12 junho 2023

Estudo sobre a Confissão de Fé Batista de 1689 - Aula 7: Interpretação da Escritura







Jorge F. Isah

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9. A regra infalível de interpretação das Escrituras é a própria Escritura. Portanto, sempre que houver dúvida quanto ao verdadeiro e pleno sentido de qualquer passagem (sentido este que não é múltiplo, mas um único), essa passagem deve ser examinada em confrontação com outras passagens, que falem mais claramente.20
20 II Pedro 1:20-21; Atos 15:15-16
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Primeiro, definamos o significado de interpretar, cuja origem vem do latim "interpretari", o qual quer dizer aclarar, explicar ou dar o sentido a algo, no nosso caso, ao texto bíblico. Então, de certa forma, todos nós somos interpretes, aqueles que, através da leitura do texto sagrado, apreenderão o seu significado, a sua mensagem. Como já foi dito, temos de ter o cuidado de não reescrever o texto, dando-lhe um sentido que Deus não quis dar. Isso acontece comumente por causa das nossas limitações, mas ainda mais habitualmente [o que não quer dizer que seja uma prática normal, correta] porque queremos que o texto concorde com o que pensamos, com o que cremos. A ideia de que somos "livres-interpretes" é falsa, pois o texto não pode ter uma significação pessoal, como Pedro nos diz: "Sabemos primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação" [2Pe 1.20].

Alguém poderá dizer que o apóstolo se refere apenas às profecias, mas o fato é que as profecias são relatos, revelações de Deus ao homem, o que inclui, ao meu ver, todo o escopo da Bíblia, ainda que particularmente nos atentemos ao seu caráter de prever acontecimentos futuros. Quando a Bíblia diz: "A alma que pecar, essa morrerá" [Ez 18.20], temos um princípio, o de que o pecado levará inevitavelmente à morte, e uma profecia, a de que os pecadores morrerão [numa afirmação para o tempo futuro, para aqueles que ainda viriam, sem se esquecer de que ela já se realizara também no passado]. Então, profecia [lat prophetia] significa igualmente anunciar e interpretar a vontade e os propósitos divinos; profetizar é anunciar o Evangelho, o que todos os cristãos são chamados a fazer, logo, todos somos profetas. 

O cuidado e zelo ao nos dirigirmos ao texto bíblico está ligado ao temor de preservá-lo em nossa mente e coração da forma como Deus nos entregou. Como já disse, todos temos acesso à Escritura, mas com a responsabilidade e vigilância para não colocar aquilo que ela não diz, nem tirar o que ela diz. Nós somos os seus guardiões secundários, pois Deus é o seu guardião principal e, por ele, ela se manterá intacta e perfeita em sua missão de nos revelar fiel e verdadeiramente a sua mensagem. O que não nos exime da vigília contínua em resguardá-la inalterada, incorrompida. De forma que a Bíblia é autossuficiente em si mesma, sem depender de nada ou ninguém além do seu autor, o Espírito; e será sempre ele quem guiará os leitores ao correto entendimento e interpretação da verdade. Mas, para isso, é necessário que o leitor seja regenerado, sua mente transformada, pois há uma venda que cega os olhos espirituais do homem natural, e assim a interpretação correta torna-se impossível, e a sua compreensão inatingível, sendo essencial que ela seja retirada, e isso somente acontecerá pela obra e ação direta do Espírito Santo, dando o novo-nascimento, sem o qual ninguém poderá ver o reino dos céus [1Co 2.14; 2Co 3.14-15].

Creio que este ponto esteja bastante claro, e foi afirmado e reafirmado desde a primeira aula: a Bíblia é autointerpretativa, ela se explica a si mesma, e, para tanto, ela deve ser estudada, e nela devemos meditar para que encontremos a resposta para as eventuais dificuldades que examinamos. Mas nada disso será possível ao homem natural, pois tem os olhos cegados para a verdade. Somente o Espírito Santo pode abrir os olhos ao "morto" e trazer-lhe à vida, ao ponto de, somente assim, ele ser capaz de compreender a mensagem divina. o que nos torna ainda mais responsáveis diante de Deus, pelo dever de clamar e suplicar que ele nos dê a capacidade de entendimento constante, a capacidade de, iluminados pelo Espírito, crescer na compreensão da Escritura. 

