31 janeiro 2011

Cristianismo, Estado e Justiça - Parte 3: separação entre Deus e governo civil?
















Por Jorge Fernandes Isah 

Há vários argumentos que são utilizados para a não aplicação da Lei divina no governo civil. Alguns alegam que o Estado é laico e, portanto, não tem de ter vínculo algum com religião alguma. Essa é uma grande conversa fiada, pois o Estado, a despeito de se dizer laico, age de maneira antireligiosa, como se fosse possível governar neutra e isentamente. O fato é que o Estado não é neutro, nem isento, e ao agir antireligosamente, em especial com relação ao Cristianismo, demonstra sua parcialidade, e o que é pior, uma autosuficiência que o coloca no lugar de Deus, como um ídolo, do qual até mesmo cristãos são adoradores. Vão dizer que não, o que simplesmente acontece é uma separação entre religião e Estado, mas, pergunto: quem autorizou essa separação? Em quais pressupostos ela aconteceu? Quem é o seu beneficiário?

Ao se fazer a separação arbitrária entre religião e Estado está-se tentando separar Deus do seu governo, como se fosse algo possível. Na verdade, o que existe é uma rejeição completa e total a qualquer idéia de Deus, mais detidamente o Deus bíblico, absoluto e Senhor de tudo o que foi criado e há no universo; e dessa forma o homem se considera autônomo, dono do seu nariz, independente de qualquer influência e autoridade divina. Quando o homem natural alega a “separação”, está a pensar e fazer algo que lhe é inerente, em sua corrupção, em seu senso moral caído, em seu prazer no pecado, ainda que esteja a dizer que não. Mas o que levaria um cristão a defender tal coisa? Ignorância, má-interpretação ou uma fé distorcida? Pode-se alegar que a história nos revela a nefasta ligação entre religião e Estado. Pode-se alegar que essa união nunca deu certo, e de que a “separação” é o melhor. O exemplo seria a teocracia islâmica, diria um defensor do laicismo. Mas pode o islamismo ser padrão moral e ético para um cristão? O próprio fato dos países islâmicos não serem cristãos, nem se pautarem na lei divina, já revela que seus princípios e premissas são falsos e o governo em si mesmo é falso e culpado em sua ilegalidade. Por ser uma mentira, um embuste, não pode ser parâmetro para um governo levado à cabo pela legitimidade da lei divina. Da mesma forma, o catolicismo não pode servir de medida comparativa. Assim como qualquer governo que se abstenha da lei para se livrar de Deus.

Apelar também para o efeito noético do pecado parece-me uma válvula de escape que não livra o homem de sua responsabilidade. Seria o mesmo que um ladrão justificar o seu crime porque não conseguiu resistir a possuir o objeto do furto. O objetivo é garantir a impossibilidade de aplicar-se a lei, não porque ela falha em alguma coisa; não porque ela não é o padrão verdadeiro de justiça; não porque haja algo melhor que ela; não que seja imperfeita em algum aspecto; mas porque somos incapazes de torná-la apropriada e eficaz em sua praticabilidade. Em linhas gerais, fazemos como os fariseus que ao tentarem se mostrar inocentes em relação aos seus pais que derramaram o sangue dos profetas, acabaram por encher as medidas deles, testificando serem filhos de assassinos [Mt 23.30-32]. Ao acusarmos aqueles que não foram capazes de governar adequadamente segundo o padrão divino, justificando assim a nossa própria incapacidade, enchemos as medidas deles ao nos tornarmos herdeiros do seu legado não-bíblico. E o que é pior, desconfiamos do poder de Deus para operar a verdade mesmo no mundo de mentiras; para impor a luz em meio às trevas; para trazer justiça onde impera a injustiça. Isso é sinal de descrença, mesmo para os salvos.

Alguém pode dizer: “Não tenho nada com isso! Não me envolvo em política, nem quero nada com política. Apenas me preocupo com a proclamação do Evangelho de Cristo. Que cada um seja responsável pelo seu próprio erro!”... Alguém duvida que o ato de Pilatos lavar as mãos, quando da condenação do Senhor Jesus, não o isentou do pecado e da culpa? E de que seus interesses pessoais o levaram a não decidir pela absolvição do Justo e Santo? Seria essa atitude perdoável diante de Deus? Pedro diz que Pilatos, juntamente com Herodes, os gentios e os povos de Israel se ajuntaram contra Jesus, que foi preso, crucificado e morto pelas mãos de injustos [At 4.27, 2.23]. O “lavar as mãos” me parece uma atitude mais soberba e covarde do que a falsa acusação e a condenação injusta, pois aquele deseja se fazer limpo quando está sujo até o pescoço.

Ainda alguém poderá dizer: “Mas Cristo morreu por nós! Somos culpados da sua morte, também!”, o que é verdade. Acontece que esse deveria ser, mais do que um motivo, o melhor motivo para não apelarmos para a omissão, para a subida em um muro imaginário onde estaremos negando fazer o certo, e o que é pior, desobedecer o mandato que nos foi entregue de salgar e trazer luz ao mundo. Ou é possível iluminar o mundo colocando a luz debaixo da cama ao invés de elevá-la, para que todos vejam? [Mt 5.14-15]. Isso é indiferença ou apelar para a indiferença em relação à vida política como se ela não influenciasse e determinasse como andará a sociedade e o mundo; implica em se dar as costas à injustiça, à imoralidade como se não afetassem a vida das pessoas, trazendo-lhes danos; quando o nosso não envolvimento apenas diz o quanto somos egoístas e mesquinhos, e o quanto nos esforçamos em manter um ascetismo que não existe. Pelo contrário, a negligência em relação à política nos faz maldição quando deveríamos ser bênção também na vida pública, de tal forma que não poderemos olhar para o próximo e dizer que o amamos, sem parecer hipócritas.


