23 abril 2010

Deus tem Inimigos?













Por Jorge Fernandes Isah


É interessante que afirmamos o tempo todo ser satanás e o réprobo inimigos de Deus. Damos tanta atenção a alguns aspectos que existe uma legião de crentes capaz de considerar o diabo como um inimigo de Deus, estando no mesmo pé de igualdade, à Sua altura; quase como se fosse um “Deus”. Mas biblicamente, o que nos é dito? Eles são rivais? De certo modo, é verdade. Mas Deus tem inimigos? Sob qual ponto de vista Ele tem inimigos?

A palavra inimigo quer dizer:

1) Segundo o Priberan: adj. s. m. 1. Hostil, contrário a. 2. Que aborrece ou quer mal. 3. Que milita em facção oposta. 4. Com quem se anda em guerra. s. m. 5. Pop. Diabo.

2) Segundo o Michaelis: adj (lat inimicu) 1. Que não é amigo. 2. Adverso, contrário, hostil. 3. Indisposto, malquistado. 4. Adversário. sup abs sint: inimicíssimo. sm 1. Pessoa que tem inimizade a alguém. 2. Nação, tropa, gente com quem se está em guerra. 3. O diabo, o demônio. 4. O que tem aversão a certas coisas.

Definido o termo, há dois aspectos a serem ponderados:
1)  Num sentido, Deus tem inimigos, como a própria Bíblia afirma. Se considerarmos que satanás e os réprobos fazem oposição a Ele, desobedecendo-o, em rebeldia, entendemos que há inimizade entre eles. Como os desejos do diabo e dos ímpios serão sempre contrários aos divinos, podemos declarar que o Senhor tem inimigos. E, na verdade, Deus odeia tudo quanto eles fazem [logo, odeia-os também], porque suas ações são sempre antagônicas à santidade e perfeição divinas.

2) Em outro sentido, não há como sustentar a afirmação. Por que? Tanto o diabo como os réprobos foram criados com um propósito claro e definido. Como criaturas, estão sujeitos à vontade do Criador, e não são seres autônomos que podem fazer o que lhes “der na telha”, mas estão a cumprir rigorosamente todo o plano soberano de Deus, sem que nenhum dos seus atos e vontade estejam alheios a Ele, que os mantém sob o Seu serviço, às Suas ordens, como subordinados e completamente dependentes dEle. Portanto, o Senhor não tem inimigos, mas subalternos.

Parece algo conflituoso, mas não é. Veja bem: do ponto de vista de se oporem a Deus, de trabalharem contra, dando vazão à natureza rebelde, e assim desobedecê-lo, satanás e os réprobos são inimigos. Mas dentro do decreto eterno, onde todas as coisas, inclusive os anjos caídos e os ímpios, encontram-se na categoria de forjados, talhados e moldados pelo Criador para cumprirem Seus santos e perfeitos desígnios... sendo como tudo o mais criação e criaturas; sendo o poder delas proveniente, secundário e ordenado; sendo o Senhor Todo-Poderoso e não havendo “força” que possa confrontá-lo, nem impedi-lo de realizar qualquer dos seus propósitos... Deus não tem inimigos. Deve-se frisar que mesmo os atos pecaminosos e frontalmente contrários a Deus, executados pelas criaturas, foram por Ele determinados e ordenados antes da fundação do mundo.

Qual demônio ou mesmo legiões de demônios, homem ou elemento da natureza pode agir livremente e eficientemente impugná-lo? Quando digo livremente, estou a dizer a possibilidade de uma vontade neutra, sem coerção ou influências, o que, entre as criaturas, é impossível. Todos, sem exceção, até mesmo Adão e Eva no Éden estão sujeitos a algum tipo de constrangimento; quanto aos elementos da natureza, eles não têm vontade, logo, não lhes é possível fazer escolhas.

Deve-se entender que a natureza caída do homem exerce influência nele, e ele se opõe pela força da sua natureza, a qual o leva a escolher se rebelar. Com isso não quero dizer que o homem é escravo de sua natureza, no sentido de dominá-lo à força, mas o intelecto, as vontades e decisões trabalham em comum acordo, em sintonia, cumprindo o intento de se rebelar contra Deus assim como a natureza pecaminosa do homem quer fazê-lo.

Por eficiência, digo que se refere ao fato do homem se rebelar e levar a melhor contra Deus, tendo a mais insignificante e irrisória possibilidade de vitória. Ninguém pode derrotá-lo. Ainda que alguns achem possível, e o diabo especialmente parece disposto e empenhado em infligir-lhe um revés... Como isso aconteceria? 

Criaturas não-eternas não podem vencer o Eterno. Criaturas não-infalíveis não podem vencer o Infalível. Criaturas não-soberanas não podem vencer o Soberano. Criaturas não-santas não podem vencer o Santo. Criaturas não-perfeitas não podem vencer o Perfeito. Em todos os aspectos, satanás e os réprobos já estão derrotados, antes mesmo da fundação do mundo; na verdade, foram criados para a perdição eterna, a derrocada inevitável, sem a menor chance de vitória.

Portanto, pode Deus ter inimigos? Sim e não. Não há nenhum paradoxo ou mistério nesta assertiva. Apenas são faces diferentes de uma mesma moeda, na qual Deus usa de uma linguagem antropomórfica para que entendamos a Sua relação como Criador com a obra de Suas mãos: anjos, homens e a natureza. No fundo, tudo se resume em: ainda que Deus tenha inimigos, eles nada podem fazer contra Ele, pois, na condição de servos, resta-lhes obedecê-lo ainda que na desobediência. Se quisesse, o Senhor já tê-los-ia destruído, assim como tudo o que criou e que pode ser chamado e colocado no rol de "inimigo".

Deus não tem inimigos pois não há ninguém, nem força alguma capaz de confrontá-lO; algo que possa, de alguma forma e alheio ao Seu controle, opor-se deliberadamente. Ou seja, nada se resolve sem a aquiescência divina; nenhum ato é possível independente dEle; mesmo o mal, o pecado, a rebeldia, a obstinação pecaminosa, todos foram traçados e estão diante dos Seus olhos eternamente.

E assim, quer por bem ou por mal, o homem, seja natural ou espiritual, glorifica-lo-á,  assentindo ou não, na salvação ou condenação, pois toda a vontade decretiva divina se cumprirá inexorável e infalivelmente. Por que, no fim, toda a criação objetiva a glória de Deus.

E Ele é e será glorificado; ontem, hoje, sempre.

16 abril 2010

Eu e o Mundo













Por Jorge Fernandes Isah


Há um dilema: como o crente deve se relacionar com o mundo? É possível ao crente ter uma vida voltada para Deus, em santidade, e se apropriar dos benefícios que o secularismo proporciona, por exemplo, na cultura? Há oposição entre fé e o intelecto? Ou podem coexistir harmoniosamente? O mundo não tem nada de bom a nos oferecer? Devemos prontamente afastar-nos de tudo o que ele oferece?