Com isso, o que se quer dizer que nem as ciências humanas, nem a intuição espiritual ou novas profecias, nem a tradição, ou decisões eclesiásticas, podem ser o ponto pelo qual determinado texto venha a ser clarificado e interpretado. Esse é um princípio definido sabiamente pela C.F.B., de maneira que ninguém está autorizado a explicar o sentido de determinada passagem com base em outros fatores que não seja o próprio texto bíblico; de maneira que ela dará um ensino geral e uniforme, não podendo contradizer a si mesma, pois ela é uma unidade harmônica e coesa.

Não estou excluindo absolutamente o conhecimento humano quanto aos métodos de ensino e aprendizado das línguas originais ou de hermenêutica [a palavra origina-se do grego "hermēneuein" que significa interpretar, esclarecer, e traduzir. É o ramo da filosofia que estuda a interpretação de textos, ou melhor, através dela determinado texto é levado à compreensão], que podem auxiliar no entendimento e compreensão do texto bíblico. 

A questão então passa a ser: qual a forma correta de interpretação do texto sagrado?

Muitos alegam, como Orígenes, um dos pais da igreja de Alexandria, que antes de trazer um sentido literal para o texto bíblico devemos "espiritualizá-lo", pois este é o seu objetivo primário. Em outras palavras, ele quis dizer que o sentido literal era coisa para neófitos, iniciantes, e que o sentido espiritual ou alegórico era para os maduros na fé[1]

A palavra alegoria origina-se do grego "allegoría", e significa "dizer o outro", que é o mesmo que dar outro sentido ao sentindo literal, dizer algo diferente do sentido literal. Dá-nos a ideia de que a verdade está alegoricamente oculta, e de que entendê-la literalmente, na superfície, seria uma forma "inferior" de se aproximar de Deus. Em outras palavras, o método alegórico afirma não haver o ensino direto na Escritura, mas formas subliminares e subentendidas somente perceptíveis por aqueles que sejam superiores espiritualmente para buscá-las e encontrá-las. O que acontece é a distorção e corrupção da verdade, e uma presunção que torna o interprete em um analfabeto, incapaz de ler no texto a mensagem real e verdadeira de Deus. 

Infelizmente este método antigo de interpretação está mais vivo hoje do que esteve à época de Orígines. Muitos pastores e líderes cristãos se espelham nesse ensino para fazerem-se mais espirituais aos olhos do seu rebanho. Com isso eles ganham autoridade e a capacidade de manipular o texto bíblico ao seu bel-prazer, conforme os seus interesses imediatos, revelando o pensamento e a mente do homem ao invés do pensamento e a mente do Autor, o Espírito Santo. 

Um mesmo objeto, por exemplo, a água, pode significar coisas diferentes para intérpretes diferentes. O dilúvio, pelo qual o mundo sucumbiu pela água, poderia significar coisas díspares como a destruição do mundo, o julgamento de Deus sobre a humanidade, porque "a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente" [Gn 6.5]; ou o batismo regenerador, através do qual a água tem poderes de efetivamente apagar e limpar o homem dos seus pecados. A arca de Noé, em outro exemplo, pode significar dois eventos: para Agostinho [que as vezes tinha rompantes alegoristas] as suas medidas eram idênticas às medidas do corpo humano, simbolizando a Igreja, o Corpo de Cristo. Para Hipólito de Roma, a mesma arca significava o Cristo, o Salvador que haveria de vir.