Como já disse anteriormente, o Evangelho é um todo; uma parte não ficou no passado e outra pode ser aplicada hoje, para, talvez no futuro, nada disso ser relevante para a igreja e para o mundo. É o mesmo que picotar uma folha de papel e jogá-la do topo de um arranha-céu em meio à tempestade, e após terminada, descer e recolher os pedaços. A chance da folha não ser mais restabelecida em sua inteireza é praticamente certa. Por isso, alegar que certas partes da Bíblia não são requeridas em nosso tempo é torná-la irrelevante em todos os tempos. Não somos nós que escolhemos o que se deve obedecer ou não na Escritura, mas o próprio Deus diz que ela é toda “proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça” [2Tm 3.16]; e, de outra forma, se ela pode ser aplicada individualmente o que impede que seja aplicada coletivamente? Ou estamos dispostos a guardá-la em nosso íntimo a fim de não sermos responsáveis por ensinar, redargüir, corrigir e instruir em justiça? E, também, não sermos ensinados, redargüidos, corrigidos e instruídos em justiça? Não estaria assim assegurada a manutenção da independência e autonomia em relação à Palavra? É possível se apelar para a irresponsabilidade, para o autonegar-se à obrigação, e não rejeitá-la?

A queda elevou ao máximo a corrupção da alma humana, ao ponto do homem ser capaz de cometer crimes inimagináveis para satisfazer o seu prazer maligno. Contudo, Paulo afirma que temos a mente de Cristo, pois “o espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido” [1Co 2.15-16]; e o novo-nascimento nos dá isso: a oportunidade de exercer sabiamente os princípios que nos foram dados por Deus. E esse poder não estaria nas mãos de um homem, ou de um pequeno grupo de homens, mas do Corpo de Cristo. Mas aí entra a questão da unidade... de que nós não pensamos igualmente, e de que há muitas interpretações díspares entre os vários grupos de cristãos. Acontece que a lei é objetiva e clara em seus princípios. O que se quer é relativizá-los ao ponto em que negá-la se torna a opção mais fácil dentro de um pensamento essencialmente humanista e antibíblico. E assim o homem acaba por tomar em suas mãos o destino daquilo que é certo e errado, à revelia do padrão de Deus, o único que seguramente definiu o que é verdade e o que é mentira, como a negação da verdade.

Um dos versos mais usados para defender a “separação” entre Deus e o governo civil é a frase proferida por Cristo aos fariseus e herodianos, quando lhe apresentam a moeda de tributo [1]: “Daí pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” [Mt 22.21]. Mas essa distinção que o Senhor faz não seria, exatamente, por que o governo de César era antibíblico? Ao meu ver, o Senhor está dizendo: se vocês, hipócritas, fossem obedientes a Deus, não seriam servos de César, nem a ele deveriam tributos. Mas já que a moeda tem a esfinge de César, devei a ele a liberdade perdida; pois se são devedores de César, o que dirá de Deus? Se tivessem dado a Deus anteriormente, não teriam de dar agora a César... Porque, assim Paulo também disse: não é possível haver sociedade entre justiça e injustiça? E comunhão entre luz e trevas? E concórdia entre Cristo e Belial? Ou parte entre o fiel e o infiel? [2Co 6.14-15]... Ainda mais contundentemente: é possível o consenso entre o templo de Deus com os ídolos? [v.16]. Nesse aspecto, me parece claro que Cristo não está defendendo uma separação entre Deus e o governo civil, mas entre Deus e um governo ímpio e idólatra, pois onde o Senhor não é reverenciado e glorificado não é possível haver comunhão. Porém, se o governo de César fosse nitidamente bíblico, Cristo proferiria a mesma sentença? E, por quê? [2]

Deus, quando estabeleceu a lei, queria que o homem fosse governado por ele em sabedoria, justiça e santidade. Por isso estabeleceu juízes em Israel, e eles, ainda que pecadores, levaram ao povo a justiça proveniente da lei. Ao desejarem um rei, optaram pelo padrão humano de governo [o totalitarismo e a idolatria ganharam forma no monarca], e o que vemos agora é o mesmo padrão sendo sustentado e defendido por cristãos, e assim como os judeus fizeram, desprezam o bom conselho de Deus. Mas será dito: “Nunca houve um governo justo! Somente Cristo trará justiça à terra!”... Sim, certamente jamais houve um governo justo, e Cristo é a própria justiça, mas não será que essa “realidade” não passa de um subterfúgio para acomodar a indolência no seio da igreja? E a igreja como o Corpo não se desvincular do seu papel ao ponto de não andar segundo a vontade do cabeça? Mas se tudo é determinado por Deus, do que está se queixando? Afinal, os governos atuais não são instituídos, sustentados por ele? Paulo não disse que são todos ministros de Deus?... É o que se pensa e diz; porém, o que isso nos exclui da obediência? Em qual lugar está escrito: Disse Deus: como decretei a desobediência, estais livres para desobedecer?... Ou, ao contrário, somos chamados à submissão?

As tentativas de se justificar tal atitude são muitas, desde a descontinuidade da lei na Bíblia até o seu desuso e arcadismo, como se o fato do homem considerá-la indigna de si [numa inversão de valores] a tornasse irrealizável em seu propósito eterno e imutável. Quando se abre mão de Deus e sua justiça, do governo de Deus sobre o homem em todos os aspectos e sentidos da vida, este deixa-se guiar por outros deuses e pela injustiça, o que revelará a desordem e a iniqüidade não somente dos seus "deuses" mas de si mesmo. Por isso a Lei tem de ser retomada; a moral cristã tem de ser retomada; valores como ética têm de retomar ao seu devido lugar na sociedade; pois será através deles que a justiça se manifestará efetivamente, de forma prática, não apenas como um sonho utópico e intangível ou possível apenas na eternidade [nesse ambiente, o amor poderá ser visto e sentido, não apenas idealizado], não entre suposições e incertezas relativistas que apontam para lugar nenhum e nenhuma efetiva ação cristã na sociedade.

