19 outubro 2009

AMOR OU DESDÉM?
















Por Jorge Fernandes Isah


Tem-se falado muito sobre amor ultimamente. Parece haver uma onda de amor, quase um modismo acidental, pode-se dizer. Haja vista ler definições para todos os gostos, especialmente as que vão de encontro ao coração impenitente e irregenerado. Uns acham que o amor de Deus torna-O completamente tolerante para com o pecado. Outros, que Deus não tolera o pecado, mas é permissivo com o iníquo. Há os que para justificar suas transgressões excluem o inferno e a possibilidade de punição divina. E mesmo aqueles que consideram o pecado como ficção, ou uma forma de opressão psíquica e social de domínio dos mais poderosos (seja lá o que isso representa. Fica a pergunta: a opressão do poder é também uma fantasia?). Por tabela, elimina-se o diabo e sua influência perversa, os quais passam a ser algo meramente simbólico, referindo-se a dualidade, àquilo que o homem ainda possui de mal em sua natureza [a contrapor-se ao bondoso], mas que será progressivamente extirpado com o passar de milhões de anos de processo evolutivo, físico e espiritual; o qual ninguém saberá ao certo se ocorrerá; e se ocorrer [apenas como hipótese improvável], em que resultará, face à incontrolabilidade naturalista?

Todas essas tentativas de explicar a natureza humana ou de justificá-la, resumem-se a:
1) O desprezo à soberania e santidade de Deus.
2) O medo da condenação.
3) O reflexo da carnalidade e impiedade inerentes à natureza humana.
4) A rebeldia insana em se fazer senhor de si mesmo, quando se é apenas um escravo aprisionado em suas amargas e imorais ilusões.
5) O desejo inconsciente de autodestruição.

Escrevi alguns textos sobre essas questões e não retornarei a eles. Quero ater-me a algo ainda não abordado especificamente [mesmo que tenha sido implicitado]: aquele que se entrega ao pecado ama? É possível amar e ainda assim pecar contra quem se diz ter afeição?

O amor pressupõe comprometimento, responsabilidade, empenho ao sujeito ou objeto amado. Não há lugar para o desleixo, a obstinação pelo erro, a queda reincidente e sistemática. Quem não ama é diligente, zeloso para com a ofensa, seja a Deus ou ao próximo. No Cristianismo, ele é um violador contumaz da Lei Moral. E se transgride a Lei Moral, é um sedicioso que incita ou participa da revolta contra Deus. Em relação ao próximo, está pouco se lixando à descrição de Paulo: “o amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” [1Co 13.4-7- grifo meu].

Podemos dizer que esse é o padrão do amor cristão da maioria que se diz cristão? Isto nos leva a duas conclusões:
1) Paulo está errado ao definir o amor como o ato de não se buscar os seus interesses e, ainda por cima, sofrer por quem se ama.
2) Paulo está certo; e a maioria dos crentes não sabe o que é amar verdadeiramente.

Fiz um pequeno estudo sobre o amor de Deus, com base em Marcos 10.17-27, intitulado O Jovem Rico.

E quanto ao amor humano?

Novamente, Paulo nos diz: “não sejais sábios em vós mesmos” [Rm 12.16], o que vale dizer que não há sabedoria inerente ao homem, de que ele é um tolo por vocação, e tudo o que ele pode conceber como sábio provém de Deus. Parece estranho no mundo atual, que cultiva a auto-idolatria, esse tipo de afirmação. Bem como a que a precede: “não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes” [Rm 12.16]. É uma verdadeira antítese ao pensamento secular, o qual infelizmente encontra-se disseminado no seio da igreja. Numa época de extremo individualismo, egoísmo, megalomania, consumismo, exibicionismo, e isolamento, como podem os homens ser “fervorosos no espírito, servindo ao Senhor”? [Rm 12.11]. A resposta nos é dada um pouco antes também: “E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2].

Esquematizando o que foi dito, o amor implicará sempre em:
1) Não ser sábio em si mesmo, por que o homem jamais o será por conta própria, mas sábio em Deus.
2) Não ambicionar as coisas altas, mas acomodar, conformar-se às coisas humildes. Em última análise, humilhar-se diante de Deus e do próximo, não buscando os seus interesses.
3) Servir a Cristo com fervor no espírito; folgando, descansando nEle, a única verdade.
4) Conhecer a boa, agradável e perfeita vontade de Deus, não se conformando a este mundo. Ou seja, obedecendo-O diligentemente, e não aos apelos da carne.