Há também uma sensível diferença entre as parábolas de Cristo e a alegorização. Uma coisa é o Senhor utilizar-se de analogias e figuras de linguagem para ensinar seus discípulos a verdade. Outra coisa é utilizar-se do método de alegorização para dar um sentido irreal [e mesmo vários sentidos irreais] a tudo que é real no texto. A Bíblia se utiliza de figuras, tipos e alegorias, como maneira de, didaticamente, transmitir e ensinar a verdade, algo real. Vejamos alguns exemplos:

a) Rm 5.14: "No entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, até sobre aqueles que não tinham pecado à semelhança da transgressão de Adão, o qual é a figura daquele que havia de vir" - Adão é um tipo de Jesus, demonstrando que o nosso Senhor e Salvador tem também as características humanas de Adão, a exceção da natureza pecaminosa [Assim como Moisés é tipo do Senhor, como o libertador do povo de Deus];

b) 1Co 10.1-6: "... E estas coisas foram-nos feitas em figura, para que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram" - Fatos históricos, acontecimentos, servem-nos de figuras, de representação, exemplos que devemos seguir, e muitos que devemos evitar.

c) Gl 4.21-26: "... O que se entende por alegoria; porque estas são as duas alianças; uma, do monte Sinai, gerando filhos para a servidão, que é Agar..." - Paulo, inspirado pelo Espírito, através dos personagens históricos, Sara e Hagar, alegoriza as duas alianças.

O fato da Bíblia se utilizar desses elementos com o objetivo de ilustrar algumas verdades, respeitando-se o texto, o contexto e a intenção do autor, não nos dá o direito de considerar que toda a verdade será compreendida a partir da alegorização, no abandono da interpretação literal. Isso seria alterar e corromper o sentido que o autor quis dar ao texto, fazendo-o dizer o que ele não disse. Por isso, há a necessidade de se utilizar sempre na leitura da Escritura o método gramático-histórico, a busca do sentido literal, observando-se as regras gramaticais e o período histórico no qual foi escrito. Em outras palavras, a melhor forma de se ler o texto bíblico é ater-se ao seu sentido simples e evidente, a fim de não se cair na armadilha da alegorização, que não passa de uma forma pretensamente superior e espiritual de interpretação, mas que revela pouco ou nenhuma espiritualidade; revelando não o Espírito da verdade, mas o espírito do erro [1Jo 4.6]

Portanto, quando nos aproximarmos da Escritura devemos fazê-lo em busca da verdade, pois somente ela nos interessa, ou seja, ouvir, compreender a voz de Deus, para assim conhecer a sua vontade, obedecê-lo e servi-lo para a sua honra e glória, e para a nossa edificação e santificação. De forma que não nos interessa conformá-la ao nosso pensamento, mas ter o nosso pensamento conformado a ela, sujeitando-nos ao sábio e perfeito conselho divino. 

Nota: [1] História da Interpretação Cristã da Bíblia, Augustus Nicodemus, pg. 3 - Monergismo 
[2] Resumo da aula realizada na E.B.D. do Tabernáculo Batista Bíblico em 05.11.2011



22 comentários:

  1. Claro que o que você, querido irmão tem publicado em seu blog tem sido relevante durante todos esses anos, desde os posts mais polêmicos, mais inquisidores, aos mais pessoais, passando pelas poucas pregações ( que venham mais )etc.

    Mas decididamente, essa nova fase a dos estudos é a melhor de todas. Se diferenciadamente de muitos outros blogs, mesmo expressando a sua opinião e posição teológica, nunca as suas postagens depuseram contra a fé, ou seja promoveram a não edificação, muito mais agora.

    A grande oportunidade de comunicarmos com pessoas que jamais veríamos ou veremos em vida, deveria levar-nos a todos a repensar cada contribuição, postagem, mensagem, discussão, o que muitos desastradamente não pensam. Não basta escrever o que eu quero, sempre isso produzirá edificação ou o contrário.

    Parabéns, mais uma vez e não deixe esse caminho, que é o de edificação a todos os que possam ler as suas postagens e/ ou ouvir esses excelentes estudos.

    Deus ( Nosso Deus e Senhor ) continue abençoando-o ricamente e a toda a sua família.

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  2. Helvécio,

    obrigado!

    Continue orando para Deus usar-me como instrumento, ainda que um instrumento inútil, assim como todos nós, por mais que nossas mãos façam e produzam para a sua glória, não passamos de servos inúteis, como o Senhor diz em Lucas.

    É, de certa forma, como não tenho tempo para postar muitas coisas durante a semana, e optei em dar sequência ao estudo da C.F.B. 1689, alguns pontos "polêmicos" aos quais tenho meditado ultimamente ficarão para bem depois, talvez, para nunca [rsrs].