Sem a ordem divina, através da Lei, seus ensinamentos, orientações e sanções, o homem não deixará de ser o naúfrago sem qualquer bóia salva-vidas, a se ferir até o sangue em meio a um cardume de vorazes tubarões.

Nota: [1] O sistema monetário romano incluía o denário (denarius, em latim, plural denaris), uma pequena moeda de prata que era a de maior circulação no Império Romano  [fonte: Wikipédia]. E isso me leva a crer que Cristo, ao indicar-lhes a esfinge de César, revelava que o produto da corrupção do povo e sua rebeldia contra Deus proporcionou que pertencessem a César, e assim fossem objetos da injustiça romana ao invés da justiça divina. 
[2] Ora, a “separação” que Cristo faz é entre os valores de Deus e os valores humanos; entre os princípios perfeitos e eternos de Deus e os princípios imperfeitos e temporais do homem; entre o santo e o profano; de tal forma que se dê a Deus o que é de Deus, honra, glória e louvor, por sua plena justiça; e aos homens o que lhes é de direito, ainda que esse direito seja fruto da injustiça.

29 comentários:

  1. Hummmm,

    Bom, bom... ou será boom! Hehehe ainda não li (como se deve) mas é o fim? Se for, farei as avaliações e comentários sobre seu excelente trabalho para poder (como sempre) crescermos naquele que é a
    Cabeça!

    Abraços, camarada

    Em Cristo.
    Esli Soares

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  2. Esli,

    acho que ainda não... ando com a idéia de esticar a série tanto como "Sexta-Feira 13"... aí, talvez, seja um boom! mesmo [rsrs].

    Realmente, ainda não sei. Tenho vontade de escrever mais duas partes, mas fico pensando se terei algo diferente a dizer, que acrescente ao que já foi dito. Portanto, o suspense durará até a próxima semana, acho.

    Agradeço por estar lendo, esperando por suas considerações.

    Grande abraço!

    Cristo o abençoe!

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  3. Ei irmão Jorge,
    Concordo com você em muitos pontos, outros são abordados de forma nova e instigante mas discordo da interpretação do "dai a César o que é de César" totalmente.
    Há duas coisas na vida de Jesus diferente da nossa vida:
    Primeira: Jesus não teria filhos como nós somos ordenados a ter ( enchei a terra, etc, etc) por razões bastante óbvias que nem se fazem necessárias aqui listá-las.

    Segunda:
    Jesus não entrou em nenhuma questão política, das quais não somos nem proibidos de entrar e lutar como de buscar o governo e nele fazermos o que deve ser feito segundo a vontade de Deus ( Jesus não interferiu nas questões referentes à escravatura, proibição da prostituição, pena de morte, aborto
    e a horrível face do eunucado ) não por omissão simples mas porque a sua missão era outra.
    Logo a distinção entre as coisas de Deus e as coisas da sociedade foram deixadas claras as seus discípulos. Eles estavam no mundo e deviam conviver com essa realidade circunstancial. Um abraço! Ih! acho que só vai como anônimo...

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  4. Helvécio,

    Você discorda de mim e eu de você! [rsrs].

    Quando se faz distinção entre Deus e o governo civil, essa distinção vem do próprio Deus ou de nós mesmos? Quando a Bíblia os diz que o governo civil é ministro de Deus para fazer a justiça, premiando os bons e punindo os maus, queremos dizer que o padrão de Deus não é bom? Ou simplesmente que ele não tem nada com isso?

    O homem natural se rebela o tempo todo contra Deus, e uma das formas dele deixar claro essa sua aversão a se submeter ao Todo-Poderoso é instituir um governo onde o Estado seja o centro, de tal forma que os homens se acham livres de Deus, mas não podem se livrar da escravidão que impõem a si mesmo via o Estado.

    Quando o Estado interfere em todas as áreas da sociedade, impondo seus valores e padrões, o homem recusou a liberdade que somente é possível em Deus. O que o Senhor quer é que sejamos governados por ele integralmente, em todos os aspectos da vida, e que as relações sejam todas guiadas pelos princípios e preceitos divinos.

    Portanto, entendo que Cristo quis diferenciar não o governo divino do governo humano [não é esse o cerne da questão que o Senhor levantou aos fariseus], mas revelar o estado de dependência e de sujeição que eles tinham em relação a um governo ímpio e idólatra. Como escolheram servir a César e serem amigos dele [vide a passagem em que eles confrontam Pilatos a, caso libertasse Cristo, seria considerado inimigo de César; revelando a "amizade" dos judeus com um governo injusto, ao ponto de ordenar a morte do Justo], eram inimigos de Deus. E Cristo sabia disso; ou não?

    Bem, de qualquer forma, se separarmos Deus do governo civil, é possível separá-lo de muitas outras coisas, ficando ao gosto do freguês onde Deus entra ou não. Aí, a ausência de moral e ética, por exemplo, no trabalho ou no casamento, também poderão ser apontadas como um campo fora do governo de Deus. Pois, se Deus [e o cristão como filho de Deus] não se mete em política, por que haveria de se meter na vida profissional ou familiar? Se está fora de um, por que também não pode estar fora dos outros?

    Bem, como não vejo assim, e não acredito que Deus seja omisso ou não onisciente em qualquer aspecto da realidade, creio que ele age em tudo, e tudo lhe pertence, mesmo aquilo que não queremos dar, mas que na verdade estamos tentando tomar.

    Grande abraço, meu amigo!

    Cristo o abençoe!

    PS: Desculpe-me a demora em responder, é que os dias ultimamente têm sido corridos.

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  5. Graça e Paz a Jorge,

    Me desculpe por não ter podido dar meus "pitacos" anteriormente. Ainda estou me recuperando, pois ao que parece não era uma gripe, mas uma pneumonia "atípica", minha esposa ficou na mesma situação que eu, pois é muito contagiosa.

    Quanto ao seu post, quero dizer que concordo com ele, mas penso que precisamos de uma parte 4, pois o assunto é muito complexo, e fica sempre a impressão de que faltou falar isso ou aquilo.

