31 maio 2023

Estudo sobre a Confissão de Fé Batista de 1689 - Aula 6: Existem Traduções Fiéis?










Jorge F. Isah




PEQUENO RESUMO DAS AULAS ANTERIORES

Vimos nas aulas anteriores que Deus inspirou homens a escreverem a sua palavra, e de que esta palavra foi preservada por Deus através dos mesmos homens que a copiaram fielmente, e de que as cópias fiéis são as provenientes do Texto Majoritário.

Porém, durante anos, Satanás e seus servos buscaram desacreditar a Escritura, de forma que muitos tentaram "reescrever" a palavra, adulterando-a, corrompendo-a, com o objetivo de levar incautos ao erro e confusão, afastando-os do conhecimento de Deus e da sua vontade. Para que isso acontecesse, foram produzidas cópias espúrias [texto eclético] que, lançadas na igreja, não obtiveram crédito nem reconhecimento, pelo contrário, foram rejeitadas exatamente por sua infidelidade ao texto original. 

Aprendemos também que essas cópias corrompidas ficaram, por muitos e muitos séculos, soterradas no ostracismo e no esquecimento, proscritas às latas de lixo e gavetas empoeiradas até se desfazerem ou serem queimadas. Até que, no séc. XIX, ganharam o status de "melhores textos" ou os textos mais próximos do original, mesmo que existissem tantas discordâncias e divergências entre as poucas cópias disponíveis que tornassem ininteligível a mensagem escriturística. E quando comparadas ao texto padrão [Majoritário], utilizado pela Igreja no decorrer dos séculos, e onde encontramos maciçamente a maioria das cópias existentes, as diferenças ainda são maiores. O que o torna em um "Frankestein", um monstrengo que somente o orgulho e prepotência intelectual do homem pode reconhecer como válido e superior.

As cópias fiéis aos autógrafos foram transcritas em hebraico, aramaíco e grego, as línguas em que originalmente foram escritas por homens inspirados por Deus. Contudo, Deus quis que sua palavra fosse conhecida em todas as nações e por todos os povos [e foi o que o Senhor ordenou: "Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado (Mt 28.19-20)]; então, como fazer com aqueles que não conhecem as línguas originais?

É aqui que entram as traduções, através das quais todos os homens podem ter acesso à mensagem evangelística da mesma forma que os leitores das línguas originais. 

Houve traduções antigas do AT, como os Targuns, que eram paráfrases, uma tradução livre e explicativa da Escritura em aramaico, dialeto utilizado pelo povo judeu depois do exílio babilônico.

Já citamos também a Septuaginta, que foi a tradução do AT para o grego, língua dominante no mundo conhecido da época, por volta do III ou II séc antes de Cristo; e a Vulgata, tradução para o latim dos textos em hebraico, aramaico e grego, por volta do séc IV d.c.

Mas alguém pode dizer: é possível que termos pensados e escritos originalmente em hebraico possam ter um similar para todos os casos, por exemplo, em português?

A resposta é: o método de tradução implicará na fidelidade ou infidelidade da tradução, de forma que não é a linguagem o entrave para se receber a mensagem divina, mas a forma como o tradutor se aproximará dele, e a apresentará no texto traduzido.



MÉTODO TRADICIONAL [LITERAL] 
X MÉTODO MODERNO [EQUIVALÊNCIA DINÂMICA]

Sem entrar nas questões técnicas, que não são o objetivo desta aula, podemos dizer que o método determinará se uma tradução é fiel ou não ao original. 

Lembremo-nos do que já foi dito: os copistas do Texto Majoritário preocupavam-se na transcrição literal das palavras, de forma que pudessem reproduzir fielmente a mensagem que Deus havia entregue aos autores humanos. Por séculos e séculos, esta foi a maneira utilizado na transcrição dos originais para as cópias; o temor e a reverência com a palavra estavam refletidos no rigor em que se compunha o trabalho dos copistas, de forma que havia o mínimo de intervenção humana no ofício; apenas o necessário para se ter uma cópia com a mesma qualidade e fidelidade do original.

As traduções, até o séc. XIX [a palavra tradução vem do latim traductione, e quer dizer carregar através; tem o significado de translação ou transporte de um objeto de um lugar (uma língua) para o outro sem mudar suas características quer adicionando ou tirando. É o ato de transladar palavras, frases ou obras escritas de uma língua para outra], seguiram também esse mesmo princípio metodológico, de maneira que o tradutor intervinha no texto apenas o necessário para que a mesma mensagem do original fosse transportada para a tradução. Sempre se buscava uma tradução literal, e quando isso não era possível [o fato de haver palavras em uma língua que não tenha similar em outra] tinha-se o cuidado de anotar na margem da página o que fora modificado. Como em nossa tradução Almeida Corrigida e Fiel em que as palavras acrescentadas encontram-se em itálico, as quais foram necessárias para se dar o sentido ao texto. Na verdade, as palavras em itálico estão implícitas, subentendidas no texto original, de forma que não incluí-las tornaria o texto gramaticalmente sem sentido ou, no mínimo, estranho. 

Vejam bem, João Ferreira de Almeida teve o cuidado de, na sua tradução, deixar claro que aquelas palavras não estavam no texto original, por isso, elas apareciam em itálico, a fim de que o leitor soubesse que elas foram colocadas ali para que a estrutura gramatical em português tivesse o mesmo sentido do texto original. E isso foi comprovado e confirmado por inúmeros tradutores do grego, que confirmam o rigor de Almeida na tradução, e a necessidade da inclusão das palavras para a compreensão do leitor português, sem que seja transgredida e desafiada a advertência divina: "Porque eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que, se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro" [Ap. 22.18].

Já, as versões modernas caminham em trilhas diametralmente opostas. Não há a preocupação com a precisão, com a fidelidade do texto, com a tradução gramatical, mas elas se baseiam na necessidade de atenderem o leitor moderno. Ou seja, as traduções são subjetivas, interpretativas, e, para piorar, têm o objetivo de satisfazer os leitores dando-lhes o texto mais digerível possível. Não há a preocupação de se preservar o que nos foi entregue por Deus, mas de transformar e adaptar o texto aos anseios estéticos, culturais e preferenciais dos leitores. Por isso há uma verdadeira gama de Bíblias para todos os gostos: para jovens, velhos, mulheres, gays, líderes, etc, e assim, o texto é moldado segundo os interesses mercadológicos, segundo as pesquisas de opinião, segundo as teorias sociais e culturais. 

Temos então mais um produto de mercado, onde o consumidor é quem determinará como e de que maneira o texto será produzido, assegurando que as peculiaridades linguísticas, o estilo do autor original, a estrutura do texto bíblico, não sejam entraves para que as pessoas comprem e gostem daquilo que foi produzido com o objetivo de seduzi-la à compra e satisfazê-la por adquiri-la. 

Vejam bem, para essa turma, a Bíblia é somente mais um livro; um livro complexo e intricado linguística e gramaticalmente, portanto, inacessível ao homem moderno; de forma que todo o trabalho deve ser no sentido de que as pessoas gostem do que está sendo proposto, o que torna a mensagem evangelística secundária, e a ação do Espírito Santo desnecessária, pois o homem se encarregou de resolver os problemas de ininteligibilidade com a recriação do texto. 

E o que temos? A N.T.L.H, a Bíblia Viva, e outras congêneres esmeram-se na simplificação do texto e no empobrecimento da tradução, desfocando-a, e, muitas vezes, dando-lhe um sentido muito mais obscuro do que supunham ter no texto original. Basta uma leitura em qualquer dessas versões modernas para se perceber que o texto tornou-se palatável, aguado, diluído. Além de não haver o cuidado de se indicar onde e em que o texto foi alterado. Como há uma interpretação do texto original, se eles seguissem o padrão honesto de Almeida, por exemplo, teriam completamente desacreditada a sua obra: haveria espaços quase praticamente exclusivos aos itálicos. 

Dias atrás, o pr. Luiz Carlos usou a seguinte imagem, após a EBD: a atual geração está habituada ao alimento do tipo fast-food, Mcdonald e Burguer King, e para eles é algo normal e saboroso, mas tente manter uma pessoa que viveu uma geração antes, acostumada com o sabor dos alimentos de verdade, carne, cereais, legumes e frutas... torna-se impossível comer mais do que um sanduíche daqueles por mês. Eu mesmo detesto os Mcdonalds, para mim, aquilo não tem gosto de nada, é como comer isopor e papel ao mesmo tempo. 

