Jorge F. Isah
___________________
Feministas, junto com o movimento gay, são as grandes forças revolucionárias da atualidade. Nem os sindicatos, antes os motores das convulsões sociais, estão mais em moda. Perderam força com o passar do tempo, superados por seios à mostra, defecações públicas e muito pompom e lantejoula. Não estou a generalizar, muito menos dizer que toda feminista e todo gay fazem ou defendem essas táticas de, mais do que reivindicar, buscar a convulsão, o tumulto, a sublevação da ordem e da tradição. Não é isso, que fique bem claro! Contudo, a face visível das manifestações, além da arrogância, intolerância e provocação gratuitas, não foge a esse escopo, o de substituir o debate sério por meios bárbaros e inurbanos... E o politicamente correto revela-se dia a dia, e cada vez mais, hipócrita, falso e desleal, pois, convenhamos, as mesmas exigências feitas aos antagonistas ou “inimigos” não vale para os pares e correligionários; agremiações e grupos que se manifestam, do ponto de vista da ação e do ativismo militante (sic), contrariam exatamente o que professam (ao menos em relação aos seus desafetos). Em outras palavras, o truculento, o violento é sempre o adversário, mesmo que ele nunca tenha desferido um soco, cuspe ou tapa em alguém, enquanto o “amigo” pode não somente realizar tais coisas, mas outras ainda piores, com a justificativa de “resistência” às injustiças. O que em um é condenado, no outro é absolvido. E o discurso toma ares de incongruência, desatino e absurdo, com laivos de agressividade desnecessária, seja pela histeria, pela ameaça, pela mentira, ou algum distúrbio hormonal e psíquico. A questão é de força, e não de argumentação, e ela se transforma na arma imprescindível ao sucesso.
Se as campanhas publicitárias, filmes, séries e novelas (pasmem! Até desenhos infantis) glamorizam a desobediência, o sexo irresponsável e desenfreado (parece uma maratona para ver quem fica com mais parceiros na reta final), o egoísmo e o pensamento linear, onde não existe lugar para debates, altercação; o monopólio dos temas e disputas se torna exclusividade, e a alienação mental nessa única ideia absorve todas as faculdades mentais do indivíduo, ao ponto dele não ser capaz de arrazoar nada além daquilo que lhe foi dito e prontamente aceito, sem questionamentos e dúvidas; na medida em que os fiascos e desgraças transmutam-se em vitórias, dominados pelo sofisma de labutar uma luta inglória e corrosiva.
Quando um grupo de mulheres saiu às ruas, no fim da década de 1920, na Quinta Avenida, em New York, o Easter Sunday Parade, em pleno domingo de Páscoa, ostentando cartazes onde os cigarros eram identificados como “tochas da liberdade”, a apelar para o direito inalienável de fumar (algo imoral na época), a fim de pôr de vez o “machismo” e o “patriarcado” em maus lençóis, a ideia era colocar homens e mulheres no mesmo pé de igualdade, ou seja, fazer da vaidade, do orgulho, uma bandeira (tenho para comigo que a vaidade/orgulho é apenas sinal mais “nobre” do fútil e presunçoso). Afinal, nada mais “empoderador” do que riscar um fósforo em público para todos verem quão “independente” pode ser a vontade mulíebre.
Por trás de tudo isso estava o gênio publicitário de Edward Bernays (austríaco e sobrinho de Freud que, incompreensivelmente, é desprezado pelas alas libertárias), contratado pela American Tabacoo Corporation, a fim de dobrar o consumo dos cigarros da marca. Nada melhor do que estimular as mulheres a quebrar o tabu, via luta social, e garantir-lhes o direito de consumo a algo estritamente masculino. Diga-se de passagem, as mulheres fumavam cigarros e charutos, mascavam fumo e bebiam, em reservado, em reuniões privadas, lares, etc., algo restrito e até mesmo combatido por várias ligas femininas (notem a diferença, por favor!) no decorrer da história, mas nada melhor para alavancar a demanda do que popularizar o consumo de tabaco em público.
Assim, naquele domingo de Páscoa, quando o Cristo veio para verdadeiramente libertar o homem (aos incautos, estou a falar do ser humano, no qual as mulheres estão inseridas), ironicamente o E.S.P. queria libertar as mulheres da liberdade e prendê-las ao vício. Nada mais incoerente; mas assim funciona o discurso ideológico.
Por fim, a marca “Lucky Strike” vendeu muitos milhões a mais de maços de cigarros, e as “tochas da liberdade” queimaram, mais uma vez, o paviozinho salubre de homens e mulheres.
__________________________________ Nota: Texto publicado originalmente na Revista Bulunga
Nenhum comentário:
Postar um comentário