    Mas mesmo na C.F.B. haverá assuntos que ensejaram a polêmica, pois em si mesmos são polêmicos, não que sejam contraditórios ou incoerentes, mas é que a verdade, expressa na Bíblia, nos incomoda muitas e muitas vezes, pois se contrapõe à nossa humanidade imperfeita e tola. Que o bom Deus nos guie e abençoe a sempre revelar a verdade, assim como ele a nos revelou.

    Grande e forte abraço, meu irmão!

    Que o bom Deus os abençoe, a você e os seus queridos, que também são meus.

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  3. Querido irmão,

    aparte dos pontos polêmicos, que até é bom que venham a tona pois demonstram em certa media uma autocrítica e um exame do que está diante de nós, pois de fato tão ruim quanto ser incrédulo é ser simploriamente crédulo, que é diferente de ser crente no melhor sentido, que tudo o que é dito, deva sê-lo com a precisa consideração que piorar o que está posto, não é conveniente.

    No meio da bagunça do mundo e até do coas que se instaura na igreja, tornar pior o que já está ruim não é sábio e anti-bíblico ( não convém cortar o joio pois o trigo será cortado junto ).

    Portanto melhor que apontar erros é melhor apontar os acertos, construir bases corretas para que coisas boas e corretas sejam construídas. O fato é que mesmo sendo e por sermos inúteis, podemos fazer grandes estragos ou contribuir para que grades coisas e corretas sejam igualmente feitas ( apesar que todos nós somos bons mesmo é em fazer estragos, ou mais eficientes...rs...rs...rs... ) mas nos esforçamos para acertarmos mais que errarmos.

    Para você e seus leitores:

    Um site que realmente funciona para ligar para todo o Brasil,para telefones fixos, sem custo nenhum, usando o computador:

    http://www.tellfree.com.br/Compra/TelefoniaIP.aspx


    É só acessar o site e seguir as instruções.
    Um abraço mais uma vez.

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  4. Esse ponto abordado é muito importante.
    Esse é um dos pilares da interpretação bíblica saudável, isto é, o contexto bíblico, a Bíblia interpreta a si mesma e a analogia da fé.

    Um abraço!

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  5. Só dá eu aqui nessa postagem? daqui a pouco ninguém vai aguentar me ver por aqui...rs...rs...rs... cadê os outros?

    Ocorreu me uma sugestão ao irmão:

    Transformar essa série3 de estudos que de fato está muito boa, sucinta e didática, em um e-book, que poderá ser distribuído a todos, com diagramação, capa e tudo, pelo próprio blog do irmão. Há programas específico os para composição de um e-book real. Se quiser depois lhe mando nomes de alguns.

    Acho que vale a pena e merece ser feito para edificação de muitos demais irmãos.

    Um abraço mais uma vez nesse feriado...e cadê o povo...

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  6. Filipe,

    realmente todos os pontos que a CFB aponta em relação a Escritura são fundamentais para a fé cristã. E o que temos visto é o ataque de dentro da igreja a essas verdades, de forma que muitos irmãos têm se seduzido pela aparente "superioridade" dos estudos acadêmicos, e transferindo-lhes a autoridade para julgar a Escritura, sendo que ninguém tem autoridade para julgá-la. O ponto é que esse estado de coisas tem gerado apenas a incredulidade, seja na aceitação da falibilidade da Escritura, seja na revelação como parcial e não total de Deus, seja na descrença completa da Bíblia. Isso tem sido "pulverizado" no ambiente eclesiástico como algo inofensivo, e que em nada diminui ou desqualifica a mensagem divina, mas é um engano que a maioria não quer ver, ou finge não ver, pois o veneno tem sido administrado sistematicamente, ainda que em pequenas doses, e não tardará a produzir os seus frutos malignos.

    Para não passarem por ignorantes, "bitolados" ou medievais, aceitam o que, em si mesmo, é a descaracterização de toda a fé cristã.