Da mesma forma, as pessoas estão sendo educadas a se habituarem ao falso alimento, ao alimento que levará à inanição espiritual, moral, ética, pois estão sendo tratadas com isopor e papel. Não há substância, nem concisão, não há unidade, exatamente porque não há interesse na mensagem, pois a relevância está naquele que lê, não no que se lê. O que temos, então, é um texto desfigurado, vilipendiado, onde o conhecimento teológico e o rigor linguístico não são qualificações primordiais, mas irrelevantes na tradução.



PRINCÍPIOS SAUDÁVEIS PARA A TRADUÇÃO DAS ESCRITURAS

Na opinião do Pr. Paulo Anglada[1], há princípios saudáveis e que merecem ser enfatizados e praticados na tarefa de se traduzir a Escritura. São eles:

1) Auspícios e Supervisão
A tradução da Escritura é tarefa a ser supervisionada e sob os cuidados da igreja; por pessoas que se encontram sob autoridade eclesiástica, e não como iniciativa de grupos e entidades para-eclesiásticas e muitas delas seculares e com nítidos interesses mercadológicos. O que, infelizmente, não acontece hoje, como foi à época da tradução da Bíblia para o Inglês, a Versão King James, de 1611, realizada por mais de 50 teólogos anglicanos; a tradução de João Ferreira de Almeida, pela Missão Portuguesa da Igreja Reformada da Holanda, em 1693; e a tradução católica do padre Antônio Pereira de Figueiredo, 1819. 

2) Qualificação dos Tradutores
"No mínimo, deve ser exigido deles o que os apóstolos exigiram na escolha de diáconos em Atos 6.3, e nesta ordem de importância: 
Homens de boa reputação [moral],
Cheios do Espírito Santo [espiritualidade e ortodoxia doutrinária],
e de Sabedoria [capacidade teológica e linguística] específica para a tarefa".
Além disso, seria prudente exigir-se deles as qualificações presentes aos candidatos à ordenação prescritos em 1 Tm 3.1-7: ser irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, não dado ao vinho, não violento, governe bem sua própria casa, e crie os filhos sob disciplina, com todo o respeito, não seja neófito, e tenha bom testemunho dos de fora.

3) Precisão
a) Fidelidade ao texto original
O texto deve-se basear na grande maioria dos manuscritos, os quais foram utilizados pela Igreja por mais de dezoito séculos, e não se entregar ao subjetivismo das teorias seculares, que transferiram a autoridade para poucos textos conflitantes e sem representatividade na Igreja. Com isso, a fidelidade aos originais nada mais é do que a fidelidade ao Texto Majoritário, massorético e receptus.
b) Fidelidade à forma do texto e estilo do autor
Jamais se deve sacrificar o conteúdo, a mensagem, em função de uma pretensa inteligibilidade, que na maioria das vezes torna-se imprecisa, sem coerência, coesão e unidade, trazendo, em sua maior parte a confusão e incompreensão. 
Também não se deve alterar o texto, reestruturando-o, mudando a sua forma original, estrutura ou mesmo o estilo do autor, de forma que a tradução deve ser tão literal quanto possível. "A intervenção do tradutor deve ser a necessária, nem mais nem menos".
E aqui, cabe uma pergunta: se a Bíblia é imutável, inclusive em sua mensagem, por que se busca um sentido e compreensão [clareza] maiores para os leitores modernos do que a que foi exigida dos leitores originais? É chamar para si uma autoridade que não se tem, a de redefinir o sentido do texto, tornando-o em outro texto.
c) Clareza
Os termos devem ser os mais claros possíveis, evitando-se o arcadismo, e buscando-se palavras que expressem melhor o sentido original. Isso não tem nada a ver com a "clareza" que os tradutores modernos querem, pois o que eles desejam é uma modelação do texto aos anseios do leitor atual, de forma que não se busca empregar as melhores palavras para se ter o mesmo sentido original, mas se buscam as palavras para adequá-las ao pensamento moderno e aos anseios dos leitores aos quais a obra é potencialmente direcionada. 
É o caso das expressões idiomáticas, que não podem ser traduzidas literalmente, mas que encontram correlatos na língua em que será traduzida.
De forma que não se pode abrir mão da precisão para se dar ênfase à clareza, assim como se deve rejeitar o hermetismo e o arcadismo em favor da mesma clareza. 
d) Inteireza
Como entendemos que a Escritura é autointerpretativa, e de que ela explica-se a si mesma, não é aconselhável que se traduza e publique apenas trechos, mas ela toda, em sua inteireza; ou seja, devem ser traduzidas e publicadas em seu todo; pois a Bíblia é um livro, único em sua unidade e mensagem.
e) Historicidade ou continuidade
"Uma tradução das Escrituras não pode desconsiderar as traduções anteriores. Rejeitar todas as demais traduções e arrogar-se a tarefa de produzir uma nova independente das anteriores, revela soberba inaceitável... Uma tradução que demonstre apreço pelas antigas traduções reformadas certamente será bem mais fiel do que uma tradução independente".


CONCLUSÃO

A inspiração dos originais, a preservação das cópias [o Texto Majoritário], são provas da ação direta de Deus tanto na produção como manutenção da sua palavra a todos os homens. No caso das traduções, especialmente pela limitação linguística e a impossibilidade de se conseguir as mesmas palavras em todas as línguas, elas não são a expressão literal do que Deus nos deu, mas creio que o Espírito Santo assegura, para a edificação da Igreja, que a mensagem seja mantida intocável. 

Ressaltamos a importância de que as traduções voltem a ser realizadas pela Igreja, e não por grupos para-eclesiásticos, que não estão dispostos a manter a fidelidade do texto original, nem dispostos ao trabalho honesto de revelar em que o seu trabalho foi alterado em relação aos originais. 

Existe o cuidado de não se afirmar que as traduções são inerrantes e infalíveis, pois há, especialmente hoje, uma verdadeira enxurrada de textos que não têm nenhum compromisso com a verdade nem com a manutenção da mensagem original. Por isso as Confissões Históricas não declaram a perfeição das traduções. Mas podemos dizer, sem dúvidas, que há traduções que são fiéis e herdeiras diretas dos textos originais, e de que essa também é obra do Espírito Santo, de resguardar a palavra entregue a todos os povos em todas as línguas. Em português, isso se deu pelo trabalho de João Ferreira de Almeida, e a sua tradução baseada no Texto Majoritário[2] pode ser definida como fiel ao original.

___________________________ 

Notas: [1] Sola Scrpitura - A Doutrina Reformada das Escrituras, Paulo Anglada, Ed. Os Puritanos, pg. 117-121
[2] Há traduções que se dizem de Almeida mas que têm como base o texto eclético ou crítico, numa clara intenção de iludir e enganar o leitor, haja visto que à época de Almeida nem sequer haviam sido descobertos os famigerados textos Sinaiticus e Vaticanus, a base do texto crítico. João Ferreira de Almeida utilizou-se do Texto Massorético e Receptus que eram os utilizados larga e majoritariamente pela igreja, enquanto os outros viviam no limbo, de onde não deveriam ter saído.
[3] Aula realizada na E.B.D. do Tabernáculo Batista Bíblico em 30.10.2011


28 comentários:

  1. Uau! Maravilhoso texto! Então, vamos às ideias:

    1) Os textos do século XIX só ganharam o status de mais próximos aos originais, porque eram mais próximo em termos de data. A cópia mais recente do AT que temos é de 900 d.C. Assim, com as descobertas de manuscritos e fragmentos próximos aos eventos narrados, concluiu-se que eles deveriam ser mais fiéis. Contudo, o ótimo texto do Paulo Anglada refuta exatamente esta tese do “mais antigo ser melhor”;

    2) No 2º parágrafo, você fala sobre um ponto fundamental que é o das cópias que deram base para o texto crítico (cópias mais próximas dos eventos narrados) serem as adulteradas, por isso rejeitadas. Até mesmo Jorge, até onde eu estudei, o texto crítico sempre subtrai o texto majoritário. O que as pessoas não questionam é se os “cortes” encontrados nos manuscritos mais antigos não são adulterações das seitas agnósticas e dos inimigos da sã doutrina! Por que não poderia ser o contrário (o texto majoritário ser um texto “acrescentado”)? Por causa do testemunho histórico dos Pais da Igreja, que foram comentaristas e pregadores dos textos bíblicos e dos Concílios da Igreja que confirmam em doutrinas os conteúdos do texto Majoritário.

