22 março 2011

Fragmento de um diálogo sobre algumas coisas e outras também













Por Jorge Fernandes Isah

Ontem estava escrevendo um longo texto e por uma daquelas coisas que somente Deus pode explicar, perdi-o [ainda que eu saiba que foi por lerdice e descuido meu]. Tentei de todas as formas recuperá-lo, porém sem sucesso. Apelei para irmãos e amigos, nada! Como minha oração, sempre antes de escrever, é para que Deus seja glorificado pelo texto, crendo na sua soberania e providência, confortei-me com o fato do Senhor querer que eu o melhorasse ou simplesmente não o escrevesse. Ainda não me decidi a reiniciá-lo, nem sei se o farei, porém, certamente, não era da vontade divina que fosse postado hoje. E aceito sua decisão como santa e perfeita; o melhor para mim mesmo e os leitores.

Como os meus textos emergenciais se esgotaram [uso-os para o caso de não produzir algo novo, arquivando-os nos momentos de "vacas-gordas" para desarquivá-los nos momentos de "vacas-magras"], reproduzirei parte de um diálogo, que pode ser considerado alternativo. Foi travado com um irmão, a quem sou grato pela amizade e por nossas esparsas mas sempre edificantes conversas. Espero que ao ler e se identificar como o “irmão B”, ele entenda que mais do que um "tapa-buraco" é também uma forma de homenageá-lo, no que vinha cogitando há algum tempo. Por isso, mantê-lo-ei em sigilo, ainda que possa ser descoberto [não lhe pedi autorização para publicar o nosso bate-papo], e algumas modificações no texto foram necessárias para mantê-lo no anonimato. Orando para que o bom Deus seja glorificado.

Vamos à conversa!

FRAGMENTOS DE UM DIÁLOGO

Eu: Você conhece o Instituto Ronaldo Lidório? Acho que é assim que se escreve, especializado em literatura e filosofia medieval?
B: Conheço não. Tem site?
Eu: Mandam sempre letters para mim com promoção de livros... Os títulos são interessantes, mas queria saber se são confiáveis... Parecem escolásticos... Estou tentando achar o link, mas está perdido no meu "lixo" [rsrs]
B: rsrs...  Acho que vale ler escolásticos. Não todos [o que é impossível], nem muitos. Mas alguns, sim... Aquino, por exemplo. Eu tenho respeito por parte da tradição católica... Não por suas heresias, claro!... Mas eles são bons em história e filosofia... Tanto quanto a razão sem redenção pode ser [mas você sabe que creio que mesmo o católico pode ser salvo, ainda no catolicismo].
Eu: Li o livro do Étienne Gilson, o Filósofo e a Teologia... Gostei demais! Ele é escolástico, faz uma defesa de Aquino; mas uma defesa apropriada da Escritura e da teologia cristã sobre todas as demais ciências.
B: Eu não diria que ele é escolástico, mas tomista.
Eu: Até já comprei outro dele, da Paulus, baratinho no Submarino; onde ele comenta as divergências entre Aquino e Agostinho.
B: Mas é por aí.
Eu: Não é a mesma coisa? Escolasticismo [1] e Tomismo? [2].
B: Não. O escolasticismo é aquela escola medieval. Os tomistas podem ser escolásticos no método ou simplesmente seguidores, mais ou menos de perto, de Aquino.
Eu: Achei que tomista fosse algo derivado diretamente de Aquino, como Calvinista de Calvino, etc
B: E os escolásticos tinham divergências gritantes entre si. É mais o método medieval de filosofar que uma linha específica... Tomista sim. Escolástico não. Tomás é só um dos escolásticos.
Eu: Ah... pois o Gilson é tomista então... Defende Aquino com unhas e dentes.
B: Este livro do Gilson aí me interessou.