    Quanto a sua interpretação do "dai a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus", concordo contigo.

    É importante salientar que, particularmente, não defendo a união igreja/estado, até porque que "igreja" seria unida ao estado? O que defendo é a influência da igreja, como um todo, sobre o estado levando este a se submeter a Lei de Deus. E sinceramente se isso viesse a acontecer sabemos que o mundo seria um lugar bem melhor para se viver.

    Imagine que ao invés de um ladrão passar 3 meses na cadeia e depois sair para roubar novamente, ele tivesse que trabalhar forçado para ressarcir o proprietário do produto roubado, pagando quatro vezes o valor original? Ainda haveriam ladrões, mas eles pensariam mais algumas vezes antes de cair nessa.

    Imagine que ao invés de um estuprador passar 2 anos na cadeia e sair por indulto ou por condicional, para voltar a cometer o mesmo erro, ele fosse logo executado? A maioria dos cristãos tem ojeriza a pena de morte, mas esquecem que Deus não abrogou estapena. Geralmente levantam argumento individuais, como "e o não matarás??", mas Cristo concertou tudo isto, existem leis dentro da Lei que são de ambito governamental, outros de âmbito cultico, outros de ambito individual, mas todos são lei e como tal são preceitos morais.

    A maioria dos cristãos atuais são um bando de frouxos que não estão nem aí para o mundo ao seu redor e que se fecharam em um mundinho imaginário criado por seus lideres. "Enquanto não houver perseguição, o mundo que se exploda", parece ser a máxima deles, mas quando correm riscos de sofrer um pouquinho que seja, logo gritam esperando o "arrebatamento' como uma valvula de escape, esquecendo-se que muito do atual estado do mundo se deve a nossa própria negligência em se envolver em diversos assuntos.

    Vemos diversos lideres tendo que engolir o escreveram e disseram anteriormente porque agora estão vendo que a igreja tem que se envolver com politica, o problema não é o "casamento gay", mas o dizer "não" e ser preso por isso. Pode estar certo de que caso uma PL 122 chegue a ser aprovada, vai ter muito "paxxxtor" abrindo mão dos valores bíblicos só para não irem presos e ainda vão usar a desculpa de que devemos nos submenter as autoridades constituidas porque elas são ministros de Deus.

    Acho que desabafei demais,

    Fica na Paz.

    Ednaldo.

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  6. Ednaldo,

    fostes de uma gentileza para comigo quando sua esposa, no domingo, me ligou informando que você estava acamado, e não poderia opinar sobre o texto. Pensei num resfriado ou inflamação na garganta, mas agora, ao ler que foi uma pneumonia "atípica", preocupei-me. Graças a Deus que ao ligar, hoje, já o encontrei no trabalho, se não inteiramente recuperado, em vias de estar. Continuarei orando pelo pronto restabelecimento seu e de sua esposa.

    Quanto ao seu comentário... rapaz, muito melhor do que o próprio texto! É daqueles que não dá para não concordar, mesmo que se queira ser do contra [rsrs].

    Em tudo o que falaste, o que mais me preocupa é exatamente esse individualismo cristão travestido de piedade coletiva, onde as pessoas dizem amar ao próximo, dizem ter compaixão, misericórdia, etc, mas desobedecem ao próprio Deus, e, por conseguinte, não podem ser nada do que dizem ser. E ai, me pergunto: é possível haver amor, compaixão e misericórdia em meio à rebeldia? Sei não...

    Ainda acho que têm muitos que dizem se preocupar com o próximo, mas estão é preocupados consigo mesmos; por via das dúvidas, dá que se escorrega feio, e já imaginou a mão de Deus pesando através da sua lei?

    Creio que o nosso dever é continuar proclamando a verdade do Evangelho, não apenas uma parte, mas o todo. E façamos isso, para não sermos achados dormindo enquanto o sol vai alto.

    Grande e forte abraço, meu irmão!

    Cristo os abençoe; restabelecendo-o e a sua esposa rapidamente!

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  7. O Ednaldo roubou minhas palavras rs. Já disse quase tudo que eu tinha pra dizer.

    O Estado deve estar separado da Igreja, não da religião. Ambos, Estado e Igreja, devem estar submissos a Deus por meio de Sua Palavra.

    A questão do "Dai a Cesar o que é de César e a Deus o que é de Deus" é simples. O Jorge colocou explicou muito bem. E mesmo que essa interpretação não fosse a correta, o conceito não mudaria.

    Não se pode pegar fatos históricos e tomá-los como padrão. Esse é o erro dos pentecostais que usam os relatos do livro de Atos como se eles fossem regras.

    Também é o erro de muitos que rejeitam a pena de morte tomando como base o caso da mulher adúltera que Jesus não condenou.

    Ora, esse é o mesmo tipo de situação que a da moeda de César: estavam tentando fazer Jesus cair em contradição, mas Ele fez "o feitiço voltar contra os feitiçeiros" e os deixou sem argumentos. Não se pode tomar essas situações como padrão. Isso é um erro hermenêutico.

    Enfim, é isso.

    Paz a todos.

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  8. Tiago,

    o Ednaldo roubou até o que eu teria para falar [rsrs].

    Assim como o irmão, entendo que essa idéia de separar o governo civil da lei de Deus é diabólica, e somente pode subsistir aos interesses do diabo.

    Mas acho que já falei muito, e é bom ouvir os irmãos.

    Cristo o abençoe!

    Grande e forte abraço!

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  9. Creio que embora o foco de Cristo não fosse a política, ele lançou os fundamentos dela -- mais adequado seria dizer que ele é o fundamento de tudo.

    Ele chega a defender a pena capital no caso de maldizer os pais.

