Jorge F. Isah
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10. O juiz supremo, pelo qual todas as controvérsias religiosas devem ser resolvidas e todos os decretos e concílios, todas as opiniões de escritores antigos e doutrinas de homens devem ser examinadas, e os espíritos provados, não pode ser outro senão a Sagrada Escritura entregue pelo Espírito Santo. Nossa fé recorrerá à Escritura para a decisão final.21
21 Mateus 22:29,31-32; Efésios 2:20; Atos 28:23.
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INTRODUÇÃO:
Basicamente, temos no item 10 um resumo de toda a doutrina das Sagradas Escrituras, a qual foi estudada até o presente momento. De forma que a tendência geral entre os cristãos [e o que dirá entre os incrédulos] de limitar a autoridade e atuação da Bíblia encontra-se na classificação de soberba e arrogância intelectual do homem. Afinal de contas, pergunto: quem pode se autoinvestir ou receber a investidura de juiz da Escritura? A ponto de demarcar ou estabelecer os limites de sua autoridade e o campo de sua atuação como palavra de Deus? Ora, o que temos é uma tentativa humana de se colocar em uma categoria superior, em uma posição que jamais lhe foi dada e que ele tenta usurpar em seu constante desejo de subverter a ordem e estabelecer o reino do caos, onde os princípios podem ser subjetivados ao bel-prazer individual.
Como já disse, isso tem nome: pecado! E tentar desculpar-se com qualquer pretexto, seja o da tradição eclesiástica, da autoridade acadêmica e científica, da contextualização, ou da sua expressão como ideia restritivamente pessoal [subjetivação] não passará de velhacaria, de se autoenganar e não reconhecer a verdade.
Muitos perguntarão: qual verdade? E a própria pergunta é sofismática, uma armadilha, um raciocínio capcioso em que o perguntador já se encontra preso ao embuste e sem vontade de se libertar, pelo contrário, quer perpetuá-lo na mente alheia, e torná-la tal qual a sua uma escrava da aparente verdade. Para ele, não há a verdade, além da própria verdade: não há verdade! A sua mente diz haver algo, enquanto a sua boca diz não haver. É um blefe no qual não se tem a noção do que é real e irreal, apenas um conceito infundado e repetido exaustivamente até se estabelecer como crença na mente supersticiosa, da mesma forma que um jogador acredita possível tirar uma carta inexistente da manga salvadora, mas o jogo já está perdido na ilusão de que a sua autocontradição e incoerência também não sejam verdadeiras.
Para nós há apenas uma verdade: Deus e sua palavra, de forma que não é possível Deus se desvincular da sua palavra, nem ela se dissociar dele. Há uma unidade, uma coesão, somente possível através da perfeição, da santidade, eternidade e poder que existem entre neles. A autoridade da Escritura não deriva do homem, nem de nenhum elemento da criação, pois ela não é temporal, nem pode ser enquadrada nos aspectos da criação.
O ato de se transmiti-la, pela inspiração dos autores secundários, pela narrativa desses autores, pelo forma de participá-la aos homens, seja oral ou escrita, é algo mediático, que se transpõe no tempo, em formas humanas de comunicação, mas nada pode nos levar a crer que ela se originou pelos meios, pois eles são exatamente isso: formas pelas quais a mensagem divina se fez conhecida dos homens.
A palavra é eterna, como a Bíblia o afirma categoricamente. A palavra é a construção na mente de Deus; de maneira que assim é-se possível conhecê-lo e à sua vontade. Se desta forma ela não fosse, como alguém poderia dizer que conhece a Deus? E conhece a sua vontade? Baseado em quê? Por isso, qualquer afirmação que tenha o objetivo de diminuir ou limitar a autoridade da Escritura, anulará fatalmente o conhecimento de Deus, revelando a completa ignorância do homem diante do Ser, o que é a criação, e qual a obra o Senhor veio realizar. A descrença na Escritura levará à descrença em Deus e à criação de ídolos, na forma de deuses à imagem e semelhança do homem.
