15 junho 2015

Preâmbulo sobre o ativismo cristão



Por Jorge Fernandes Isah




Muito do que escreverei não será novidade para as pessoas que leem, se informam adequadamente (muito além dos jornais e telejornais), e têm acuidade com a realidade. Em especial, os que se interessam por história, e veem-na repetir-se em ciclos, naquilo que de pior ou mais nefasto produziu. Portanto, não esperem originalidade ou descobertas impactantes nas meditações a seguir; são triviais, e estão ao alcance de qualquer um minimamente instruído.

Também, não tenho intenção de ser exaustivo; haverá pontos que apenas os tocarei de leve, visto serem, como já disse, do conhecimento de qualquer um bem-informado, e análises mais profundas e detalhadas podem ser encontradas em diversas fontes, ao alcance daqueles desejosos em perscrutar os temas abordados. Então, cientes de tratar-se de um artigo, não de um tratado, espero que compreendam as suas limitações e, principalmente, as minhas.

Pois bem, após os incidentes da última parada gay, em São Paulo, muito se tem falado sobre a necessidade de reação dos cristãos diante da provocação gratuita do movimento LGBT; opiniões que acompanhei dispersamente, de um modo geral, focando-me em comentários mais abrangentes e profundos de cristãos verdadeiros, os quais conheço com alguma propriedade. 

Primeiro, quero afirmar que, tanto o movimento LGBT, como o MST, prostitutas, abortistas, feministas, sindicatos em geral, e outros movimentos “sociais”, fazem parte do processo de dominação marxista do país (como se ele já não estivesse dominado pela ideologia do Karl e seus asseclas, infiltrados em igrejas, escolas, universidades, Ong’s, e disseminado por quase todo o Estado), e, como tais, clamam por uma “democracia” (seja lá o significado que deem ao termo) onde o objetivo é o controle da maioria pela minoria (um contrassenso e abuso político do termo). A escalada com que os fundamentos da civilização ocidental, cuja origem e sustentação encontra-se na tradição judaico-cristã, está sendo galgada sistematicamente de dentro e por dentro, pela militância marxista, com o fim de se criar uma “nova sociedade” ou uma “nova ordem social”; é algo assombroso, e, ao mesmo tempo, parece inexistir aos olhos da grande massa, como se fosse a “cabeça-de-bacalhau” dos últimos cento e poucos anos: ninguém viu, sabe-se que existe, mas o fato é irrelevante, quase uma teoria da conspiração, já que não há evidências, apesar do restante da carne dar uma refeição suculenta. O apelo a sofismas, tais como liberdade, igualdade e fraternidade (os quais são imediatamente rejeitados tão logo a ditadura de esquerda consolide-se) são o chamariz para a causa ganhar ares de justiça e bondade, levando uma legião de incautos, ignorantes e devotos a abraçarem o movimento como se nele próprio estivesse instalada a essência da piedade e generosidade. 
 
O pressuposto, erradamente deduzido e espalhado como praga pelo Iluminismo, via Russeau, da bondade inerente do homem e de que a sociedade é a causa da sua corrupção (por isso ele postulava a “criação” de um novo homem e de uma nova ordem social, onde a moral baseava-se em princípios naturais, quase animalescos) foi tomado de assalto pelos ideólogos e difundido como a última verdade ocultada pela história, especialmente pelos cristãos que insistiram, por séculos, na ideia dominadora do Pecado Original, da Depravação Total do Homem, com vistas de cabrestear a humanidade, privando-a da liberdade. Para eles, liberdade significa tudo o que podem e possam fazer com os demais da sua raça, ou seja, os homens são “livres” para obedecê-los, seja por vontade própria, sobre coerção, indução, e “jogos” mentais, ou pela força física, pois eles são os salvadores, os novos messias, os restauradores da ordem perdida por séculos de controle religioso, econômico e social (ainda que a sociedade seja uma entidade presumível, ela não tem uma mente, um corpo ou alma a defini-la e identifica-la, não passando de um espantalho). Logo, fica-se evidenciado a necessidade de embutir no discurso os três lemas, jamais alcançados, pela Revolução Francesa: igualdade, fraternidade, liberdade; dando ares de espiritualidade, benevolência, tolerância e amor fraternal, quando, na prática e muito além da retórica, tanto a Revolução Francesa, como todas as revoluções, e onde o marxismo e suas vertentes tomaram o poder (inclusive na Alemanha Nazista e na Itália Fascista), instalou-se o “governo de terror”, onde os indivíduos eram expropriados, torturados e mortos em nome de uma “paz”, de uma perfeição impossível e inalcançável, significando o estabelecimento do controle, do poder e da autoridade estatal. Paz, para eles, é o mesmo que um Estado todo-poderoso, subjugando tudo e todos, livremente. Perfeição é esse mesmo Estado funcionando em máxima potência, sem opositores, inimigos, perseguindo, expropriando, torturando, confinando e matando. Mas, se atentarmos para o fato de o Estado não ser um ente, não passando de um organismo controlado por um grupo de pessoas, a autoridade investida é para aquelas pessoas que formam a burocracia, o poder é para elas, e o controle é delas. São homens vitimando outros homens ao seu bel-prazer ideológico; tirania e despotismo são os sinônimos para a autocracia de uma elite estadista.

Bem, e o que tem isso a ver com os movimentos citados no primeiro parágrafo? É que eles, dentro do planejamento, são instrumentos para a dominação estatal, a ideia de um pequeno grupo, minoria, controlando a vivência social, ditando leis e normas que subvertam a ordem estabelecida, negando a individualidade ou, ao menos, o direito de sê-la, em favor da coletividade presumivelmente ordenada pelo Estado, o seu legítimo executor, como se fossem os “iluminados” (e a relação com o iluminismo não é apenas mera coincidência). O primeiro aspecto a se apontar é este: os chamados movimentos sociais nada mais são do que artefatos destinados a propiciar e fazer avançar o absolutismo estadista, o ápice das revoluções.  

O segundo ponto a se abordar é a necessidade, para se alcançar o “novo homem” e a “nova sociedade”, da destruição dos fundamentos, do alicerce da civilização ocidental, a tradição judaico-cristã e seus ordenamentos, como a família, a igreja, a propriedade privada, a liberdade, a alta cultura, etc, vistos como agentes repressores da “humanidade” (e a definição de humanidade é algo humanamente impossível para eles) e do bem-estar social; ou seja, nada do antigo, daquilo que deu certo (ainda que tenha falhas e equívocos como tudo produzido pelo homem), tem valor ou pode permanecer, senão a revolução não vencerá, não terá êxito. Não pode ficar pedra sobre pedra; todo o edifício deve ruir, para se construir, literalmente, a nova ordem segundo os preceitos marxistas, a imperfeição levada ao máximo, como o vértice da monstruosidade. O mesmo vale para o Islã e sua máquina destruidora: é a violência em suas formas mais bárbaras, odiosas e malignamente alcançáveis pelo homem. Levando, novamente, incautos e ignorantes a abraçarem as duas correntes inimigas como se fossem a mesma coisa, como se seus ideais fossem harmônicos, ainda que tenham o objetivo comum: a erradicação da cultura ocidental (leia-se, novamente, judaísmo-cristianismo). É o famoso “tiro-no-pé”, pois, em qualquer um dos dois sistemas, quando instados ao poder, a minoria, antes hegemônica, vê-se acossada assim como ela mesma fustigou e molestou seus perseguidos. Mas aí, quando a “ficha cair”, será tarde demais para muitos; e a realidade será a própria estupidez, o “nonsense” de uma vida inteira devotada à própria destruição, piscando como neon na consciência, para aqueles capazes de restaurá-la. 