Fora desse escopo, qualquer sentimento que o homem tenha não será o verdadeiro amor. O exemplo máximo é o de Cristo. Sendo Deus, “esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até a morte, e morte de cruz" [Cl 2.7-8].

Alguém pode dizer: mas ele é Deus, e Deus não pode pecar. Para Cristo foi fácil, só que não somos deuses.

É verdade, em parte. Cristo é Deus, mas também homem. A Bíblia é farta em asseverar a dupla natureza do Senhor. Então, não creio que as coisas tenham sido facilitadas para Ele cumprir a Sua missão. O fato é que Cristo foi tentado e não pecou, nem se achou algum pecado nEle; “porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado” [Hb 4.15].

Não entrarei na doutrina da dupla natureza do Senhor. Mas posso afirmar categoricamente que as tentações pelas quais Ele passou não foram de brincadeirinha, nem se armou um teatro com o fim de nos ludibriar; senão, como Cristo poderia se compadecer das nossas fraquezas, derramando Sua graça e misericórdia, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno? [Hb 4.16].

O certo é que Jesus não pecou por ser Deus, mas também por que nos amou, sendo Ele a fonte do amor perfeito, santo e pleno.

Apenas sintetizando o conceito de amor divino: Deus ama os eleitos, os escolhidos, os quais predestinou para serem o Seu povo, e serem conformados à imagem do Seu Filho Amado. Quando digo que Cristo amou, amou exclusivamente os Seus, os que lhe foram dados pelo Pai, os quais nada nem ninguém arrebatará das Suas mãos [Jo 10.28-29].

Algumas considerações sobre Jesus como o Messias:
1) Sendo Deus, tomou a forma de servo, fazendo-se como os homens.
2) Como homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente a Deus Pai até a morte.
3) Sua morte foi para satisfazer a justiça de Deus, mas também por amor aos Seus escolhidos.
4) Cristo conhecia [e conhece] a boa, agradável e perfeita vontade de Deus, conformando-se a ela.
5) A sua obediência reflete o Seu amor ao Pai como aos eleitos.

Logo, o amor do Senhor Jesus pelo Pai e pela Igreja também O impediu de pecar. A tentação que lhe sobreveio não foi suficiente para gerar o pecado; pelo contrário, ele foi bloqueado pelo amor e impedido de se consumar, pois a tentação dissolveu-se antes que a concupiscência pudesse conceber-se, e ela não nascendo, não gerou o pecado nem a morte, a separação de Deus [Tg 1.13-15]. Cristo jamais foi atraído e enganado pela concupiscência, por isso, não pecou, porque é a plenitude do amor. O apetite ou desejo desordenado somente aflorará se naquele solo não houver amor, o antídoto ao veneno em todas as suas formas nocivas de impiedade. Do contrário, se o solo for estéril, sem amor, estará pronto para produzir o pecado, e a dissolução tornar-se-á apenas um vício renitente, insalubre e incurável. Onde há o amor de Deus não há chance para o pecado, sua semente maligna não germinará; antes, permanecendo no Seu amor, daremos frutos para a Sua glória [Jo 15.8-9].

Assim, aquele que ama não peca, nem se compraz na transgressão, nem quer justificá-la com um pretenso amor alheio à natureza de Deus, e que simplesmente é a corrupção da mente humana, desejosa em acomodar-se ao pecado. Desta forma, o crente tem de apresentar o seu corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, mortificando o pecado.

O que nos leva de volta à pergunta inicial: o homem pode amar?

Amor verdadeiro, aquele que procede de Deus, somente o crente tem. O homem natural desconhece-o, e está impedido de tê-lo. Mas isso não quer dizer que o crente amará o tempo todo. Experimentaremos o amor verdadeiro e duradouro na eternidade, onde o pecado não existirá, e não haverá espaço para a afeição desordenada. Lá, seremos semelhantes a Cristo, desfrutando da mesma natureza santa. Enquanto estamos neste mundo, vivenciaremos momentos de amor em menor escala, e de não-amor em maior escala. Mas sempre que amarmos, venceremos o pecado, porque o amor é a negação do pecado; é resisti-lo, não permitindo que domine sobre nós.