    3) Jorge, tecnicamente falando, se os Targuns são paráfrases, então não são traduções. É o caso da Linguagem de Hoje, que é uma versão, mas não é uma tradução. Se é paráfrase não pode ser considerada tradução. Mas, já que toquei no assunto, você lembra da polêmica que deu a 1ª versão da LH, porque foi apaixonadamente aceita pelos Testemunhas de Jeová. Até que fizeram a Nova LH voltando atrás em várias amputações do texto. Ainda assim, a LH tem erros doutrinários gritantes e um deles vai te interessar muito: em João 17, a LH trocou a palavra “glória” por uma complicadíssima interpretação de “natureza divina”, assim, por vária vezes aparece Jesus dizendo que recebeu do Pai uma natureza divina (?!!!!). Heresia pura, não? Então, piorou ainda mais aquela sua discussão sobre a eternidade da natureza humana de Jesus, porque nem a natureza divina é eterna e, pior, foi algo tirado e dado de volta a Jesus (?!). É por essas e outras que os TJs abraçaram a LH.

    4) Concordo que a equivalência dinâmica é subjetiva. Prova disso é a própria LH. Sei, por outro lado, que há pessoas, equipes muito sérias que avaliam o trabalho de missionários-tradutores junto ao povo-alvo para verificar a exatidão do trabalho feito. Mas sei que essas pessoas muito sérias são membros de entidades para-eclesiásticas. E aqui, neste ponto, sei que a avaliação desanda na corrente das ideologias (basta ver a Bíblia Pastoral (esquerdíssima), a Bíblia de Jerusalém (liberalzíssima e romaníssima ao ponto de traduzir “corpo” por hóstia”) e é de se perguntar sobre as traduções feitas para povos minoritários, que também sofreriam nas mãos de tradutores arminianos, por exemplo) – e toda essa corrente de ideologias seria favorecida pela equivalência dinâmica, não há dúvida. E, como você bem disse, no mínimo, estaríamos à mercê de decisão de homens.

    5) A tradução para povos minoritários indígenas no Brasil já passaram por várias fases: 1) se traduzia tudo de um jeito que Jesus era um índio de alguma outra aldeia; 2) voltaram atrás e optam hoje por colocar nas notas de roda-pé aquilo que é da cultura judaica e não dá para explicar no texto.

    (cont).

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  2. 6) A solução que você deu, eu concordo. As traduções precisam voltar para a mão da Igreja, porque, muitas vezes, o que falta é o conselheiro teológico na hora da tradução. Há ótimos linguistas, tradutores, antropólogos, mas, na hora de decisões teológicas para a tradução, segue-se a subjetividade da formação do tradutor.

    7) Aqui, no ponto acima, Jorge, eu vou dizer meu problema com o protestantismo: a falta de quem mande e se responsabilize pela coisa. Por quê? Porque, quando eu era católico romano, a gente sabia (por causa da clareza da hierarquia) a quem reclamar e quem era culpado pela coisa. No protestantismo, parece que “somos muitos” e ninguém assume a paternidade do filho. Ninguém interfere, ninguém age, ninguém quer assumir a responsabilidade. Por exemplo, a SIL (Sociedade Internacional de Linguística) é responsável por grande parte das traduções feitas aos povos minoritários no mundo, mas ela é para-eclesiástica, é uma ONG que não está ligada a ninguém. Do outro lado dessa moeda, quantos trabalhos de tradução para povos minoritários estão sendo feitos , por exemplo, pela sociedade trinitariana ou por uma Igreja específica? No Brasil, eu não conheço. Parece que fica realmente tudo na mão do outro lado. Que, além de tudo, já possui uma experiência acumulada há décadas.

    9) Concordo também que, cada vez mais, as gerações empobrecem em conhecimento linguístico e cultural e é infeliz a saída de, então, se produzir um texto que seja compreensível a esse leitor moderno. A resposta seria a Igreja voltar a investir pesado em escolas de real qualidade, porque quem está emburrecendo a população são as escolas públicas e a cultura de barbárie que vem sendo oferecida. Mas há muito que as Igrejas abriram mão dessa responsabilidade, entregando-a para o Governo.

    10) Enfim, o texto do Paulo Anglada é muito bom e não dá para não ler e ficar chocado como que, depois daquela exposição dele, não retornamos para o Majoritário!

    Jorge, foi mais um post ótimo de se ler. Tenho certeza de que temos sido muito abençoados com tuas aulas.

    Abraços sempre afetuosos.

    Fábio.

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  3. Fábio,

    puxa, quem deu a aula foi você, homem! Fico imensamente feliz de tê-lo aqui ao meu lado, para edificação daqueles que leem, e que, com certeza, têm aprendido com seus comentários propositivos, reverentes, e que glorificam a Deus.

    Olha, você está certo: paráfrase não é tradução, é um arremedo do texto original. Os targuns eram, o que se costumou chamar, de "tradução livre", mas tradução livre não é tradução; é reescrever e reintrerpretar o texto à revelia do autor. Portanto, você está certo, e a correção está feita.

    E faço suas as minhas palavras, integralmente!

    Grande e forte abraço!

    Cristo o abençoe!

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  4. Amigos,

    Talvez por especificidade (e capenguice) da minha formação, tenho uma visão menos otimista sobre as traduções ditas fiéis. Toda tradução supõe uma interpretação, inclusive Almeida, King James e cia.

    Respeitar a estrutura das línguas originais? Mas é tradução! Se Almeida traduzisse com a estrutura do Grego seria impossível de se ler. Teríamos que ensinar um português estranhíssimo... Melhor ensinar grego pra todo mundo.

    E o estilo? Olha, o estilo literário de João é simplório, é mais próximo de uma crônica do jornal popular do que o de Machado de Assis. Por que sofisticalizar (?) o que é simples? O João em grego é linguagem simples e popular! Por que não traduzi-lo para linguagem simples e popular em português? Entendo que facilitar a compreensão (no nível da linguagem, respeitando o sentido do texto) não é sempre ruim. Em teoria, a Equivalência Dinâmica é um método benéfico e muito reverente. O que entendo, em resumo, é: o fato de LH e outras do tipo terem produzido mais heresias (vcs dizem, eu não conheço essas traduções a fundo) não pode aniquilar a possibilidade de que outra tradução com linguagem mais atual e acessível seja boa!

    Ainda quanto ao estilo, a tradução dos Salmos da Almeida é sofrível! Transformam um texto poético em uma prosa empilhada em versos. Isso é respeitar o texto sagrado? O sentido do texto está somente na semântica dos termos, ou também na poesia da composição?

    Eu defendo uma tradução para o estudo e outra para a leitura pública e estudos populares em grupo. Na verdade, nem acho que seria preciso ter uma tradução para estudo, se tivéssemos boa formação escolar e todos tivessem acesso aos originais (seria o ideal, mesmo porque, como dizia Lutero, é impossível fazer exegese a partir de uma tradução - seja ela qual for, pois vc está confiando já em uma interpretação alheia).

    Só os detalhes:

    A sigla SIL não é, corrigindo, Summer Institute of Linguistics???

    O plural mais aprazível aos ouvidos é Targumim, não targuns... Sei que estão usando targuns por aí, mas fica estranhaço.

    Sabendo que esta pequena discórdia não afetará a concórdia que temos em Cristo, aquele que vive e reina com o Pai, e com o Espírito Santo, um só Deus, pelos séculos sem fim,

    Cesar

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  5. p.s.
    Não há fundamento escriturístico para se definir qualquer tradução como "inspirada" ou "obra" do Espírito Santo. Portanto, esse tipo de afirmação deve ser apresentado como opinião discutível. Fazer diferente é ser tradicionalista no sentido negativo do termo.
    assim penso.

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  6. Olá, Cesar!

    Cesar, eu usei SIL dessa maneira, porque o nome "summer" era baseado num curso deles - um curso de verão - que acho que nem existe mais. Agora, como eles ampliaram a gama de atuação, eles mudaram o nome, mas mantiveram a sigla. No Brasil mesmo, eles estão como Associação Internacional de Linguística.

