22 agosto 2023

Estudo sobre a Confissão de Fé Batista de 1689 - Aula 15: Os Nomes de Deus - Parte 2




















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CAPÍTULO 2: DEUS E A SANTÍSSIMA TRINDADE

1. O Senhor nosso Deus é somente um, o Deus vivo e verdadeiro, [1] cuja subsistência está em si mesmo e provém de si mesmo; [2] infinito em seu ser e perfeição, cuja essência por ninguém pode ser compreendida, senão por Ele mesmo. [3] Ele é um espírito puríssimo, [4] invisível, sem corpo, membros ou paixões; o único que possui imortalidade, habitando em luz inacessível, a qual nenhum homem é capaz de ver; [5] imutável, 6 imenso, 7 eterno, [8] incompreensível, todo-poderoso; [9] em tudo infinito, santíssimo, 10 sapientíssimo; completamente livre e absoluto, operando todas as coisas segundo o conselho da sua própria vontade, 11 que é justíssima e imutável, e para a sua própria glória; 12 amantíssimo, gracioso, misericordioso, longânimo; abundante em verdade e benignidade, perdoando a iniquidade, a transgressão e o pecado; o recompensador daqueles que o buscam diligentemente; 13 contudo justíssimo e terrível em seus julgamentos, 14 odiando todo pecado, 15 e que de modo nenhum inocentará o culpado. 16 Deus tem em si mesmo e de si mesmo toda a vida, 17 glória, 18 bondade 19 e bem-aventurança. Somente ele é auto-suficiente, em si e para si mesmo; e não precisa de nenhuma das criaturas que fez, nem delas deriva glória alguma; 20 mas somente manifesta, nelas, por elas, para elas e sobre elas a sua própria glória. Ele, somente, é a fonte de toda existência: de quem, através de quem e para quem são todas as coisas, 21 tendo o mais soberano domínio sobre todas as criaturas, para fazer por meio delas, para elas e sobre elas tudo quanto lhe agrade. 22 Todas as coisas estão abertas e manifestas perante Ele; 23 o seu conhecimento é infinito, infalível e independe da criatura, de maneira que para Ele nada é contingente ou incerto. 24 Ele é santíssimo em todos os seus pensamentos, em todas as suas obras, 25 e em todos os seus mandamentos. A Ele são devidos, da parte de anjos e de homens, toda adoração, 26 todo serviço, e toda obediência que, como criaturas, eles devem a criador; e tudo mais que Ele se agrade em requerer de suas criaturas. Neste ser divino e infinito há três pessoas: o Pai, a Palavra (ou Filho) e o Espirito Santo; 27 de uma mesma substância, igual poder e eternidade, possuindo cada uma inteira essência divina, que é indivisível. 28 O Pai, de ninguém é gerado ou procedente; o Filho é gerado eternamente do Pai; 29 o Espirito Santo procede do Pai e do Filho, eternamente; 30 todos infinitos e sem princípio de existência. Portanto, um só Deus; que não deve ser divido em seu ser ou natureza, mas, sim, distinguido pelas diversas propriedades peculiares e relativas, e relações pessoais. Essa doutrina da Trindade é o fundamento de toda a nossa comunhão com Deus e confortável dependência dEle.


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Jorge F. Isah




OS NOMES DE DEUS NO NOVO-TESTAMENTO



THEÓS
Esta é a palavra grega que designa o nome deus, de uma forma genérica, podendo referir-se ao Deus bíblico como aos deuses pagãos. Ainda podendo se referir a toda pessoa que detém algum tipo de autoridade. Como o Senhor nos diz em João 10.34, referindo-se ao Salmo 82.6, em que Deus chama a "deuses" os juízes de Israel, aqueles que foram escolhidos para julgar retamente, mas o faziam injustamente, por isso, Deus os repreende.

Esta palavra abrange os designativos de Deus do Antigo Testamento, porém, faz-se necessário uni-la a outras palavras para definir corretamente o sentido que os autores do Novo Testamento quiseram atribuir ao termo, ou seja, ela sempre terá de estar acompanhada de uma outra palavra que a qualifique. Mas ela sempre trará em si as atribuições que os nomes do Antigo Testamento davam a Deus, no sentido em que foram escritas, como Todo-Poderoso, Governador e Redentor.