    "Porque Moisés disse: Honra a teu pai e a tua mãe; e quem maldisser, ou o pai ou a mãe, certamente morrerá. Vós, porém, dizeis: Se um homem disser ao pai ou à mãe: Aquilo que poderias aproveitar de mim é Corbã, isto é, oferta ao Senhor; Nada mais lhe deixais fazer por seu pai ou por sua mãe,
    invalidando assim a palavra de Deus pela vossa tradição, que vós ordenastes. E muitas coisas fazeis semelhantes a estas".

    Num caso inverso do tal "dai a César o que é de César, e dai a Deus o que é de Deus", ele diz que dar a Deus verdadeiramente é cumprir Sua lei, dando o que Ele manda dar a quem quer que seja. Obedecer Seus mandamentos é o verdadeiro dar a Deus. Já que ele critica quem invalida sua palavra.

    A discussão, como o senhor bem colocou, é "qual é o padrão para hoje?" Eu acho que certos argumentos anti-teonomistas são ruins (como esse do "efeito noético" e do "dar a César"), apesar de eu não ser teonomista.

    Embora eu creia que o termo "lei mosaica" se refira a um momento histórico que já passou, acho possível até agora, concordar com muito das práticas teonomistas. Uma vez que o NT muito se assemelha ao AT.

    O problema que enxergo nos não-teonomistas é que os vejo criticar a teonomia, mas não conheço critérios de justiças claros
    pelos quais eles se baseariam para criar leis.

    Abraços, Jorge.

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  10. De fato, também acho que os cristãos não podemos nos omitir de exercer influência em todas as áreas, inclusive na política e na cultura. Comentei isso num estudo que dei na minha igreja sobre o que é espiritualidade, e defendi que essa não se limita apenas a ida aos cultos e devoção particular (oração, jejum, leitura da Bíblia, cânticos). Afinal, Jesus diz que Seu povo é sal da terra e luz do mundo.

    Contudo, pergunto-me se a teonomia de Rushdoony e Bahnsen não está eivada de ideologia direitista americana que busca uma legitimação religiosa. Não estou querendo dizer que esses dois teólogos sejam desonestos, dissimulados ou inaptos para a ponderosa obra intelectual a que se propuseram, mas é que, muitas vezes, somos mais influenciados por certas correntes de pensamento do mundo ao nosso redor do que estamos dispostos a admitir. E nisto creio que, infelizmente, temos que dar a mão à palmatória: Karl Marx tinha razão.

    Por exemplo, um partido político protestante não deveria descartar tanto o socialismo quanto o capitalismo e propugnar pelo cooperativismo como o sistema ideal para uma sociedade cristã? Eis um bom tema para debate.

    Parabéns pelo 'post', Irmão Jorge! Estou devendo maior participação aqui, eu sei. Perdoe-me por isso. Um abraço!

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  11. Matheus,

    sabe que gosto muito dos seus comentários, e esse não é diferente.

    E concordo com praticamente tudo o que diz, e, inclusive, com a questão da indefinição quanto aos critérios claros de justiça.

    Bem, para mim, é toda a Lei, retirando-se a parte sacrificial/sacerdotal que foi realmente abolida pelo Senhor. No mais, permanece como está. Mas essa é uma "impressão" minha, pois não li quase nada de teonomia, e no que creio é pela revelação da Escritura. Mas se houver alguém que possa trazer luz sobre o assunto, por favor se manifeste.

    Grande abraço!

    Cristo o abençoe!

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  12. Vanderson,

    Não sei lhe responder sobre a influência ideológica da direita na teonomia dos autores citados, até porque li muito pouco deles. Quase não dá um livro de 150 páginas.

    Como disse ao Matheus, meu convencimento é bíblico, não advém da literatura teonômica, especialmente porque é um tema ao qual tenho me debruçado agora, e a falta de tempo tem me impedido de ler sobre o assunto. Espero diminuir a minha ignorância em breve, com a leitura de textos e livros.

    Quanto a Marx, não dou a mão à palmatória nunca! [rsrs]

    Bem, que tal você se encarregar dessa postagem sobre socialismo, capitalismo e cooperativismo? Vou lá no "Polemista Reformado" meter o pitaco [rsrs]... seria um grande tema a se debater.

    Você anda sumido demais, mas sei que os trabalhos de tradução são meticulosos e demandam muito tempo. Então, entendo. Mas somente até você terminar a tradução da T.S. do Reymond, depois disso, não será mais perdoado [rsrs].

    Grande e forte abraço!

    Cristo o abençoe!

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  13. Rushdoony chega a defender o pagamento diário, por enxergar isso na lei mosaica. Acho que os capitalistas de um modo geral não pensam assim. Por outro lado, não conheco tanto do Rushdoony para definir melhor as diferenças. Ele usa o termo capitalismo, mas é um termo amplo.

    Em todo caso, é mais fácil co-beligerar com os conservadores. Eles dizem respeitar os valores judaico-cristãos. Já os socialistas geralmente os desprezam. Além disso, a Bíblia defende a propriedade privada, de forma a tornar o socialismo impossível logo de cara.

    Conservadorismo e socialismo, enquanto não cristãos, são crenças falsas. Não posso dizer que Rushdoony está certo, por não saber muito sobre, só que convenhamos, alguns erros são piores que os outros -- como o socialismo.

    Até entendo que cristão se autodenominem conservadores (também é um termo amplo). É como me autodenominar anti-abortista num debate. Claro, eu tenho motivos puramente cristãos para sê-lo, mas os outros, por terem consciência, até dizem coisas utéis, e nós nos unimos, ou melhor, co-beligeramos contra um inimigo em comum.

    Mas eu também acredito que o cristianismo precisa de autonomia, (creio no tal do pressuposicionalismo) embora reconheça que alguns não-cristãos tem mais consciência do que outros.

    Abraços.

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  14. Jorge, você disse que a lei é clara em seus princípios...? Será?
    Se fosse não haveriam tantos debates.

    Achei interessante a frase de um comentarista que disse aqui mais ou menos que o pessoal cristão no presente se não for perseguido, o mundo então que se exploda... Risos... E logo ficam esperando o iminente arrebatamento e fogem da sua responsabilidade de encontrar soluções para o mundo e ocupar os espaços na sociedade e ensinar as nações.