O primeiro passo é definir o que seja mundo. O homem tem gravado em seu coração a imagem e o conhecimento de Deus, o qual pode ser revelado pela natureza, e o homem é capaz de percebê-lo [Rm 1.19-21]. É claro que isso não dará o conhecimento pleno de Deus, como Ele é, mas levará à consciência da Sua existência e poder; porém é completamente incapaz de revelar a Sua natureza, essência, o Seu todo [ainda que pareça impossível conhecer Deus plenamente, acredito exeqüível o conhecimento daquilo que nos foi revelado. E creio que Deus se fez conhecer na Escritura como é, ao menos no fundamental para que compreendamos a Sua natureza e propósito]. Ainda assim o incrédulo pode-se tornar instrumento da graça de Deus [graça não voltada para o ímpio, mas com o nítido objetivo de, usando-o, revelá-la ao eleito], beneficiando tanto crentes como incrédulos, segundo o propósito divino. 

Veja bem, o objetivo é Deus se revelar ao eleito, como o alvo do Seu amor, graça e misericórdia, pois o réprobo não é alvo do amor, nem da graça, nem da misericórdia de Deus, mas colabora para que todos os Seus propósitos se realizem, inclusive, sendo ele mesmo beneficiário, do ponto de vista temporal, na realização histórica, ainda que do ponto de vista eterno esteja-lhe assegurada a condenação.

Portanto, mundo, no conceito bíblico que nos interessa no momento, refere-se ao pecado, ou melhor, à pecaminosidade e seus reflexos entre os homens, os quais são os meios pelos quais o pecado tomará forma, e efetivamente agirá.

Outro conceito de mundo, que também faz-se necessário definir, é o formado pelo número de crentes e incrédulos; o local onde habitam uns e outros, vivendo e interagindo-se, porém, sem jamais escapar do soberano controle e propósitos divinos. O que vale dizer é que, tanto eleitos como réprobos não são autônomos, estando submetidos à vontade decretiva de Deus que estabeleceu, antes da fundação do mundo, todos os atos, pensamentos e vontade das criaturas.

O problema é que tanto o "primeiro" mundo, como o "segundo", encontram-se sobrepostos, intercambiados, de tal forma que muitas vezes não é possível dissociá-los, nem distingui-los corretamente. E tanto o mundo pecaminoso como o mundo habitável podem ser um, ou prolongamentos um do outro, ou simplesmente se confundirem em seus objetivos. É por essas e outras que se deve ter muito cuidado, pois ao se defender um "mundo" pode-se estar a defender o outro também. E ao crente é importante ter o discernimento de que, quer seja um ou outro, a prudência, sabedoria e entendimento da Palavra são os únicos meios pelos quais poderemos evitar a aliança com o inimigo, e a propagação de sua ideologia diabólica, malévola, pecaminosa.

O segundo ponto é entender que a ação do diabo é limitada ao que Deus lhe concede fazer. Portanto, ainda que a inclinação da carne [e do mundo] seja o pecado e a rebeldia, o Senhor limitar-los-á a fim de que a natureza humana e o mal proveniente e advindo dela sejam restringidos.

Contudo, o mundo não é um campo de batalha dualista onde o mal degladia-se com o bem. Para o crente, mesmo o mal pode ser bom, porque todas as coisas colaboram para o bem daqueles que amam a Deus [Rm 8.28]. Tudo, mesmo o pecado, pode representar o bem para o eleito. É possível? O verso diz que sim. A questão é que isso estará sempre compreendido dentro da vontade de Deus, a qual conhecemos por inferência bíblica: Deus é Todo-Poderoso, supremo ordenador e governador do universo, mas desconhecemos as particularidades do processo e o objetivo final de cada um, ainda que no geral saibamos que tudo resultará na Sua glória, na santificação dos eleitos, e na condenação dos iníquos.

Voltamos à questão: é possível o crente se beneficiar e se apropriar daquilo de bom que a cultura secular produz? E como a Igreja pode influenciar a cultura ao ponto em que ela reflita mais adequadamente a imagem de Deus, tornando o homem e a sociedade mais justos? Não será pela pregação do Evangelho de Cristo? Pelo cumprimento da Lei Moral?

Um autor reformado respondeu: "A fim de julgar as nossas idéias, temos que conhecer duas coisas da melhor maneira que pudermos: as forças do mundo que formam os nossos pensamentos, e as verdades da Escritura, que corrigem os nossos pensamentos e revelam Deus e suas promessas de salvação para nós. Os que não se preocupam em ler livros seculares serão empobrecidos e suscetíveis à sedução sutil e indireta, enquanto os que não se preocupam em estudar com cuidado a Escritura perderão o seu único fio de prumo para julgar a verdade em contraposição ao erro, a crença em contraposição à incredulidade, o certo em contraposição ao errado. Os que conhecem a Escritura e a sua cultura têm a capacidade de reconhecer a verdade e rejeitar a falsidade quando a escutam ou lêem - seja na literatura secular ou do púlpito" [1].

Segundo o autor, somente se poderá influenciar beneficamente o mundo conhecendo-o e ao Evangelho. Mas a Bíblia não nos fala do mundo? Melhor do que qualquer compêndio acadêmico? Não nos revela o mundo também? Como algo de que devamos repelir? E da mesma forma que cada um de nós tem a imagem de Deus, não temos a imagem corrompida do mundo? Sinceramente não sei até que ponto devemos interagir com o mundo. De qualquer forma, excluir-nos dele é impossível, mesmo que isso represente habitar um mosteiro ou uma caverna. 

Ao final, acho que a resposta é: ir até onde o Evangelho nos proibe prosseguir. E para isso, tem-se de conhecer a Escritura, senão corre-se o risco de ser enganado pelo mundo, e por falsos evangelhos.

Nota: [1] O Cristão e a Cultura - Michael Horton - Ed. Cultura Cristã - pag 61-62

08 abril 2010

A Mentira de Que Tudo é Verdade


















Por Jorge Fernandes Isah


“Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade” [Jo 17.17]

Este versículo derruba qualquer expectativa dos pós-modernistas de santificação. Também lança por terra as esperanças dos relativistas. Dos liberais. Dos mentirosos, e, sobretudo, daqueles que amam a mentira. Não há possibilidade de santificação fora da verdade; e sendo a palavra de Deus a verdade, fora dela o homem permanece morto em seus delitos.

A Escritura desmente às afirmações e tendências teológicas modernas de que se é possível a salvação sem Cristo, sem a Palavra. Baseados no sentimentalismo suicida da alma natural ela crê não ser necessário nem um nem outro para se alcançar a intimidade com Deus. Na verdade, esse homem está depositando todas as suas fichas num prêmio que acredita ser capaz de obter por seus próprios meios, mas que o deixará exatamente no mesmo estado em que se encontra: condenado.

É interessante que as religiões, mesmo o “cristianismo” humanista, proclama que qualquer caminho pode levar a Deus. De que a importância está naquilo que o homem tem no seu íntimo, no seu desejo de encontrá-lo. Mais surpreendente ainda é que a cosmovisão desse mesmo homem o levará à destruição, pois o que há nele além do mal? “Porque não há retidão na boca deles; as suas entranhas são verdadeiras maldades, a sua garganta é um sepulcro aberto” [Sl 5.9].