Eu: Achei o link... é Raimundo Lúlio... nada a ver com Lidório... O livro é muito bom. Dê uma chegada no meu blog de livros... Fiz alguns comentários... Bem, nada que possa animá-lo.
B: Falaram muito bem desse livro que você está lendo.
Eu: Já terminei.
B: Quero ler também, mas pensei no de Agostinho versus Tomás.
Eu: Está no lacre. Ainda não li. Mas posso dar uma folheada e lhe contar mais ou menos o teor.
B: Curti. Manda ver
Eu: Ok. Mas compra o Filósofo e a Teologia... Você que entende do negócio vai gostar muito mais... Eu, que não entendo, gostei tanto que quero comprar outros livros do Gilson.
Eu: Vai o link do Raimundo Lúlio . Se puder dar uma olhada e depois me dizer o que vale a pena comprar,  ficarei muito grato.
B: Nunca consegui ir muito longe... na Introdução a Agostinho... Sempre paro no meio do livro. Mas é muito bom.
Eu: De qual editora?
B: Peraí... Paulus... Humm... Não deu vontade de nada ali no site que você indicou...  Achei que eles editassem os medievais.
Eu:O que comprei do Gilson e ainda não li é Por que São Tomás criticou Agostinho... Rapaz, a Introdução a Agostinho é do Gilson! Pena que esteja esgotado... mas vou ver se encontro na Estante Virtual.
B: Esse sei que é bom.. Esse também do "Agostinho x Tomás de Aquino" parece ser legal... Só não concordo com a premissa de que o que há de ser questionado no pensamento de Agostinho advém de uma fonte não cristã... Em contraste com a fonte de Tomás. Ambos beberam de fontes não cristãs.
Eu: O Étienne é um cristão. E deve analisar pelo ângulo da teologia cristã.
B: Sim, mas é um cristão tomista, que vê em Tomás a síntese perfeita... Cara, já leu Schaeffer?
Eu: Isso é verdade... Sim. Tenho uns quatro livros dele. Mas li a maior parte quando ainda era recém-convertido. Certamente perdi muita coisa... Mas estou para relê-lo. Depois que fizer uma limpa na fila [rsrs]... E tenho de parar de comprar livros... Mas é quase uma doença compulsiva... Uma obsessão [rsrs]
B: Meu, leia! Leitura obrigatória para entender o problema da síntese.
Eu: A trilogia que começa com O Deus que intervém?
B: Problema do qual nem o mestre escapou [Agostinho], embora sua síntese seja a mais harmônica possível... Talvez porque Platão fosse melhor que Aristóteles! rsrs.... São esses livros mesmo.
Eu: Tenho a trilogia. Vou colocar na lista de prioridades... Interessante que o Gilson diz que Aquino não era aristotélico... Como todos dizem que ele era.
B: Mas era. Obviamente não de todo. Como Agostinho também não era de todo platônico.
Eu: Bom saber essas diferenças... Agora só terei de ler Platão e Aristóteles para descobri-las [rsrs].
B: rsrs... Não precisa. Ler um pouco sobre eles já ajuda. Eu nunca li Aristóteles. Já li Platão. E gostei muito.
Eu: Comprei o Apologia de Socrátes... É pequeno, mas ainda não li. Vou ver se faço isso esta semana ainda.
B: É muito bom esse... Mas lembre-se apenas que não é literatura cristã!
Eu: Conversando com você e mais alguns irmãos, vou acabar virando filósofo sem ter de passar por uma faculdade.
B: rsrs... Bom! Muito bom!... Precisamos de filósofos cristãos.
Eu: Claro! Gosto de teologia, mas leio romances seculares, culinária, história... E, agora, filosofia!
B: Culinária, é?... Curto muito!
Eu: Sim. Também. Falta-me tempo e meios... Sou chato. Quero tudo do melhor. Então, me limito na prática... Bem, tenho de ir. Depois, nos falamos mais. Abraços.
B: Abração!