A AUTORIDADE DA ESCRITURA
Portanto, a autoridade da Escritura não tem como base o homem ou os meios pelos quais ela se transmite, mas encontra-se centrada na sua autoria divina. Em outras palavras, a Bíblia é autoritativa porque ela tem como autor primário o Espírito Santo, não sendo produto humano. O problema é que em muitos segmentos cristãos, mesmo entre pretensos ortodoxos, reformados e cristãos bíblicos, existe a falsa ideia de que a Escritura não é a verdade, mas ela contém a verdade, ou seja, é o meio pelo qual "alguma" verdade é transmitida ao homem.
Na maioria das conversas com "cristãos" o que mais se encontram são pessoas negando a veracidade dos fatos relatados na Bíblia; a negação da sua mensagem assim como Deus nos entregou; e mesmo a supressão de trechos inteiros, de passagens inteiras, de livros inteiros e até de testamentos inteiros como consequência da rejeição humana à verdade. E isso, já vimos, é heresia, e não é algo novo, mas se repete insistentemente desde o princípio, quando Adão rejeitou a verdade e abraçou o pecado, dando as costas para a revelação divina e, por conseguinte, dando as costas para si mesmo e a vida. O resultado foi a morte, em todos os sentidos. Exatamente por termos um espírito demasiadamente arraigado e preso à natureza decaída, recusamos e desprezamos a verdade, por ela ser impossível de se conciliar com a mentira que anelamos cuidadosamente em nós. Então, tomamos a verdade como mentira, e a mentira com verdade, numa inversão que remete à advertência divina, dado pela boca do profeta: "Ai dos que ao mal chama bem, e ao bem mal; que fazem das trevas luz, e da luz trevas; e fazem do amargo doce, e do doce amargo! Ai dos que são sábios a seus próprios olhos, e prudentes diante de si mesmos!" [Is 5.20-21]. Creio que podemos chamar esse estado de esquizofrenia, de forma que o homem agindo assim rompe completamente com a realidade e a verdade, apegando-se à fantasia, ao delírio e à mentira, ainda que ele esteja convencido de que "sente" e faz o que é certo, produzindo, contudo, o dano, o erro, a destruição, seja pessoal ou alheia.
Temos também que a soberba, o parecer sábio aos próprios olhos e prudente diante de si mesmo, é um estado de superioridade fictícia, quando o homem se estabelece no abismo mais profundo, nos degraus mais abissais da existência e da consciência [ou da não-consciência], e a cegueira espiritual o impede de ver a sua real situação de degradação, de debilidade, de corrupção; e ao fazê-lo, estabelece a própria sentença de morte. Na verdade ele já está morto, mas insiste em brincar de vivo, quando o cadáver nem mesmo pode imaginar o que venha a ser uma brincadeira.
Essa ideia nefasta e diabólica de que a Escritura pode ter partes verdadeiras, mas que no seu todo apenas a mensagem salvífica é a verdade, revela apenas mais um dos sintomas do soberbo e pretenso superior: a arbitrariedade de dizer o que é e o que não; a arbitrariedade de se fazer de autoridade espiritual sendo que apenas o Espírito é a autoridade, e os que não o tem, não passam de impostores, charlatões e usurpadores.
Quando alguém diz: "os fatos relatados na Escritura não são a verdade, pois não podem ser provados historicamente, e há erros crassos do ponto de vista científico, que podem ser provados pela experimentação, e apenas a mensagem de salvação é verdadeira, o resto deve ser desconsiderado.", o que se pode dizer? Converta-se, meu irmão! Pois ainda que a fé na autoridade da Escritura seja algo subjetivo, a Escritura é objetiva, assim como o agir do Espírito Santo na mente levando-a a crer, também. O que me leva a pensar que até mesmo a fé é algo completamente objetivo, pois está sob o efeito objetivo do Espírito de Deus. E é confirmado a partir do instante em que o mesmo Espírito começa a pavimentar a mente do homem regenerado, revelando-lhe a eficácia e unidade extraordinárias da Bíblia. A isso chamamos de testemunho interno, o Espírito testifica que somos filhos de Deus, de forma que todos os que são guiados por ele são filhos de Deus [Rm 8.14-16]. Até mesmo para se reconhecer esta verdade é necessário se crer nela como verdade. Não uma verdade subjetiva, que pode ou não ser verdadeira dependendo de quem ou em que condições ela é proferida, mas como uma verdade objetiva e real a todos os que são filhos de Deus. E mesmo para os que não são, pois a verdade não é inclusiva, mas também exclusiva, no sentido de que o não preencher suas condições torna-o incompatível com a verdade.