A falácia de que se o homem for sincero Deus se apiedará dele, não passa de uma desculpa esfarrapada para a autopreservação do pecado. Não há garantia de que a sinceridade na mentira produzirá a santidade. Pelo contrário, a santidade é possível apenas na verdade. E se não houver santificação, não há salvação. Por toda a Escritura este conceito está delineado, podendo ser resumido da seguinte forma: “Como está escrito: Sede santo, porque eu sou santo” [1Pe 1.16]; e, “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” [Hb 12.14].  Cristãos professos, mas que acreditam possível manter uma vida impiedosa, sem arrependimento, sem frutos para a glória de Deus, estão esquentando os bancos das igrejas, enganam-se a si mesmos, pois sobre eles permanece a ira do Senhor [Jo 3.36].

Igualmente, os que não crêem na Bíblia como a fidedigna palavra de Deus, considerando-a um livro moral como outro qualquer; ou aqueles que a interpretam equivocadamente [guiados por suas mentes carnais e não pelo Espírito]; ou os que a negligenciam, relativizam, duvidando de sua historicidade; em suma, os que não a têm por fiel, inerrante, infalível e, portanto, verdadeira, jamais verão a Deus. Podem ser sinceros o quanto for. Podem ser eruditos o quanto for. Podem apresentar as mais plausíveis e convincentes argumentações para desacreditá-la. Podem mesmo tê-la à cabeceira da cama como um adorno, como um amuleto, ou como um livro de “máximas humanas”; podem admirá-la, e considerá-la com respeito; porém, se não for a verdade absoluta, o próprio Deus falando com o seu povo, de nada servirá todo o seu esforço; porque está direcionado à mentira, à insensatez, de tal forma que manterá o pecado intocado, intacto, em seu efeito de produzir o homem morto para Deus.

Então, o ponto é: qualquer que seja o padrão da mentira, sua eficácia anula o conhecimento de Deus; e seus frutos permanecem latentes, à espera de se abrir as portas do Inferno.

Por isso, na oração, o Senhor não está a falar de todos os homens. O contexto de João 17 é delineado pelas palavras de Cristo: “para que dê a vida eterna a todos quantos lhe deste” [v.2]; “Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste” [v.6];  “Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus” [v.9]; “Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu” [v.12]; e outras citações mais no texto sagrado. O que se evidencia e se torna patente na intercessão de Jesus é que não está a pedir por todos os homens, mas o seu alvo é definido, claramente delimitado: os que foram predestinados eternamente para serem conforme a Sua imagem. O fato da oração acontecer imediatamente após falar com os discípulos [v.1], não deixa dúvidas de por quem pedia: os eleitos, os salvos.

Como os réprobos não podem e jamais poderão ser santificados [não depende deles, mas de Deus], ainda que ouvindo a palavra, o resultado será o oposto ao produzido nos eleitos: a rejeição à verdade. O Evangelho gera salvação no eleito, e condenação no réprobo porque a palavra há de julgar no último dia” [Jo 12.48]. O fato é que, como verdade, ele condena a mentira; e todo aquele que não pratica a verdade, “não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas” [Jo 3.21], já está condenado.

Dizer que tudo é verdade, é mentira. Acreditar nela, levará a uma verdade: a morte eterna.

Não se pode esquecer que Cristo é a verdade [Jo 14.6], e também a palavra [1Jo 5.7].  Logo a santificação somente é possível por Ele. E qualquer que diga o contrário é mentiroso, ainda que sincero; porque a mentira sincera é a mais extrema manifestação de estupidez e ignorância.

Sem entrar em todos os pormenores envolvidos na santificação, o que o verso introdutório está a dizer é muito claro: ninguém pode ser santificado no engano, no erro, na falácia. Apenas a palavra de Deus é a verdade; e nela, o novo-homem, o eleito, será santificado, em obediência a ela.

Sem nos esquecer de que a salvação e a santidade foram determinadas na eternidade, e ambas acontecerão infalivelmente, aos eleitos, pelo poder de Deus.

E isto é a mais pura verdade.

03 abril 2010

Cristo ou eu?















Por Jorge Fernandes Isah


Recebi a seguinte pergunta de um amigo:

- Estou estagnado em meu cristianismo. Peco diariamente, e não sei mais o que fazer. Como posso ser um cristão ativo?

Há duas formas de tratar a questão: se você não for regenerado, nascido de novo, e não tiver certeza da sua salvação, clame a Deus com lágrimas, humildade e sujeição que seja transformado pelo poder do Espírito Santo à semelhança de Cristo, nosso Senhor.

Se for regenerado e tiver certeza da sua salvação, o que lhe direi talvez o ajude em sua caminhada.

Em qualquer dos casos, apenas a submissão à vontade de Deus, expressa em Sua palavra poderá operar frutos para a glória do Senhor, e uma vida cristã verdadeira. Ou seja, obediência, e não-rebeldia.

A Escritura é o parâmetro e fundamento do cristão. Ao nos revelar a quem devemos imitar: Jesus Cristo. Porém, pela nossa natureza, somos impedidos de ser como Ele em plenitude, impedidos de não pecar, e de fazer exclusivamente o bem. Mas isso não nos impede de tentar. Sei que o 'tentar' só levará a novas frustrações, visto que, no homem não se encontrará virtudes, santidade, zelo e perfeição. Em outras palavras, se o 'tentar' for apenas esforço próprio, resultará em nada. A busca pode e tem de ser em Deus; clamando-lhe pela transformação à imagem do Seu Filho Amado. Somente Ele poderá dar vida à criatura caída, morta em seus delitos e pecados, e fará dentro do Seu exclusivo propósito, para a Sua glória.

Há um ponto que pode ajudar, e até mesmo colaborar nesse processo: o testemunho, o trabalho na obra. Tenho compreendido que sou tão miserável como qualquer pecador, mas, pela graça de Deus [algo imerecido, que não depende do que eu faça, mas unicamente da vontade dEle], encontrarei alegria e satisfação em tudo que se relacione com o Seu nome. O trabalhar para Cristo pode e vai manter o crente num estado de proximidade com Ele, com a Sua Palavra, com irmãos que comungam do mesmo desejo, e com incrédulos que necessitam da demonstração do amor de Cristo que há em nós.

Se ficar apenas e tão somente a pensar no quanto se é ímpio, pecador; o quanto o mundo é mal; o quanto as pessoas estão se lixando umas para as outras; não se sairá do lugar, e tornar-se-á estéril no conhecimento, entendimento e testemunho de Cristo [a compreensão racional, intelectual do Evangelho de Cristo é fundamental, mas se ela ficar restrita apenas à mente se tornará estéril, pois não produzirá frutos para a glória de Deus. O cristianismo é sobretudo aplicar no dia-a-dia o amor, a graça e a misericórdia de Deus; a prática da sã doutrina; não é definitivamente simples teoria]. Tem-se de pôr a mão na massa; de revelar ao mundo a razão da nossa fé. Como? Há muitas formas: o evangelismo; a oração por irmãos e incrédulos; os estudos em grupo; a educação dos filhos; a comunhão com outros irmãos; o ensino do Evangelho; o sustento da obra missionária; a disponibilização dos recursos financeiros para o sustento material dos necessitados... E tantas outras maneiras segundo o chamado de Deus para cada um. Isso não é impossível de se fazer. Não digo que se faça tudo, mas algumas delas estão ao nosso alcance. O problema é que, no individualismo 'predador' dos tempos pós-modernos, devota-se o tempo, os talentos, o dinheiro, o ânimo e tudo mais para construir o castelo solitário, e em nada o solidário. Não existe o Cristianismo egoísta, narcisista; o Cristianismo é, em parte, cuidar dos interesses e necessidades do próximo, sejam espirituais ou materiais; para que nisso também Cristo seja obedecido e glorificado.