Foi realmente um bom papo; e espero que Deus nos possibilite ter outras vezes.

Notas: [1] Escolasticismo é o exercício da atividade racional (ou, na prática, o uso de alguma filosofia determinada, neoplatônica ou aristotélica) com vistas ao acesso à verdade religiosa, à sua demonstração ou ao seu esclarecimento nos limites em que isso é possível... o fundamental é levar o homem a compreender a verdade revelada.
[2] Tomismo são os fundamentos da filosofia de Tomás de Aquino, conservados e defendidos pelas correntes medievais e modernas que nele se inspiram. Especialmente em sua relação "razão e fé", que consiste em confiar à razão a tarefa de demonstrar os prâmbulos da fé, de esclarecer e defender os dogmas indemonstráveis e de proceder de modo relativamente autônomo(excetuando-se o respeito das verdades de fé que não podem ser contraditas) no domínio da metafísica e da física. [Fonte: "Dicionário de Filosofia" - Nicola Abbagnano]

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05 março 2011

A ética do velho-oeste

             














Por Jorge Fernandes Isah

                 Muito se fala em ética, hoje em dia, mas acho que poucas pessoas a relacionam com a lei e com a moral. Há até mesmo uma idéia de que ela pode prescindi-las, chegando ao cúmulo de ser equiparada a um simples pensamento, como uma maneira pessoal de melhor se relacionar e conviver na sociedade, sem contudo ser aplicável. É mais ou menos como um homem feio achar que cortar os cabelos e fazer a barba tornará a sua aparência melhor, quando a falta dos pêlos apenas ressaltará ainda mais a sua feíura. Porém, isso levaria a uma confusão ética, pois uma ética individual pode mesmo ser uma anti-ética, já que estará baseada no subjetivismo, à mercê de elementos como o desejo, intenção, preferência, etc. Esse tipo de distinção é falacioso, pois não há diferença entre a ética pessoal e a social, visto toda a conduta individual ter um significado que afetará tanto o indivíduo que decide quanto as outras pessoas que não tiveram o poder de decisão mas serão atingidas por ela. Portanto, é necessário que a ética esteja vinculada a um padrão. Como o homem é caracteristicamente um ser social, as decisões individuais terão, na maioria das vezes, implicações na sociedade. Mas qual seria esse padrão? E, ainda, pergunto: é possível haver ética sem moral? E moral sem um corpo legal que a estabeleça? Ao meu ver, isso é impossível, especialmente no Cristianismo.
                  Primeiro, tem-se de definir o termo: o que é ética? Segundo o Michaelis: 
Ética - sf (gr ethiké) 1- Parte da Filosofia que estuda os valores morais e os princípios ideais da conduta humana. É ciência normativa que serve de base à filosofia prática. 2- Parte prática da filosofia social, que indica as normas a que devem ajustar-se as relações entre os diversos membros da sociedade.
                   Outra definição seria: "Ética é a pesquisa da natureza moral do homem com a finalidade de se descobrir quais são as suas responsabilidades e quais os meios de cumpri-las. A ética compartilha com outros empreendimentos humanos a busca da verdade, mas distingue-se deles na sua preocupação com aquilo que o homem deve fazer, à luz da verdade desvendada. Ela não é simplesmente descritiva, mas também prescritiva no seu caráter" [1].
                  Nossas decisões e valores serão influenciados por um padrão normativo, seja a moralidade, a falsa moralidade ou a imoralidade. Para um cristão, o aborto é algo imoral e anti-ético; para um abortista não é mais do que uma opção possível, dentro de uma moral e ética deturpadas.
                Então, repetindo a pergunta: qual o padrão a se usar?
           Para nós, e o restante da sociedade, deveríamos baseá-la na perfeição e santidade divinas, o padrão moral máximo pelo qual o homem rejeitaria valores abomináveis e ofensivos a Deus e, por conseguinte, ao próprio homem.  E esse padrão está no código moral divino, a sua lei, dada a todos os homens sem exceção. Mesmo um não-crente será favorecido por ela, ao ponto de poder viver tranquilo e em segurança, sabendo que qualquer infrator receberá a pena justa na proporção do crime comentido. Isso seria o mais próximo que a Bíblia revela de algo que chamamos erroneamente de graça comum; mas que em nada agracia o bandido.
                  Portanto dizer que a ética não é derivada da moral e da lei, é dizer que não há ética, pois quem estabelece o sistema pelo qual ela existirá é exatamente a lei e a moral.
            O mundo evoca a todo instante um relativismo e um pluralismo visando  aniquilar a moral e a ética como absolutos; como um sistema de valores pelos quais a sociedade decidirá e julgará através das escolhas corretas, baseada na verdade, a qual é o próprio Deus; revelando e dando-a através das Escrituras, a sua palavra fiel, inerrante e infalível, para que o homem viva ordeiramente no mundo. Assim, em sua justiça, retidão e santidade, a lei de Deus é transposta como o padrão perfeito de ética e moral para todos, de forma que os justos serão beneficiados por ela, pela justiça que ela traz, e pelo prazer em segui-la; enquanto os injustos serão punidos por ela, pela igualmente justiça que ela traz, a qual rejeitam deliberadamente. 
             É claro que, por causa da queda e do pecado, o homem sempre quererá e buscará, ou se inclinará, a tomar as decisões que são opostas ou contrárias a Deus e sua lei, e também contrárias ao seu semelhante. Em muitos casos, se aglutinarão em grupos onde se defenderão, em busca da não observância da ética cristã, em flagrante oposição aos princípios bíblicos, num sistema corporativista onde o indivíduo é privilegiado em sua sanha de pecar e infringir a lei divina sem qualquer sanção ou restrição.
