Por Jorge Fernandes
O último GP Brasil de Formula 1, trouxe-me a seguinte reflexão:
Diante do final surpreendente da corrida, culminando com Lewis campeão e Felipe quase, como se deu a ação de Deus?
Relembrando: Para o inglês ter o título, era necessário que terminasse em 5º lugar, independente da posição ocupada pelo brasileiro, 2º colocado no Mundial (não se pode esquecer do tempo instável em SP. Durante a prova houve momentos de chuva, o que modificou o desempenho de pilotos e carros). Faltando três voltas para o final, Lewis estava com a taça na mão quando o alemão Sebastian Vettel ultrapassou-o. Hamilton foi deslocado para o sexto lugar, e o Mundial passava às mãos do brasileiro, que ocupou a liderança durante toda a prova. Esta combinação dava:
Massa em 1º lugar;
Hamilton em 6º lugar;
Campeão: Felipe Massa
Quando tudo parecia resolvido, a pouco mais de 500 metros do fim da prova, Vettel e Hamilton ultrapassaram o alemão Timo Glock que ocupava o 4º lugar. Numa reviravolta inesperada, o inglês voltou a ocupar o 5º posto e, após a bandeirada, tornou-se o mais jovem campeão mundial, aos 23 anos e 9 meses. Aconteceu a combinação necessária:
Massa em 1º lugar;
Hamilton em 5º lugar;
Campeão: Lewis Hamilton.
Como fica a soberania de Deus numa prova em que o resultado foi alterado duas vezes, em questão de minutos?
Pode-se analisar o fato de algumas formas:
a) Deus não está nem aí para F1. O que definiu o campeonato foi o trabalho das equipes e dos pilotos.
b) Deus deu a vitória ao inglês.
c) Deus fez Massa perder.
d) A sorte ou acaso foi quem determinou o vencedor.
A Bíblia é clara em afirmar que Deus é soberano. Que tudo está sob o Seu controle, e nada pode escapar-lhE das mãos (Sl 10.14, 24.1, 115.3, 148.5; Rm 13.1; 1Co 10.26): “Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido” (Jó 42.2).
Você pode perguntar: o que tem Deus a ver com a F1?
Como soberano, Deus não pode ter controle apenas sobre algumas coisas, como as chuvas, secas, o nascer da erva, o trazer a neve e a geada (Sl 147.8-18), mas sobre tudo, absolutamente tudo: “Não se vendem dois passarinhos por um ceitil? E nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso Pai. E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados” (Mt 10.29-30). Portanto, todo o universo está sob o constante olhar do Senhor, e o Seu reino domina sobre tudo (Sl 103.19).
Por que a Fórmula 1 (por mais insignificante que seja) seria deixada ao “acaso” por Ele? Primeiro, porque não existe acaso. Esse é o típico jargão usado por aquele que não quer honrar a Deus, pelo contrário, quer desprezá-lO ou ignorá-lO. O tolo, que não O conhece, esconde-se neste tipo de artifício mental para revelar o que existe em seu coração: completa e total descrença, total e completa rebeldia a Deus.
Segundo, Deus zela por Sua glória, e jamais permitirá que ela seja transferida a quem quer que seja (Is 48.11), ainda que à inexeqüível e improvável sorte: “Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não darei” (Is 42.8). Paulo disse de Deus: “Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém” (Rm 11.36). Então, não há porque o Senhor negligenciar uma simples disputa numa curva no GP Brasil. Mesmo que jamais houvesse uma corrida em Interlagos, o autódromo seria alvo da soberania de Deus. Ele está ali com um propósito: glorificá-lO!
Mas como Deus pode ser glorificado por uma pista asfaltada?... Voltemos à corrida.