    Acho que ele acertou plenamente.

    De forma até incosciente a igreja em sua grande maioria dispensacionalista e outros, acaba sendo escapista, egoísta e outras coisas mais...

    Acho que o comentarista (Ednaldo) deveria se autoapresentar para as doutrinas pós-milenistas... Risos... Iria encontrar um aprisco para as suas precisas conclusões (que são muito semelhantes).

    Ao Tiago, pergunto por que é um erro rejeitar a pena de morte a partir de uma interpretação extensiva e principiológica do caso da mulher adúltera?

    Ao Jorge, pergunto (já que ele faz tantas perguntas para os seus supostos opositores) baseado em que você acha que a lei deve ser interpretada principiologicamente e não adotar por exemplo o rito do apedrejamento para cumprir a sanção da pena de morte? Onde na Bíblia está a autorização para que a interpretação seja principiológica e não literal? (Em tempo, eu advogo também que a interpretação deva ser principiológica, mas quero ler sua resposta).

    ...

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  15. ...

    Outrossim, existe para mim (Não me aprofundei sobre o tema, pois não morro de amores pela temática da pena de morte) uma diferença de quando a lei diz que os homens deveriam retirar o cara para fora e o apedrejar e matar, de outros textos onde está dito que "... aquele que fizer isto e aquilo, certamente morrerá...". O "certamente morrerá" não está dizendo (a meu ver) automaticamente que o cara deva ser morto pelos seus pares, mas pode estar dizendo outra coisa (que Deus o matará justamente por isto em tempo oportuno, por exemplo).

    Na mesma linha também está escrito que no dia em que Adão comesse da árvore proibida certamente ele morreria, mas aprendemos depois que a morte não foi instantânea do ponto de vista físico (ele morreu na mesma hora espiritualmente, e iniciou processo de morte lentamente - envelhecimento a partir dali, mas em geral Adão continuou vivo).

    Sobre antinomia e teonomia... Bem, todos somos um pouco antinômicos e todos somos um pouco teonômicos.

    Quando alguém advoga a interpretação da lei de forma principiológica (eu penso assim), acaba advogando a antinomia do ponto de vista literal (Por exemplo, provavelmente o Jorge usa calça de brim com camisa de algodão, mistura tecidos portanto, eu mesmo já o vi vestido assim... E a lei proíbe tal prática - mistura de tecidos).

    Por outro lado a mesma pessoa que defende a lei de forma principiológica para hoje, é também por outro ponto de vista teonômico, pois está defendendo os princípios da lei para hoje inclusive.

    E assim vai...

    Até mesmo Jesus pregava de certa forma, posturas de antinomia (em relação a lei mosaica), pois disse, "lhes foi dito isto e aquilo..., eu porém vos digo..." e assim vai.

    Um abraço fraterno.

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  16. Mateus Mendes,

    Tem certeza que você não é teonomista? rs

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  17. Vanderson,

    A Bíblia defende a propriedade privada (Êxodo 20:15), o trabalho (2 Ts 3:10) e o lucro (Mateus 25:27). E esses são os pilares do capitalismo ético. Então podemos dizer que a Bíblia é capitalista.

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  18. Natan Oliveira,

    Começando pelo fim:

    Jesus jamais foi antinomista. Como legislador, Ele tem autoridade para alterar, abolir ou ampliar a Lei conforme Sua vontade.

    A interpretação da lei pode ser principiológica, mas não dessa forma extramente subjetiva e metafórica que você propoe.

    A lei exige a pena de morte para determinada atitude. O apedrejamento é somente o método. Na necessidade ou impossibilidade, ele pode ser substituíto por outro similar. Não são a esses detalhes técnicos que devemos nos prender. O ponto principal é a justa retribuição, e o exemplo público.

    Após contar a história do bom samaritano, Jesus disse ao doutor da Lei: "Vai e faze da mesma maneira." Isso significa que ele deveria procurar um homem que foi assaltado e espancado no caminho de Jerusalém para Jericó e cuidar dele? Claro que não. É o amor e o cuidado para com o próximo que Jesus quis ensinar, em qualquer situação.

    Acho que fiquei te devendo umas respostas em posts anteriores. Vou procurar e te responder em breve.

    Abraço.

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  19. Caro Tiago

    Boa resposta sobre Jesus e antinomia.

    Sobre interpretação poder ser principiológica, repasso a você a mesma pergunta que fiz ao Jorge, ou seja, onde está escrito na escritura que a interpretação pode ser principiológica?

    Bem... Sobre sua resposta de eu ser subjetivo e metafórico... Hummmm... Complicado atentar ao princípio sem de alguma forma ser subjetivo... Metafórico eu? Onde exatamente?

    Sobre a pena de morte, onde mesmo está escrito que o método (apedrejamento) pode ser substituído por outro similar? Me dê a referência bíblica.

    Detalhes técnicos? Hummmm... Ou é Lei ou não é Lei, e se está na Lei mesmo sendo um detalhe técnico, ainda é Lei e deve ser cumprido e não relativizado ou substituído (substituir o método do apedrejamento por outro mais "moderno" tipo cadeira elétrica).

    O exemplo do samaritano está do lado da minha tese, ou seja é um exemplo de aplicação principiológica.

    Mas como você não respondeu, eu pergunto novamente:

    - Por que você acha que é um erro rejeitar a pena de morte a partir de uma interpretação extensiva e principiológica do caso da mulher adúltera?

    Sobre as perguntas antigas... Esquece, eu nem lembro mais quais são... Risos...

    Abraço fraterno.

    Não foge da pergunta não... Não adianta me qualificar de subjetivo e metafórico e não responder a pergunta.

    Responda:

    1. Onde está escrito na escritura que a interpretação pode ser principiológica?

    2. Onde mesmo está escrito que o método (apedrejamento) pode ser substituído por outro similar? Me dê a referência bíblica.