Então, quando vemos a imoralidade via satélite, decantada como uma qualidade, lembro-me da advertência do profeta: 

“Ai dos que chamam ao mal bem e ao bem, mal, que fazem das trevas luz e da luz, trevas, do amargo, doce e do doce, amargo" (Is 5.20)

E do filósofo:

“Quando você não tem virtudes para louvar, começa a louvar seus defeitos, começa a se orgulhar dos seus pecados" (Olavo de Carvalho)

O terceiro ponto é que eles, os progressistas e libertários, rejeitam qualquer senso moral (ainda que, atacados pela imoralidade alheia, levantem suas vozes para a punição do ofensor; uma autocontradição sistêmica), e nada pode ser tratado como imoralidade, a não ser aquilo que pensam, com suas mentes psicóticas, utópicas e formatadas, sê-lo (Ah, originalidade! Onde estás?!). Isso sempre aconteceu, na história. A pós-modernidade e o relativismo é uma doença dos tempos de Sócrates, refutada pelo filósofo como irracional, no livro “Teeteto”, de Platão. Portanto, sempre houve aqueles que, desde o Éden, especializaram-se em evitar a realidade, valendo-se de todos os artifícios, inclusive lógicos, para ocultá-la em favor de uma presunção delirante (Adão e Eva nada mais fizeram do que “fugir” da realidade, negando-a).

O quarto ponto é o de que toda essa leva de imorais, como disse, desde o Éden, não quer ver o óbvio, que, de tão evidente, toma ares de obscuridade, contestável. A Bíblia diz, e a realidade, a vida, a história e o mundo, confirmam-na: 

“Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só” (Rm 3.10-12, cf. Sl 14.1-3 e 53.1-3).

Isto chama-se “A Depravação Total do Homem”, uma doutrina cristã ofensivamente detratada pelo mundo, mas também por boa parte dos cristãos, incapazes de reconhecê-la em sua inexorabilidade. Sem ela, a sociologia, a antropologia, a psicologia, e qualquer outra ciência, está em um beco-sem-saída, em um círculo vicioso, como um cão a morder o próprio rabo (ao exclui-la de seu campo de estudo, não estaria desvirtuando o seu próprio sentido de neutralidade cientifica, dogmatizando-se?).

Como o objetivo deste texto não é acadêmico, mas apenas expor a minha opinião sobre a questão (e explicar a doutrina da depravação seria empreender a elaboração de páginas e páginas sobre o assunto), deixarei os pormenores sobre essa doutrina para outro momento. Importa-nos, contudo, entender que as ações humanas são praticadas por indivíduos, detentores da escolha de fazê-las ou não, e, jamais, produzidas por uma entidade incorpórea, sem mente e corpo, culpada pelos atos estritamente pessoais, logo, praticados por uma personalidade individual, não por um espectro coletivo, um fantasma, um “homem de palha”. Alegar o caráter coletivista da culpa é a tentativa de eximir-se do pecado individual, um subterfúgio para a impunidade. Por isso, cada vez mais os homens introduzem-se a si mesmos em grupos ou associações revolucionárias com o intuito de tornarem-se “invisíveis” quanto as suas transgressões. A medida que nos distanciamos da moral bíblica, sustentadora da ordem social por séculos, adentramos céleres na imoralidade, o salvo-conduto para a degradação e destruição de toda a ordem, e a implementação do caos.

Os cristãos devem, pelo chamado divino, serem luz em meio as trevas (Mt 5.14-16), assim como Cristo é luz (Jo 1.3-4, 8.12), condenar e revelar a malignidade dos nossos tempos (Paulo usa a expressão “não sede conformados com este mundo”, em Rm 12.2), mas, sobretudo, viver uma vida diametralmente distante das práticas mundanas, do pecado, da imoralidade. Não adianta apenas denunciar o mal; deve-se amar e buscar incessantemente o bem, a verdade, somente possível para aqueles que têm um relacionamento sincero e íntimo com Deus, através do único intermediário e intercessor, Jesus Cristo, para que o mundo veja além do discurso, das palavras, mas na ação e disposição de amar a verdade e vivê-la. Não podemos ser como os ideólogos, ouvir o galo cantar, mas não saber onde; dizer uma coisa e contradizê-la com as atitudes diárias. 

Esse é, ao meu ver, a militância cristã no mundo, não uma associação apenas contrária aos grupos disseminadamente imorais e anticristãos; isso seria moralismo; e, para impedi-lo de fomentar um falso cristianismo, faz-se necessária uma efetiva luta contra o pecado pessoal e o alheio, através de uma vida santa e da proclamação do Evangelho de Cristo. Querer a prisão do ofensor, a sua retratação, ou o seu ridículo apenas o tornará em vítima, algo que estão acostumados a utilizarem, e o saberão empregar quantas vezes for necessário, acusando-nos de intolerantes, perseguidores, algozes. Claro, o exercício da punição é algo instituído por Deus aos magistrados, e são eles os responsáveis pelo cumprimento da ordenação jurídica; mas, e quando esses homens, chamados de “ministros de Deus” (Rm 13.4) especializaram-se em aplicar o terror contra as boas obras, absolvendo as más? O que fazer quando estão tão afastados de Deus e sua Lei quanto os criminosos e violadores? 

Este é um dilema, e, sinceramente, ainda não tenho resposta para a questão. Por um lado, penso ser impossível obedecê-los, honrá-los, como governantes, contudo, por outro lado, entendo-os como ocupantes legítimos, ainda que agindo na impiedade, os quais ocupam seus cargos pela vontade soberana de Deus, sem a qual não ocupariam; talvez, como instrumentos de justiça, trazendo calamidade, dor e sofrimento a um povo que abandonou o Senhor (e abandonou-se a si mesmo), e está irremediavelmente opondo-se a ele. Como, um irmão e amigo, disse: 

“O mundo, Jorge, está afastado e sob juízo divino!”.

Quando alguém diz que não quer a sua vida social controlada pelos princípios morais do Cristianismo, no nosso caso, a maioria, exigindo que os cristãos vivam segundo os seus princípios imorais, há uma nítida intenção de absolutizar (em sua quase totalidade são relativistas, os proponentes) a maldição cristã e glamourizar as virtudes anticristãs. Com a desculpa de um Estado laico apelam para o Estado antirreligioso, que nem é tão antirreligioso assim, visto apoiar, inclusive financeiramente, com o dinheiro do contribuinte, as religiões minoritárias, especificamente as de origem afro-indígenas. Então, quando vejo uma chiadeira danada contra os Malafaias, os Edires, os Soares da vida, cujo dinheiro vem de doações e não do despojo tributário, não sei onde começa a burrice e termina o cinismo. Não dou dinheiro para os “vendilhões do templo”, como são costumeiramente chamados, mas sou obrigado, forçado, a financiar os terreiros de umbanda, os “trabalhos” das esquinas, as superstições indigenistas e as paradas gays.  Desejaria não fazer nem uma coisa nem outra, mas o Estado impõe-me a obrigatoriedade de satisfazer os seus caprichos, por mais que arvore uma laicidade inexistente. 

Em linhas gerais, querem impor aos outros o que não aceitam para si mesmos. Dizer que pouco interessa o que os imorais fazem, é dizer: o pecado não tem importância, é irrelevante! Acusa-los de imoralidade é, no discurso progressista, intrusão no direito à liberdade de expressão, porém, é contemporizar o mal, esquecendo-se das sérias e graves consequências advindas. Largá-los à própria sorte, em seus próprios pecados, é faltar com amor a Deus e a verdade, e ao próximo. 

Não reivindico uma “caça às bruxas” ou uma nova “inquisição”, mas calar-se significa assumir não ter nada a dizer, talvez como uma forma de autoproteção, onde outrem não poderá, também, denunciar a sua imoralidade. A omissão, e todos os seus argumentos, são despistes para uma vida afastada da comunhão com Deus e de qualquer traço cristão; ele jamais é passivo, mas um agente, ainda que a sua atuação consista “apenas” na oração pela conversão do iníquo, do imoral, a fim de não somente afastá-lo da imoralidade, odiando-a, mas amando a santidade e vivendo-a. O apóstolo diz: 

“Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14).