Não sei como é a sua igreja. A minha é uma congregação pequena. Os nossos cultos têm em torno de 15 pessoas, um pouco mais, um pouco menos, dependendo do dia. Então, há muita coisa a se fazer; tanto na igreja, junto aos irmãos e aos que não são crentes. Uma das marcas do cristão é o envolvimento nas coisas de Deus.

Por exemplo, vivo modestamente, mas não me sinto desconfortável, nem miserável;  tenho a certeza de ter muito mais do que mereço ou fiz por merecer, e reputo tudo como dádiva de Deus; eu que sou ímpio, infiel, pecador, fui predestinado, chamado, santificado por Deus para gozar a Sua graça e misericórdia, pelo amor e sacrifício de Cristo. O louvor é dEle; a honra é para Ele; e me consido satisfeito com o que me deu.

Não há outra forma senão agradecer pelo que fez e tem feito em minha vida; e dentro do possível, em meio a todas as imperfeições e falhas, colaborar material e espiritualmente para a obra. Não lhe conto isso para me exaltar, como uma vantagem. Sei que se dependesse de mim, nada faria a não ser blasfemar o nome do Senhor. Antes da minha conversão, odiava as pessoas, todas, sem exceção, desprezava-as intensamente, e quanto mais as conhecia, mais a minha aversão à humanidade aumentava. Já não queria mais viver nem com a minha família, pensava seriamente em fugir, sumir, sem deixar rastros... Tornar-me um ermitão, recolher-me na solidão.

Os homens, crentes ou não, são pobres, cegos, nus e miseráveis, necessitados da misericórdia divina. E se eu mesmo fui escolhido e chamado a participar do Corpo de Cristo, quando fazia oposição a Ele, quando estava em flagrante inimizade, e, ainda assim Ele me amou, resgatou-me e salvou; não é desta forma que devemos proceder para com os perdidos? Ao vislumbrar os erros alheios, esqueço-me de que Deus me viu como eu era, e mesmo assim me amou. Não é como se deve agir? O fato de não sermos Cristo [e jamais O seremos], não me impede de ter compaixão, amor, misericórdia, tolerância para com os outros. A justiça não me cabe, não é um dos meus atributos, porque sou injusto; ela pertence a Deus. E Ele a fará, aqui e na eternidade, infalivelmente.

Ficar se martirizando pelos pecados, pelo que não se é capaz de fazer, pelo que os outros não são capazes de fazer, pelo mal que fazem, apenas manterá o crente em inércia, infrutífero (impedirá de fazer o que pode e foi capacitado)... E isso será o falso argumento que o manterá justificado a manter os braços cruzados. Não sei se fui claro, mas Paulo disse que a ele importava olhar para a frente, em direção à glória de Cristo Jesus; de nada adiantava olhar para trás, com risco de se perder a corôa da glória.

Não há um percentual a se atingir no que Deus quer que sejamos, pois o percentual é total, é sermos semelhantes a Cristo. O padrão no qual Deus se agrada é o padrão do Seu Filho; e nos vê por e através dEle, portanto, menos do que isso, é nada. Pois foi necessário morrer e ressucitar para que nEle atingíssemos o padrão que satisfaz a justiça divina. A Bíblia afirma que na eternidade seremos como o Senhor, que não pecaremos; feitos santos como santo é o nosso Deus.

Durante esta vida, cabe realizar aquilo que foi determinado por Deus. Pecarei, errarei, e falhar acontecerão muitas vezes, mas a Sua Palavra nos exorta a fazer aquilo a que fomos chamados. Não tenho o chamado para o pastorado, mas posso ser um conselheiro, afim de exortá-las e confortá-las sabiamente no Evangelho; não sou um grande evangelista ou missionário, mas distribuirei folhetos, Bíblias e literatura para que o nome do Senhor seja proclamado; não sou o presidente de uma fundação que distribui remédios, roupas, assistindo aos necessitados, mas posso dar uma cesta básica ou ajudar financeiramente uma instituição idônea que cuide de crianças, velhos, drogados; não sou um mestre, um professor, mas posso transmitir o pouco que sei a quem ainda não sabe minimamente; posso sustentar missionários junto aos índios, nos países islâmicos, nos países comunistas, ou mesmo no sertão da Bahia.

Há muito o que fazer, e o que me impede de fazê-lo? Normalmente são desculpas esfarrapadas. Como minha avó dizia: desculpa de flatulento é barriga cheia. Servem apenas para acomodar-nos à consciência cauterizada pelo mundanismo, e dizer que, se ninguém liga, por que devo ligar? Se o mundo não presta mesmo, para que ajudar? Todos podem fazer algo, mas é que esperamos um toque 'apocalíptico', algo grandioso no qual todos possam ver o quanto se é bom; e este é o maior problema: deixar de olharmos para nós mesmos e olharmos para Cristo. Se eu puder tirar um segundo os olhos de mim e transferi-los para Ele, pode ter certeza de que estarei vencendo a batalha contra o mal. Se vou conseguir? Não sei. Somos inconstantes, cheios de baixos e alguns poucos altos, mas creio que Deus age em nós, e o fará até o dia do Senhor, pois é Ele quem opera em nós tanto o querer como o efetuar.

Apenas o estudo da Escritura pode nos revelar o propósito de Deus para as nossas vidas, e nos mostrar o caminho certo, revelando o erro. Sem a verdade absoluta, o erro é relativo, e mesmo, aceitável.

O ponto é: olhamos apenas para nós, nossos problemas e dilemas [com os quais perdemos um tempo desnecessário e, na prática, obtemos poucos resultados], ou para Cristo?

Deus é o único que tem a resposta.

27 março 2010

O Adão Caído... Antes da Queda











Por Jorge Fernandes Isah


Sobre a revelação natural, aquilo que se pode conhecer de Deus através da criação, é interessante que, passado algum tempo [um tempo significativamente pequeno, ao menos aparente], o homem que convivia com Deus no Éden abandonou o conhecimento direto com Deus para se "aventurar" na idolatria. Adão e Eva foram os primeiros idólatras entre as criaturas, se não contarmos satanás e os anjos caídos. Aqueles momentos em que conversavam diretamente com Deus, recebiam dEle o sustento material, em que foram designados para reinar sobre as demais criaturas, e, em especial, viram a demonstração da Sua misericórdia e poder, tudo isso, e muito mais que lhes era agraciado exclusivamente pela bondade divina, não foi suficiente para evitar que caíssem, dando ouvidos à serpente.

