23 maio 2024

A etérea e translúcida cara-de-pau!





Jorge F. Isah
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Um dos ícones revolucionários do sec. XX foi, certamente, Che Guevara, sim, aquele que a torcida mais fanática e delinquente estampa em suas bandeiras. Aquele das camisetas de dândis e almofadinhas, e do pôster na parede do quarto, à cabeceira da cama, o anjo das trevas. Che que matou índios, negros, homossexuais, trabalhadores, estudantes e mais quem se opunha ao seu pensamento hermético, tornou-se símbolo de defesa da vida. O homem que ordenou a prisão, a tortura e morte de centenas de outros homens, disposto a insuflar uma guerra onde estivesse, hoje é o símbolo da paz. O homem que elaborou frases de amor, solidariedade e sonhos, era diametralmente oposto em seus atos beligerantes, intransigentes, excludentes e torturantes. Falava do que não conhecia, e iludiu muitos com o seu falso conhecimento, pura lábia de uma mente vingativa e diabólica. Mas haverá sempre os desejosos em seguir o próprio capeta, desde que ele seja convincente e descolado, ou aparente piedade quando é peçonhento e desumano.

Esse Che (stalinista empedernido e defensor ferrenho de Josep) está nos códigos e marcadores de livros de qualquer um que renunciou à própria consciência para salvaguardar o barbarismo e a hipocrisia revolucionária. E esse é o mote de Ernesto e inúmeros dos seus seguidores: fazer do embuste e do vício uma virtude.

Com palavreado adocicado a fel, frases açodadas, slogans e uma propaganda intensa do mito a negar o homem, diga-se, mau e perverso, gerações e gerações serão acalentadas com a balela ideológica de que os fins justificam os meios, seja lá qual meio for, para construir um mundo melhor que em nada melhora, em tudo piora, restando então o progresso para a fortuna e fartura de alguns poucos, a casta ou elite a substituir outra casta e elite por si mesmos.

Deixo-vos, portanto, com as melhores frases (sic) do mito Che, que soube muito bem ludibriar os ouvidos moucos e espíritos pacóvios de a “revolução” ser o melhor antídoto para o mundo injusto, desigual e miserável; e caso não desse certo, como efetivamente não deu, qualquer outra forma de rebelião seria combatida com as mais altas doses de injustiça, desigualdade e miserabilidade. Sem contar o pensamento tacanho, indigente e miserável do “nobre” frasista...

E o “rei” somente não ficou completamente nu porque o vestiram da mais tênue, etérea e translúcida cara-de-pau!
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FRASES¹:

. “Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros.

· Ser jovem e não ser revolucionário é uma contradição genética.

· Se eu andar me siga, se eu parar me empurre, se eu voltar me mate.

· Não há experiência mais profunda para o revolucionário que o ato da guerra.

· Acima de tudo procurem sentir no mais profundo de vocês qualquer injustiça cometida contra qualquer pessoa em qualquer parte do mundo. É a mais bela qualidade de um revolucionário.

· Fuzilamentos? Sim, fuzilamos e continuaremos fuzilando sempre que necessário. Nossa luta é uma luta (dedicada) à morte.

· O importante não é justificar o erro, mas impedir que ele se repita.

· A farda modela o corpo e atrofia a mente.

· Deixe-me dizer-lhe, correndo o risco de parecer ridículo, que o verdadeiro revolucionário é guiado por grandes sentimentos de amor.

· Na verdade, se o próprio Cristo estivesse no meu caminho eu, como Nietzsche, não hesitaria em esmagá-lo como um verme.

· O verdadeiro revolucionário é guiado por grandes sentimentos de generosidade; é impossível imaginar um revolucionário autêntico sem esta qualidade.

· Que culpa tenho eu, se meu sangue é Vermelho e meu coração é de Esquerda?

· Que importa onde a morte nos irá surpreender! Que ela seja bem-vinda, desde que nosso grito de guerra seja ouvido, que uma outra mão se estenda para empunhar nossas armas e que outros homens se levantem para entoar cantos fúnebres em meio ao crepitar das metralhadoras e novos gritos de guerra e de vitória!

· A culpa de muito dos nossos intelectuais e artistas reside em seu pecado original; não são autenticamente revolucionários.

· Eu não sou o Cristo ou um filantropo, velha senhora, eu sou totalmente o contrário de um Cristo… eu luto pelas coisas em que acredito, com todas as armas à minha disposição e tento deixar o outro homem morto, de modo que eu não seja pregado numa cruz ou qualquer outro lugar.

· O ódio intransigente ao inimigo, que impulsiona o revolucionário para além das limitações naturais do ser humano e o converte em uma efetiva, seletiva e fria máquina de matar: nossos soldados têm de ser assim.

· Louco de fúria, mancharei de vermelho meu rifle estraçalhando qualquer inimigo que caia em minhas mãos! Com a morte de meus inimigos preparo meu ser para a sagrada luta, e juntar-me-ei ao proletariado triunfante com um berro bestial!

· Um revolucionário deve se tornar uma fria máquina de matar motivado pelo puro ódio. Nós temos que criar a pedagogia do Paredão!”
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Notas: 1- Tente não rir e não chorar, não sentir náuseas e vomitar, não ter urticárias e coçar, beliscar-se e acordar; se puder, em meio a tanta contradição e barbarismo (intelectual, semântico, moral e psicológico).
2- Texto publicado originalmente na Revista Bulunga


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