Não há uma verdade que se torne verdadeira apenas por alcançar a minha mente e coração. Ela é verdadeira em si mesma, e objetiva em si mesma, se verdade for, pois não depende de mim, nem da minha compreensão ou aceitação; ela existe independente de se querê-la ou não, de se reconhecê-la ou não; o que se deve fazer é buscá-la, e quando encontrá-la, aceitá-la, e nunca rejeitá-la. O que se tem feito, e muitos e muitos cristãos estão envolvidos nessa aceitação, é o estabelecer um progressivo estado de incredulidade, de forma que nada seja verdadeiro, a menos que diga respeito exclusivamente ao indivíduo, e que ela pode mudar de pessoa para pessoa, como um camaleão muda de cor. Mas até mesmo o camaleão mutante não deixa de ser um camaleão, o fato dele mudar de cor é uma das características que o tornam e o qualificam como camaleão. O que o homem tem de entender é que o fato dele se agradar e se especializar na distorção, na inconsistência, na contradição, na mentira, no engano, apenas o tornam no que ele é: homem! Caído pelo pecado; entregue ao pecado; e pelo pecado morto para Deus. A incredulidade é fruto apenas da ignorância humana em relação a Deus. A incredulidade tem-se investido de autoridade; de um entre tantos artifícios que tentam colocar o homem na posição de "senhor de si mesmo" quando não passa de um ídolo, e ídolos são quebrados, espatifados e destruídos facilmente, pois não têm vida, em si mesmos não prestam para nada, mas servem por afastar o homem cada vez mais de Deus. E, mesmo não sendo nada, não representando nada, nem assim o homem é capaz de destruí-los, revelando o quanto somos ainda mais tolos e pretensiosos em alimentar o modo intenso em que nos deixamos perder por nossa fragilidade.
Para isso nos cercamos de todas as formas possíveis e impossíveis de subterfúgios para mantermo-nos intactos no autoengano; assim com Adão e Eva resistiram à verdade, ao preceito divino, e se apegaram fervorosamente à mentira, ao que os seus corações compungidos levaram-os a acreditar como verdadeiro, mesmo sabendo ser mentira, mas preferiram segui-la, ainda que reconhecendo trágicas as consequências. Adão e Eva pagaram para ver, como se diz, e muitos arriscam-se a pagar para ver, e verão!
O que existiu neles e existe hoje é uma obstinação ao pecado, de forma que a simples ideia da verdade e suas consequências dolorosas, muitas vezes faz com que o homem a busque na transgressão, como se ela fosse uma negação, ou melhor, a anulação de toda a realidade numa tentativa infrutífera de se criar uma suprarealidade a revelar apenas e tão somente a imperfeição, e a buscá-la ternazmente nos caminhos perversos; e assim ele é conhecido de Deus, e por ele desprezado. E o reino de Deus se tornará tão impossível para eles, quanto mais a Escritura não lhes for verdadeira. Desta forma, o pecado parece ser o ato desesperado do homem de aniquilar a verdade da sua própria condição, e ao fazê-lo, espera-se que a realidade se dissolva e em seu lugar surja um novo ente para tomar o lugar de Deus, e para satisfazer a necessidade que o homem tem de Deus, uma figura postiça que não o lembre quem é, o que é necessário fazer para não se sujeitar aos desígnios divinos.
