24 julho 2008

CULPADO

Por Jorge Fernandes

O pão a seu pai;
O grão à terra;
Vida e morte;
O campo se pesa;
Recolha-se os filhos;
A boca a comer,
Fartar-se do que não juntou,
Antes do sol se pôr.

Desce ao seu lugar em roupas novas,
O coração lacerado,
O choro como lavoura sem sega,
Nada sobra,
Nem se buscou,
Diante dele o silêncio,
O ai! de dor é quase um alívio.

A palavra amorfa caída entre o vazio da manhã,
O pouco da velhice restou,
Esteve conosco no pedaço desarraigado,
O desastre lhe coube,
Em vestes rasgadas no corpo sem perdão,
Se ausentou,
E não o tenho visto até agora.

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