Irei mais além, sem a qual, neste mundo, ninguém terá paz; pois uma das características do pecado é a discórdia, a contenda, a inimizade, primeiramente com Deus e, em segundo lugar, com aquele que o teme e o tem por Senhor. Para o mundo, o pecado sequer pode ser nomeado, visto estar em uma balança sem pesos; claro, até que o transigente encontre-se vitimado pelo seu discurso, em apuros, então sairá aos berros como uma menininha assustada, gritando por socorro. Enquanto isso, para ele, o mal não existe, é mais uma construção da classe dominante; o que existe são as circunstâncias, os acontecimentos quase fortuitos, a tornar todos, sem exceção, vitimizados. Nessa demência intelectual, criminosos atacando inocentes para roubar-lhes, inclusive a vida, são igualmente presas das contingências. Acontece que o termo “vítima” traz em si mesmo uma distinção invalidando essa noção psicopática: a vítima é sempre aquela sacrificada em favor do outro, que paga um preço pelo outro, e pode fazê-lo espontânea ou forçosamente. No caso do assaltante, não há a livre-vontade do assaltado em dispor dos seus bens; eles lhe são subtraídos com violência, sob coação, tomados pela força, descaracterizando-se o bandido de qualquer possível vitimização. Pelo contrário, ele é o algoz, o tirano, o usurpador, indubitável. Tente pedir a um ideólogo progressista um só motivo a apontar o infrator como vítima; pois, afinal, o que ele dispõe, em favor do próximo, como prova do seu sacrifício? Na verdade, o único a sacrificar-se, verdadeiramente, pelo outro, foi Cristo. Ele, em sua liberdade santa e perfeita, por sua exclusiva vontade, se deu a si mesmo em favor do seu povo, dos seus escolhidos, da sua igreja, das suas ovelhas. Somente ele se ofereceu em sacrifício, como mesmo disse: 

“Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas... Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido” (Jo 10.11, 14).

Para livrar-nos deste século mau, entregando-se a si mesmo por nossos pecados, segundo a vontade de Deus, sendo ele mesmo Deus (Gl 1.4). Portanto, todo cristão é ativista de uma única causa, a de servir a Cristo e proclamar o seu Evangelho (e, muitas vezes, com sofrimento e dores, perdendo até mesmo a vida, em obediência ao único Senhor); e, assim como Paulo (ele, um mártir), possamos dizer, ao fim da nossa carreira: 

“Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé” (1Tm 6.12).

Resumidamente, é a minha opinião sobre a militância ou ativismo cristão. 

Nota: 1- Hoje, passadas algumas semanas da publicação deste texto, deparei-me com um outro, publicado aqui, tratando do mesmo assunto, o qual não me lembrava mais de tê-lo escrito. Por isso, deixarei o link da postagem para os interessados em compará-los, bastando clicar no título: "Duas Paralelas não se Cruzam"
 2- Outro texto que pode ajudar no entendimento da questão é "A Falsificação do Bem", também publicado Aqui

23 maio 2015

Theodore Dalrymple: "A Frivolidade do Mal"




Por Jorge Fernandes Isah


Comecei a leitura do novo livro de Dalrymple¹, publicado no Brasil, e, ao que tudo indica, é outra bordoada na sociedade pós-moderna e francamente decadente do libertarianismo e relativismo.

Já no primeiro ensaio, cujo título é "A frivolidade do mal", o autor, com sua costumeira clareza, precisão, e acuidade da realidade, desenrola o novelo que levou a Grã-Bretanha à indigência moral, ética, e ao consequente aumento da criminalidade, da irresponsabilidade, e dos "prazeres" desregrados, sob os auspícios do Estado (o grande pai ou mãe, como queiram), causando o colapso social e o rebaixamento do homem aos níveis mais abissais de infelicidade e delírio, culminando com lares desfeitos, casamentos múltiplos, filhos abandonados, mulheres espancadas, roubos, furtos, assassinatos, drogas, insegurança, e um sem número de tragédias e enfermidades dentro de casa, mas estendidas para as ruas, escolas, e praticamente todos os locais públicos. Todos se tornam reféns do mal, e a solução apontada estaria na volta à alta cultura e aos valores tradicionais (leia-se tradição judaico/cristã). Sem eles, a baderna e o caos apenas se perpetuarão, atingindo níveis inimagináveis e insustentáveis ao convívio social.

A conclusão, não de Dalrymple mas minha, é de que esse ambiente é altamente favorável para a instalação de ditadura ou o totalitarismo de esquerda (comunismo). Pode ser que demore alguns anos ou décadas, mas não vejo outra "saída" diante do enfraquecimento cada vez maior do homem e seu declínio vertiginoso à imoralidade (o caos apenas hiperboliza essa mistura destrutiva).

A Bíblia ressalta uma doutrina verdadeira mas negligenciada e rejeitada pela maioria dos intelectuais, inclusive cristãos: a Depravação Total do Homem. E o que seria esse estado de coisas, presente não somente na atual Grã-Bretanha, mas em toda a Europa, EUA, e América Latina, que não seja algo inerente ao próprio homem, perdido em um mundo sem freios morais, e estimulado insistentemente pela "liberdade" humana de se autodestruir? 

E qual seria o antídoto para isto? 

Não restam dúvidas de que a observância, pelo indivíduo, dos princípios norteadores da fé cristã são capazes de trazer o homem à naturalidade (entendida não como uma volta ao Éden pré-Queda, mas a um mundo menos caótico e, até mesmo, perfeito dentro de uma perspectiva humana verdadeira, em um estado de pós-Queda), ao invés da artificialidade defendida pela ideologia e por uma falsa igualdade e justiça apregoada pelo iluminismo e da qual não conseguimos nos desvencilhar, mesmo séculos depois, revelando a própria essência do pecado e do mal em nossa insistência em não abandoná-la. 

É evidente o homem ser multifacetado, coexistindo em sua natureza o "Imago Dei" (a imagem de Deus, ainda que difusa e debilitada pelo pecado) e a inserção do mal como um componente catalisador do pensamento, ações e desejos do homem natural, pós-Queda. Mas se há algo descortinado é a predisposição e o amor ao mal, e sua aceitação quase "pacifica" pela sociedade moderna, como um reflexo da própria desordem interna provocada pela negação de Deus e sua palavra como ordenadores e pacificadores verdadeiros da convulsão ocasionada pelo pecado. É como se pudéssemos traçar uma reta onde, nas extremidades, teríamos a obediência ao Evangelho, de um lado, e a desobediência a ele, do outro. À medida em que o homem aproxima-se da primeira, os efeitos do mal são minimizados, enquanto, ao dirigir-se para a segunda, os seus efeitos são maximizados. Se de um lado temos o caminhar para ordem, a realidade, e a verdade, do outro lado caminha-se para o caos, a ilusão, e a mentira. 

A rejeição dos fundamentos da fé cristã pelo Ocidente, tornando-o em um mundo pós-cristão, está sintetizada na incompreensão do bem e do mal, confundindo-os de maneira tal que um assuma o lugar do outro na mente perturbada e doentia, consequência de um pensamento escravizado pela ideologia, onde os valores morais, tão caros à vida humana, são substituídos e aniquilados em favor de uma imoralidade e perversão práticas, atenuadas pela retórica falaciosa e psicótica de defesa da liberdade, dos direitos, da igualdade e da justiça, quando elas estão em constante ataque pelas ações revolucionárias, pelas rebeliões a suscitarem no homem apenas o ódio, a inveja, a cobiça, o despudor, fazendo-o declaradamente inimigo de Deus, ainda que ele se declare inocente. Como o profeta disse, sabiamente: "Aí dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que fazem das trevas luz, e da luz trevas; e fazem do amargo doce, e do doce amargo" (Isaías 5.20).