CONCLUSÃO
A C.F.B. de 1689 nos diz, neste capítulo, resumidamente, o seguinte:
a) A Bíblia é a palavra imutável, inerrante, infalível e inspirada de Deus.
b) Deus é o autor primário da Escritura, a qual é a sua santa palavra.
c) Deus preservou a sua palavra de qualquer corrupção, tanto ontem, como hoje, como sempre preservará.
d) A Escritura é autoritativa em si mesma, não dependendo de qualquer autoridade exterior a ela, seja o da Igreja, de Concílios, ou da erudição e academicismo, muito menos da ciência em todas as suas formas.
e) A Escritura é autointerpretativa, ou seja, ela se autoexplica, claramente.
De forma geral, esses são os pontos principais abordados pela C.F.B de 1689 nesta seção, os quais cremos e defendemos como princípios fiéis à fé cristã.
"Assino embaixo", pura força de expressão meu irmão ( a verdade bíblica não depende que ninguém a referende ).
ResponderExcluirMais uma aula excelente, clara e que deixa claro a natureza da Bíblia como Palavra de Deus, notadamente a sua independência de qualquer pessoa ou instituição para sua interpretação e entendimento.
Os dias são maus, decididamente todos tem que não só ter as suas Bíblia em mãos, carregá-las para os cultos, estudá-las quanto possível, orarem e dependerem de Deus para a melhor compreensão, mas lê-la, lê-la, para que lembrado de suas declarações possa crer no que ela diz e ter a compreensão real para o momento em que passamos como igreja e individualmente. Infelizmente há agora mais uma grande encruzilhada para igreja, onde os grãos serão remexidos e sacudidos, para que algo real se manifeste. Não se trata de voltar apenas para o velho, pelo velho, ou ter novos sinais como novidades. Só pela Palavra encontrada na Bíblia, algo mais excelente poderá acontecer no seio da igreja entre os crentes.
Um grande abraço meu irmão, espero que esteja novamente no melhor de sua saúde.
O anônimo e primeiro comentário ( espero rs...rs...rs...) é meu.
ResponderExcluirdeu "tilt" e a conta do google não "funfou"
Rs...rs...rs...rs...rs...rs...
P.: Helvécio
Helvécio,
ResponderExcluirgraças a Deus estou bem! Foi um susto, mas já estou bom igual côco!
Sabe, este estudo tem sido de imensa edificação para mim mesmo, pois em muitos aspectos, nos últimos anos, eu havia me seduzido com a ideia de uma Bíblia "pluralista", de forma que ela era autoritativa apenas nos aspectos espirituais.
Mas se todos os aspectos da vida humana são também espirituais, por que não reconhecer os fatos e acontecimentos relatados na Escritura como verídicos e factuais?
Bem, a minha "tolerância" foi por água-abaixo, e retornei à ortodoxia e biblicidade através deste estudo.
Que o bom Deus possa continuar me abençoando ainda mais no decorrer das próximas aulas.
Grande abraço!
Cristo o abençoe!
Não sei se entendi bem, e talvez outros nçao tenham entendido: "a ideia de uma Bíblia "pluralista", de forma que ela era autoritativa apenas nos aspectos espirituais."
ResponderExcluirPensava que o irmão era decididametne mais radical do que eu, paramim a Bíblia é parâmetro apra tudo até nas coisas que julgamos não pertecerem ao seu âmbito. Por exemplo, a desculpa em um debate que a Bíblia não é um "livro científico" para quebrar a guarda de algum ateu ou incrédulo culto, sempre me soou sem sentido real. Para mim ela é científica no sentido de revelar o que a ciência nem supunha ou ainda suponha. E isso é tão verdade para mim em outros assuntos.
De qualquer forma se foi uma transformação para melhor, segundo diz, Glória a Deus! Graças a Deus! Parabéns de novo meu irmão.