    Cesar, quanto ao estilo de João ser simplório, não concordo. Embora o grego seja koine (palavras comuns), mas os jogos e paralelismos presentes no texto, sem contar com as metáforas e imagens que ele constrói que são de tirar o fôlego, a riqueza de oximoros e hipo-catástases, são literatura de deixar qualquer leitor zonzo. Creio que Marcos, sim, é simplório e popular (ainda que, também, construído com inteligência e labor). Acho que, às vezes, os críticos se deixam levar pelo preconceito da linguagem simples, mas arte literária é o trabalho com a palavra e não necessariamente com a melhor ou mais culta palavra.

    Comparando o trabalho literário dos dois (João e Marcos), eles estão em extremos diferentes. Comparar os dois textos ressalta e muito as qualidades de João e o esforço dele em buscar a harmonia da arte literária.

    "o fato de LH e outras do tipo terem produzido mais heresias (vcs dizem, eu não conheço essas traduções a fundo) não pode aniquilar a possibilidade de que outra tradução com linguagem mais atual e acessível seja boa" - concordo inteiramente, Cesar. E creio que devemos buscar essa linguagem mais atual e acessível sem cometer os erros que os outros fazem.

    Mas o ponto do Jorge é quanto ao texto majoritário - uma tradução com linguagem mais acessível (sem precisar podar o texto) a partir do Texto Majoritário.

    Quando eu dou aula, prego ou traduzo, uso várias versões e traduções para pesquisa exegética, até porque, como disse para você lá no outro blog, temos que reconhecer que somos anões e que houve gigantes que traduziram antes de nós, daí não é humilde decretarmos uma nova tradução sem avaliarmos e averiguarmos o que foi feito na história da tradução bíblica. Creio que é, no mínimo, sensato saber que aquela bíblia (ou passagem) não é a 1ª bíblia traduzida na história da humanidade. Cesar, da minha parte, vejo que é zelo com a Palavra que não é nossa mas é de Deus.

    (cont.)

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  7. Concordo, enfim, que toda tradução supõe uma interpretação. Mas é aí, Cesar, que entram os pressupostos do Paulo Anglada trazidos pelo Jorge. É preciso que haja um mínimo necessário de pre-requisitos para termos uma confiabilidade no trabalho do tradutor (que, cabe lembrar, nunca é UM, mas são vários que se debruçam para traduzir uma Bíblia). Por que isso? Veja a "Tradução do Novo Mundo" são os pressupostos deles que retiraram versículos, parágrafos inteiros da edição da Bíblia deles. Veja a "Bíblia de Jerusalém", apesar de ser inquestionável a altíssima qualidade da tradução deles, é uma tradução extremamente eclesiástica, traduzindo palavras do texto por palavras de uso litúrgico católico. A Bíblia de Jerusalém na sua primeira edição no Brasil tinha até mesmo feito o disparate de tirar o "até que deu à luz seu filho" (Mt 1: 25) e depois voltaram atrás.

    Veja, como fugir então dessas interpretações que geram textos danosos à vida espiritual dos fiéis? Sabendo que houve gigantes no passado. Que qualquer passagem bíblica tem pelo menos 2.000 anos de história de tradução, então, tem que se cobrar, sim, que o tradutor respeite a história.

    A Bíblia que Lutero traduziu para o alemão é o exemplo ideal do que estou falando aqui. Lutero ele usou o texto majoritário (claro, eu sei), mas não AMPUTOU palavras, frases, parágrafos inteiros - este é o ponto central da discussão do Jorge. Mas Lutero não para por aí. Por incrível que pareça, Lutero conseguiu trazer a Bíblia para a linguagem comum do povo alemão. A tradução de Lutero é surpreendente! Como ele resolveu que iria fazer a tradução foi algo extremamente sábio e original para o seu tempo. Vale a pena estudar a história dessa tradução, porque ela é fantástica. E veja que nem havia a tal da equivalência dinâmica.

    Assim, vendo o que Lutero fez e da maneira que fez, sei que é possível - uma tradução popular (não pobre, não é disso que nem eu e nem você estamos falando, eu sei), mas que não mutile e nem acrescente ao trabalho final.

    Abraços sempre muito afetuosos.

    Fábio.

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  8. Fábio,

    Na minha mente, uma coisa é a definição do texto de origem e outra coisa é a tradução. Um problema é um. O outro é outro. Posso definir o texto como vocÊ e traduzir muito mal. Como posso definir o texto como os Aland e traduzir com método semelhante ao do Almeida. Não acho produtivo misturar essas coisas. Mas entendo que tudo caminha junto, como questões a se pensar.

    Quanto À tradução de Lutero, estamos de acordo.

    Quanto aos gigantes e a considerar traduções prévias, concordo em partes. Deve-se considerá-las, mas não com a definição de uma hierarquia. Assim penso.

    Quanto ao estilo literário de João (e Marcos)... Bem, claro que não concordo... Não que eu pense que Marcos seja demais! A questão é que, se João tem uma profundidade de sentido (por meio de metáforas e paralelismos inclusive), no nível da linguagem (e aqui estou dividindo as coisas), o caráter simplório de sua escrita é claro e, do ponto de vista dos literatos da época, a carência de diversidade lexical e a sintaxe descomplicada do nosso querido João fazia com que seus textos não fossem considerados como expressão de uma riqueza literária. Compare João com Hebreus, com Flávio Josefo, com Fílon! É como comparar a escrita de um menino de dez anos com a sua.

    Sei que, para convencer, eu teria que detalhar essas minhas ideias. Podemos conversar depois.

    Claro, não vejo reduzido o valor de João. O conteúdo que ele comunica se sobrepõe de forma retumbante e faz sombra sobre qualquer crítica pretendida à sua linguagem.

    Agora, Fábio, queria te pedir um favor. Você poderia me mandar uma lista de passagens problemáticas da LH (as mais punk mesmo. só se vc tiver isso fácil). Queria só as passagens com alguma indicação do problema. Acontece que percebo algumas congregações de minha denominação aceitando essa tradução sem muita reflexão (ainda que a Comissão de Teologia não tenha ainda emitido parecer sobre...estão demorando). Temo que possa acontecer na minha. Por isso, queria estudar alguns desses trechos com meu pastor (aproveitando que nos encontramos quinzenalmente para ler os textos dos sermões nos originais).

    Forte abraço,

    Cesar

    P.S. Tenho certeza que com tempo e comida nossa concórdia se mostraria mais valorosa que as pequenas discórdias.

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  9. Fábio e César,

    o debate de vocês está num nível que não posso alcançar. Então, deixarei vocês à vontade para colocarem suas informações e posições.

    Porém, quero ressaltar algo que já disse no estudo e em que acredito: Deus preservou e preservará a sua palavra! Não algumas linhas, ou alguns trechos, mas cada letra e sinal.

    Logo, quando me converti, um dos primeiros ataques de satanás foi o de colocar em dúvida a fidelidade e veracidade da Escritura. Como sempre fui muito cético e racional, achava que, buscando provas materiais, elas me convenceriam e eu também poderia convencer os outros do seu caráter divino. Saí à caça de livros, artigos e textos "net-afora" e me deparei com um turbilhão de informações [sites cristãos, ateus, "científicos", etc], que me deixou muito mais confuso.

    Certa noite, antes do estudo bíblico diário, eu estava aflito com tudo aquilo, então orei e pedi a Deus direção. Pois não é que, abrindo a Bíblia, Deus me falou com uma série de versículos de que a sua palavra é a verdade e de que ela subsistiria pelo seu poder?

    horei como criança, pois foi algo imediato [lembro-me que estava estudando o Evangelho de Mateus, mas Deus me remeteu a Isaías, Salmos, Cartas Paulinas, João... numa sequência impossível para mim, que mal conhecia a Bíblia, e que não era uma Bíblia de referências, mas uma simples R.C, das mais baratinhas], uma resposta imediata de Deus para as minhas aflições. Dali em diante, eu abandonei a "pesquisa" e o desejo de "provar" a existência de Deus e a veracidade da sua palavra, pois, para mim, isso já era fato consumado.