KYRIOS
Este título é atribuído a Deus no Antigo Testamento e significa "Senhor". É um título que Théos recebe, qualificando-o; de forma que ele se relaciona com os nomes Adon e Yahweh do Antigo Testamento, indicando que Deus é governador, possuidor de todas as coisas, cujo poder é inigualável, mas também é aquele que promete a redenção ao seu povo, o salvador.

Kyrios é o título tanto do Pai como do Filho, como do Espírito Santo. Interessa-me, porém, estudá-lo, especificamente, em relação ao Filho. Em Filipenses 2, lemos que Deus exaltou a Cristo dando-lhe um nome acima de todos os nomes. Ao cumprir fielmente a obra pela qual foi enviado ao mundo, a morte na cruz para remir, e dar a vida eterna àqueles que o Pai lhe deu [Jo 17.2] e que foram predestinados antes da fundação do mundo [Ef 1.4-5]. Ressurreto, Paulo nos diz que diante dele todos os joelhos se dobrarão e todas as línguas proclamarão que Jesus Cristo é o Kyrios. Este é, certamente, o nome que está acima de todos os nomes, apresentando o senhorio universal e inquestionável de Cristo, diante do qual todos estão sujeitos. Com isso, não estou a dizer que Cristo irá reinar, mas que ele já reina, não apenas nos salvos, mas em todas as esferas do universo físico e espiritual.

O mais fantástico é que bastaria apenas a análise deste nome para se ter a certeza de que Cristo tem a mesma essência e natureza divinas que o Pai e o Espírito Santo têm. Diante da afirmação de que Cristo é o Kyrios, nenhum homem poderia reconhecer a falsa doutrina unitarista. Mas como aprouve a Deus destruir a sabedoria dos sábios e aniquilar a inteligência dos inteligentes [1Co 1.19], há muitos grupos religiosos que se autodenominam "cristãos" mas que não reconhecem que o Filho é "a imagem do Deus invisível", em quem toda a plenitude habita [Cl 1.15,19].

Sendo a Bíblia a palavra de Deus, a verdade proclamada pelo próprio Deus, não há porque não crer no que ela expressa claramente. E o que ela nos diz a respeito de Jesus é que ele é um com o Pai, "o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa" [Hb 1.3].

Então, há grupos, entre nós, que acreditam possível crer em Cristo como Redentor mas não crer que ele seja Senhor. Infelizmente eles estão mais preocupados com o que poderá acontecer-lhes no futuro, do que com suas vidas presentes. Há muitos que afirmam não ser necessário nenhum tipo de regeneração, de santificação, pois a salvação é exclusivamente pela graça. Acontece que o sentido de graça por eles defendida é distorcido, implicando na negação de uma série de textos que afirmam ser necessário nascer de novo, ter a mente de Cristo, estar em um constante processo de santificação, a fim de se tornar a imagem e semelhança do nosso Senhor. 

Sem Cristo, como Senhor, é impossível se falar em graça e redenção. Não podemos compartilhá-lo e escolher apenas um dos seus aspectos. Afinal, não somos nós que o escolhemos, mas ele é quem nos escolheu. Portanto, se não o temos como Senhor de nossas vidas, também não o temos como Redentor. Não há como seccioná-lo; Cristo é uno em si e na união com a Trindade. Sem tê-lo não se tem nada. Se não se é servo, também não se é salvo. Quando se tenta anular um único ponto de sua essência e obra, não há graça nem perdão divinos, mas apenas uma fé morta em si mesma, como Tiago inspiradamente definiu [Tg 2.17].

O título Kyrios vem derrubar tanto a tese dos unitaristas como dos adeptos do não-senhorio de Cristo, pois ele reina sobre tudo e todos; pior para quem não reconhece o seu poder, glória, majestade e divindade, pois esses são súditos rebeldes, que não querem servi-lo, os quais estão destinados à condenação e ao fogo eternos. Ao contrário de nós, que fomos feitos servos e reconhecemo-nos como tais, dispostos a honrar e servir ainda que inutilmente ao nosso Senhor.