Helvécio,
ResponderExcluirquando eu falo de soberba, arrogância e pretensa superioridade intelectual, falo de cadeira, como se diz, pois foram esses mesmos elementos que me levaram a crer-me, ainda que não completamente, e muito dissimuladamente, em uma espécie de juiz da Escritura. De alguma forma eu relativizava certos aspectos que antes eram absolutos, e que por algumas influências [sejam de renomados teólogos e exegetas, sejam de irmãos mais capacitados do que eu, seja pelo meu orgulho pessoal] levaram-me não ao descrédito da Escritura mas a repetir ad infinitum, em minha mente, aquela velha história de pegar bobo: a Bíblia não tem qualquer preocupação científica, histórica, geográfica e racional; ela trata exclusivamente de assuntos espirituais, no campo espiritual, e não é autoridade em outras áreas em que não se propõe a ser autoridade. É um livro sumariamente espiritual, moral e ético, nada mais, até, porque, ela falha em entender e compreender uma infinidade de aspectos.
Este engodo ia-se martelando na minha mente, de forma que eu cria mesmo nele [ainda que não o soubesse claramente, e só vim a saber que estava deslizando por um campo perigoso quando comecei este estudo]; e cria também que havia uma certa superioridade em aceitar algumas formas de "variáveis" da fé, assim como rejeitei alguns outros não por causa dos seus inúmeros erros, mas porque eu considerava apenas não me agradarem [questões como a ordem do culto, música na igreja, traduções bíblicas, etc].
Boa parte da minha fé passou a ser dirigida por uma subjetividade, por uma pessoalidade, em detrimento do sábio conselho divino e da sua revelação objetiva. O meu discurso, de certa forma, parecia o mesmo, ainda que os elementos estivesse contidos nele, quase imperceptíveis. Porém, havia uma mudança de giro e foco na minha mente, a qual somente percebi quando estava meditando na segunda aula. Pude notar como a verdade pode se transformar em falsidade sem que precisemos claramente afirmar a última. Basta um pequeno giro, de pouco mais de dois ou três graus, para o discurso parecer igual, mas com intentos diferentes.
O caso dos textos baseados no T.C. é um deles. Eu, depois de alguns anos, estava propenso a aceitá-los e até mesmo reconhecê-los como a palavra de Deus. Porque, no meio onde transito, ou as pessoas já o têm como tal, ou para elas qualquer um serve. Mas se a palavra de Deus é imutável e eterna, como conciliá-la com algumas cópias em que boa parte dessa palavra é suprimida, desacreditada, ou modificada?
Este questionamento que esteve sempre presente comigo, como algo impossível, tornou-se crível, relativizado, de forma que eu não parecesse tão ignorante aos olhares dos outros irmãos. E este estudo veio revelar-me a minha soberba e presunção, ao mesmo tempo em que tem me trazido humildade [em doses pequenas, quase insignificantes], mas o suficiente para eu reconhecer a minha pequenez, não apenas retórica mas factual, e a autoridade infinita e perfeita da palavra de Deus.
Por isso, já disse na minha igreja e repito aqui, mais do que qualquer pessoa, tenho certeza que Deus me incumbiu desta tarefa para curar o meu pecado contra ele e sua palavra. E pude concluir, como Pedro, que mais importa agradar a Deus do que aos homens.
Espero ter sido claro agora... mas mesmo para mim, explicar como isso se deu é difícil. Mas reputo a transição do lado seguro e verdadeiro para o lado caótico e falso como orgulho, e se o vejo em mim, é-me possível vê-lo nos outros também, ainda que eles não o reconheçam em si mesmos, assim como eu não o reconhecia em mim. Por isso, tenho batido nesta tecla, para ver se é possível acordar alguns do torpor em que se encontram, da mesma forma que Deus me tirou do torpor em que eu me encontrava.
Abraços fraternos, meu irmão!
Jorge, a aula de hoje foi belíssima apologética!