    Digo isso, porque o que andam fazendo com o Evangelho é uma tentativa de implosão de dentro para fora, de forma que os "círculos intelectuais cristãos", travestidos de sabedoria acadêmica e erudita, têm se especializado na propagação da descrença e incredulidade na Escritura, ao ponto de se ler e ouvir de cristãos professos coisas do tipo: a Bíblia contém a palavra de Deus; apenas Deus é a verdade, e mais nada! Nem a sua palavra é verdadeira, pois apenas Deus pode ser... Penso que essas afirmações não são lançadas sem um propósito, o qual é relativizar a mensagem divina; e, olha, que não estou falando de liberais...

    Ontem, lendo o livro de 1Reis, deparei-me com a sequência em que Acabe consulta os 400 falsos profetas, e consulta a Micaías, o profeta de Deus. Os 400 profetas declararam que Deus daria a vitória a Acabe diante dos Sírios, mas Josafá, Rei de Judá [o reino estava dividido, após a morte de Salomão], desconfiou daquela "unanimidade" e perguntou se não havia outro profeta em Israel.
    [continua...]

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  10. [...]

    Acabe disse que havia um tal de Micaías, a quem ele odiava, pois nunca lhe dizia coisas boas, mas sempre coisas ruins. O profeta é chamado, e informa ao Rei Acabe que Deus havia mandado a operação do erro para os 400 profetas, e de que Israel seria derrotado na guerra contra os Sírios, e ele seria morto. Acabe revolta-se contra Micaís, manda prendê-lo, e, tentando "despistar" a Deus, troca as suas vestes reais por vestes comuns para tentar iludir o inimigo. Mas uma flexa, lançada ao acaso, acerta-lhe e o mata.

    Bem, fiz o resumo da passagem, pois ela me chamou a atenção em um quesito: todos os 400 profetas, Acabe e até mesmo Josafá, se curvaram à mentira e ao engano [e os profetas tinham certeza de que estavam sob a ação do Espírito de Deus], mas um homem, apenas um deles, Micaías, sabia da verdade, e acreditou na verdade.

    Creio que essa é uma grande diferença, e que resultará em uma vida de serviço e glória a Deus, pois, qualquer um, pode mentir em seu nome, mas poucos estão dispostos e são chamados a proferir a verdade em seu nome.

    Então penso que, na questão da tradução, sem a capacidade e o conhecimento para esmiuçar os pormenores linguísticos, semânticos, arqueológicos e históricos, fico com o testemunho da Igreja por mais de 2.000, e fico com a promessa de Deus de que a sua palavra durará para sempre.

    Como a maioria das traduções hoje está baseada no T.C., penso que não dá mesmo para avaliá-las como a palavra de Deus, pois o T.C. também não o pode ser.

    Como estudioso, acredito que se deva ter todos os materiais de consulta à disposição, mas como pessoas que devem orientar as demais que não têm acesso a estes e outros materiais, defender uma "diversificação" escritural não tem outro nome para mim: soberba, arrogância e desprezo ao bom e sábio conselho de Deus.

    O fato de irmãos defenderem o T.C. não me faz inimigos deles [até porque eles não precisam da minha concordância, assim como eu não preciso da deles], mas não poderia fazê-lo, negligentemente, com os irmãos da minha igreja. E alertá-los para a crescente incredulidade, banalização e mundanismo que essa atitude tem gerado na igreja. Com isso não digo que a culpa sejam dessas traduções, mas digo que elas fomentam a descrença, e aqueles que estão empenhados nessa (des)ordem utilizam-se delas para disseminarem e estabelecerem o seu padrão.

    Pelo sim e pelo não, prefiro manter a distância, ainda que muitos entendam-me por ignorante, e um tosco a espalhar a ignorância.

    Grande abraço!

    Cristo os abençoe!

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  11. Jorge, concordo contigo! Levar as mais diferentes versões aos irmãos causa confusão e desautoriza a própria Palavra. Dar na Igreja essa aula de TC e TM é algo valiosíssimo para começar a se questionar os cânones modernos.

    Cesar, realmente não dá para comparar com Hebreus (até porque o estilo é outro, não se pode comparar texto narrativo com texto doutrinário para verificação de estilo e muito menos com texto filosófico, não é natural; até porque cada proposta de gênero traz os seus desafios específicos ao seu autor). Mas, o que se pode fazer é comparar os textos de mesmo gênero textual, na caso, os evangelhos entre si, fazendo isso, que é o que eu quis demonstrar, João sobressai literariamente a todos (até mesmo ao de Mateus e Lucas, por causa da originalidade de sua carga dramática e esforço de se trabalhar a narrativa e sua harmonia). Mas concordo que é assunto para desenvolvermos mais depois.

    Quanto a LH, além do que escrevi sobre a oração sacerdotal que trocou "glória" por "natureza divina" (e que os TJs amaram), deixarei a Comissão de Teologia da sua denominação verificar o assunto, até porque o que está envolto na BH (além do problema da tradução) é a falta de critérios santos e sadios na escolha dos que fizeram a tradução e, por isso mesmo, fizeram valer as suas crenças na hora de interpretação. Mas cabe mais uma dica para a leitura atenta da LH, veja a passagem de I Jo 5: 6ss para se ver como funciona uma "tradução" herética e fundamentada nas (des)crenças dos tradutores.

    No mais, Cesar, é sempre muito bom conversar contigo.

    Jorge, ano que vem, se Deus me der essa graça, quero levar esse estudo da TC e da TM para a minha congregação. Percebi que, com jeitinho, as explicações na verdade são mais simples do que, às vezes, pensamos.

    Abraços, Jorge, e obrigado pela aula.

    Fábio.

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  12. Fábio,

    Obrigado pela conversa. Vou olhar esses trechos da LH e procurar saber de outros. Não confio na comissão da minha igreja (CTRE - Comissão de Teologia e Relações Eclesiásticas, nome bonito, né?). Não que sejam ruins os que trabalham, mas porque as estruturas burocráticas às vezes não deixam a coisa fluir devidamente. E, além disso, alguns nomes influentes da igreja trabalham na SBB... bem... a gente fica pensando, né... será que... bem... sinceridade...

    Quanto ao João, vejo que vc gosta mesmo dele! hehehe, pois se alguns elementos literários joaninos (o mais das vezes, a meu ver, simples na literatura judaica anterior, veja a literatura sapiencial, à qual João deve muito) são valorosos, comparar (linguísticamente) a escrita de João com a de Lucas, certamente fará perceber o maior traquejo discursivo do médico escritor. Ah, eu propus comparar João não somente com Hebreus, mas também com Josefo e Fílon (Pensando nos textos narrativos dos dois. Ainda que possamos pensar no Evangelho como gênero a parte, não precisamos restringir tanto as comparações, já que eles compartilham elementos com outros tantos textos narrativos, hagiográficos, biográficos etc.), e isso fiz para manter-me entre os escritores judeus, como era João. Mas deixemos isso para outra vez. Vou ver se um dia tenho tempo para escrever sobre algo do tipo lá na minha cantina capenga. Daí vc contrapõe com comentários.

    Um abraço amigo a todos,

    Cesar

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  13. p.s.
    Jorge,
    Vc tem feito com que eu pense (ou repense, ou reavalie pensamentos sobre) questões importantes. Por enquanto não me movi muito, mas percebo bons prognósticos.
    Obrigado,
    Cesar

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  14. Valeu, Cesar!

    Sigamos salgando.

    Abraços sempre afetuosos.

    Fábio.

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  15. Fábio,

    que Deus o abençoe a levar esse estudo, que você pretende, sobre o T.M. e o T.C., para os seus irmãos e alunos.

    Um dos grandes problemas hoje, dos tempos modernos e pós-modernos, é que se dissemina a ideia de não haver verdade, quando eles defendem várias verdades: a de que não há verdade, a de que a Bíblia não é infalível, inerrante e divinamente inspirada, etc. O interessante é que afirmações categóricas e que ganham ares "absolutos" são ditas e levam muitos a crerem nelas, quando o conceito de verdade, infalibilidade, etc, estão mortos para os mesmos que se dizem infalíveis e verdadeiros em suas proposições.

    Então, é o seguinte: a verdade que leva à crença em Deus e sua palavra não existe é falácia, mas a verdade que leva à descrença em Deus e em sua palavra, essa existe, e é irrefutável. Como aquele velho jargão salienta: durma-se com um barulho desse!