    Quanto à pergunta que você me fez em outro comentário e que não sei porque cargas d'água não apareceu aqui, reproduzo-o primeiro, para depois lhe responder:
    "Grande Jorge! Devido à boa propaganda que fazem da ACF, estou pensando em aderir a ela. Segundo suas pesquisas, essa seria a melhor tradução que temos em português? Se possível, me responda no meu blog. Abraços!"
    Meu irmão, fio-me na história, em 2.000 anos que o Texto Majoritário foi "majoritariamente" utilizado pela igreja; fio-me no testemunho dos reformadores que, todos, sem exceção, se utilizaram do T.M [desde Wycliff, passando por Lutero, Calvino, Zwíglio, etc]; fio-me na palavra que diz que Deus a preservaria e de que ela é eterna; fio-me no fato de que o T.C., tão cultuado hoje em dia, não existia para igreja até pouco mais de 100 anos; então, não posso sugerir outra coisa que não seja a tradução a partir do T.M., e, no Brasil, a única que se baseia completamente no T.M., 100%, é a A.C.F.; o que não impede as pessoas de utilizarem a R.C. e até mesmo a R.A., que tem os malditos "colchetes" que nada mais é do que uma advertência de que aquele texto não está presente nos "melhores textos em grego" [veja a desqualificação da palavra ao defini-la como "melhores", não perfeitos e santos].

    Como disse, em nossa igreja a maioria utiliza a ACF, mas há irmãos que têm a R.C. e um que tem a R.A. [a qual é parcialmente traduzida do T.M, e em menor escala do T.C.].

    Além de tudo isso, fico com a palavra do pr. Paulo Anglada, um estudioso da área, presbiteriano, e que parece ser voz única entre os acadêmicos reformados brasileiros, pois ele não vê a tão decantada superioridade do T.C.; a qual, na verdade, se estabelece apenas e tão somente pelas cópias estarem mais próximas do eventos narrados no NT, o que, convenhamos, é um método completamente sem pé nem cabeça, um ardil, diria, para fazer presas fáceis.

    Bem, em linhas gerais, é isso. Vou reproduzir o meu comentário lá no seu blog, mas sem saber em qual postagem, pois não vi nenhuma postagem recente que se refira ao assunto.

    Grande e forte abraço!

    Cristo o abençoe!

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  7. Helvécio,

    o meu amigo, pr. Luiz Fernando Ramos, sugeriu-me a mesma coisa. Pode ser que eu faça, pode ser que não. Na verdade, vou aguardar o final do estudo de toda a CFB, que provavelmente demandará alguns meses [só o cap. 1 durou 8 semanas]. Deixarei nas mãos de Deus, e ele saberá o que fazer com este material. O objetivo principal sempre foi o de edificar a igreja, no caso específico o T.B.B., e postá-la aqui e no blog do T.B.B. também, para que outros irmãos sejam edificados. O restante, assim como tudo, pertence a Deus.

    E nem é bom eu ficar pensando nisso, pois pode ser uma pedra de tropeço para mim, e o que não quero é usar este estudo para a minha glória pessoal.

    Obrigado pela ideia.

    Abraços.

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  8. Na verdade, esse comentário se refere ao post seguinte, mas acho que ninguém ia vê-lo devido a legítima importância e novidade da sua postagem mais atual.

    Trata-se de um trabalho acadêmico e nem um trabalho evangélico, mas uma boa síntese histórica que demonstra qual difícil era ter acesso a Palavra de Deus ou parte dela em português e dentro das possibilidades alguns deram em períodos diferentes a sua contribuição.

    Vale para nós que temos porque não uma certa fartura de opções, claro as vezes com todos os seus problemas.

    o link é:

    http://www.monergismo.com/textos/bibliologia/historia_bibliaportugues.htm

    O site claro você conhece, o trabalho é que um trabalho acadêmico de uma universidade importante e não ligada a uma faculdade teológica evangélica.

    Um abraço mais uma vez.

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  9. Olá, amados Filipe, Helvecio e Jorge! Demorei por causa do feriadão prolongado. Amei a aula e também a recém-adesão do Filipe ao TM.