    3. Por que você acha que é um erro rejeitar a pena de morte a partir de uma interpretação extensiva e principiológica do caso da mulher adúltera?

    Fica na Paz!

    Minhas respostas para as perguntas acima são:

    1. Vou esperar vocês responderem e depois lhes dou a minha resposta.

    2. Não está escrito em lugar nenhum.

    3. Não endendo que seja um erro e explico depois quem sabe, dependendo da resposta de vocês.

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  20. Matheus,

    outro ótimo comentário.

    Obrigado.

    Abraços.

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  21. Natan,

    você e suas perguntas... gostas mesmo de me colocar contra a parede [rsrs].

    Bom termo que você cunhou, principiológico... não havia lido ainda... bom, convenço-me pelo princípio, ora! [rsrs]. Na verdade, entendo o seguinte:
    a) a justiça cabe ao Estado, não à igreja ou às pessoas individualmente. O objetivo da lei era punir o infrator, e não necessariamente difundir um método de punição. Paulo em Romanos 12 fala de "espada" não de "pedra", pode ser [é apenas uma inferência] que Deus tenha mudado a forma de execução, indicando que o princípio continuava válido, mas o método poderia ser alterado. Mas é uma especulação...

    Outra coisa, não vejo respaldo para a sua afirmação de que Jesus era aninomiano, pois, ele não veio abolir a lei, mas elevá-la a um padrão moral ainda mais superior. Quando ele diz "lhes foi dito isto e aquilo... eu porém vos digo..." não aboliu o princípio, mas o validou interiormente, ainda que não fosse praticado e concluído exteriormente. Ao pensar em furtar ou em ir para a cama com a vizinha, mesmo que não tenha pegado objeto algum nem dormido com a vizinha, o simples fato de pensar em cometer o delito já o faz réu. Cuja pena não seria pela Lei, pois é impossível se cometer um crime que não se praticou, mas Deus, por conhecer nossa mente e pensamentos, nos condena, e como está escrito, diante do Tribunal de Cristo, todos eles serão revelados para nossa vergonha.

    Quando digo que a Lei é clara, ela o é em seus princípios e na sua praticabilidade. Quando diz que se causo prejuízo para alguém, devo devolver-lhe o objeto mais a quinta parte como um pagamento adicional pelo dano, não há o que discutir. É claro que tem-se de provar que o dano foi cometido, por isso o testemunho era tão importante naquela época, de dois, três ou mais... mas como seria hoje?

    Quanto a perguntar, é apenas um estilo retórico, muito usado por Agostinho [descobri que ele gostava dessa técnica ao ler Confissões; então, vou mantê-la}, e que também me ajuda muito a raciocinar o tema, pois são perguntas que faço também a mim mesmo.

    Grande abraço!

    Cristo o abençoe!

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  22. Tiago,

    obrigado por interagir e pela ajuda.

    Fique à vontade!

    Abraços

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  23. Paz a todos,

    Só um addendum.

    Devido ao distanciamento algumas coisas nos fogem por falta de conhecimento de alguns pontos da cultura religiosa do judaísmo do I século.

    Na época de Cristo, quando havia ensino por parte dos mestres (rabis) judeus eles geralmente faziam apelavam para a autoridade de outros mestres, ou seja, não falavam com autoridade própria, eles ensinava mais ou menos assim "O grande mestre fulando diz o seguinte sobre esta passagem, blá blá blá".

    Jesus por outro lado falava "como quem tinha autoridade", Ele não apelava para nenhuma interpretação anterior para autorizar seu ensino.

    O "eu porém vos digo" de Cristo, é a interpretação verdadeira intencionada a principio por Deus. Não é nenhuma mudança na "legislação", ainda que Cristo possuísse autoridade para isso.

    Só isso.

    Ednaldo.

    _____________________________
    P.S. Natan eu sou pós-milenista [rsrs]

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  24. Ir. Tiago Vieira, se por capitalismo entendemos um sistema sócio-econômico cuja lógica é a da acumulação de capital, então não se pode falar em capitalismo nos tempos bíblicos; nesse sentido, aliás, o próprio socialismo real da antiga Cortina de Ferro era na verdade um capitalismo de estado (conceituação que já era empregada bem antes dos eventos de 1989-1991). Lembro também que o cooperativismo não abole a propriedade privada nem lucro.

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  25. Caro Jorge

    Por isto que eu gosto muito de você e de seus escritos.
    Você é contundente, faz afirmações pesadas, mas depois quando erra, não tem a menor cara de pau (vergonha) de assumir que errou ou que especulou ou que não sabe alguma coisa ou que não leu tudo o que podia ter lido... Eu gosto disto.

    1. Na questão do Estado ter poder de “espada” eu tenho algumas considerações a fazer e que fico devendo, só antecipo que está falando de um Estado onde os líderes ou seja os “anjos” (ministros do Senhor) para executar a espada eram ministros tais como Nero, Calígola, Herodes, etc... É muito pouco para justificar para mim que os cristãos tem a obrigação de assumir o Estado e depois descer o porrete sobre quem discordar da Lei de Deus. Está mais para mim como ministros ímpios e meras ferramentas da ira de Deus, bem no estilo de Senaqueribe, Ciro, Edom em relação a Israel e outros casos onde Deus castiga quem merece ser castigado utilizando-se de ímpios para isto.

    2. Que você reconheça que especula quanto a possível mudança do método, de apedrejamento para outro mais palatável, é um notável sinal de humildade de sua parte. Tens a minha admiração por isto.

    3. Sobre o meu exemplo em dizer que Jesus foi antinômico... O Tiago já se encarregou de me corrigir e eu reconheci o erro. A explicação do Edvaldo foi melhor ainda e me submeto a ela. Mas... Isto não invalida a tese que eu estava tentando ilustrar que é o fato de que todos nós somos um pouco antinomistas e um pouco teonomistas dependendo do ponto de vista.
    ...