    Por isso, cada vez mais, creio que devemos levar aos nossos irmãos, especialmente os da nossa casa, a verdade, e que eles se instruam e abandonem a ignorância e tolice de seguir aquele tipo de verdade que levará sempre à descrença e ao abandono da fé cristã, o qual é, muitas vezes, absorvido quase por osmose, ou à base de uma aceitação sofisticada apenas e tão somente na superfície. É como aquela fruta que tem uma casca bonita, brilhante, viva, mas à medida que se vai aproximando do seu centro, as manchas, podridão e o aspecto doentio vão saltando aos olhos.

    E estou com você, não dá para ímpios cuidarem das coisas de Deus, e, pior ainda, difundi-las como irrefutáveis, com base unicamente na própria autoridade de quem se arvora a autoridade.

    Por isso, já estou vislumbrando, no futuro, Fábio, não uma EBD no M.T., mas um seminário, no melhor sentido do termo, e fincando nas melhores raízes cristãs e bíblicas, aos seus cuidados, claro!

    Novos abraços!

    Cristo o abençoe!

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  16. Cesar,

    eu é que agradeço por sua colaboração por aqui, e por suas colocações, mesmo não concordando com algumas delas, assim como você não concorda com, talvez, muitas das minhas. Mas é isso mesmo! Como o Fábio disse, vamos salgando...

    Fico feliz que você [que tem muito mais informação e conhecimento do que eu] esteja meditando sobre todas estas questões; e não quero, nem mesmo dos irmãos mais próximos e chegados da minha igreja, nada além disso. Que cada um medite e avalie-se sobre o que crê, e se está em conformidade com a fé cristã. E, com isso, não estou dizendo que alguém se utilizar do T.C. o tornará em incrédulo. Como dizem por aí, sou dogmático, mas nem tanto... [rsrs].

    Quanto a você, sempre é uma pessoa equilibrada, de trato agradável, e parece gostar de um bom papo, além de sempre ser respeitoso. Sem contar nas muitas informações que traz, e que nos ajudam a esmiuçar toda a coisa. Então, seja sempre bem-vindo, como já lhe disse outras vezes.

    Abraços.

    Cristo o abençoe!

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  17. Fiz um comentário ( foi tão bom...rs...rs...rs...) e esqueci de clicar no botão "postar"...
    Tentarei repetir o que havia dito e não dito:

    Primeiramente parabéns aos comentários do "casal vinte", gostaria de enfatizar que embora haja sim traduções melhores, mais agradáveis, algumas tão coloquiais que parecem evaporar a seriedade da Plavra de Deus, mas que nenhum atradução por pior que seja, a não ser que se recore versículos,grandes porções, capítulos inteiros e até livros, não há como apagar a revelação divina.

    Isso porque a Bíblia, como a Palavra de Deus é ( ou foi ) escrita com fatos e não com idéias, diferentemte de todos os demais livros considerados "sagrados". Essa é a primeira diferença.

    Problemas de tradução, alguns impossíveis de solução existem e sempre a tradução estará acultando ou deixando de revelar naquele pedacinho o que o texto original revela. Entretanto Deus a escreveu, compôs, de modo a superar essa dificuldade, de modo que o profundo conhencimento da língua orginal, ou textos originais não dão vantegem espiritual comparada a uma tradução em deterninada cultura exatamente.

    São vários exemplos, destaco dois:

    Em Gênesis 1:1 encontramos a declaração de que "Deus" criou os céus e a terra, palavra itraduzivél para o português, pois a tradução literal "deuses" para "Elohim" daria no caso uma idéia errônea de fato.

    Outro exemplo é "Espírito" e "espírito" nas traduções das Testemnhas de Jeová por razões mal intencionadas: no alemão ambas são sempre grafadas com letra maiúscula pois todos os substantivos em alemãosão sempre grafados com letra maí[uscula e portanto a palavra alemã para "espírito" ( erradamente ) ou "Espírito" seriam iguais.

    Mas os fatos bíblicos, as ações de Deus não podem ser "escondidas" na pior das traduções. Desse modo a mensagem real permanece inalterada a não ser que o leitor ou ovinte não queira ouvir o que Deus esteja a dizer.

    Um abraço...tinha mais, mas nãome lembro agora. Parabéns mais uma vez por mais essa brilhante aula meu querido irmão.

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  18. Helvécio,

    concordo parcialmente com você, pois não dá para afirmar que uma tradução, como a do Novo Mundo, em que há uma nítida desqualificação da pessoa do Senhor Jesus Cristo, e a anulação completa da pessoa do Espírito Santo, seja algo que possa manter intacta a revelação divina. Ela depõe contra Deus e sua mensagem, explicitamente.

    Assim, outras traduções [ou paráfrases, como a N.M], levam à ignorância e ao desconhecimento da revelação especial, seja em parte, seja no todo. E a advertência em Ap. 20 parece-me suficiente para não nos atrevermos a isso.

    Lendo um pouco da história da TBS [Trinitarian Bible Society], descobri que ela somente existiu porque irmãos se recusaram a permanecer na Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira, que manteve em seu rol de membros unitaristas [alguns em cargos diretivos], que negavam a divindade do Senhor Jesus [depois de tentar persuadir a SBBE a estabelecer uma base doutrinária bíblica].

    Então, penso que a coisa não é tão simples assim, e que fazer concessões mínimas representará que, em dado momento, seja imperativo fazer-se concessões máximas, e aí, a vaca já foi pro brejo há muito!

    Abraços.

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  19. Caro irmão Jorge, não diminuo a importância da questão colocada por você e por demais irmãos tão apropriadamente, não se trata disso. E nem é simplismo meu, apenas apresentei outro lado do problema ou seja: a melhor tradução tida como tal terá problemas naturais e insuperáveis do ponto de vista linguístico e cultural.

    A qualidade da janela é importante mas mais importante é a paisagem que se pode ver através dela. Os doislados devem ser considerados e aí entra o que você abordou antes: a questão das confissões doutrinárias denominacionais. Elas de fato declaram o que se crê sobre cada ponto da Escritura.

    Por outro lado o meu argumento é válido pois Deus não só tinha pré-conhecimento do que faríamos com a Sua Palavra e das inúmeras controvércias em torno dela e do que ela revela que a escreveu de modo único: com fatos.

    Outros livros "sagrados" e tidos como revelações divinas também apresenta fatos mas eles jamias aconteceram ( livro de Mórmon por exemplo ) ou o a viagem de Maomé em um burro voador até Jerusalém ( algo jamais acontecido ). Na Bíblia Adão e Eva não constituem uma alegoria nem o assassinato de Abel, nem o nascimento de Isaque, nem a vida e saga de Sansão, ou Babel, ou o Dilúvio universal e não local, nem a divisão da terra por fição ou o nascimeto de gigantes, nem tão poucoos frutos de tamanho inusitado em Canaã, nem as sete pragas sobre o Egito, nem a escuridão por ocasião da morte de Jesus, e todos os demais fatos naturais ou estrnhos em toda a Escritura.

    Esses relatos não podem e de fato não são apagados em nenhuma versão das Escrituras. Vale anda lembrar que títulos, referências, comentários, capítulos e versículos são acréscimos artificiais e neles sim a erros não poucas vezes passíveis de correção até me autoria de livros, como Hebreus, evangelho de João, por exemplo, mas esses detalhes não atingem nem de longe o poder e a verdade da Palavra que não e dos homens, mas de Deus.

    Se há algo impossível de deus velar e nã permitir o menor desvio é a Sua Palavra, afinal ela não passará enquantoas demais coisas se aniquilarão e desaparecerão.

    O que eu disse não anula tudo o que muito apropriadamente afirmara e apontara na aula e nessa postagem. Deus o abençoe rica e abundantemente meu irmão.

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  20. Um adendo que julgo importante:

    Irmaõs estão desqualificando a Palavra de Deus junto a novos convertidos nas duas pontas do problema: uns preferem as traduções mais aculturadas rejeitando arbitrariamente as mais tradicionais e ao contrário também é a verdade, dentre as mais aceitas tradicionalmente, textos de uma e de outras que aperentemtemente seus argumentos mais imediatos sejam quais forem. Ou sejam citam e dão crédito a tradução que naquele texto lhes favoreçam. Isso é um absurdo. Só há uma Palavra de Deus. Li e leio ( quando posso ) várias traduções e há mesmo algumas dicida e claramente melhores que outras, mas repito os fatos estão lá em todas do mesmo jeito: a fidelidade de Deus e todas as suas promessas.