           Em muitos casos, os cristãos, aqueles que deveriam defender os valores morais e eticamente bíblicos, também se opõem a eles, reservando-se em grupos igualmente antinomistas, os quais consideram possível guardar a lei apenas em seus corações e assim estarem distantes do seu justo julgamento. No fundo é um habeas-corpus preventivo, as avessas, onde o infrator tem assegurado o livre trânsito social para cometer todos os tipos de crimes, além de um salvo-conduto para aterrorizar, perseguir e vitimar inocentes, trazendo-lhes perigo real e imediato, numa espécie de orgia pavorosa; onde o pecado pode ser livremente cometido, disseminado, e até mesmo estimulado, ensinado e defendido como o padrão de liberdade alcançada pelo homem em que se reconhece unicamente a auto-satisfação, a qual é a referência de si para si mesmo; e nisso, a comunidade será sempre a primeira e a última a pagar o alto preço por sua própria conivência com a impunidade; onde o pecado é consagrado no altar do individualismo. Estranhamente, sem que se perceba, enclausurado está o indivíduo, vitima do próprio individualismo; a marca mais resistente do pecado a destruir-lhe a alma.
              Este é o caráter máximo da não observância da lei e da ética: a liberdade que se busca em pecar sem qualquer sentimento de culpa, sem qualquer coerção, de tal forma que o amor ao próximo será um amontoado de palavras vazias, pois o não se subordinar a ele [no sentido de que o amar a Deus e ao próximo o disporá na posição de dependência e humilhação] o colocará na condição ilusória de apelar à autonomia de que até mesmo o amor deve-se sujeitar à liberdade pessoal de fazer o que se quer e como se quer, sem o menor constrangimento, sem qualquer tipo de sujeição ou obediência a Deus. Partindo-se do princípio de que não existe autonomia, mas uma tentativa frustrada de se tê-la, chega-se facilmente à conclusão de que o amor pelo qual se apela também é utópico.
            O grande dilema de muitos cristãos é imaginar que Deus somente pode ser obedecido pelo eleito, e de que o não-eleito estará livre para desobedecê-lo explicitamente; o que pode nos colocar na situação embaraçosa de não exigir dos outros que se dê a devida honra a Deus, e assim reconhecer a nossa própria dificuldade em também fazê-lo. Ora, Deus é Senhor de todas as coisas, e tudo está sujeito a ele, quer se queira ou não, e a ordem é para que todos, sem exceção, sejam obedientes e cumpram seus mandamentos. Como muitos cristãos resguardam-se a si mesmos o direito de pecar, considerando-o algo normativo e usual [interessante o número de crentes a afirmar a impossibilidade de não pecar, quando isso deveria ser uma vergonha para qualquer um], de certa forma essa impossibilidade é transferida para os ímpios como algo natural e do qual nada podem fazer. Realmente, não se pode acrescentar coisa alguma ao que já é perfeito, a lei, como o limitador, o inibidor da maldade no homem natural. Se temos o Espírito Santo e a lei a nos orientar e interferir em nossa vontade de maneira que não pequemos, aos não-eleitos resta-lhes apenas a lei como freio, na qual os seus destinos encontram-se eterna e definitivamente selados.
              O fato é que a pretensa autonomia não existe, e nada mais é do que o homem encontrando um jeitinho de permanecer escravo por meio de um sistema de valores não-cristãos que lhe dará a falsa idéia de estar livre de Deus, quando mais do que nunca ele está preso ao que lhe pode ser mais danoso: a insubordinação e a rebeldia contra o Senhor. E a consequência será a condenação eterna pela mesma lei que teima em transigir e desprezar.
             Por se ter vários tipos de ética, e o homem estar sujeito a elas, as quais são injustas e falhas em suas premissas de salvaguardá-lo a partir da desordem em si mesmo, o resultado será a imperfeição a serviço da imperfeição, dentro de uma relatividade em que o senso cultural e temporal do conhecimento humano, que poderá abastecer-se no passado de práticas falidas que ressurgem não como esperança, mas como afronta à dignidade humana, e, primeiramente, um insulto ao próprio Senhor; converter-se-á na busca infrutífera pela verdade, distanciando-se de modo que encontrá-la será encaminhar-se à completa impossibilidade. O passo seguinte é satisfazer-se em tornar a mentira numa aparente verdade, como se possível fosse buscar em nós mesmos aquilo que somente pode existir no Deus vivo e verdadeiro, e que é a sua essência. Quando esse princípio é abandonado, o homem se torna na própria farsa; de criá-la com o propósito do auto-engano; num esquema em que a realidade não pretendida é o resultado do processo pelo qual a irrealidade desejada não se concretiza. Guardadas as devidas proporções, seria o mesmo que deixar uma matilha de lobos cuidando das ovelhas, na expectativa de que nenhum mal recaía sobre elas. Haverá sempre a busca insensata de se burlar, de falsear a verdade e ver-se livre da moral e ética bíblicas.
                 Podemos citar, como exemplo, a ética marxista que na verdade é a não-ética, pois para eles tudo é possível, até os mais hediondos, reprováveis, imorais e ignóbeis atos a fim de que a revolução seja vitoriosa. No processo revolucionário tudo é possível, menos a moral e a ética. E como eles, muitos cristãos estão a se misturar e a sujar as mãos no sangue dos santos, imbuídos de uma luta na qual serão também vítimas [se já não são], pois servem apenas de “escada”, de trampolim, para que se atinja o poder e, então, os tolos serem sumariamente descartados; ou, ainda pior, se juntarão definitivamente em suas fileiras imorais e pervertidas sem nenhum peso na consciência ou escrúpulo, pelo contrário, com a certeza do dever cumprido em nome da “causa” que inadvertidamente supunham ser de Deus.
             Há éticas de todas as formas e para todos os gostos: existencialista, utilitária, naturalista, etc, mas todas como conseqüência da rebelião, da rejeição do homem natural a Deus; que se quer ver livre de qualquer padrão justo e santo, assim como o porco se refestela na lama, sujando-se ainda mais. É como está escrito: “Quem é injusto, seja injusto ainda; e quem é sujo, seja sujo ainda” [Ap 22.11].
               Por isso, a maioria das pessoas quer viver no padrão coletivo em que o comportamento individual seja o reflexo objetivo da servidão e de alimentar o mal, operando a degradação própria e plural, como autênticos "fora-da-lei".