Fico a perguntar: Como foi possível? Estando ali, diante de Deus, no relacionamento pessoal e direto com o Criador, ainda assim, sem conhecerem o mal, sem saber o que era pecado, sem a liberdade de escolher o mal [até porque não poderiam escolher o que lhes era desconhecido], revelaram-se rebeldes, e desprezaram a ordem direta do Todo-Poderoso [até então, a única] para darem ouvidos à mentira de uma serpente. E, ao fazê-lo, claramente ignoraram e repudiaram todo o relacionamento íntimo que tinham com Deus em favor de uma suposta igualdade, de se tornarem como Ele.

A questão ali não foi de escolha, pura e simplesmente, pois como haveria uma reles serpente de se contrapor e impor no coração do casal, numa questão de minutos, a corrupção e rebeldia a Deus? [ainda que a serpente fosse a mais bela das criaturas, não passaria de uma criatura diante do Criador]. Teríamos de entender que Deus não criou um ser perfeito, mas um homem estúpido a ponto de avaliar e escolher insanamente a mentira em detrimento da verdade. Então, não nos seria difícil reconhecer em Adão e Eva a burrice típida da natureza humana, levando-os às escolhas inapropriadas.

Em todos os aspectos, Adão e Eva me parecem não ter o conhecimento de Deus, ainda que tivessem um relacionamento, ou um conhecimento parcial dEle. É mais ou menos o que se deu com Lúcifer. Ele tinha um relacionamento, não o conhecimento que somente pode ser dado pelo próprio Deus a quem quiser dar. O mesmo se deu com Judas Iscariotes. Por horas, meses e anos, teve um relacionamento direto com o Senhor, foi-lhe discípulo, mas de nada serviu-lhe esse relacionamento. Por que? Porque Judas não foi regenerado, nem teve a revelação especial de Deus, ao contrário, foi escolhido para manter-se morto em sua velha natureza. É preciso muito mais do que o simples relacionamento com Deus. Muito mais do que o conhecimento da Sua existência, pois até mesmo os demônios creem, e estremecem [Tg 2.19].

Trocando em miúdos: Lúcifer e os anjos maus, Adão e Eva, eu e você, somos pecadores miseráveis, e impossíveis de ter o conhecimento de Deus seja por qual método for, seja por qual esforço for, seja por qualquer ação ou decisão que tomemos. Apenas o próprio Deus pode se revelar, e o fará exclusivamente a quem quiser. As impressões de Deus existem como sensações inexatas, muito distante do Absoluto, e a prova está nas várias religiões que tentam inutilmente conhecê-lo a partir de suas próprias corrupções. O que se tem são tentativas frustradas na ilusão de se obter êxito. Por mais que o homem natural queira buscar a Deus [hipoteticamente, visto o homem não querê-lo, ainda que sinta a necessidade de tê-lo], o que deseja encontrar é qualquer coisa chamada "deus", não o Deus único, vivo e bíblico.

Em linhas gerais, o Éden não foi suficiente para que eles pudessem conhecer a Deus, o que somente através da regeneração, do novo-nascimento, é possível; levando-me a concluir que tanto Adão como Eva não cairam apenas [assim como satanás e os seus], mas não eram transformados pelo Espírito, e os seus corações de pedra não haviam sido transformados em corações de carne.

Não é interessante que a Bíblia nos revela que tanto Lúcifer como Adão eram obras-primas da criação? Por que então o relacionamento íntimo e direto com Deus os levou à rebeldia? Como disse anteriormente, eles tinham um relacionamento com Deus, não o conhecimento especial de Deus, possível apenas aos regenerados e aos nascidos-de-novo, aos transformados pelo Seu poder [mesmo os réprobos e o diabo têm um relacionamento com Deus: eles odeiam e desprezam-no, o que é uma forma de relacionamento].

Alguém pode dizer: como pode chegar a esta conclusão se Deus criou Adão e Eva perfeitos?

Ao que digo: perfeitos em relação a quê? Às outras criaturas? Ou a Deus? Seriam as criaturas perfeitas? Se eram, porque se rebelaram e caíram [a primeira queda foi de Lucifer, depois, Adão]?

A Bíblia diz que Deus considerou a criação do homem e tudo quanto tinha feito muito bom [Gn 1.31], porque tudo o que Deus faz é bom; mas não vemos nenhuma afirmação de que eram perfeitos. O fato de Adão ser a imagem de Deus ["imago dei"], assim como também somos, não quer dizer que ele fosse perfeito como Deus, assim como também não somos. Certamente eram perfeitos em relação a toda a criação, como "top" da criação. Dizer que pelo pecado essa perfeição decaiu nos leva ao seguinte questionamento: Adão caiu por causa do pecado ou pecou porque caiu? Ao comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, ele já estava em rebeldia, já havia pecado em seu coração, pois o ato primeiramente acontece no coração, interiormente, para depois ser consumado [Tg 1.15]: "Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, fornicação, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias" [Mt 15.19].

Veja bem, é impossível que Adão pudesse escolher o mal sem conhecê-lo, mesmo que o diabo tenha-o influenciado e seduzido. Tinha de haver uma disposição no coração para o mal; tinha de haver a semente da corrupção para que o adubo maligno pudesse germiná-la. E isso me leva a crer que o casal do Éden, ao comer o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, apenas deflagrou o que já continha no íntimo: o pecado latente. Não parece esta a mesma opinião de Paulo? "Assim está também escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o último Adão em espírito vivificante. Mas não é primeiro o espiritual, senão o natural; depois o espiritual. O primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo homem, o Senhor, é do céu" [1Co 15.45-47]. Ele não vê Adão como um homem espiritual, mas natural, e o texto não diz que ele o foi apenas após a queda; porque não temos dois Adãos vivendo no primeiro Adão, um santo e perfeito que, caído, se tornou pecador e miseravelmente imperfeito. Ele tinha de, mesmo antes, já ser imperfeito, não-santo, não-regenerado; ainda que a maior de todas as criaturas, mas sem a imagem celestial, somente possível através de Cristo. Novamente, Paulo: "Qual o terreno, tais são também os terrestres; e, qual o celestial, tais também os celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também a imagem do celestial...  Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo" [1Co 15.48-49, 57]

No frigir dos ovos, Adão não tinha o conhecimento necessário de Deus, nem de si mesmo, apenas possível pela ação do próprio Deus; ele era uma criatura, não um filho; e a prova está no fato de comer o que lhe era proibido. Adão tinha um relacionamento, uma ligação com Deus que não o impediu de pecar; insuficiente, mesmo em um nível direto, para levar a conhecê-lo. Para isso, seria imprescindível reconhecer em Deus a Sua soberania, santidade, perfeição, e senhorio; reconhecer em si mesmo a imperfeição, a falibilidade, a corrupção, e a urgência de se sujeitar a Ele.