    Voltando a Tradução do Novo Mundo (?!!) com um ouvido atento jamais os desvios teológicos das Testemunhas de Jeová encontra fundamento. Se não fosse as reiteradas notas explicativas colocadas por eles, o leitor atento jamais chegaria s mesmas conclusões que eles dizem ter chegado com base nas mesmas Escrituras. Desvios teolígicos só podem encontrar alguma base localizada aceitando os apócrifos e criando outro livro imitando o estilo bíblicocomo o livro de Mórmon. No canon universalmente aceito isso é impossível.

    Compete a igreja o ensino conforme se crê e oportunização da real experiência de comunhão e caminhar com o Senhor. Repito o cristianismo não é uma religião e um credo teórico mas um relacionamento com Jesus Cristo e nem o melhor conhecimento escriturístico pode substituir isso.

    P.S:Posso reproduzir essa oportuníssima aula no "Contando os Nosso Dias" ( onde está o seu testemunho, sempre com o maior sucesso, a terceira mais lida em todo o blog )?

    Um abraço mais uma vez meu irmão.

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  21. Com base no seu excelente texto, dei algumas pesquisadas no que concerne as minúcias de traduções verso por versom textos comparados, etc. São discussões apaixonadas por muita gente que dedicou décadas a conhecer afortunadamente originais gregos e hebraicos. Gente de todas as posições doutrinárias e teológicas e que se perdem em preciosismo muitas vezes com alguma base razoável.

    Tratando-se na maioria das vezes de uma obstinada batalha individual ou de grupo, que na grandemaioria das vezes se desvia e muito do foco principal. Muitas são úteis, outras interessantes, outras certamente de menor importância por impossibilidade de um conclusão final e outras claramente inúteis.

    Algo que eu já presumia ( pelo fato de todos até os mais heruditos, bebermos sempre pela mão de alguém ) de que sempre há alguma dose certa de erro de tradução, seja casual, temporal, cultural ou linguístico.

    Reitero que a Palavra de Deus não é letra, mas a história manifesta e real, enfim de fatos ocorridos e gravados de alguma forma na eternidade de que eles de fato ocorreram e não são projeções mentais de um ou mais pessoas, simpres seres humanos.

    Os fatos bíblicos não podem de modo algum serem apagados, corrompidos, por nenhuma tradução. Pode faalatar entendimetno sobre muitas coisas, como por exemplo, os crentes em Atos que nem sabiam que havia Espírito Santo, mas de forma geral todo erro teológicopode ser facilemente desmontado simplesmente pela narrativa bíblica geral. Ou seja so seu relatos exclarecem por si mesmos toda e qualquer coisa necessária sobre Deus e o homem.

    Quando consultado sobre algo sobre Deus e o homem não respondo com versículos mas com relatos inteiros da própria Escritura, a compreensão final depende da pessoa e da sua relação real e pessoal com Deus. Aliás conhecimento bíblico via o meio legítimo acadêmico não deixa nenhum homem um milímetro mais próximo de Deus, afinal elas apenas apontam para Jesus Cristo, sendo Ele a própria vida eterna e o único meio do homem ser salvo.

    Um grande abraço querido irmão.

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  22. Grande Jorge!

    Devido à boa propaganda que fazem da ACF, estou pensando em aderir a ela. Segundo suas pesquisas, essa seria a melhor tradução que temos em português?

    Se possível, me responda no meu blog.

    Abraços!

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  23. Com relação aos textos majoritário ou crítico, mesmo sabendo que existem algumas diferenças bem significativas e que alguns reformados defendem a inerrância dos originais e não das traduções pelos motivos já expostos acima; penso que, apesar disto ou mesmo assim, Deus continua revelando o que quer, na hora que quer e para quem quer com todas as traduções existentes. Acredito que não seria o erro do copista ou a intenção do tradutor que acabaria ou invalidaria os propósitos de Deus para o Seu povo, mas nem sombra disto.
    Nos estudos, gosto de ler várias versões, inclusive com um dicionário Strong (Hebraico-Grego) para aquelas frases que sobressaltam os olhos. Portanto, no meu humilde ponto de vista, e posso até parecer fugir de um suposto problema, não vejo algo (relativo às traduções)que ponha o agir de Deus no mundo em xeque. Na verdade, não vejo nada mesmo que possa, nem sutilmente, mostrar algo a alguém que Ele (Deus) realmente não queira mostrar.
    Mas, sou favorável ao estudo das diferenças para estabelecermos uma proximidade coerente com o original (se for possível), mas que este estudo não forneça bases ilusórias que comprometam o entendimento bíblico da soberania de Deus em tudo e em todos.
    Um abraço a todos.
    Eric

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  24. Eric,

    legal tê-lo por aqui depois de um longo inverno [rsrs]! Andava sumido, rapaz!

    Bem, a questão não é se há diferenças, mas por que há diferenças?

    Veja bem, você diz: "sou favorável ao estudo das diferenças para estabelecermos uma proximidade coerente com o original (se for possível), mas que este estudo não forneça bases ilusórias que comprometam o entendimento bíblico da soberania de Deus em tudo e em todos".

    Pergunto: primeiro, qual original? O T.C. recém-descoberto e cheio de mutilações e incongruências entre as poucas cópias existentes? Ou o T.M. utilizado ela igreja em todos os tempos [e pelos reformadores também]e que tem uma unidade textual espantosa em suas milhares de cópias?

    Segundo, se não for possível a proximidade com o original vale o distanciamento? O problema não é se está-se próximo ou não. O problema é: essa cópia é fiel ou não ao original? E, se você tiver de crer, digo, crer no que lê, você creria em algo que está em uma e não está na outra? Ou descreria já que não há unidade de propósitos, e, logo, saber o que Deus disse ou não torna-se quase impossível? A Bíblia também é uma questão de fé, uma fé racional, guiada pelo Espírito de maneira objetiva, e fico pensando: por que os homens se esforçaram tanto para retirar da Escritura o caráter objetivamente espiritual e levá-la para o campo meramente do método, do cientificismo, para assim autorizarem e autoatestarem a própria incredulidade?

    Terceiro, você tem o dicionário de Strong e outros dicionários. Tem sistemáticas e um caminhão de livros teológicos, mas, como ficaria a fé daquele que não tem nada disso? Em quais bases ele poderia dizer que determinada tradução é fiel ou não aos originais? E, se confrontado pela incredulidade [até mesmo de irmãos], qual seria a resposta à razão da sua fé?

    Nesse caso, penso que além de responsáveis por nossa fé somos responsáveis também pela fé alheia, no sentido de que podemos "afetá-la" de alguma forma, enfraquecendo-a e até mesmo destruindo-a.

    Mas o que me incomoda mesmo é a suposta superioridade intelectual ao se dizer que tudo é igual, farinha do mesmo saco, ou que nada é perfeito, porque a palavra transmitida não é perfeita. Ora, em que bases estabeleceu-se a fé desse homem? Numa palavra imperfeita? Não há em nenhum lugar da Escritura a referência a si mesma desta forma, pelo contrário, ela se autodenomina perfeita, santa e autoritativa. Então, fico com ela, a despeito da piedosa declaração de insuficiência escriturística que os "doutores" se esforçam em promover.

    Grande abraço!

    Cristo o abençoe!

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  25. Jorge,

    legal tê-lo por aqui depois de um longo inverno [rsrs]! Andava sumido, rapaz!
    R: rsrsrs...

    Bem, a questão não é se há diferenças, mas por que há diferenças?
    R: inúmeros fatores como os descritos acima (copistas, interpretação,...).

    Veja bem, você diz: "sou favorável ao estudo das diferenças para estabelecermos uma proximidade coerente com o original (se for possível), mas que este estudo não forneça bases ilusórias que comprometam o entendimento bíblico da soberania de Deus em tudo e em todos".

    Pergunto: primeiro, qual original? O T.C. recém-descoberto e cheio de mutilações e incongruências entre as poucas cópias existentes? Ou o T.M. utilizado ela igreja em todos os tempos [e pelos reformadores também]e que tem uma unidade textual espantosa em suas milhares de cópias?
    R: Obviamente, o T.M pois corresponde a 99% dos manuscritos. Porém, até mesmo a tradução do T.M. deve conter erros de tradução. O idioma hebraico é fascinante pela sua riqueza de detalhes. Uma alternativa é utilizar a septuaginta para ver qual palavra substituiu alguns textos hebraicos citados do AT e por aí vai. Não existe uma tradução 100%, pois o tradutor querendo ou não inseri nela o seu ponto de vista.