Mas nem mesmo a ideia de um mundo guiado pelos princípios cristãos podem erradicar o mal, pois o próprio fato da existência da Lei Divina, como um antídoto, pressupõe a existência do veneno, o pecado. Ter-se-ia um mundo muito melhor, como disse, perfeito dentro da própria composição humana pós-Queda, mas ainda assim distante da perfeição absoluta, um engenho somente possível por aquele que é perfeito, eterna e essencialmente: Deus; revelando-nos que o único governo capaz de atingir a expectativa de uma verdadeira paz é aquele a instalar-se após a Segunda Vinda do Senhor.
Ai daqueles que ao mal chamam bem, e ao bem, mal, que mudam as trevas em luz e a luz em trevas, que tornam doce o que é amargo, e amargo o que é doce!
Isaías 5:20
Ai daqueles que ao mal chamam bem, e ao bem, mal, que mudam as trevas em luz e a luz em trevas, que tornam doce o que é amargo, e amargo o que é doce!
Isaías 5:20
Ai daqueles que ao mal chamam bem, e ao bem, mal, que mudam as trevas em luz e a luz em trevas, que tornam doce o que é amargo, e amargo o que é doce!
Isaías 5:20

E essa é  a "solução final", o Reino de Cristo, um reino onde os seus servos, aqueles eleitos antes da fundação do mundo, gozarão de paz, verdade, realidade e amor, posto não haver nada a contaminá-lo levando-o à disputa, à mentira, à utopia e ódio, já que o pecado não exercerá mais influência sobre ele, nem a morte, nem o medo, ou a dúvida, havendo apenas a certeza de que o bem triunfou definitiva, eterna, e exequivelmente.

Porém, voltando ao presente, enquanto a verdade for tratada como algo relativo e não absoluto, e a verdade substituída pelo idealismo mentiroso de um mundo e futuro possíveis pelas mãos e méritos humanos, as soluções aparentes somente serão paliativas, se muito, mas um estímulo poderoso a aumentar ainda mais a degradação e os efeitos maléficos dos dispares ideológicos. 

Abaixo, transcreverei dois trechos do primeiro ensaio, uma pequena amostra do que virá nas próximas páginas. E é importante reconhecer o mérito do autor que, mesmo diante da linearidade quase absoluta do pensamento ocidental, através do viés marxista, a compreensão da realidade torna-o quase uma gota de água em meio ao deserto.

 "Existe uma aliança ímpia entre a esquerda, que acredita que o homem é dotado de direitos sem deveres, e os libertários da direita, os quais acreditam que a escolha do consumidor é a resposta para todas as questões - uma ideia avidamente adotada pela esquerda, sobretudo naqueles setores nos quais não se aplica. Dessa forma, as pessoas se veem no direito de gerar crianças da forma como bem entenderem, e as crianças, certamente, têm o direito de não serem privadas de nada, ao menos nada no plano material. Já que homens e mulheres se associam e têm filhos, a criação desses últimos torna-se apenas uma questão de direito do consumidor, sem quaisquer grandes implicações morais, semelhante ao ato de escolher entre chocolate branco ou preto, e o Estado não pode discriminar entre formas distintas de associação e da criação dos menores, mesmo quando essa não discriminação é capaz de gerar o mesmo efeito que produziu a neutralidade anglo-francesa durante a Guerra Civil Espanhola".

Faço uma ressalva: penso que o autor ao definir "libertários de direita", quis referir-se àqueles homens cujo pensamento econômico está à direita, o chamado liberalismo, não se podendo, contudo, confundir direita com conservadorismo. O conservadorismo, ao qual o autor está incluído, vai muito além das posições apenas no campo econômico, pois ela trata também da tradição, ordem social, moral, ética, direitos e deveres, religiosidade, etc. Um libertário jamais é e será um conservador pois, para ele, como bem afirmou Dalrymple, tudo se resume à questão econômica e, por isso, no ponto de vista moral, ético e das tradições, ele apenas seja um pouco mais "radical e revolucionário" do que os marxistas ou esquerdistas. Ao meu ver, libertários são os marxistas que se recusam a serem chamados de tais. E para tornarem-se verdadeiramente  conservadores precisam abandonar o libertarianismo, o relativismo moral, o materialismo e o ceticismo. 

"O pecado original - isso quer dizer, o pecado de ter nascido com a inclinação ao mal, típica da natureza humana - sempre zombará das tentativas de se atingir a perfeição com base na manipulação do meio social. A prevenção ao mal sempre requererá muito mais do que arranjos sociais; exigirá, para sempre, o autocontrole pessoal e uma limitação consciente dos desejos" (pg. 61).

O que Dalrymple percebeu é a impossibilidade do homem de se autocontrolar, limitando os seus desejos, sem haver absolutos morais, éticos e religiosos. Sem os parâmetros divinos, os quais o homem moderno insistentemente nega, a própria existência de autocontrole não tem sentido, nem pode ser buscada efetivamente. Tendo-se, em contrapartida, a concorrência do desregramento, dos desejos incontroláveis, e da permissividade como regra de vida e convivência social. 

E assim, em doses homeopáticas, o homem administra-se a si mesmo o veneno da frivolidade do mal.  

Notas: 1 - O livro em questão chama-se "Nossa Cultura... Ou o que restou dela", publicado pela Editora É Realizações. 
2 - Estas são impressões que podem ser aprofundadas no futuro; por isso, se pareceram demasiadamente ingênuas ou reducionistas, resta-me debruçar sobre o tema profundamente.  
 

12 maio 2015

Ser conforme a imagem de Cristo ou não?

 
Por Jorge Fernandes Isah

A salvação não é completamente divina, dizem alguns (que dizem não dizer o que dizem), mas é necessário ao homem aceitá-la ou não para se ter o efeito pretendido por Deus. Queria ver esses "sábios" e "piedosos" afirmarem isto a quem diz:

"E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.
Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.
E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou".
Romanos 8:28-30

Se assim fosse, segundos os "sábios", Cristo não seria o primogênito entre muitos irmãos, mas o Filho solitário (sem irmãos) com o Pai e o Espírito Santo.

25 abril 2015

A Ressurreição: Fundamento Insuperável da Fé Cristã


Por Jorge Fernandes Isah




A) INTRODUÇÃO: 

Primeiro, abramos nossas Bíblias em 1 Coríntios 15:16-19, que diz:

“Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou.
E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E também os que dormiram em Cristo estão perdidos. Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens”.

Antes de começar a exposição de hoje, gostaria de ler o hino No. 101: 

“Cristo já ressuscitou; Aleluia! 
Sobre a morte triunfou; Aleluia! 
Tudo consumado está; Aleluia! 
Salvação de graça dá; Aleluia!

Uma vez na cruz sofreu; Aleluia! 
Uma vez por nós morreu; Aleluia! 
Mas agora vivo está; Aleluia! 
E pra sempre reinará; Aleluia!

Gratos hinos entoai; Aleluia! 
A Jesus, o grande Rei, Aleluia! 
Pois à morte quis baixar; Aleluia! 
Pecadores pra salvar; Aleluia!”

Quantas verdades estão presentes nestes versos, e que nos enchem de alegria, esperança, mas, sobretudo, de certeza, de que um dia também ressuscitaremos.

Mas, o que é a ressurreição para você, meu irmão?

É um corpo morto ganhando vida novamente?

Como se fosse um Frankenstein, com pedaços de vários corpos remendados e unidos escandalosamente, como parecem defender os espíritas?

Seria uma história, um conto de fadas ou mitologia?

Como os liberais, pós-modernos, relacionais e congêneres defendem?

Apenas outro dogma da igreja que você aceita prontamente mas nunca meditou nem refletiu na sua urgência?

Como os crentes nominais parecem entender, não reconhecendo a magnitude da ressurreição?