Neste aspecto, sem a queda, o homem jamais teria o entendimento adequado e verdadeiro do Deus santo e do homem transgressor. Sem a queda, seríamos criaturas "fora da realidade", vivendo em um mundo de esquizofrênia e ilusão quanto ao que somos e ao que o Senhor é. Por isso, ela foi inevitável, tinha de acontecer; sem a qual jamais os eleitos seriam cheios do amor divino, e Deus não poderia se manifestar plenamente ao Seu povo. O que nos remete à perfeição divina, à perfeição do decreto eterno, e tudo o que nele está determinado, inclusive o mal, o pecado e a queda.

Sem a revelação divina, a revelação especial [a Escritura inspirada, autoritativa, inerrante e infalível], não existe o conhecimento dEle; e todas as respostas serão tão-somente um esforço de se obtê-las no próprio homem, quando estão unicamente em Deus; restringindo-os, dando-os, a quem quer, segundo a Sua vontade; não sendo realizáveis pelo homem, incapaz de gerá-las por si e em si mesmo.

A afirmação de que a revelação geral é suficiente para que o homem compreenda Deus, a criação, e a si, é errônea, pois o "homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente" [1Co 2.14]. O que se tem é uma percepção da Sua existência e poder, contudo, impossível de levar à verdade [ainda que se apreenda uma ínfima parte dela, não se tem o todo; e sem o todo, a verdade é incompreensível]; antes, fomenta inúmeros enganos, na repetição tosca do mesmo erro: a fé no humano, como o sofisma devastador, altamente destrutível, apropriando-o ainda mais da condenação iminente, ao afirmar a possibilidade do homem ter comunhão com Deus por meios próprios, visto a loucura de Deus ser mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus ser mais forte do que os homens [1Co 1.25]. E isso também foi inerente ao Éden, evidente não somente na queda, mas antes dela. Senão, como cairia Adão?

Apenas a revelação especial, as sagradas e santas Escrituras, a partir do novo homem, da nova natureza dada por Deus, resultará na transformação e regeneração da mente humana, tornando-a cativa a Cristo; ao ponto de, no glorioso dia do Senhor, estar completamente imune ao pecado e o mal, para que o eleito seja apresentado perfeito em Jesus Cristo [Cl 1.28].

A revelação natural torna o homem inescusável [Rm 1.20], ou seja, condenável e condenado; jamais capaz de levá-lo à salvação. Porque apenas por Cristo, a revelação única e final de Deus, o homem pode alcançar o conhecimento pleno e verdadeiro dEle. Este poder vem do alto, não do homem. E está acessível aos eleitos, àqueles a quem Deus quis se revelar, pois o espírito do homem sabe as coisas do homem, que nele está.

"Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus" [1Co 2.11], e os que receberam o Espírito que provém de Deus, para que pudessem conhecer o que lhes é dado gratuitamente por Ele [1Co 2.12].

Nota: Este artigo é a ampliação do meu comentário no blog do Roberto Vargas Jr, ao texto "O Revelado"; o qual recomendo a leitura.

21 março 2010

Santidade: Temporal ou Eterna?












Por Jorge Fernandes Isah

"Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor" [Hb 12.14].

Primeiro, vamos definir a palavra santo, que quer dizer separado. Como Deus é santo, Ele é separado de toda a Sua criação. Existe a idéia errônea e antibíblica de que a criação é a extensão de Deus, como se tudo o que veio a existir pelo poder da Sua palavra fizesse parte dEle. Ora, esta visão é pagã, comumente chamada de panteísmo [grego: pan, "tudo", + theós, "deus"], a qual define ser Deus o todo, e o todo Deus; uma espécie de universalidade dos seres, onde o conjunto de todas as criaturas [materiais e espirituais], a sua totalidade, compõem a unidade de Deus. O problema desta doutrina é que a criação e o Criador se confundem e se fundem, assim como o infinito e o finito, o material e o espiritual, o que leva à idéia de que tanto um como o outro são autocriados ou podendo ser criados por outra força. Mas toda essa confusão é fruto de outra artimanha do maligno, sempre promovendo a mentira, o qual "não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira" [Jo 8.44]. A Bíblia nos revela o contrário: toda a criação, seja o bem e o mal, material e espiritual, está separada de Deus, não é uma "extensão" dEle, nem subsiste e vive nEle, mas é sustentada e sobrevive por Ele.

Bem diferente do sistema proclamado pelos pagãos, anacrônico à Bíblia: a criação existe, vive e se mantém pelo poder de Deus, segundo a Sua vontade, nada além disso.

De certa forma, o entendimento errado dos atributos divinos leva até mesmo cristãos a cogitarem inadvertidamente uma espécie de "panteísmo". A confusão está na incompreensão da doutrina da onipresença e onisciência, que diz não haver lugar no universo onde Deus não esteja; não que está a ocupar todo o espaço, visto estar fora dele, mas no sentido de que tudo o que acontece, seja onde for, encontra-se diante de Deus e é promovido por Ele; e de que também tem o conhecimento perfeito de tudo, em seus mínimos detalhes, e nada pode escapar à Sua infinita presença. Como o salmista diz: "Para onde me irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua face? Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali estás também" [Sl 139.7-8]. O que a Escritura diz claramente é que Deus está em todos os lugares, não há recôndito que não alcance, o que é diametralmente oposto à idéia de que Ele é tudo, e tudo é Ele: "Porventura sou eu Deus de perto, diz o Senhor, e não também Deus de longe? Esconder-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não o veja? diz o Senhor. Porventura não encho eu os céus e a terra? diz o Senhor" [Jr 23.23-24]

Como Criador de todas as coisas, Ele conhece todo o processo exaustivamente, desde o nascimento até a morte, da existência à destruição, sendo que nada acontece sem que seja da Sua vontade ou alheio a ela, "porque o Senhor dos Exércitos o determinou; quem o invalidará? E a sua mão está estendida; quem pois a fará voltar atrás?" [Is 14.27]. O esclarecimento é necessário para não se ter dúvidas de que Deus está separado da Sua criação, de que Ele não faz parte dela, mas está aparte dela; de que são coisas distintas, ainda que a criação seja completamente dependende de Deus e da Sua vontade, sem o que jamais existiria ou sobreviveria.

Então Deus é e está separado de toda a criação, ainda que ela seja consequência do Seu atributo de onipotência; porém como Deus é perfeito, puro e justo, é distinto da criação, que não possui a perfeição, a pureza e justiça divinas, sendo imperfeita, impura e injusta.

As obras de Deus não são Deus, ainda que existam por e para Deus, logo, pertencentes e sujeitas a Ele [tanto para nascer, viver ou morrer], sem que possam "contaminá-lO", antes é o Senhor quem as santifica ou não, segundo a Sua soberana vontade.

Por isso a Bíblia afirma que todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus [Rm 3.23]. Há uma separação natural entre o Criador e as criaturas em virtude de suas naturezas distintas, agravada pelo pecado [que torna as criaturas ainda mais distantes do Senhor], sendo que, do ponto de vista temporal, Deus se aproximará daquelas que foram salvas eternamente por Cristo, e jamais se achegará àquelas eternamente destinadas à perdição. 