Nota: [1] Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, II, pag. 86 - Editora Vida Nova.
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28 fevereiro 2011

Livro do mês: Deus e o Mal, o problema resolvido


          Por Jorge Fernandes Isah


Antes de ler textos esparsos de Clark e Cheung no Monergismo, eu vivia interrogando irmãos mais experientes na fé [e que são pessoas letradas, que entendem muito de teologia] sobre as implicações do mal na soberania de Deus. Normalmente a resposta era de que não havia respostas. Há, mesmo entre calvinistas, a idéia de que Deus é soberano e o homem é livre em algum aspecto. Mas eu não conseguia conciliar as duas coisa, nem mesmo via essa tal liberdade decantada, em livros e sermões, na Escritura. O que eu via era o homem agindo sempre segundo o propósito divino; e ao me deter no texto do Antigo Testamento, a coisa ficava ainda mais claramente delineada e exposta.

Livros como o de Jó, Isaías, Jeremias, João e Romanos, foram decisivos para eu abandonar completamente a possibilidade de conciliar a soberania de Deus com a liberdade humana, seja na forma de livre-arbítrio ou livre-agência.

Então acostumei-me a ouvir que havia paradoxos na Bíblia e de que eles existiam conjuntamente como uma espécie de  "mistério", ao qual Deus não nos revelou. Porém, nada disso me confortava; e lendo grandes teólogos [Spurgeon, LLoyd-Jones, Sproul, Piper, etc] a coisa toda não se resolvia. Era como se eles caminhassem até a conclusão final e, quando estavam prontos para enunciá-la, parassem, retrocedessem, e se conformassem com o tal do "mistério" ou do "paradoxo". Eu continuava frustrado e decepcionado, mas já vislumbrava uma hipótese que não assumia efetivamente por medo e temor do que viessem a pensar ou falar de mim [não é agradável para um crente ser visto como herético ou heterodoxo, ou quando menos, um irresponsável por cogitar o que muitos não consideravam possível. Sempre ouvia: "irmão, você está querendo ir onde os santos não ousaram ir. Cuidado!". Era quase uma "praga" proferida, de que não me arriscasse a ir, senão...].

Um belo dia, deparei-me com Gordon Clark [de quem nunca ouvira falar], e um pouco depois, Cheung. Lê-los foi um alívio, como se tivesse tirado toneladas de peso às costas, pois eu me certifiquei de que não era louco, nem herético, ou simplesmente um provocador, mas de que minhas dúvidas eram honestas, verdadeiras, e de que outros haviam pensado assim como eu. É claro que havia semelhança entre a minha interpretação e a dos autores citados, sem contudo a clareza e a pontuação dos múltiplos detalhes que expunham, e que não deixou também de ser uma descoberta, à medida que os lia. Poder ordenar aquilo que eu cria bíblico, a partir da busca pela lucidez e o conhecimento necessários para entendê-lo [em constante oração e leituras bíblicas e teológicas], trouxe-me o desejo de meditar e aprender sobre a soberania de Deus, e de como ele controla o mal segundo os seus santos propósitos. Este foi um momento de muita alegria  e, juntamente com ela, o alívio por não estar sendo apenas um tolo, teimoso ou blasfemo como muitos supunham que eu era.

Quando finalmente tive em mãos o PDF do "Autor do Pecado" [cujos comentários podem ser lidos aqui; e hoje produzido em formato de livro físico], praticamente todas as minhas dúvidas sanaram-se [dentro da minha limitação teológica e intelectual, claro!].

Agora, com “Deus e o Mal” em mãos, penso que se tivesse lido-o anteriormente, e até mesmo antes do Autor do Pecado, a coisa teria sido mais fácil e menos dolorosa.

Interessante que Gordon Clark é chamado de o “Agostinho da América” e, exatamente neste livro, ele diverge e combate a idéia de Agostinho quanto ao mal e o livre-arbítrio. É claro que a alcunha não quer indicar subserviência nem a defesa de todos os princípios propostos pelo Pai da Igreja, até porque, Agostinho, no final da vida, negou alguns pontos que defendera anteriormente [li, não sei onde, que um desses pontos é o livre-arbítrio, mas preciso buscar a fonte].

Ainda mais interessante são os argumentos que Clark advoga, muito parecidos com os que defendi em meus comentários sobre a questão do mal e o livre-arbítrio exposto por Agostinho no livro "Confissões" [e que podem ser lidos acessando o link]. Também, de uma forma mais clara, defendi-os em alguns textos aqui no Kálamos: "A Incoerência do Livre-Arbítrio",  "Mysterium Compatibilista" e "Preso na própria armadilha".

Agora, ao ler "Deus e o Mal", deparo-me com um pensamento muito próximo do que eu mesmo considerei anteriormente; o que novamente reavivou aquela antiga alegria de estar sendo guiado por Deus a utilizar-me mais da razão no trato com o texto bíblico e com livros teológicos. Sem dúvida, Gordon Clark está mil anos-luz ou mais à minha frente, e nem que eu vivesse mais cem anos o alcançaria. Porém, saber que mesmo incipientemente minha mente está sendo renovada diariamente pelo Espírito Santo, em si mesmo já é uma fonte de enorme e viva alegria.

Ao final do livro, posso declarar que, apesar de não ser um grande volume no tamanho, ele o é no seu conteúdo. Clark lançou por terra qualquer ideia de misticismo e irracionalidade na compreensão escriturística, e de que somente podemos fazê-la corretamente se os pressupostos também o forem. A Bíblia se autoexplica, e qualquer apelo fora dela trará apenas confusão, fruto da ignorância e da manipulação de conceitos e termos por parte daqueles que querem afastar-se da verdade.

Chamou-me também a atenção, e já havia percebido em outros textos, o fato de Clark defender a CFW, ou melhor, a interpretação correta da CFW quanto à questão da livre-agência [indicando o erro interpretativo da maioria que a lê]. Eu sempre tive a impressão de que a CFW era compatibilista, não determinista, mas Clark assegura-nos a sua determinação quanto à rejeição de qualquer liberdade do homem que o coloque numa condição de ser livre de Deus.

