristã. Nesse caso, não faz sentido mesmo não privar do corpo de Cristo quem sequer mostra provas de que possui a fé pela qual alguém está em Cristo.

    Na verdade, ao contrário de suas experiências, eu vivo numa denominação que se vê no direito de privar pessoas da ceia por conta de cabelos cortados ou uso de calças ou maquiagens. A arbitrariedade com a qual os pastotes das AD mais conservadoras decidem reter a ceia dos irmãos por razões quase sempre triviais e anti-bíblicas, é sem precedentes em toda a história das denominações.

    Porém, desconsiderando esse exagero no qual seu texto corretamente não se concentrou e, analisando o texto no qual Cristo nos ensina em como proceder quanto ao critão faltoso, o qual, se submetido aos passos de análise de disciplina, poderá ser visto ou como fiel ou sequer genuino cristão, eu concluo que concordo com você. O texto é claro, a doutrina está cristalinamente ensinada em Cristo. O dezpreso à ela, mostra o quanto estamos nos distanciando das Escrituras, me refiro a massa no Brasil que se intitula Igreja de Jesus Cristo.

    Que o Senhor, a cada dia, nos conduza ao genuíno arrependimento.

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  4. Mizael,

    não entendi muito bem o "gentio". Penso que igreja deve sempre tratá-lo como um irmão em rebeldia, necessitando urgentemente se arrepender e reconciliar-se com Deus e a igreja. Se a sua rebeldia persistir, apesar de todos os avisos, acredito que ele deve ser considerado como um inconverso, um não crente, logo, não é um irmão. Mas isso demandará tempo, não é algo que se possa dizer de imediato, tão logo o seu pecado se torne público.

    Quanto à situação da sua igreja, acredito que esse tipo de "legalismo" em nada é bíblico, portanto, ele se torna injusto e injustificável.

    Em nossa igreja, não negamos a ceia a qualquer que desejar cear. É feito um alerta para as condições de quem desejar participar: ser convertido, batizado e, se estiver em pecado, arrepender-se. Graças a Deus, não temos ninguém em "disciplina", mas penso que a exclusão do membro rebelde de participar da ceia é algo a se considerar, em uma das últimas etapas, pois a considero bíblica.

    Compreendo, contudo, que a disciplina eclesiástica é uma espécie de "tabu" entre os cristãos atuais, pois o individualismo e o orgulho impedem, muitas vezes, o membro rebelde de aceitá-la e a igreja de exercê-la. Pensam que, no Corpo, o membro é mais importante que o todo, e que este pode prescindir daquele. Por isso, a ideia do crente sem-igreja tem cada vez mais ganhado adeptos, e o pensamento secular de que "cada um por si, Deus por todos" tem se tornado realidade na vida deles, ainda que seja uma falácia, um engodo [mais um], do nosso inimigo.

    Que Deus nos dê sabedoria e discernimento para governarmos a nós mesmos no sentido de obedecê-lo e reverenciá-lo, submetendo-nos à sua vontade e ao governo da igreja.

    Abraços fraternos!

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