ResponderExcluirBem, como já contei aqui, fiz um seminário bem liberal e tive que me virar para entender o que estava acontecendo de fato. E, em meio a toda a descrença dos séculos XVIII e XIX, bombardeado pela teologia liberal e tentando achar um terreno sólido (ou pelo menos gelatinoso) para me apoiar, apaixonei-me por Karl Barth! Veja, antes que me atirem pedras, depois de ler a teologia liberal dos 200 anos anteriores e do século XX, ver surgir um crédulo como Barth foi uma lufada de vento fresco.
Claro que, hoje, já me desbarthianizei (rsrsrs). Mas foi difícil. Ele foi muito forte. Digo isso, Jorge, porque os seminários estão repletos disso e preocupa-me a falta de professores crentes e com disposição para confrontar esses ensinos. Porque, no exemplo do Barth, é gritante no seminário não vê-lo como um oásis em meio ao deserto seco da teologia liberal.
Lá em Brasília, tinha um Seminário da Assembléia de Deus (!!!!) que era totalmente liberal. Ao ponto deles fazerem uma Semana de Teologia sobre o tema "sagrado" mas só chamarem palestrantes da UNB (Universidade de Brasília). Você acredita? Só tinha sociólogo palestrando para os alunos de teologia!
E por aí vai! Os tempos estão ruindo sobre nossas cabeças!
Abraços sempre muito afetuosos.
Fábio.
Irmãos, muito interessante... há algum tempo atrás, fui tido aqui e no meu blog ( e em outros ) como alguém que defendia a ignorância pura e simples contra a teologia acadêmica e tida sempre como inipotentemente séria ( não que não possa sê-lo ).
ResponderExcluirExplico: a dois pratos na balança hoje: de um lado, crentes cristãos, que se enchendo de um multiconhecimento acadêmico, de ciências humanas, linguística, e até bíblica, se ufanam e passam a perder o foco, de outro há crentes e cristãos de conhecimento parco,insuficiente, mas que vêem na Palavda de Deus tudo o que ela é, sem reservas. O primeiro grupo perde a fé pela presunção, o segundo disvirtua a fé ocasionalmente por simplicidade ( aquela simplicidade denunciada em provérbios 1 ).
Faz-se mister urgentemente que o crente ou não perca o foco ou encontre-o seguiramente. Para o mundo ( e para muitos crentes ) se você não é do primeiro grupo é ignorante, se é do segundo é fanático. Contudo a Palavra de Deus deve ser crida integralmente e sem reservas, venham de onde vierem e seja quais forem.
Um abraço a todos.
Fábio,
ResponderExcluirli muito pouco de Barth, e gostaria de, no futuro, poder me inteirar mais de sua obra. Mas o fato dele ter sido a sua "bóia salva-vida" da boas mostras do lixo teológico ao qual você estava sendo submetido. Mas como Deus não escreve certo por linhas tortas, todo esse bombardeio cético certamente lhe capacitou e o preparou para defender e revelar a este mundo caído a razão da sua fé. Não uma fé claudicante, mas uma fé calcada em Deus e sua palavra. E isso é visível no seu blog, e nos ótimos e propositivos comentários que você generosamente deixa aqui e em outras plagas.
Esse seminário da A.D. nos revela o quanto os cristãos [não importa se nominais ou não] estão preocupados com a chancela da "inteligtzia" secular, e como temem os homens e suas opiniões, com receio de serem qualificados como ignorantes, obtusos, retrógrados, etc. Há um anseio de se ser qualificado pelos homens, o que acabará resultando na desqualificação por Deus. Só vejo essa necessidade de ser aprovado pelo mundo como motivos para se levar palestrantes da UnB a um seminário teológico. Uma pena...
Isso me lembra de que alguns irmãos sempre me alertaram de que eu deveria entender mais de antropologia e sociologia para abordar assuntos teológicos, especialmente os relativos à humanidade. Eu sempre lhes disse que precisava da Bíblia apenas, pois em nenhum outro lugar o homem é revelado como ele é, nu e miserável, como na Escritura. Afinal, a antropologia e a sociologia são ciências modernas que não existiam à época dos profetas, apóstolos, e dos pais da igreja, o que não os impediu de reconhecer no homem aquilo que ele é, e de também reconhecer aquilo que ele não é, sem precisar dessas disciplinas, baseados na palavra de Deus.