    Jorge, sua aula hoje está intimamente ligada à aula passada, mais do eu imaginava e mais do que muitos pensam. Explico-me: passei a semana meditando nesses temas gerados pela última aula e, por causa da minha organização das pregações e estudos para o próximo ano, vim a conhecer um ótimo material chamado: "Além do véu - o Deus revelado". Vocês conhecem? Deixo o site: http://www.abeprod.com.br/alem-do-veu/deus-da-eternidade-e-os-anjos/

    Nesta semana, o estudo citado abordou a Queda. O professor do vídeo está usando a TM e me despertou para outro ponto. Veja: na TM está a palavra "semente da mulher" e nas versões TC tem vindo "descendência da mulher". Jorge, veja a interpretação totalmente diferente por causa da escolha de palavras que aparentemente têm o mesmo sentido. Ele chamou a atenção para a tradução "semente da mulher", demonstrando que é o único lugar da Bíblia que aparece essa idéia totalmente estranha para a cultura judaica, porque a semente vem do homem e não da mulher. E essa expressão só aparece ali. Assim, essa expressão já apontaria claramente para uma concepção que não teria a participação do homem, seria algo totalmente diferente. Quando se opta por "descendência" da mulher, perde-se essa linha de interpretação, porque descendência é um termo mais genérico e diluído. Enfim, é normal e comum que se fale da descendência de Maria, Marta, Joana, mas não da semente delas. Interessante, não?

    Isso me levou a considerar outro ponto.

    (cont.)

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  10. O outro ponto é: históricamente, por causa do grego e do hebraico e do universo cultural em que as Sagradas escrituras foram escritas as palavras têm um valor dado pelo contexto do texto e pela cultura daqueles momentos. Assim, os estudiosos dessas línguas e os tradutores tradicionais sempre respeitaram essas nuances de significado, sabendo do cuidado que devereiam ter na tradução de palavras que carregavam valor teológico-doutrinário específico, exatemente porque não existem sinônimos perfeitos (sempre há perda ou ganho nessas escolhas, assim o zelo precisa ser redobrado).

    Finalmente, o ponto: como a equivalência dinâmica é subjetiva e tem como o ponto mais importante das decisões para a escolha das palavras o leitor final, então o que ocorre é a escolha de palavras que "carregarão alguma coisa do sentido da palavra original, mas muito mais da cultura do leitor a quem se quer alcançar (estou sendo claro?). O que acontece, então? A diluição de palavras e expressões históricamente importantes por outras que parecem expressar o mesmo sentido (por exemplo, descendência e semente).

    Jorge, piora quando constatamos que as atuais versões da TC irão cada vez mais, ao longo dos anos, se adaptar ao público. Enfim, chegará um momento em que palavras que já estavam cristalizadas em nossa cultura, estarão substituídas por significados muito mais frouxos.

    E, piora, quando sabemos da diversidade das muitas versões que querem se adaptar às mais diversas camadas populares e grupos sociais diferentes uns dos outros. No fim, é o que você disse: a Palavra cairá em descrédito.

    (cont).

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  11. Jorge, outra coisa séria que vi aqui na sua aula é que ela me fez lembrar que o Método-Histórico Crítico foi ensinado a nós no tempo do Seminário sem a menor crítica por parte de ninguém. Do mesmo jeito, éramos introduzidos aos teólogos liberais e suas bibliografias como se fosse tudo muito natural. Graças ao pastor da minha Igreja local, que um dia questionou as conclusões de um trabalho meu apresentado no Seminário e laureado com um belo 10, só então que percebi que a teologia não era monolítica.

    A partir do pito do meu pastor, resolvi me esforçar para responder as perguntas que sequer eram feitas pelos meus professores. O que resultou no TCC sobre o Método-Histórico Crítico. Digo isso, para demonstrar que se nos seminários se ensinam o liberalismo e o método histórico crítico sem a menor refutação, dá no que está dando já há muitas décadas.

    No mais Jorge, tudo muito bom. Aula esclarecedora. Amei a idéia do e-book!

    Abraços sempre muito afetuosos.

    Fábio.

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  12. PS - O estudo que eu citei "Alem do Véu", apesar de todo o mérito que tenho visto nele, o professor recai na idéia de que tudo o que Deus criou era perfeito. Essa idéia da perfeição de Adão e Eva está entranhada na cultura mesmo e só sai à fórcepes!

    Abraços!