Ao definir a livre-agência como uma "causa necessária ou secundária", controlada por Deus, para que o homem realize exatamente aquilo que ele decretou eternamente, em que o homem é livre em sua vontade ou volição, mas não nas causas que o levaram a querer aquilo, a coisa toda, que mais me parecia um "artifício" para fugir do determinismo bíblico, tomou outros contornos. Mas é algo que ainda terei de meditar, terei de assimilar e rever, para depois aceitar. McGregor Wright tem a mesma posição de Clark, e Cheung parece diferir dos dois, aproximando-se muito mais do que eu mesmo acredito, de que livre-agência não passa de um termo criado para, ao mesmo tempo afastar-se da expressão "livre-arbítrio' e defender a liberdade humana sem a qual não haveria responsabilidade [os textos que indiquei poderão auxiliar no entendimento do que efetivamente penso].

Um trecho interessante, mais uma exortação à defesa da fé, fugindo do apelo "sensorial" que o humanismo quer prestar ao Cristianismo bíblico, é o capítulo final do livro, intitulado "A crise da nossa era". É um apêndice, talvez não escrito por Clark, mas revelador e profundo, ainda que seja uma pequena peça a analisar o estado em que boa parte da igreja atualmente se encontra.

E tenho para comigo, assim como o subtítulo do livro diz, que o problema está resolvido.

Nota: Mais do que uma crítica ou um ensaio, esta postagem tem o caráter de depoimento, de testemunho. Considerei que devia um agradecimento especial aos dois autores, ainda que não possam me ouvir e ler, e um agradecimento especial ao Felipe, da Editora Monergismo, por ser usado por Deus para publicar esses livros que, de outra forma, provavelmente não chegariam ao leitor brasileiro que não lê em inglês. Esta postagem foi mais uma atitude de gratidão a eles do que qualquer outra intenção. E que venham outras obras de Gordon Clark em português.

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15 fevereiro 2011

Predestinação em Gênesis 4

Por que Deus não se agradou de Caim?
  Por Jorge Fernandes Isah

Estou às voltas, esta semana, com a leitura do livro de Gênesis; e ao ler o capítulo 4, veio-me a questão: Por que Deus não se agradou da oferta de Caim, e se agradou da oferta de Abel?

A maioria tem como explicação o fato do sacrifício de Abel ter sido com sangue e o de Caim não; levando-se a crer que o fato de Abel ter escolhido dos primogênitos das suas ovelhas e das suas gorduras [indicando morte, sacrifício de inocentes, sangue derramado; assim como o próprio Deus sacrificou animais para, com suas peles, cozer roupas que escondessem a nudez do casal primevo], remetiam ao futuro, como “sombras” a indicar o sacrifício de Cristo na cruz do Calvário, como o Primogênito de Deus, o Cordeiro imaculado, inocente, que derramou o seu sangue para que muitos fossem salvos e tivessem seus pecados expiados, milhares de anos depois.

Entendo que essa conclusão é parcialmente correta. Ela aponta para a necessidade da morte como forma de se pagar os pecados; sendo o justo aquele que remirá o seu povo e, somente assim, ele será purificado de suas iniqüidades e libertado da condenação. Mas, ainda algo persiste em fustigar a mente: os irmãos sabiam como ofertar a Deus ou não?

Há os que entendem que ambos sabiam a maneira correta; mas, ao meu ver, não. O texto não traz nenhuma referência de como eles deveriam agradá-lo; se conheciam ou não, de antemão, como ofertar-lhe; apenas nos revela que:

a)     Eva deu à luz a Caim, e depois a seu irmão Abel [V.1-2];

b)     Abel foi pastor de ovelhas; e Caim, lavrador da terra [v.2];

c)     Caim trouxe do fruto da terra, e Abel tomou dos primogênitos das suas ovelhas e da sua gordura, como ofertas a Deus.

Um adendo interessante, que pode nem mesmo ser relevante, é o da Bíblia informar o nascimento na ordem de primogenitura: Caim e depois Abel. Um pouco mais à frente, ela cita a profissão de Abel, como pastor, para, em seguida, citar a de Caim, lavrador. Mais um pouco e temos Caim ofertando primeiramente que Abel, e este o seguiu, talvez respeitando alguma preeminência que o irmão mais velho teria, de tal forma que somente após a sua oferta, Abel pode fazê-lo também. O que me leva a crer que a ambos não foi ordenado como agradar a Deus, e de que as suas atitudes foram naturais, espontâneas, de levarem a Deus o produto de suas atividades, daquilo que produziam, e que lhes era inerente às vidas e habilidades; sem que pudessem agir de maneira diferente, a não ser Caim dar dos frutos do seu trabalho e, também, Abel.[2]

Ambos parecem sinceros, dispostos a agradar a Deus e, ao menos em princípio, descartarei a possibilidade de qualquer inclinação rebelde ou má da parte do primogênito de Adão. Numa perspectiva humana, queriam o melhor, dar o que tinham de melhor, tanto de si mesmos como dos seus esforços. Agradar ao Senhor era uma forma de recompensa pelos seus trabalhos, pelo suor dos seus rostos, o que é indicativo de esmero e dedicação para com as ofertas, mesmo que a gratidão não fosse a mola-mestra que os levasse a reconhecer o bem que Deus lhes proporcionou [ao menos, no caso de Caim, isso é possível, como uma inferência. Ele queria se ver reconhecido por estar "dando" a Deus o fruto do seu suor, o melhor que tinha para dar, o que tornaria a sua motivação em auto-idolatria, ao não reconhecer o Senhor como aquele que lhe deu e capacitou-o a dar].