    Segundo, se não for possível a proximidade com o original vale o distanciamento?
    R: Não disse isto. A proximidade dá-se pelo T.M. porém, posso dizer que o outro (T.C.) não é bíblico?
    O problema não é se está-se próximo ou não. O problema é: essa cópia é fiel ou não ao original?
    R: O que eu estou dando ênfase é na tradução e você no T.M. e T.C.
    E, se você tiver de crer, digo, crer no que lê, você creria em algo que está em uma e não está na outra? Ou descreria já que não há unidade de propósitos, e, logo, saber o que Deus disse ou não torna-se quase impossível? A Bíblia também é uma questão de fé, uma fé racional, guiada pelo Espírito de maneira objetiva, e fico pensando: por que os homens se esforçaram tanto para retirar da Escritura o caráter objetivamente espiritual e levá-la para o campo meramente do método, do cientificismo, para assim autorizarem e autoatestarem a própria incredulidade?
    R: Pesquisaria e acabaria no T.M. rsrsrs. Justamente, fé racional. Porém, o que afirmo é que não devemos perder nosso sono achando que estas diferenças solapam a revelação, pois até as traduções do T.M. deve ter incorreções em suas traduções; porém é aí que mesmo com incorreções o sentido original entraria nas nossas mentes pelo poder de Deus.

    Terceiro, você tem o dicionário de Strong e outros dicionários. Tem sistemáticas e um caminhão de livros teológicos, mas, como ficaria a fé daquele que não tem nada disso? Em quais bases ele poderia dizer que determinada tradução é fiel ou não aos originais? E, se confrontado pela incredulidade [até mesmo de irmãos], qual seria a resposta à razão da sua fé?
    R: Eu não tenho este caminhão de livros rsrsrs... Jorge, se eu levar ao pé da letra, a racionalidade (que eu acredito também) tomará todo o lugar da espiritualidade, e irei acreditar que meu irmãozinho que recebeu uma bíblia que não aquela que eu considere a 100% e que não tenha seus caminhões de livros estará destinado ao inferno. A racionalidade e a espiritualidade andam juntas, e pode ter certeza, Deus agirá de alguma forma neste caso, com ou sem a melhor tradução, com ou sem o T.M. Mas, é claro irei preferir o T.M. e aconselharei este para outras pessoas.

    Continua...

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  26. Jorge, continuando...

    Nesse caso, penso que além de responsáveis por nossa fé somos responsáveis também pela fé alheia, no sentido de que podemos "afetá-la" de alguma forma, enfraquecendo-a e até mesmo destruindo-a.
    R: Que não sejamos pedras de tropeço para ninguém para a Glória de Deus.

    Mas o que me incomoda mesmo é a suposta superioridade intelectual ao se dizer que tudo é igual, farinha do mesmo saco, ou que nada é perfeito, porque a palavra transmitida não é perfeita. Ora, em que bases estabeleceu-se a fé desse homem?
    R: A transmitida não é perfeita, somente a revelada por Deus rsrsrs... Jorge, a Palavra é perfeita, intocável, linda, porém as diversas traduções não apagam a chama da sua beleza e a força da revelação de Deus individualmente.

    Numa palavra imperfeita? Não há em nenhum lugar da Escritura a referência a si mesma desta forma, pelo contrário, ela se autodenomina perfeita, santa e autoritativa. Então, fico com ela, a despeito da piedosa declaração de insuficiência escriturística que os "doutores" se esforçam em promover.
    R: Concordo. E continuando...
    ...o que quis dizer é que não devemos ficar noites sem dormir acreditando que porque uma frase se encontra numa versão e não na outra, esta outra cai no descrédito, pois isto a princípio chocaria um irmão que aprendeu pelo T.C.. Obviamente, devemos continuar priorizando as traduções do T.M., mas o Senhor irá colocar o entendimento correto no momento certo naquele cidadão que está com a tradução do T.M. ou do T.C. E, é claro, vale a pesquisa. Lembro-me das minhas aulas de judaísmo messiânico em que quando verificávamos o teor de uma única frase ou até mesmo palavra, encontrávamos uma riqueza de detalhes tão grande que eu ficava boquiaberto. E era somente uma frase ou palavra rsrsrs... com um significado estratosférico. Então, a Palavra é linda, irretocável, maravilhosa, não sei quantos adjetivos colocar..., mas não temos tradução 100%, 100% somente pelos originais (priorizando o T.M.) e pelo auxílio do Espírito Santo de Deus (principalmente).
    Um abraço meu irmão.
    Eric

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  27. Eric,

    estamos vendo a coisa com lentes diferentes. Veja bem: eu não disse que aquele irmão que tem o T.C. vai para o inferno, mas disse que o T.C. tem sido a base, o argumento para que muitos digam que a Bíblia não é infalível, inerrante e divinamente inspirada. Mas veja, se a Bíblia que eu tenho não é, seja uma tradução derivada do T.C. ou não, como posso saber que "há" uma palavra de Deus?

    A maioria dos crentes ignorará por toda a vida essa questão T.M x T.C., até, porque, mesmo diante de toda a propaganda pró-T.C., a grande maioria se utiliza de traduções baseados no T.M., ainda que a fidelidade a ele venha diminuindo. Mas isso, em um futuro, poderá não acontecer, de forma que muito, como hoje é quase "unanimidade" entre os cristãos, digamos, mais estudiosos, de que há imperfeições na sua Bíblia. Por isso, repudio o método de equivalência dinâmica que faz do copista ou tradutor um "reordenador", um "reescritor" do texto sagrado. Por mais que se queira dizer que não, o método histórico-gramatical, a literalidade, não afetará o texto, pois não há a possibilidade de lhe dar um "outro" sentido. Prima-se pela pureza da mensagem, ainda que haja variações e impossibilidades semânticas ao se traduzir um texto de uma língua para outra. Os que se baseiam no T.C. não têm esse apelo à pureza, o que, por si só, é um perigo e tanto. Além do quê, hoje, infelizmente, as traduções não estão entregues à igreja, mas a centros acadêmicos para-eclesiais, o que é temeroso, muito temeroso... o apelo ao cientificismo e a uma superioridade acadêmica desses tradutores é temerário também, pois não está sob os auspícios da igreja.

    Mas de tudo, o que me parece a pior herança do T.C. e suas traduções é a questão da incredulidade mesmo. Hoje, uma irmã no facebook mandou uma mensagem para vários irmãos [pastores, teólogos, seminaristas, etc] sobre qual Bíblia deveria comprar. Bem, a maioria disse estar despreparada para emitir uma opinião, o que revela um certo grau de descrença com o que têm às mãos e é objeto de estudo deles. Outros disseram ser irrelevante, e de que o ideal era ela ter todas as traduções e consultar todas.
    Fui lá, já que ela me pediu opinião também, e disse o que já disse por aqui, resumidamente. Relatei isso para mostrar que a maioria não crê suficientemente no livro que dizem seguir, e são incapazes de dizer se o que têm à mão é a palavra de Deus ou não. Isso me preocupa, e me faz ver o estrago que o T.C. tem feito na igreja. E já não são poucos os que, como Marcião, querem retirar e anular livros e até testamentos inteiros na Bíblia, exatamente por não crerem neles.

    E, diferentemente dos irmãos da Igreja Primitiva que acusavam Marcião, Mani e tantos outros de heréticos, não tomamos a mesma atitude, e muitos deles estão nos púlpitos e salas de aulas espalhando o seu ceticismo.

    Por isso, a despeito de ter várias traduções em minha estante, não abro mão da ACF, em meus devocionais e estudos. E creio, ela me basta.

    Abraços.

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  28. Jorge,
    A tradução limita o texto original, pois ninguém escreveria de forma neutra. Portanto, até mesmo versões derivadas do T.M. ou se preferir a ACF não seria 100% fiel ao original que é 100%. Então, defendo o leitura comparada em português ou em outras línguas e novamente digo, o entendimento vém de Deus. A melhor leitura seria na língua original, ou seja, o AT no hebraico e o NT no grego. Dizem que Calvino pregava lendo a partir dos originais, ou seja, hebraico e grego. Mas, como nem todos tem esta facilidade, temos a leitura comparada na língua que entendemos.
    Um abraço meu irmão.
    Eric

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