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  26. Caro Ednaldo

    Meu chapa você é dez... Você é pós-milenista!!!!! Isto é muito bom!
    Não estou só neste canto do mundo onde estes “elementos” tipo Jorge e Tiago, ficam me contrariando... Risos.
    Não é fácil pregar a “verdadeira escatologia” no meio deles... Risos...

    Bem... Jorge.. Já que você respondeu de certa forma, eu vou te antecipar a minha visão.
    Depois o Tiago que me corrija a vontade, desde que eu tenha direito a longas tréplicas coisa que no passado você não me permitiu.

    1. Onde está escrito na escritura que a interpretação pode ser principiológica?

    Resposta: A meu ver, explicitamente não está escrito em lugar nenhum, mas vejo isto nas entrelinhas quando Jesus disse que a Lei e os profetas se “resumiam” naqueles dois mandamentos principais (Não entendo que houve resumo, mas sim, que Jesus estabeleceu princípios fundantes para a interpretação da Lei, que passavam por amor a Deus e amor ao próximo). E noutras passagens também quando Jesus interpretou principiologicamente a questão do sábado, e também dos apóstolos quando falaram do real princípio dos alimentos, dias, festas, etc...
    ...

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  27. 2. Onde mesmo está escrito que o método (apedrejamento) pode ser substituído por outro similar? Me dê a referência bíblica.

    Reposta: Em lugar nenhum. Logo a lei ainda está valendo, argumentar que isto é detalhe como o Tiago tentou fazer, é complicado pois um j e um til da Lei é muito importante conforme Jesus ensinou, imagina então uma coisa como um tipo de sanção e ainda mais quando se trata do tipo de pena de morte.

    3. Por que você acha que é um erro rejeitar a pena de morte a partir de uma interpretação extensiva e principiológica do caso da mulher adúltera?

    Resposta: Vejam, eu entendo que Lei não foi revogada como um todo. Mas entendo que alguns “artigos” da lei foram sim abolidos, cumpridos, resignificados, ampliados, etc... pelos profetas, por Jesus e pelos apóstolos. Mas no que se trata da pena de morte, eu entendo que não foi abolido em lugar nenhum, e no caso do método (Apedrejamento. Mesmo levando-se em conta apenas os casos específicos como o Tiago ventila) também não foi abolido. Ambos os casos, pena de morte e apedrejamento, estão plenamente vigentes... Todavia o que Jesus tirou da mãos dos homens, da mão do Estado (Se é que o poder de espada signifique poder de matar em nome de Deus), da mão da igreja visível, e de quem quer que seja, quando ele disse “... quem estiver sem pecado que lance a primeira pedra...”. Logo a lei é vigente, o rito de apedrejamento é vigente, mas a legitimidade para o cumprimento da lei e rito foi retirada pelo Senhor e a ninguém atribuída. Logo é para mim um caso de impossibilidade de cumprimento da lei por falta de legitimidade para os candidatos a carrasco. O infrator “certamente morrerá” como diz a lei, mas compete ao Senhor dizer quando e por meio de quem (Caso use para isto de forma soberana a mão de “ministros do Senhor” tais como Calígola, Herodes, Senaqueribe e Nero o foram).

    Abraço a todos...
    Jorge
    Edvaldo (Graaaaande figura..... Risos...)
    Tiago
    e demais (se é que existe alguém lendo o que escrevo).

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  28. Natan,

    não conhecer ou ignorar alguma coisa não é pecado... acho que pecado é defender algo que não se conhece e ignora, muitas vezes por teimosia ou para manter uma determinada posição de autoridade ou intransigência. Deus me ensinou, e tem me ensinado, que além de miserável sou ignorante em quase tudo... na verdade, se ainda respiro é pela graça divina, pois se dependesse de mim já estaria sufocado há muito [rsrs].

    Bem, não defendi que os cristãos assumão o Estado; mas de que o Estado, para ser justo, não pode abrir mão dos princípios da Lei de Deus. O problema é que se entre nós, cristãos, a maioria não pensa assim, o que dizer dos ímpios que desejam ver-se cada vez mais livres de punições e sanções para terem seus "direitos" de iniquidade preservados? Aí é que reside o grande problema.

    Quanto a sermos um pouco antinomistas e teonomistas, sei não... para mim, quem não é teonomista é anti, então... mas se está falando dos cristãos que defendem a Lei apenas para o coração dos crentes, e não para o homem em geral, pela idéia de que ele é incapaz de exercê-la, esse não me parece um exemplo teonômico, mas apenas uma teonomia relativizada, que pode ou não ser aplicada, ao gosto de freguês.

    Grande abraço!

    Cristo o abençoe!

    PS: É sempre bom vê-lo de volta, em forma [rsrs]. Quanto a ter impedido-o de publicar seus comentários, não o fiz particularmente a você, mas a todos, em uma postagem que passou dos 100 comentários. Jamais impediria você de comentar aqui, pelo contrário, sinto é falta quando não comenta.

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  29. 1. Vanderson, o Rushdoony chega a defender o "ano de Sabbath".

    http://www.monergismo.com/textos/politica/visao-economia-rushdoony-mundo_ian-hodge.pdf

    Será que podemos chamá-lo de capitalista? Ele usa o termo. Mas pelo que parece, ele encara a propriedade de um modo muito diferente dos "capitalistas". É uma boa discussão isso das definições. Talvez o texto acima ajude em responder sua pergunta.

    2. Sobre pena de morte. Em Gênesis 9:6 diz que se deve derramar o sangue. Não sei se há textos mais claros. Mas é por isso que Clark considera injeção letal errada.

    Talvez seja um método brando demais. Além de falhar às vezes.

    3. Vale lembrar que os judeus estavam sob governo romano. Mesmo que a lei mande matar adúlteros, eles não poderiam fazê-lo sem autorização etc. Há versículos que dizem que os judeus não podiam executar pessoas conforme sua lei. Aliás, é o que eles dizem quando pedem ajuda a Pilatos.

    Abraços.

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