Ou, será algo que você, mesmo sendo cristão há tanto tempo, nunca deu devida importância, pela falta de zelo com essa grandiosa realidade?

Pois saiba que, em nenhuma outra religião tem-se presente a ideia da ressurreição do corpo. Muitas acreditam na imortalidade da alma, mas nenhuma crê na ressurreição, de que teremos o corpo glorificado semelhante ao do Senhor Jesus. Nem mesmo os muçulmanos que acreditam num tipo de ressurreição, não cogitam a santificação e glorificação, como a Bíblia revela, mas em uma permanência celestial do mesmo corpo sujeito ao pecado, já que as mesmas relações ímpias praticadas aqui se repetiriam lá, e são exatamente elas que garantem, ao ver deles, um lugar no Paraíso.

Hoje, comemoramos o domingo de Páscoa, uma data importante no calendário cristão, pois representa a ressurreição do Cordeiro, Cristo, o homem santo e sem pecados que encarnou, viveu entre nós, foi condenado injustamente e morreu por amor de mim e de você. Muito distante daquilo que o mundo apregoa, de como Satanás usa da realidade bíblica para distorcer, corromper, e atender aos instintos mais carnais e abjetos, transformando um dia santo em algo mundano, onde as pessoas lembram-se apenas de trocar e comer “ovos de chocolate” botados por um coelho fictício.

O espírito da páscoa difundido pelo mundo não tem nada de cristão, pelo contrário, é o espírito do anticristo, diabólico, no qual tentam imitar a realidade gloriosa da ressurreição com uma farsa.

Mas com qual objetivo fazem isso?

Ao criar uma história, sem "pé-nem-cabeça", querem apenas ridicularizar e desacreditar a história verdadeira, fazendo-a passar por um delírio, por uma loucura. Mas, quem é o louco?

Tudo passa pela incredulidade, pelo ceticismo, e por uma necessidade de se buscar racionalmente uma explicação para tudo, como se a mente humana pudesse desvendar e responder a todas as questões do universo (contudo, a força motriz da incredulidade, assim como de todo o pecado, é a revolta contra Deus; o motim idealizado por Satanás e abraçado por Adão, Eva e todos os homens após eles). Felizmente, não pode; e quando até mesmo alguns ditos cristãos põem em dúvida a ressurreição, temos uma soberba-arrogância na qual o homem se faz superior a Deus e sua palavra. Esse é outro foco do ceticismo, desacreditar e ridicularizar a Escritura como a revelação especial, como palavra do próprio Deus. E, infelizmente, a igreja atual encontra-se cheia desse tipo de “crente”, pessoas que desprezam e consideram irrelevante tanto a Bíblia como a doutrina da ressurreição.

E muitos dos coríntios, provavelmente, colocavam em dúvida a doutrina da ressurreição. Assim como os saduceus criam, havia entre aqueles irmãos muitos que também criam na não-ressurreição. Por isso Paulo escreve quase um capítulo inteiro sobre o tema, alertando-os de que essa ideia era completamente estranha e opunha-se à fé cristã.

Você crê na ressurreição? De que Cristo morreu e ressurgiu dos mortos? E de que você também, um dia, ressuscitará da morte?

Se você é um crente verdadeiro, não duvidará desta verdade.


B) A CERTEZA DA RESSURREIÇÃO DE CRISTO

Já no verso 1 e 2 do capítulo 15, lemos: 


“Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado; o qual também recebestes, e no qual também permaneceis. Pelo qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se não é que crestes em vão”.

Paulo confirma e afirma que o evangelho de Cristo já havia sido anunciado aos coríntios, de que eles eram conhecedores da verdade, e nada ficou-lhes encoberto ou oculto, porque eles o receberam e permaneceram na verdade. Paulo não pregava outro evangelho, mas o mesmo, e ele os chama agora por testemunhas de que não houve corrupção em seus ensinos, qualquer um que o ouviu antes e o ouvisse agora confirmaria serem ambas a mesma doutrina. E ele justifica o recebimento do evangelho pela igreja de Corinto com o argumento de que a salvação os alcançou pela pregação do apóstolo; ressaltando que não seriam condenados se retivessem e cressem no que lhes fora proclamado. Logo, o que viria a ser exposto não era algo estranho, algo ainda não ouvido pelos coríntios, mas algo impossível de ser rejeitado, sob pena de perderem o fundamento da fé e negarem a realidade da ressurreição.

Nos versos 3 e 4: 

“Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras”.

Paulo profere, por duas vezes, a expressão “segundo as Escrituras”; mas, se o Cânon ainda não havia sido concluído, a qual Escritura ele nos remete? Acredito que muitos dos escritos do Novo Testamento já circulavam à época em que escreveu a 1ª Epístola aos Coríntios, mas também aludia ao Antigo Testamento, onde a verdade inexorável da ressurreição de Cristo e dos justos era proclamada.

Vários textos apontam para essa realidade, por exemplo:

Jó 19.25-27: “Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. E depois de consumida a minha pele, contudo ainda em minha carne verei a Deus, vê-lo-ei por mim mesmo, e os meus olhos, e não outros o contemplarão; e por isso os meus rins se consomem no meu interior”.

Sl 17.15: “Quanto a mim, comtemplarei a tua face na justiça; eu me satisfarei da tua semelhança quando acordar”.

Dn 12.2: “E muitos do que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno”.

Vejam bem, o apóstolo não despreza a Escritura, pelo contrário, disse que dela aprendeu e por ela ensinava. Há uma ideia corrente entre os crentes atuais de que o A.T. deve ser relegado a um segundo plano, e de que os textos de real valor encontram-se no N.T. A questão é: qual o critério ou autoridade é invocada para se fazer a distinção do que é ou não é Escritura? Se o próprio Jesus citou-a abundantemente em seus ensinamentos? Estaria o homem investindo-se de uma autoridade maior do que a do próprio Deus, julgando arbitrariamente o que é ou não é parte do Cânon?

Porém, o importante neste ponto é o apóstolo afirmar que entregou o mesmo que recebeu, segundo as Escrituras. E o que elas afirmam, tanto no Antigo como no Novo Testamento?

1) Cristo morreu por nossos pecados – A morte do Senhor não foi um teatro, uma pantomima, coisa de megalomaníaco, um espetáculo para entreter gerações e gerações de ouvintes e leitores. A sua morte teve um propósito, e um propósito claramente expresso, definido, e descrito na Escritura, ele morreu por nossos pecados, pagando uma dívida impagável para nós; fazendo por nós o que nos era impossível; assumindo o nosso lugar, um lugar de vergonha e injustiça para ele, para se fazer justiça para nós. Fomos, por aquele ato do Senhor, justificados, ou seja, tornados justos, imaculados e sem pecados, pelo seu sacrifício na cruz do Calvário.

Ler Is 53:4-7.

2) Cristo foi sepultado. Há relatos esdrúxulos, fantasias diabólicas, de que Cristo não morreu, pelo contrário, ele casou-se, teve uma família ou refugiou-se em esconderijos imaginários, para justificar a fé em sua morte. Ora, a Bíblia não deixa dúvidas da morte do Senhor; e há relatos de historiadores da época, como Josefo e Tácito, por exemplo.

3) Cristo ressuscitou ao terceiro dia, como foi profetizado pelo próprio Senhor, em Mt 12.40. Uma pequena observação: muitos têm dúvidas quanto ao fato do três dia e três noites não poderem transcorrer entre uma sexta-feira e o domingo. Porém, devemos entender que a contagem de tempo dos judeus é diferente da nossa (e também dos romanos à época), pois o dia, para eles, inicia-se às 18 h e não à meia-noite. Para o judeu também um dia não significa necessariamente 24 horas, podendo ser uma fração das 24 h designada como sendo “um dia”. Interessante notar que Paulo não diz que Cristo ressuscitou após três dias, mas ao terceiro dia, corroborando a ideia de que três dias não abrangem os dias completos, como conhecemos.