PATER
Outro título de Deus, e que nos foi dado conhecer por Cristo, é o de Pai. Ainda que Deus seja chamado de Pai da nação de Israel no Antigo Testamento, apenas através de Cristo pudemos nos reconhecer como filhos adotivos, de que temos um Pai. No Salmos 103.13, o salmista usa a analogia do pai que se compadece dos seus filhos para indicar que Deus se compadece dos que o temem. Não há uma alusão direta sobre a nossa paternidade, pois muitas vezes ela nos é transmitida por outros homens, como Abraão, Isaque e Jacó, que são os patriarcas, os quais são chamados de "pai" de muitos, de incontáveis indivíduos, aos quais Deus constituiria o seu povo.

Apenas no Novo Testamento, através do relacionamento do Pai com o Filho, é que tomamos o real conhecimento e entendimento da nossa filiação a Deus; não por nossos méritos ou por nossa vontade, mas pela vontade de Deus que nos constituiu filhos pelo seu poder e graça, por intermédio de Cristo [Jo 1.12-13].

E, maravilhosamente, este foi o desejo do Senhor Jesus que nos ensinou a chamar o Seu Pai de Pai, fazendo-nos também filhos como ele é. No Sermão do Monte somos exortados a orar assim: "Pai nosso...". Bendito o Filho que nos deu o Pai, e bendito o Pai que nos deu o Filho, e assim, formemos uma família baseada na relação eterna que eles têm entre si; e pela qual saímos da escravidão, do jugo do pecado, para sermos feitos filhos por adoção, e podermos clamar: "Aba Pai". Paulo utilizou essa expressão em Gálatas 4.6, juntando o nome grego Páter à palavra aramaica Abba [ambas têm o mesmo sentido de "pai", o que traduzindo seria "pai querido ou papai"] dando a ideia terna de proximidade entre o pai e seus filhos, de que participamos também  das coisas que o Pai reservou para o Seu Filho, Cristo, pelo qual somos herdeiros.

Reconhecer que Deus é Todo-Poderoso, Altíssimo, Soberano, Senhor, Governador, é fundamental, pois eles nos remetem aos atributos de Deus, à forma como ele se fez conhecer através da revelação especial. Mas, reconhecer que somos filhos, quando não há nada em nós que nos possa levar a sê-lo, apenas a graça, misericórdia e amor infinitos e eternos de Deus para com nós, deve nos encher de uma alegria também infinita e eterna; na certeza de que não há nada que nos possa fazer conhecê-lo mais intimamente do que a sua condição de Pai. De forma que reconheceremos tudo o que ele nos deu, e propiciou-nos ter, pelo amor com que nos amou e que excede todo o entendimento. Sejamos gratos, tendo em nós os mesmos sentimentos de Cristo [Fp 2.5], para que ele esteja em nós, assim como o amor com que é amado pelo Pai também esteja em nós [Jo 17.25-26]. E assim, através do Filho Amado, sejamos um com Deus, o Pai.
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Notas: [1] Aula realizada na E.B.D. do Tabernáculo Batista Bíblico 
[2] Por favor, se houver algum erro na inscrição em grego e latim no topo desta postagem, avise-me.

ÁUDIO DA AULA 15:

14 comentários:

  1. Simplesmente parabéns de novo. Continue nesse ministério importante e edificador.

    Um abraço.

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  2. Jorge! Helvecio! Que bom estar de volta depois dessas maravilhosas férias. Foi muito bom, tempo abençoado por Deus! Colocarei minhas leituras do blog em dia e já já volto a comentar.

    Abraços sempre afetuosos.

    Fábio.

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  3. Helvécio,

    obrigado, novamente, pelo gentil estímulo.

    Cristo o abençoe!

    Abração!

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  4. Fábio,

    muito bom tê-lo de volta das férias... férias, o que é isso? [rsrs]

    Senti sua falta por aqui, mas sei que foi por um bom motivo, descansar com a família.