Outra defesa que muitos advogam para Abel é de que ele era justo, por isso sua oferta foi justificada diante de Deus, ao contrário do seu irmão. E isso é uma verdade. Deus aceitou o seu sacrifício porque ele ofereceu algo maior do que Caim [Hb 11.4], pela fé, e se a fé é um dom de Deus [Ef 2,8], o próprio Senhor propiciou-o a dar na medida correta, exatamente aquilo que seria do seu agrado.

Não é interessante que Caim poderia ser Abel? Se houvesse uma roleta a determinar aleatoriamente a personalidade e a identidade das pessoas? Poderia ser ele a pastorear ovelhas, enquanto o caçula a lavrar a terra, o que mudaria o curso da história, a partir da mudança dos seus personagens? Contudo, aprouve a Deus, em sua soberania, predestinar Abel e Caim para que cumprissem os seus eternos propósitos, de maneira que os acontecimentos transcorressem assim como havia planejado; remetendo-me à questão apontada no item “b”, de que a primogenitura foi tirada de Caim e entregue a Abel.

Alguém poderá dizer que o fato da Bíblia citar o trabalho de Abel primeiro é simples coincidência. Como não acredito em sorte, azar, acaso e coincidências, mas apenas na providência divina de realizar tudo segundo o seu santo e eterno decreto, a citação é indicativa de que também a profissão foi um fator determinante para a oferta ser agradável ou não a Deus. Quando o Senhor predestinou Abel para pastor, ele o fez com a nítida certeza de que ele e sua  oferta o agradariam, e não o outro. Ao determinar que Caim seria lavrador, sua oferta já estava rejeitada, muito antes do mundo ser mundo, e de Adão vir a habitá-lo. Deus providenciou que tudo se cumprisse convenientemente para que Abel o agradasse, e Caim não. Fazendo uma analogia com Esaú e Jacó [Rm 9.13], podemos dizer, sem dúvidas, que Deus amou a Abel e odiou a Caim.

Pode-se argumentar que a minha analogia está errada? Por que Paulo está a falar de eleição para a salvação, e de que Deus escolheu-os antes de fazerem o bem ou o mal? A aplicação da teologia de Paulo serve para todos, sem exceção, em todos os tempos. E, por isso, cabe muito bem aqui. Pois é-nos dito que Abel era justo [Hb 11.4], assim como Caim era corrupto, ímpio [Jd 11]. Ainda pode-se alegar que o tipo de oferta, se de sangue ou da terra, é que definiu o agradar a Deus ou não. Há de se lembrar que Deus aceitava ofertas voluntários de gado, ovelhas e cereais [Lv 1 e 2], nada impedindo que Caim ofertasse dos frutos da terra, anulando assim o argumento. A questão se volta então para Caim. Se o problema não foram os frutos, então a rejeição de Deus recaiu sobre ele.

Como cristãos bíblicos, reconhecemos que Deus controla todas as coisas, visíveis e invisíveis, inclusive a nossa vontade; portanto Abel e Caim cumpriram o eterno propósito divino de conduzir a história em perfeição e sabedoria, a seu termo, segundo a vontade e o decreto eterno de Deus. Não importa se Deus lhes entregou regras de como ofertar; nem se Abel sabia e Caim não. Isso é irrelevante, pois não invalida em nada a decisão de Deus se agradar de um e não se agradar do outro. O texto quer deixar evidente e nos assegurar de que Deus se agradou de Abel e não se agradou do seu irmão.

Pausa.
Caim poderia ter aprendido uma grande lição, a de como se submeter a Deus; de como se sujeitar; de, seguindo o exemplo do seu irmão, Deus se agradar dele. Porém, em seu orgulho e tolice, ele se irou fortemente, ao ponto de descair-lhe o semblante [v.5]. Estava nítido o desagrado de Deus para consigo, e o Senhor lho manifestou. Bastaria reconhecer o seu erro e fazer a coisa certa dali em diante [o que confirma a irrelevância das regras, nesse caso].

Ao matar o seu irmão, Caim como que queria dizer ao Senhor: “Não se agradou da minha oferta? Nem de mim? Agora terá de se contentar, pois não terá outra a ser-lhe oferecida; não há mais Abel, nem o sacrifício de Abel, ambos morreram. Ou se agradará de mim ou de mais ninguém”. De certa forma Caim queria que Deus se adequasse ao seu padrão moral, demonstrando não estar disposto ao contrário.

Após o assassinato, Deus perguntou-lhe sobre Abel. Caim disse: "Não sei; Por acaso sou guardador do meu irmão?" [v. 9]. Além de homicida, ele se tornou mentiroso; demonstrou arrogância, irreverência, petulância e um tom desafiador. Como está escrito: “Um abismo chama outro abismo” [Sl 42.7]... Caim experimentou, em sucessão,  várias formas de pecado a partir do orgulho de não reconhecer a vontade divina, e de que o afrontara com a sua iniquidade. E este é outro assunto a ser abordado, o fato de que Deus é quem define o pecado. Ele estabeleceu o padrão moral a ser seguido e o imoral a não ser seguido. Desta forma, Caim não está isento da responsabilidade, pelo contrário, ele é o responsável por Deus não se agradar da sua oferta, da mesma forma que Abel foi responsável por Deus se agradar da sua. Uma coisa que temos de entender é que a autoridade divina é a única a estabelecer o que é e o que não é; o que tem de ser feito e o que não tem ser feito; quem é justo e injusto; e ninguém pode inquiri-lo sobre isso, ou acusá-lo, sob pena de acumular delitos contra si mesmo.