Verso 5-8: 

“E que foi visto por Cefas, e depois pelos doze. Depois foi visto, uma vez, por mais de quinhentos irmãos, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormem também. Depois foi visto por Tiago, depois por todos os apóstolos. E por derradeiro de todos me apareceu também a mim, como a um abortivo”. 

Para confirmar que a ressurreição do Senhor não era algo fictício nem uma especulação, Paulo citará as provas incontestáveis da aparição de Jesus, ressurreto, a muitas pessoas, entre elas, aqueles que o conheciam melhor do que qualquer outro homem, pessoas que estiveram com ele durante os três anos de ministério terreno, acompanhando-o vinte e quatro horas por dia, todos os dias; pessoas íntimas e que tinham um relacionamento pessoal e direto com o Mestre, apóstolos e discípulos como Pedro e Tiago, por exemplo.

Então, primeiramente, como evidência, ele afirma que Pedro viu o Senhor (Lc 24.34), e, posteriormente, os demais apóstolos, chamados de doze, menos Judas, porque assim eram também conhecidos (Jo 20.19-20).

Depois foi visto por mais de quinhentas pessoas de uma vez, sendo que a maioria deles ainda estava viva, configurando-se em uma prova irrefutável da ressurreição, posto estar ao alcance do leitor desta carta, à época, a confirmação da veracidade daquele feito, e, Paulo não o faria irresponsavelmente, colocando em xeque o seu ministério, a sua idoneidade e confiabilidade, caso não falasse a verdade. Há passagens como as de Mateus 28.16-17 e Atos 1.1-9, nas quais um grande número de irmãos viu e ouviu o Senhor.

Depois foi visto por Tiago, o bispo de Jerusalém e irmão do Senhor, e depois por todos os apóstolos, no Monte das Oliveiras, como descreve-nos Lucas 24.50-51 e Atos 1.1-9, 17.

E, por fim, Paulo chama a si mesmo por testemunha, como tendo visto a Jesus em Damasco, fato relatado por Lucas em Atos 9.2-6.

Esses são sinais genuínos apresentados pelo apóstolo para estabelecer a verdade inequívoca da ressurreição do Senhor.

Mas, alguém pode questionar: “Olha, entendo a ressurreição de Cristo, mas não aceito a ressurreição de homens comuns”.

Sem entrar em todas as implicações e refutações possíveis à pergunta, importa-nos dizer que há na Escritura vários casos de ressurreição de homens e mulheres comuns.

No Antigo Testamento, Elias ressuscitou o filho de uma viúva (1Rs 17.20-22), e o filho da mulher Sunamita (2Rs 4.32-37).

No Novo Testamento, o próprio Senhor ressuscitou Talita, filha de Jairo, um homem conceituado e respeitado pois era um dos principais da Sinagoga local (Mc 5.41-42), e Lázaro (Jo 11.43-44); Pedro ressuscitou Dorcas ou Tabita (At 9.40-42), e, o próprio Paulo ressuscitou também um homem, Êutico (At 20.9-10).

Com isso, prova-se a ressurreição como um fato a acontecer com todos os homens, quer estejam destinados ao Paraíso ou destinados ao Inferno.


C) OS PROBLEMAS DE SE NEGAR A RESSURREIÇÃO 

Pularemos do verso 8 diretamente para o verso 12 ao 20, que diz:


“Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como dizem alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos? E, se não há ressurreição de mortos, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. E assim somos também considerados como falsas testemunhas de Deus, pois testificamos de Deus, que ressuscitou a Cristo, ao qual, porém não ressuscitou, se, na verdade, os mortos não ressuscitam. Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados”.

Paulo, maravilhosamente, argumenta não só quanto à inutilidade da fé, mas também à sua falsidade, se não houver ressurreição dos mortos. Literalmente, o Cristianismo é mentira, e não tem valor algum, se os mortos não ressuscitam. Esta é uma razão poderosa para apontarmos qualquer forma de “cristianismo” onde não há ressurreição como um embuste, uma fraude, mas, onde também não há a ressurreição de Cristo, como afirmam os liberais e racionalistas ao, não acreditando na sobrenaturalidade (o que vale dizer no poder infinito e todo-poderoso de Deus), tornam o relato da ressurreição do Senhor como algo alegórico ou apenas simbólico, na religião das trevas, capitaneada pelo próprio diabo. Esses homens jamais deveriam serem chamados ou considerados cristãos, pois, segundo Paulo, sua fé é vã, inócua, falsa e ineficaz; não havendo qualquer intento em proclamá-la a não ser para garantir que muitas almas descrentes garantam a eternidade no Inferno.

Por que?

Ora, se Cristo não ressuscitou, os que dormiram em Cristo estão perdidos, ou seja, nossos pecados não foram pagos e ainda permanecemos neles (v.17). E se permanecemos neles, teremos de pagá-los, mas, não podemos pagá-los, então, estaríamos irremediavelmente perdidos, condenados ao sofrimento eterno no Lago de Fogo (v.18).

E há uma relação clara e evidente na ressurreição de Cristo, pois se ele ressuscitou, os mortos também ressuscitarão; se os mortos não ressurgirem no fim dos tempos, também Cristo não ressuscitou, logo ele está morto e estamos mortos juntos com ele. Mas, porque temos a certeza e o testemunho do Evangelho, sabemos que, como o Senhor, também ressuscitaremos.

A própria pregação seria sem sentido, e de nada serviria ao homem, se não houvesse a ressurreição; e, sem ela, não haveria a expectativa do céu, de uma vida eterna na presença de Deus, e o Cristianismo serviria talvez para nos dar algum conforto na terra, mas como Paulo disse, se esperássemos Cristo apenas neste mundo, seríamos os mais miseráveis dos homens (v.19).

Novamente, por quê? Ora:

1) Não haveria uma vida eterna;

2) Milhões de homens morreram inutilmente;

3) O trabalho de pregação e evangelização seria desnecessário e infrutuoso;

4) Seríamos piores do que os outros homens (ao defendermos uma realidade impossível diante de pessoas que vivem uma realidade possível e não cogitam algo utópico);

5) Sacrificaríamos este mundo por outro que não existe, ou seja, morreríamos para este em troca de vivermos no outro, quando não o viveríamos; a vida não teria sentido;

6) Por fim, permaneceríamos mortos em nossos pecados (o espírito do homem não reviveria).


D) A REALIDADE DA RESSURREIÇÃO


“Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem” (v. 20)

Paulo, enfaticamente, confirma a ressurreição do Senhor, e de que temos a garantia da nossa ressurreição. Ele, o cabeça, foi o primeiro e único a viver após a morte, assim como nós, o corpo, viveremos também após a morte. Ela aponta, portanto, para a Igreja:

1) A concretização e eficácia do plano divino, e a realização das suas promessas e profecias.

2) Mostra-nos que Cristo está vivo; e com ele viveremos eternamente.

3) De que haverá um reino de paz, justiça e amor, ao contrário do que experimentamos neste mundo.

4) É a vitória definitiva do crente, de que tanto a morte como o inferno foram tragados, derrotados, pela ressurreição de Cristo.

A ressurreição aponta para os ímpios:

1) O plano divino, para eles, também se concretizará, assim como as promessas e profecias a eles pertinentes;

2) De estarem diante no Tribunal de Cristo, onde serão julgados e condenados;

3) Eternamente estarão no lugar onde há apenas dor, angústia e desespero, sem qualquer alívio para os seus corpos e alma;

4) Foram tragados definitivamente pela morte e o inferno, derrotados pela descrença e rebeldia a Deus.

A ressurreição de Cristo é um dos pilares da fé cristã, sem ela, nada do que cremos e esperamos teria sentido. Sem a ressurreição, não seríamos salvos, nem herdaríamos o Reino de Cristo; sem a ressurreição, ainda estaríamos mortos em nossos pecados.