    Ótimo retorno!

    Cristo o abençoe!

    Abração!

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  5. Querido irmão Jorge,

    Vou ser repetitivo, mas você é uma pesosa extremamente ética, sempre o foi, até mesmo antes de ser cristão...não posso ser menos com você dentro da nossa jovem amizade...

    Posso republicar esse excelente post em meu blog? só vai edificar todas as pessoas idependentemente de igreja, posição teológica, etc.

    Um grande abraço mais uma vez.

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  6. Muito bom Jorge! Até hoje não havia atentado para o fato de que a denominação Pai, essa expressão de maior intimidade com Deus, só aparece a partir do Novo Testamento. Foi o Filho que nos trouxe esta intimidade. Obrigado pelo esclarecimento.

    Abraço,

    Jairo

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  7. Helvécio,

    já lhe disse umas trocentas vezes que não precisa pedir para republicar qualquer texto meu, está previamente autorizado a fazê-lo, quando quiser.

    Apenas quero dizer que honra-me muito com isso. Assim como é uma honra tê-lo como amigo e irmão.

    Na paz do Senhor!

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  8. Jairo,

    É isso mesmo!

    Graças ao Pai que nos revelou o Filho, através do qual conhecemos e temos intimidade com o Pai.

    Grande abraço!

    Cristo o abençoe!

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  9. Cada vez fico mais impressionado com a capacidade (dada por Deus),que o irmão tem para escrever, desenvolver seus textos em linguagem bastante "entendível" .
    Aprendemos mais uma vez o quanto o Senhor é zeloso, detalhista e próximo, bem próximo, se revelando de forma bastante definida, concreta e amável.
    muito obrigado

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  10. Adilson,

    na maioria das vezes apenas reproduzo aquilo que me foi dado por outros irmãos, com os quais aprendi muito. Seja em livros, em pregações, em conversas... É claro que há sempre uma parte da gente naquilo em que fazemos, mas o mérito mesmo cabe a Deus que nos une em seu amor e graça, e aos irmãos capacitados por ele e que nos auxiliam a conhecê-lo e à sua palavra e vontade.

    Assim é o Corpo, um e outro e mais outro unidos no único desejo: glorificar a Deus e servi-lo, ainda que inutilmente.

    Parabéns pelo novo blog, "Posturas Bíblicas", que poderá ser acessado no link http://posturabiblica.blogspot.com/2012/01/postura-biblica.html#comment-form

    E pelo seu esforço e dos demais irmãos aí de São Luiz que se reunem semanalmente para estudar e meditar na Santa Escritura. É um trabalho que certamente colherá muitos frutos para a glória de Deus, mais ainda do que já tem produzido.

    Grande abraço, mais uma vez, meu amigo e irmão!

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  11. Muito edificante e pedagógico o seu blog, David (chará do meu irmão caçula)!

    Estive (bebendo) lendo um bocado por aqui e acabei de encontrar mais um manancial nesse deserto que é a Internet.

    Que o Senhor te amplie a visão e a motivação para continuar abençoando vidas com este trabalho.

    NEle, cuja Palavra não volta vazia.

    Elaine Cândida

    Blog: www.experimentejesus.org
    Artes: www.wix.com.br/experimentejesus/elainecandida

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  12. Elaine,

    como minha avó dizia: Mata o homem mas não troca o nome [rsrs]. Seria um prazer ser xará do seu irmão caçula, mas se tiver um outro irmão que se chama Jorge, ficarei honrado [rsrs].

    Seu blog está muito bom também. Parabéns!

    Abraços.

    Cristo a abençoe!

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  13. Mais uma ótima aula! Estou quase em dia com o conteúdo atrasado. Abraços sempre afetuosos.

    Fábio.

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  14. Irmão Jorge.
    Percebemos que atualmente não se ensina muito sobre atributos de Deus nas igrejas, na verdade, a coisa é distorcida e mostrada como se fosse: Atributos de Deus = Como ele pode nos servir.

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