    Fábio

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  13. Caro Jorge

    Sou eu Natan.

    Estava com a leitura parada em relação ao teu blog (e a todos os demais também).

    Falta de tempo, trabalho, etc... e outras desculpas esfarrapadas que eu poderia dar.

    Mas a principal delas é não ter mais o tempo todo disponível a internet em casa, onde nas madrugadas é que eu lia e escrevia.

    Todavia hoje, após o feriadão resolvi, dar uma olhada nos teus textos.

    Os li rapidamente e superficialmente.
    Nos comentários apenas passei o dedo.

    Tudo para observar que estás nadando de braçada e cada vez mais longe de mim e mais perto do Senhor.

    Muito bom isto.

    Continue nesta trilha.
    Que Deus o abençoe.

    Ore por mim, mas caso você tenha 100 mil reais para depositar na minha conta, também vai ajudar... risos...

    Grande abraço!

    Ainda não me mudei, reformas do novo local interrompidas uma vez que os recursos chegaram ao fim.

    Agora é trabalhar mais um pouco para ajuntar recursos para realizar o que falta.

    Pela profundidade dos textos e pelo seu conteúdo acredito que você está se tornando um ótimo professor para os teus.

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  14. Meu jovem apóstolo Jorge,
    desculpe-me nominá-lo apóstolo mas na altura do jogo você merecidamente conseguiu este cargo. risos. risos.
    Espero que você aborde este tema pela ótica reformada mesmo explicando a fundamentação adota ao longo da história.
    Parabéns. Excelente trabalho em prol do Reino.
    Somente Deus para lhe recompensar o esforço gasto neste empreendimento.
    Um forte abraço
    Em Cristo
    Pr. Luiz Fernando

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  15. Xiii, será que meus comentários se perderam, Jorge? Não chegou nada aí?

    Me avisa.

    Abraços sempre afetuosos.

    Fábio.

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  16. Meus irmãos e amigos,

    desculpem-me a demora em postar os vossos comentários, mas é que estive afastado da net por uma forte indisposição intestinal que me deixou literalmente de cama. Mas prometo que os responderei o mais rápido possível, contudo, não será ainda hoje [rsrs].

    Devo postar um texto, entre a próxima aula e a subsequente, de um livro que comecei a ler e que tem me feito pensar muito sobre as origens da "desautorização da Escritura", e que veio bem a calhar sobre o assunto em questão. E, apenas para não deixá-los muito curiosos, além é claro dos velhos ardis do inimigo, a minha crença na soberba humana [travestida de erudição e intelectualismo] parece-me cada vez mais forte e real. Aguardem!

    Grande abraço a todos, e orem para o meu restabelecimento.

    Cristo os abençoe!

    Abraços franternos!

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  17. Ninguém percebeu a bobagem que eu disse: "na verdade esse comentário se refere ao post seguinte" ( lá no meu comentário lá em cima ).

    Correção: "...esse comentário se refere ao post anterior" ok? agora faz sentido.

    Sobre a onisciência acadêmica, nas ciências exatas ou na teologia, é a mesma a ser combatida na sua conformação: além de presunçosa não é homogênea, mas profundamente heterogênea. Só é unânime no seu esforço inconfesso de erradicar a correta idéia ou conhecimento de Deus.

    O meu combate a esse rtipo de teologia tem sido confundido com o defesa da ignorância, o que não defendo e nunca defenderei. Combato a aceitação teológica pura e simples sem aquilo que o pastor do casal 20 observou. Quyaluer um no meio acadêmico tem que repetir o que seu mestre ( professor ) lhe pediu para dizer. Senão não se forma, não é consagrado e não terá a licença para pregar a verdade. Ou seja, é tolhido, parado, impedido, igualzinho no meio secular e ainda leva a peja de burro, de ignorante, rebelde e herege.

    Um abraço a todos.

    P.S.: um professor de teologia ( doutor em divindade ) na Inglaterra acaba de criar na universidade um curso reconhecido de "Teologia animal"! Pode? Pior que já pôde.

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  18. Estamos orando!

    Abraços sempre afetuosos.

    Fábio e Lu.