A sua importância está no fato de que Cristo não viu a corrupção, e, como ele, a nossa alma também não verá a corrupção, no sentido de permanecer doente, enferma, por toda a eternidade.

A ressurreição remete-nos a uma vida nova (e este é um dos sentidos do termo), uma vida sem pecados, distante de nossa antiga natureza, na qual estaremos para sempre em plena comunhão com Deus.

A ressurreição lembra-nos de que, antes mortos em nossos delitos, fomos restaurados por Deus e reconciliados com ele, para uma vida santa.

A ressurreição aponta para um corpo incorruptível, uma nova criatura que iniciou-se com a nossa conversão, mas que ainda não está completa, e somente o será quando Cristo voltar em glória a este mundo para buscar a sua noiva, a Igreja, da qual somos parte, assim como somos parte dele, a cabeça, enquanto corpo.

A ressurreição, como bem simboliza o batismo (e por isso cremos no batismo por imersão), não apenas nos renovará, mas nos transformará à semelhança de Cristo.

Por isso, sem a ressurreição, não haveria uma nova vida, posto as promessas de Deus não seriam cumpridas, e o próprio Cristo não passaria de um homem comum.

Por isso, os ataques insidiosos e desonestos dos servos de satanás em desacreditar, em mentir, sobre um dos eventos máximos da história, a ressurreição do Senhor.

E) CONCLUSÃO

A ressurreição é um ponto fundamental na fé cristã, sem a qual ela perde completamente o nexo, tornando-se em algo ineficiente. Ela deve dar segurança ao crente de que Deus, ao ressuscitar Jesus dos mortos, também nos ressuscitará, e a importância desta esperança reside no fato de devermos levar o Evangelho de vida, e vida eterna a todos os homens, orando ao Espírito Santo para convertê-los a Cristo, a verdade.

Qualquer caminho a apelar para uma não ressurreição do corpo é inconsistente com a Bíblia, e mentiroso. Assim como o crente que se utiliza da certeza da ressurreição para negligenciar o evangelismo, deixando de levar a mensagem de salvação e de vida eterna ao pecador, também se faz mentiroso, posto não ansiar, em seu íntimo, ao próximo, aquilo que diz crer, revelando-se um incrédulo.

Pior ainda, é o cristão vestir-se de hipocrisia, ofender a Deus com os seus pecados constantes, sua insubmissão a ele, e ansiar por uma ressurreição e uma vida eterna no paraíso.

Cada um de nós, neste dia, faça uma inspeção sincera em seu íntimo e veja se está realmente no caminho da vida eterna, de ressurgir para a vida, ou se está a um passo de ressurgir para a morte e a separação definitiva de Deus.

Demos pois a Deus glória eterna, porque, pelo seu poder, fez cumprir no tempo todas as promessas antes dadas pelas bocas dos seus profetas, revelando o seu cuidado, amor e fidelidade para conosco, seu povo, que, assim como o seu Filho Amado ressuscitou, também ressuscitará para a glória eterna de viver em comunhão constante e permanente com o Pai.

Que todos nós meditemos diariamente na obra maravilhosa e divina de Jesus Cristo, uma obra completa e acabada, sem a qual estaríamos irremediavelmente perdidos.

Que possamos, pela graça de Deus, não somente ansiar a ressurreição naquele glorioso dia em que Cristo voltará ao mundo para nos buscar e, juntos, julgarmos o mundo, mas possamos viver a verdade do Evangelho, renascidos pela fé, aguardando o nosso novo corpo e, glorificados, jamais vermos a morte (1 Tes. 4:13-18).


Notas: 1 - Sermão pregado no culto de Domingo, no Tabernáculo Batista Bíblico
2- O áudio da pregação encontra-se acima do texto. Bastando clicar na seta à esquerda.

11 abril 2015

Um cristianismo de Baal



Por Jorge Fernandes Isah

Este vídeo, abaixo, vai para os "cristãos", desde os neopentecostais até os neocalvinistas, porque, ao que parece, o evangelho deste século não é mais o de Cristo e dos Apóstolos, mas um evangelho no qual a igreja cada vez mais se assemelha com o mundo, como se ele pudesse, em algum momento, validar a fé cristã, em suas bizarrices, tolices, pecados e afrontas ao Deus Santo.

Tenho conversado com alguns irmãos, e ouço justificativas para todo o tipo de barbaridades cometidas na igreja e por seus líderes (com raras exceções), e o fim de toda essa contemporização do evangelho com este mundo é o afastamento total e completo de Deus, ainda que eu diga: "Deus me abençoa!"; ainda que eu use uma camiseta "Jesus me ama!"; ainda que eu dizime e oferte; ainda que eu diga: "Sou de Jesus!", quando na verdade, sequer o conheço; quando na verdade eu criei um "Jesus" à minha imagem e semelhança, e adoro não a ele, mas a mim mesmo. Os cristãos verdadeiros não podem bezoar como os bodes, nem uivar como lobos, do contrário, não são ovelhas. 

Toda uma hecatombe de pecados, motins, imoralidades, perversões, ideologias, desregramentos, e maldades, que deveriam ser expulsas da vida cristã, parecem unir-se ao coro: "Tudo bem, Deus é legal; ele vê o meu coração!"; mas, não o foi o Senhor a dizer que a boca fala do que coração está cheio? E de que, "do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, fornicação, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias. São estas coisas que contaminam o homem" (Mt 15.19-20);  como se Deus fosse um "barato" comparado a fumar marijuana ou entupir-se de cervejas, e descolar um "mina" legal por uma noite? Esse desastre está se consumando, com a carnificina espiritual de muitos iludidos com o seu cristianismo, domingo a domingo, em alguma igreja do Brasil. 

Cristianismo não é isso! E passa muito longe disso!

Cristianismo é obediência, é temor, é amor ao Deus-Triuno, e o amor é, como Paulo especifica: "... sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta" (1 Co 13:4-7).

Mais uma vez, faço aquela pergunta, e responda-a, sinceramente: Você crê na veracidade da Escritura, como a Palavra de Deus, ou brinca de acreditá-la, mas está convicto mesmo do que o seu coração enganoso, perverso e estúpido diz? (Jr 17.9). Negando a verdade e entregando-se à própria mentira?

Ah, e não confundam moral com falsa moral ou moralismo, por favor!


31 março 2015

Os Cinco Pontos do Calvinismo por Jesus Cristo



Por Jorge Fernandes Isah


A biblicidade das "Doutrinas da Graça" ou, costumeiramente chamadas de "Os Cinco Pontos do Calvinismo", é colocada em xeque pelos insistentes detratores da fé verdadeiramente bíblica. Não é uma acusação de não biblicidade deles, de que desprezam a Escritura, não é isso; porém, algo tão verdadeiro não poderia causar uma reação tão desproporcional ou destituída de acuidade entre os filhos de Deus. Ao invés de desprezo, ela deveria nos colocar aos pés de Cristo, humildes e resignados diante de uma obra tão poderosa e sobrenatural como a salvação, a qual não poderia ser realizada por ninguém menos do que o próprio Deus.

Para os que ainda não conhecem os cinco pontos das "Doutrinas da Graça", também conhecidos como "TULIP", em inglês,  enumerarei-os a seguir: 

1) Depravação Total do Homem;
2) Eleição Incondicional;
3) Expiação Limitada;
4) Graça Irresistível;
5) Preservação dos Santos.

Todos eles são muito bem condensados nessa pequena, mas poderosa, didática e elucidativa, exortação de Cristo aos judeus:


          "E Jesus andava passeando no templo, no alpendre de Salomão.