As chances de Lewis ser campeão eram maiores do que as de Massa. Isto é probabilidade matemática. Eram de 5 x 1 a favor do inglês. Alguns dirão que as chances de Massa eram maiores, pois havia vinte carros na prova e Lewis poderia terminar do 6º ao 20º lugar, o que daria a vitória a Felipe se terminasse em 1º, 2º ou 3º lugares, dependendo da colocação do inglês. Hamilton poderia sofrer um acidente (a torcida do Galvão Bueno e seus colegas chegaram à morbidez, ou seria sordidez?), ser desclassificado, ter uma “pane seca”, ou outro incidente que o fizesse abandonar a disputa. Mas, diante da capacidade de Lewis e da Mclaren durante a temporada, era pouco provável que isso acontecesse. Por isso, chega-se à conclusão de que as chances de vitória de Hamilton eram maiores do que as do Felipe; ele dependia apenas de si mesmo e do seu equipamento. Mas havia a chuva, o calor, as trocas de pneus, os reabastecimentos, e toda a parafernália que controlava o carro, que poderia falhar. Além do quê, Lewis poderia sofrer um mal-estar, uma tonteira, vertigem, queda de pressão, afetando o seu desempenho. Se verificarmos, cuidadosamente, são muitas as variantes que interferem no resultado. E pode o “acaso” cuidar de todas ao mesmo tempo? E, aleatoriamente, provocar um resultado que não desejou? Pode a sorte desejar, ou não desejar? Se cremos que pode, fazemo-la o nosso deus!... Porém, diz o Senhor: “Eu sou Deus, e não há outro Deus, não há outro semelhante a mim. Que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade” (Is 46.9-10).
A maioria dirá que o campeonato foi decidido pelo talento, esforço e capacidade do inglês. É verdade. Ele é hábil e treinado para dirigir um F1 como somente os melhores pilotos podem fazê-lo. Este é um talento que Deus lhe deu, a fim de se cumprir a Sua eterna vontade. Provavelmente, se eu treinar a vida inteira e for colocado no cockpit da Ferrari ou Mclaren não dará em nada. Apenas prejuízos para a equipe, para mim mesmo, para os outros pilotos... e o público, que veria um “roda-dura” imbatível (desculpem o trocadilho infame).
Então, é claro que Lewis fez por merecer a vitória. Mas Massa também não mereceria? Ambos não são grandes pilotos, estão em equipes de ponta, cercados da melhor tecnologia e patrocínios disponíveis? Por que a F1 não terminou empatada?... Porque não foi esta a vontade de Deus (Dn 4.35). Ele quis que houvesse um campeão: o inglês Lewis Hamilton. Por quê? Apenas posso responder que essa foi a Sua santa vontade, e que ela aconteceu como Ele havia decretado eternamente (mesmo os vários critérios de desempate presentes no regulamento da competição estão ali segundo o propósito divino). E ao cumprir-se, Ele foi glorificado. Alguém pode dizer: “bem, quem lhe garante que não foi o diabo que deu a vitória ao inglês?”. Eu lhe digo que, ainda assim, a soberania de Deus permanece intocável, pois Satanás é um servo dEle, e não é livre para fazer o que quiser, mas tem a sua vontade subordinada ao Senhor (Jó 1.12; 2.6). Assim como todas as criaturas do universo, justas ou não, puras ou não, servem aos propósitos de Deus. Mesmo que o diabo tenha dado a vitória a Lewis, não o fez sem que a vontade do Senhor estivesse manifesta. Não uma mera constatação, como o pai que após anos tentando fazer do filho um craque de futebol percebe enfim que ele não passa de um perna-de-pau. Algo completamente alheio à sua vontade; que apesar do esforço, do investimento em tempo e dinheiro, vê cair por terra os seus intentos. Deus não é um expectador que se surpreende com o final do filme. Como roteirista e diretor é Ele quem determina como será o final. E nada, nem ninguém, seja eu, você, ou o próprio diabo, poderá frustrá-lO.
Então, ao lembrar-me das vitórias do Airton Sena (quando eu era um descrente), não me aflige mais a antipatia que nutria por ele. Sei que cada pole-position, cada volta rápida, cada pódio e campeonato foram traçados e planejados meticulosamente por Deus, e cumpridos ao seu tempo. Resta-me apenas render-me à Sua soberania, sabendo que “o caminho de Deus é perfeito; a palavra do Senhor é provada; é um escudo para todos os que nele confiam” (Sl 18.30).
Na F1, seja com a vitória do Massa, Lewis, Kubrica, Alonso ou outro piloto, Deus está no controle, tudo foi criado por Ele, Seus propósitos cumprem-se e cumprir-se-ão infalivelmente, e nada foge-lhE ou contraria a vontade. Seja na alegria de uns ou na tristeza de outros, sabeis “que o Senhor é Deus; nenhum outro há senão ele” (Dt 4.35).
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