Não rejeito o conhecimento [eu mesmo leio muito, não tanto como gostaria, e estudo um pouco de teologia, história e filosofia, principalmente] mas creio que a nossa mente deve estar cativa a Cristo e a sua palavra. Os estudos seculares nos auxiliam a ter alguns entendimentos, mas mesmo o homem menos informado sobre eles poderá, somente com a Escritura, chegar às mesmas conclusões que acadêmicos e eruditos podem chegar, desde que ambos sejam regenerados.
Bem, obrigado mais uma vez, Fábio, por seu comentário. Ilustra e complementa o que eu disse ou tentei dizer.
Grande e forte abraço, meu irmão!
Cristo o abençoe!
Jorge, coincidentemente, na série de posts que eu tenho feito às sextas, amanhã vou postar um artigo meu que é uma refutação à uma reportagem da Revista Ultimato (todos os artigos da série são refutações à Ultimato), mas são artigos escritos há mais ou menos mais de 3 anos atrás... e eu cito Barth neste artigo. Relendo, agora, deixo ainda transparecer um certo fascínio por Barth. Mas o que é interessante é que parece até que foi de propósito, mas não é. O artigo vai te dar uma dimensão mais exata do que significava Barth para mim. Eu estou em dúvida se faço ou não uma ressalva embaixo do texto dizendo que não sou barthiano, porque relendo o texto pode passar essa impressão. Se eu pudesse te mostrar o texto antes... O meu e-mail está lá no perfil do meu blog. Gostaria da sua opinião, se coloco ou não este adendo. Abraços sempre muito afetuosos.
ResponderExcluirFábio.
Fábio,
ResponderExcluirtenho o seu email, e já lhe enviei uma resposta.
Obrigado pela confiança.
Abraços
Te encontrei. rss
ResponderExcluirO que o Fabio disse é sério, os seminários da AD estão cheios de Liberais.
Legal seu blog. Paz!
Oi, Rô!
ResponderExcluirLegal também tê-la por aqui. Espero que volte mais vezes.
Quanto ao Fábio, acho que ele sempre tem razão [rsrs].
Grande e forte abraço!
Cristo a abençoe!
Caro
ResponderExcluirDo item e) da sua conclusão, eu retiraria a expressão "claramente".
No mais, ficou muito bom.
Quando der tempo, desculpa que você também usa para adiar a sua conversão ao pós-milenismo... risos... Quero ler mais sobre a formação do cânon.
Afirmamos o que você afirmou neste texto.
Cremos na inerrância etc... Todavia, pessoalmente gostaria de dar respostas mais racionais para calar alguns críticos, principalmente aquele que fica alojado dentro da minha própria cabeça, e eventualmente, experimentando a minha fé.
Abraço!
Natan, o anônimo! [rsrs]
ResponderExcluirÉ, pensando bem, claramente ficou exagerado por demais, se se pensar que a autoexplicação é claramente inteligível. Mas o que eu quis dizer é que a Bíblia se autoexplica claramente, no sentido de que isso é uma verdade clara, insofismável, ainda que não comprendamos muitos pontos claramente. Eles estão lá, explicados, pela fé na inspiração e infalibilidade da Escritura, não porque a entendemos com facilidade. Mas foi muito bom você ter tocado no ponto [eu mesmo não o havia percebido], de que ele pode trazer duas conclusões diferentes; dando-me a chance de explicar.
Sobre o pós-milenarismo, bem, tenho de estudar a questão, mas estou envolvido com outros projetos e metas, e parece que a escatologia terá mesmo de esperar. Como na C.F.B. abordarei a questão escatológica, será uma oportunidade para estudar mais, aprender e talvez me posicionar. Sei que estou mesmo em cima do muro [rsrs].
Grande e forte abraço, meu irmão!
Cristo o abençoe imensamente!