Rodearam-no, pois, os judeus, e disseram-lhe: 
Até quando terás a nossa alma suspensa? Se tu és o Cristo, dize-no-lo abertamente.
Respondeu-lhes Jesus: Já vo-lo tenho dito, e não o credes. As obras que eu faço, em nome de meu Pai, essas testificam de mim.
Mas vós não credes porque não sois das minhas ovelhas, como já vo-lo tenho dito.
As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem;
E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão.
Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai.
Eu e o Pai somos um". (João 10:23-30).


Por que então você ainda duvida?

Ou as palavras do Senhor não são suficientes?



24 março 2015

O pecado do adultério segundo John Wenham, e do divórcio segundo eu



Por Jorge Fernandes Isah


Li, nesta manhã, uma postagem no Facebook, atribuída a John Wenham¹, a qual copiei e colei abaixo. Após, uma pequena reflexão a partir do que o teólogo e pastor Wenham escreveu:

"Hoje em dia, consideramos o adultério como tão natural que deixamos de perceber quão distorcidos se tornaram os nossos valores. Quando um homem rouba um bem valioso de uma outra pessoa, a lei o trata com severidade. Mas quando um homem seduz e rouba a esposa de um outro homem e rouba dos filhos a mãe, provavelmente escapará de qualquer punição. Entretanto, em termos do mal provocado e da destruição da felicidade humana, o primeiro crime é insignificante em comparação com o segundo." - John Wenham


E, nessa linha de pensamento, incluo também o divórcio, pois praticamente ninguém se divorcia para ficar solteiro ou sozinha. Todos, em princípio, já têm um ou uma pretendente nova, se é que já não fez a ele ou ela um "juramento" de romper o seu casamento para viverem finalmente juntos e para sempre (a mesma promessa feita e não cumprida ao primeiro(a) cônjuge. 

O divórcio rouba dos filhos o pai e/ou a mãe, e, em muitos casos, até mesmo os dois; e dos maridos e esposas parte de si mesmo, como afirmou o Senhor Jesus: 


"Ele respondeu: "Vocês não leram que, no princípio, o Criador 'os fez homem e mulher' e disse: 'Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne'? Assim, eles já não são dois, mas sim uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, ninguém separe" [Mc 19.4-6].

O problema é que muitos alegam não terem feito uma boa escolha, mas, quem garante que não o farão novamente? Se os critérios de escolha fossem a observância da palavra de Deus, em oração e prudência, e não meramente a carnalidade (podendo ser simplesmente o impulso carnal), muita coisa seria diferente; inclusive, o poder para suportarem-se mutuamente nas várias dificuldades que haveriam de surgir.

De outra maneira, há crentes que se aventuram a um risco desnecessário, como se dispusessem a participar de uma "roleta-russa", ao casarem-se com incrédulos apostando na possibilidade de Deus vir a convertê-los um dia [leia 1 Co 7.16]. Conheço o testemunho de muitos irmãos e irmãs que escolheram esse caminho errado e pagaram um preço alto, as vezes resultando no divórcio e em um lar desfeito, em filhos que rejeitam o Evangelho exatamente pelo mau testemunho dos pais divorciados, entre outros tantos problemas². Eventualmente, Deus pode derramar a sua graça sobre o cônjuge incrédulo, convertendo-o, e pode valer a pena dizem, mas deixará para trás, quase sempre, um rastro de destruição e de incredulidade pelo caminho. Porém, não vale o perigo de ser a causa para o endurecimento ainda maior do coração incrédulo; e nada disso aconteceria se o cristão não se rebelasse contra Deus, não se dispusesse a ser independente ou autônomo, esperando que o Senhor "abençoasse" uma união biblicamente reprovável.

O adultério é apenas mais um pecado cometido pelo afastamento da vontade divina, a rebeldia que muitos dizem não ter mas têm-na dissimuladamente, uma forma de se omitir da responsabilidade, a principal causa e origem das outras péssimas escolhas que fazemos.

Infelizmente, o padrão vigente em boa parte da igreja e em boa parte dos cristãos atualmente reflete a sua adequação ao "estilo secular e mundano de vida", e o desprezo a Deus e sua vontade expressamente revelada, a qual finge-se não ler, saber ou existir.


Notas: 1- Não duvido da autoria do texto, de que seja realmente de John Wenham, por conhecer e confiar em quem o citou, o Eric N. de Souza, autor do blog "Outdoor Teológico", apenas não a confirmei.
2 - Tratei da questão do casamento misto na postagem "Pode o Cristão se casar com uma incrédula?"
3- É claro que, como calvinista, acredito que tudo, inclusive a rebeldia do homem, está dentro do decreto eterno de Deus, mas isso, de maneira alguma, eximi-nos da responsabilidade pelos nossos atos, logo, a desculpa de que Deus quis assim é apenas "furada", e coloca o seu proponente em mais uma categoria, a dos "infantes na fé", senão, dos cínicos. 

06 março 2015

Pequena reflexão sobre a 'injustiça social'"



Por Jorge Fernandes Isah


Andei lendo por aí, que a esquerda tem muito a dizer sobre injustiça social. Realmente, ela tem mesmo: justificar o porquê de, em nome da justiça social, cometer-se cada vez mais injustiça, ao invés de minimizá-la. Na verdade, eles precisam abandonar o "dizer", o discurso ideológico, e ver se fazem algo na prática, de fato. Um dos graves problemas da ideologia é colocar o homem no "mundo da lua", fora da realidade, como se o teletransportasse até um mundo mágico e irreal, aos moldes de Alice no País das Maravilhas. E, com isso, ele nunca entenderá o mundo real, e sonhará com um mundo utópico e impossível, onde acreditará fielmente (uma fé cega, diga-se de passagem) em contribuir com a injustiça aumentando-a sensivelmente. 

Quanto ao argumento de que a direita não se preocupa com a "injustiça social" e deveria fazê-lo politicamente, saliento que o objetivo do Estado não é paparicar grupo(s) ou indivíduo(s), mas sustentar a ordem institucional e legal de maneira que todos possam alcançar, pelo esforço e mérito próprios, seus objetivos, ao invés de distribuir privilégios aqui e acolá (normalmente aos alinhados ideologicamente com o governo). Acredito que a liberdade de mercado e o empreendedorismo são as melhores formas de se gerar "justiça social", seja lá o que isso represente, pois onde há uma economia forte e produtiva os níveis de pobreza e miséria são baixos, e onde cada vez mais há a mão forte do Estado, normalmente limitando a iniciativa privada e cobrando altos impostos, a proporção de pobreza e miséria aumenta em relação ao maior nível de intervencionismo. Um Estado menos interventor (e se levarmos em consideração que o governo administra mal e porcamente os recursos, a maioria dele servindo aos interesses do próprio governo) produz uma sociedade mais "justa", não no sentido de uma justiça igualitária, onde todos serão contemplados com os mesmos benefícios (algo utópico e irreal servindo apenas à manutenção hegemônica da ideologia, no caso, a marxista), mas onde as possibilidades do cidadão sair da indigência econômica são realmente factíveis. A história prova-o; e a mais recente... nem é preciso falar. 

Um detalhe: biblicamente, a responsabilidade de cuidar do próximo, dada pelo Senhor, foi à igreja e não as forças seculares, de maneira que há um desvirtuamento de propósitos quando a igreja transfere a sua prerrogativa bíblica para um Estado não-bíblico. É uma delegação invalidada pois está posto na incapacidade e desautorização da igreja em fazê-lo. Qualquer tentativa nesse sentido é desrespeitosa, negligente e insubordinada. Não compete à igreja subdelegar o que lhe foi expressamente incumbido pelo Senhor. Se uma igreja age assim, está em flagrante pecado. 

Ah!, apenas para não haver confusão, assim como na parábola do Bom Samaritano, há um dever individual de cada cristão no auxílio ao próximo, realizando-se concomitantemente com a sua participação na obra eclesial. Uma coisa não exclui a outra, e ambas fazem parte do mandato cristão.