Do ponto de vista atemporal, Deus sempre estará próximo do eleito, mesmo que, no tempo, ele ainda não seja convertido; pois a salvação aconteceu no tempo, mas foi decretada na eternidade. Graças a Ele, Cristo, o Cordeiro sem pecado, o qual morreu na cruz e ressuscitou para que os eleitos, diante de Deus, estivessem mais alvos e mais brancos do que a neve [Sl 51.7], sem nenhuma mácula, santos como santo é o nosso Deus, "porquanto está escrito: Sede santos, porque eu sou santo" [1Pe 1.16].

No tempo, a santidade se inicia na regeneração que o Espírito Santo opera em nós, como a boa obra de Deus iniciada e que atingirá o ápice na eternidade [Fp 1.6], quando o nosso corpo corruptível se transformar em incorruptível, e formos semelhantes a Cristo nosso Senhor [1Co 15.52-53]; quando não haverá mais morte, nem pecado. Ele operará a santidade através da incorruptível "palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre" [1Pe 1.23]. Portanto, o ser santo é algo inalcançável para o homem, somente o Senhor é quem pode torná-lo e fazê-lo separado do mundo, e ligado a Ele; tirados do meio da Sua criação, de entre as criaturas corruptíveis, tornando-o filho adotivo em Cristo, e assim será mantido pelo Seu poder e graça.

Eternamente, já somos salvos antes da fundação do mundo, muito antes do nascimento e queda do primeiro homem, pois o decreto divino estabeleceu que os eleitos, em número certo e definido, seriam tantos quanto Deus escolheu, conheceu e predestinou para serem conforme a imagem de Cristo [Rm 8.29]. Desta forma todos os eleitos [mesmo os que ainda não foram regenerados no tempo] já são salvos e santos. Pode parecer estranho que um homem em pecado, irregenerado, tenha comunhão com Deus. A Bíblia diz que o Senhor abomina o pecado. Porém, como o Espírito Santo faria uma obra de regeneração em um pecador? Haveria como Deus ter comunhão com o ímpio? Segundo as Escrituras, não! A pergunta é: em que ponto o homem deixa de ser ímpio? Como é possível ao homem sair da esfera pecaminosa para a santa? Teríamos de concordar com os arminianos de que somente após escolher a Deus o homem poderá ter comunhão com Ele. Ou seja, a decisão humana o santifica ao ponto de ser capaz de reconhecer em Cristo o seu salvador, e então, somente então, ter o privilégio de comunhão com Deus. O que remeteria os méritos da regeneração ao homem, não a Deus. Mas há uma profusão de textos bíblicos que desmentem essa hipótese. Paulo diz: "Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus.Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só" [Rm 3.10-12]

O dilema persiste: o homem não pode se tornar santo nem Deus ter comunhão com o pecador. Logo, Deus, que está fora do tempo, já nos tem como santos, porque fomos santificados eternamente. Ao promulgar o decreto eterno, sendo o Senhor imutável, e de que toda a Sua vontade se realizará infalivelmente, "pois nenhum dos teus propósitos pode ser impedido" [Jó 42.2],  mesmo sem ainda existir, o eleito já está salvo, já é santo. A vontade e decisão em eleger um povo para Si não aconteceu no tempo, mas muito antes dEle criar o tempo. Também escolheu que o processo ocorresse no tempo e, por nossas limitações, tomássemos consciência da pecaminosidade natural, do estado degradante, da morte iminente e incontestável, caso não tivesse nos escolhido. Pois a santidade divina é que nos impede de permanecer no pecado, transformando pecadores em santos aos nossos olhos, mas aos Seus olhos já fomos santificados pelo sacrifício de Cristo, muito antes do Senhor morrer na cruz.

A questão é de perspectiva: quando olhamos para nós mesmos, não temos a visão do resultado [ainda que a Bíblia nos revele o fim de todo eleito: a eternidade diante de Deus]. O fato de estarmos no tempo revelará um encadeamento de situações, as quais serão reveladas progressivamente, indicando o estado de regeneração ou de corrupção. Mesmo assim, para muitos, será impossível conhecer o real estágio em que se encontram, e o fim que os aguarda; apenas no dia do Juízo tomarão conhecimento de que estavam mortos, e permanecerão mortos. Ao passo que, para o Senhor, não somente os fatos, mas todo o fim já é do Seu conhecimento. Como tudo ocorrerá segundo o Seu desejo, seguindo rigorosamente o decreto eterno em que todos os detalhes foram determinados, Deus conhece os Seus escolhidos, e já os tem por certo como Seus. Ou seja, para nós, é um processo; para Deus, já está tudo consumado.

Certo é que somos nós a alcançar a santidade [não é Deus quem a alcança por nós; já que Ele é e sempre foi santo, e não precisa alcançar nada, pois é e sempre foi o perfeito Senhor do universo]. Deus nos capacita, nos habilita e transforma para sermos santos, constituindo-nos o corpo do Seu Filho Amado, o qual é a cabeça. E assim seremos um com todos os escolhidos, os quais são justificados exclusivamente por Deus. A obra é dEle, mas nós é que somos feitos santos e mantidos santificados. Assim, devemos sempre buscá-la, clamar ao Senhor que nos transforme a cada dia, para que a boa obra seja concluída naquele dia.

E, ao fim, como o próprio Senhor disse, seremos um com Ele, assim como o Pai é um com o Filho [Jo 17.21]; separados para Ele, por intermédio dEle, para a Sua glória; definitivamente afastados do pecado, da morte, da corrupção e do mal; o que não é panteísmo, mas Cristianismo bíblico, por que as criaturas destinadas à perdição estarão irremediavelmente separadas de Deus na eternidade, ao contrário de nós.

Alerta: nada do que disse seja mal-interpretado; a santidade é uma obra completa de Deus nos eleitos, mas se o homem não é santo, e despreza a santidade, não é eleito, nem "verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece" [Jo 3.36].

10 março 2010

Elmer Gantry: Entre Deus e o diabo

 












Por Jorge Fernandes Isah

Assistindo ao filme Elmer Gantry1, "Entre Deus e o Diabo", estrelado por Burt Lancaster e Jean Simmons, não pude deixar de me impressionar com a estarrecedora descrição e semelhança com o movimento reavivalista evangélico americano. Há de tudo um pouco: falsos e eloquentes sermões, e técnicas para atrair, comover e impactar a platéia. De certa forma, muitos grupos religiosos da atualidade se baseiam, ou muito bem poderiam ter se baseado, em cenas do filme. Seria o caso da realidade imitando a ficção.

É claro que o filme tem um toque caricato, farsesco, como o de uma sátira, mas pela impressionante semelhança com os movimentos evangélicos atuais (os neopentecostais e movimentos da fé), não é difícil reconhecer também a caricaturização das quais muitas igrejas tornaram-se reféns. Como na vida real, no filme há de tudo um pouco: mercantilismo, charlatanismo, pragmatismo, exibicionismo, megalômanos a exalar o fétido odor diabólico.O púlpito é um palco. Os ministradores, atores. E a igreja, uma assistência patética.