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  19. Fábio,

    ainda não assisti aos vídeos que você me indicou, são aulas, né! Mas vou reservar um tempinho para assisti-las... está difícil arrumar tempo, mas vou arranjá-los, nem que seja na marra, esticando o ponteiro das horas para 25 por dia [rsrs].

    Sobre suas colocações a respeito do T.C., irretocáveis! E a experiência que você teve é a mesma que muitos e muitos têm. Felizmente, alguns, como você, têm um verdadeiro pastor, um homem de Deus para abrir-lhe os olhos e revelar o quão enganosa é essa "autoridade acadêmica", mas nem todos têm essa "sorte" e acabam por repetir como papagaios o que seus "mestres" repetem de outros "mestres", e, no final, todos têm um "mestre" mesmo, que é a origem de todo esse absurdo.

    E toda essa "bravata" erudita tem um só objetivo [ainda que a maioria não perceba nem se importe]: levar à incredulidade e à ignorância!

    Obrigado por suas orações, e por aqueles irmãos anônimos que oraram por mim. Deus os abençoe e os fortaleça sempre, em tudo!

    Abração!

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  20. Natan,

    mais perto do Senhor e mais longe de você? Somos o Corpo, rapaz! Não tem como nos afastar um do outro, pelo contrário, cada vez mais próximos, ainda que distantes, mas unidos em Cristo, que nos mantém juntos.

    Se eu tivesse os 100 mil, os depositaria com o maior prazer; como não os tenho, espero que alguém deposite 200 mil na minha conta, que os dividirei consigo... [rsrs].

    Obrigado por sua ligação na 6a. feira e por suas orações. Graças a Deus, já estou pronto para outra... Já comi cachorro-quente e lazanha no sábado, bacalhoada no domingo, e tutu com linguiça hoje [rsrs].

    Quanto às aulas, espero que as acompanhe, de agora em diante, e poste seus comentários por aqui. Todos temos sempre a aprender uns com os outros, pelo poder do Espírito Santo de Deus.

    Grande abraço, meu amigo!

    Cristo o abençoe!

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  21. Pr Luiz Fernando,

    apóstolo? Humm... o irmão pegou pesado!

    Bem, a C.F.B. 1689 é um manancial de riquezas bíblicas, o que não lhe garante a infalibilidade da Bíblia, mas a faz se aproximar bastante dela.

    Somente Deus pode, por sua graça e misericórdia, nos proporcionar o privilégio de servi-lo; ele que nos transforma, renova, capacita, nos dá saúde, inteligência, o contato com outros irmãos muito mais sábios e capacitados do que nós, e ainda assim, sendo ele o promotor de tudo, nos recompensa com a sua bondade. Querer mais o quê? Impossível!... Mas, para não deixar o irmão frustrado, aceito o convite para outro almoço no Macau, para juntos degustarmos aquele saboroso lombo de porco ao alho e mel. Pode marcar o dia e hora, que estarei lá [rsrs].

    Grande abraço!

    Cristo o abençoe!

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  22. Helvécio,

    entendo o que você diz, e nisso, estamos mais do que de acordo.

    Eu mesmo já fui confrontado por alguns pastores a me arrepender do meu pecado, por ter dito algo que não está em acordo com o estabelecido pela igreja.

    Bem, não conheço quem valoriza mais a igreja do que eu, pois sei que o Senhor morreu por ela, mas também sei que a igreja não é infalível, e de que nem tudo que ela assevera como verdade é verdadeiro.

    Mas ir contra alguns dogmas, que claramente se opõem à Escritura, baseado no fato de se perdurarem por séculos e serem reconhecidos pela maioria dos cristãos, não é suficiente para que eu creia neles. É o mesmo caso do T.C., eles alegam uma autoridade que na verdade não existe, como algo inquestionável e que o simples fato de ser questionado representa uma forma de pecado.

    Como diz aquele velho bordão: durma-se com um barulho desses!

    Quanto as esquizitices "gospels" elas não tiram mais o meu sono há muito. Nem me preocupo com elas, como sempre digo por aqui, interessa-me a verdade. A farsa, que cuidem dela os farsantes.

    Grande abraço!

    Cristo o abençoe!

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