Caim queria ser aceito, e não aceitou um não como resposta; não reconheceu seu erro, e de que não procedera corretamente, pois não foi admitido por Deus exatamente por não fazer o bem, antes o pecado estava a bater-lhe à porta, como lhe foi dito, e sobre o seu desejo de proceder mal deveria ter dominado [v.7]. Mas sabemos que o coração ímpio é incontrolável em buscar o mal [Pv  21.10]; por isso, de uma forma obstinada, Caim queria ser justificado, mas é Deus quem justifica [Rm 8.33]. Em sua dureza e cegueira, cobiçou a honra que não podia obter por seus próprios meios; fez-se provocador; culminando em receber a justa condenação de Deus: “Agora maldito és tu desde a terra... quando lavrares a terra, não te dará mais a sua força; fugitivo e vagabundo serás na terra” [v.11,12]. Caim se tornou em um homem sem arrependimento, sem amor, sem temor, e por isso foi expulso de diante da face do Senhor [v.16].
Fim da pausa.

Ainda fica a dúvida: Mas Deus não seria injusto por rejeitar a oferta de Caim, sem lhe mostrar o padrão que o agradaria? Nesse caso Caim não seria desobediente, não poderia fazer nada a respeito. Porém, a questão não é se Caim obedeceu ou não, mas se Caim agradou ou não a Deus. E não agradou; mas coube a Abel satisfazer ao Senhor, mesmo desconhecendo também o padrão que o Senhor desejava. Importa-nos saber que Deus não aprovou a sua oferta; importa-nos saber que Deus não aprovou a Caim, antes mesmo de desaprovar a oferta, pois como diz o texto: "Mas para Caim e para a sua oferta não atentou"[v.5]. E, no final, é isso que conta. Pois assim Deus se agradou de Abel e não do seu irmão; de tal forma que Abel, desde antes do seu nascimento estava predestinado a ser o pastor de ovelhas [tipo do Senhor Jesus em sua morte de sangue também] e a sacrificá-las, e a tomar-lhes a gordura, e oferecê-la aprazivelmente a Deus. Da mesma forma que predestinou Caim a ser um lavrador, a tomar dos frutos da terra para ofertar ao Senhor, irar-se, matar o seu irmão, ser amaldiçoado por Deus, e apascentar a si mesmo, seguindo o mesmo caminho do maligno.

Este é um exemplo bíblico de predestinação; revelando o poder divino de, segundo a sua vontade, operar na vida, como também na morte.

Nota: [1] Agradeço a irmã Joelma Rocha, do blog "Verdade no Coração" pelas dicas que me ajudaram a desenvolver o tema.
[2] Seguindo esse raciocínio, caso Abel fosse oleiro e Caim um caçador, as suas ofertas respectivamente seriam um vaso e um animal abatido. E, nesse caso, quem agradaria a Deus?
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07 fevereiro 2011

"Sorteios & Promoções" mensais



Por Jorge Fernandes Isah


Desde Janeiro/2011, reativei a seção de sorteios aqui no Kálamos. O primeiro, na verdade, foi realizado em 13/09/2009; mas depois de conversar com o Tiago Knox do Internautas Cristãos [à época, um recém-amigo] decidimos criar um site, onde os sorteios ocorressem em conjunto. Com o passar dos meses, o Vinícius Pimentel do Voltemos ao Evangelho, o Armando Marcos do Projeto Spurgeon e, finalmente, o Ricardo Mamedes do blog homônimo, se juntaram ao projeto.

Porém, querendo uma maior liberdade para divulgar livros e autores que não se adequam ao perfil do "Sorteio de Livros" [nome do meu antigo blog que foi transferido para o site, e se mantém lá], optei por usar o nome "Sorteio & Promoções", nada criativo, mas bastante objetivo. Com isso, estou tanto em um, o "Sorteio de Livros", como no outro, aqui.

Na reinauguração, a regra para participar consistia de se fazer um comentário em qualquer das postagens do Kálamos durante o mês, visando privilegiar os leitores deste blog.

Neste mês, decidi "abrir" a participação a todos que se interessarem, bastando enviar um email com nome completo, cidade e estado em que reside para kalamosorteio@hotmail.com

Os livros encontram-se relacionados abaixo, cujos ganhadores serão conhecidos no dia 28.02.2011, as 22 horas.

Até o próximo "Sorteio & Promoções" [Para maiores informações, consulte a página da promoção].


1) "PROFÉCIA BÍBLICA EM 12 LIÇÕES", de Max Anders, Editora Vida















2) "O PERÍODO INTERBÍBLICO", de Enéas Tognini, Editora Hagnos















3) "DEUS E O MAL", de Gordon H. Clark, Editora Monergismo