Há apelos, comoção, cartaxe, latidos, gritos, convulsão, e tudo o que de pior o sincretismo tem produzido nas últimas décadas, numa espécie de "orgia" espiritual. Em muitos momentos, tem-se a impressão de estar em um culto na igreja evangélica mais próxima, na desordem sonora, na metalinguagem espaventosa, nas encenações abusivas e licenciosas, buscando resgatar através do sentimentalismo e da banalização um "novo cristianismo", explosivo em sua profusão cênica, porém, burlesco, deformado e inócuo em seu caráter religioso. 

Abriu-se mão do princípio para se valorizar apenas os meios, desde que o fim se tornasse exequível e imediático. No fim das contas, é um show como outro qualquer, onde se tem de mobilizar a platéia, criar empatia, fazer valer cada centavo gasto e ganho, iludi-los com uma espécie de salvação onde Cristo não está evidente, nem é-se possível encontrá-lo ou distingui-lo na mensagem, mesmo entre aparente piedade, mesmo que na ingenuidade.

Elmer Gantry é um ambulante, uma espécie de caixeiro viajante, que lança a sua lábia sobre os incautos, vendendo produtos imprestáveis por preços extorsivos. É um bêbado, mulherengo, mentiroso e fanfarrão, que, da noite para o dia, se vê alçado ao posto de pastor; de vendedor ambulante fracassado a pastor itinerante de sucesso.

A interpretação histriônica de B. Lancaster confere um ar de comicidade e zombaria ao seu personagem, capaz de rir-se de si mesmo e da sua imoralidade. É um homem sem escrúpulos, que vê naquela oportunidade a chance de fugir de sua vida miserável. Não há como não vê-lo como um bufão,que em sua tolice consegue enganar uma multidão de tolos ainda maiores do que ele. Burt consegue dar uma áurea de simpatia ao personagem, e, em muitos momentos, é possível acreditar que todo o seu empenho não passou de uma diversão, uma brincadeira ingênua, na qual sequer acreditou. Mas à medida que os "frutos" vão surgindo: conversões em massas (os números são meticulosamente citados), o volume de ofertas, o auxílio de igrejas e organismos religiosos, e os convites para novas "campanhas" em cidades grandes fazem aumentar substancialmente a fama da "tenda evangelística", Gantry começa a acreditar no seu poder de mobilizar milhões de pessoas e dinheiro. Ele crê literalmente na sua força.

Inicialmente ele é a sombra da irmã Sharon Falconer, uma profetisa/evangelista errante, sem vínculo denominacional, extremamente carismática (em todos os sentidos), e que arrebata uma platéia cativa à sua elegância e suavidade quase angelicais. Jean Simmons (uma atriz fantástica) tem uma interpretação diametralmente oposta a de Burt L. Ela é contida, delicada, quase diáfana, como se flutuasse por entre os cenários, mas alcança um brilhantismo poucas vezes visto em Hollywwod. Por isso, talvez a dúvida que se tem: se ela acreditava realmente em sua santidade ou, como Elmer, estava a aproveitar-se da situação, já que a coisa toda parecia dar certo. Não é assim que os movimentos arminianos-positivistas acreditam? Se o negócio funciona, é sinal de que Deus está a dirigi-lo e abençoá-lo, do contrário, por que daria certo? (At. 5.38-39).

Uma das frases mais emblemáticas é quando Sharon diz ao Sr.Lefferts, o qual se recusava a ajoelhar-se para uma oração (um jornalista ateu que acompanhava a "tenda" enquanto fazia pesquisas para uma futura reportagem sobre o movimento.O auter-ego de Sinclair Lewis): Você pode não acreditar em Deus, mas ele acredita em você! (citação livre, não literal do texto). Demonstrando de que forma o humanismo consegue corromper os valores cristãos, invertendo a ordem ao fazer Deus ter fé no homem, quando somos nós que devemos crer nEle, conforme ordenam as Escrituras.
 
O filme é uma crítica ácida ao evangelicalismo emergente americano (o livro é de 1926),  permeado pela hipocrisia, a desfarçatez e a teatralidade, capaz de produzir a tolice e o engano ao invés de homens salvos e servos verdadeiros.

Por ter lido Lewis na adolescência, percebi que a crítica ao evangelicalismo reavivalista americano à "lá Charles Finney", subentende-se uma crítica ao capitalismo. Sinclair era um dos mais ferrenhos combatentes do "american way of life" presente em muitas de suas obras, por exemplo, Babbit (provavelmente a mais famosa). Ele usa o Cristianismo como palco para demolir o mercantilismo e a sociedade hipócrita e imoral obstinadamente servil ao dinheiro de sua época. Como crítico de costumes, Lewis até que se sai bem, apesar de ser um autor relegado ao pó do esquecimento, e que não tem nenhum apelo às novas gerações cada vez mais bestializadas e estúpidas. Não que Lewis seja um gênio. Não que o seu discurso seja verdadeiro. Na verdade, ele não é, duplamente. Mas deve ser lido e avaliado como o porta-voz de uma época; e que pode ser útil para se averiguar também a presente geração. Na verdade, ele não era um marxista, mas um liberal que rejeitava veementemente suas raízes tradicionais e campesinas.

Voltando ao filme, Lefferts, o jornalista, diz em sua matéria de capa do jornal Zenith sobre a "tenda": O que é uma caravana? Uma igreja? Uma religião? Ou um circo, onde o espetáculo são as atrações bizarras? (novamente, citação livre, não literal).

Ainda que saido da boca de um ateu (creio que Lewis o era, apesar da educação religiosa tradicional), não seriam os questionamentos do autor um alerta para o momento em que vivemos? Não estamos numa espécie de "vale-tudo", onde o desprezo a Deus e Sua palavra são tão notórios que Ele se utiliza da voz dos ímpios para condenar o que estão a fazer com a igreja? Não estamos tão obliterados, cegados pela vaidade, na crença de que temos super-poderes e somos super-homens, que um réprobo pode ser usado para nos alertar? Como diz o ditado: em terra de cego, quem tem um olho é rei.

Ainda que o mundo não seja capaz de julgar a igreja, nem o possa fazer, por que rejeitamos os alertas e persistimos em blasfemar o nome de Cristo entre os incrédulos? (Rm 2.24). 

Porém, ao final, cumprir-se-á o alerta de Cristo: "Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis. Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade" (Mt 7.19-23).

Porque o homem prudente escuta as Suas palavras, não o cainhar do lobos. 

Nota: 1- Elmer Gantry/Entre Deus e o Diabo (título em português)
Diretor: Richard Brooks, EUA, 1960
Elenco: Burt Lancaster (ganhador do Oscar de ator principal), Jean Simmons, Arthur Kennedy, Dean Jagger, Shirley Jones, Edward Andrews, Patti Page, John McIntire, Rex Ingram, Hugh Marlowe, Philip Ober
Roteiro: Richard Brooks
Baseado na novela Elmer Gentry, de Sinclair Lewis (o primeiro escritor americano laureado com o prêmio Nobel, o qual declinou receber)
Música: Andre Previn
Produção: United Artists
Cor:145 min.