Por isso, é impossível o amor verdadeiro aos que não se arrependeram de suas iniqüidades e que vivem a fundamentá-las no anti-amor, o sentimento pernicioso e confuso, o "amor" deletério, o qual apenas servirá para afastar a hipótese de regeneração, ao manter o iníquo desligado de qualquer possibilidade de comunhão com Deus.

Ao tentar esconder-se, na verdade se expõe em sua tola rebeldia.

Como o Senhor nos disse: “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor... Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando” [Jo 15.10,14].

Onde há desobediência, abunda o engano e o pecado.

Onde há desobediência, não há amor.

E se não há amor, não se conhece a Deus, nem dEle é conhecido [1Co 8.3].


13 outubro 2009

NÃO DESPERDICE O SEU ASSALTO















Por Jorge Fernandes Isah

Sábado, fui assaltado.

Não, não foi por extorsão de alguma operadora de celulares. Nem pelo plano de saúde. Muito menos pelo "Leão". Não houve aumento das tarifas públicas na cidade, nem me venderam 100 pelo preço de 200. O gás continua com mesmo valor do mês passado, e a tv a cabo não me cobrou o ponto adicional, porque não tenho tv a cabo.

Foi assalto mesmo. À mão armada.

Estava em meu trabalho quando, por volta das 7:45, fui atender a porta. Eram dois adolescentes, e um terceiro que não pude ver, pois estava atrás do portão. Apontaram-me um revólver, renderam-me, levaram o meu celular e aproximadamente R$ 400 da empresa. Tinham a idade do meu filho, mas não se recusaram a mirar a arma para a minha cabeça.

Nunca vivi uma situação assim. Já passei por possibilidades de assalto, mas graças a Deus não se concretizaram. Naquele momento, não pude pensar em muita coisa; para ser sincero, não deu tempo nem de uma pequena súplica. Foi tudo muito rápido[1]. Apontaram o revólver, gritaram “assalto”, pegaram o celular sobre a mesa, revistaram as gavetas onde antes eu guardava a verba do pequeno caixa do escritório [e que ontem havia mudado de lugar]. Foi algo encomendado, pois sabiam direitinho onde eu guardava o dinheiro. Como não estava lá [a providência divina impediu que o prejuízo fosse maior], aproximaram a arma e exigiram a grana rapidamente. Fique apreensivo com a possibilidade de alguém chegar [um outro funcionário, um familiar, um amigo; o que sempre acontece aos sábados], de não dar a grana, e eles retaliarem; mas graças a Deus nada de mais grave aconteceu. Pedi-lhes calma, fui até onde havia guardado o pacotinho de notas, e entreguei-lhes. Juntaram alguns papeis na gaveta [documentos do caixa, os quais até agora não sei que serventia lhes teria], e saíram. Não sem antes ameaçar-me novamente de morte caso os seguisse ou chamasse a polícia. Não segui, mas liguei para o 190.

Interessante que não fiquei apavorado. Apreensivo, mas sem pânico. Eles pareciam muito mais nervosos e afoitos. Após saírem, agradeci a Deus por minha vida, e por ninguém mais estar ali comigo.

Como disse, não dá tempo de pensar em quase nada. Passam muitas coisas pela cabeça, sem que nenhuma delas se fixe ou ganhe corpo. Nem se tem as dimensões do perigo real. Horas depois é que as imagens voltam, e você começa a analisar o que poderia ter feito, ou o que poderia ter acontecido. O filme é reprisado, e é possível ver vários finais. Então, se chega ao que ninguém quer, ao desfecho mortal. Foi quando pensei, e daí? A morte pode ser algo dolorosa, como numa doença terminal ou na tortura. Pode ser rápida como num tiro certeiro. Ou serena, na velhice, durante o sono. Ela pode vir de muitas maneiras, mas invariavelmente acontecerá a cada um de nós, a menos que o Senhor decida-se por seu retorno em glória, o que parece ainda estar distante [ao menos, não há sinais de que ainda seja a hora; até porque, a hora ninguém sabe, somente Ele]. Pensei: o que seria de mim? E, ao reviver toda a cena, e chegar ao desenlace final [e ficcional], pude tranqüilizar-me pela segurança que Cristo dá à nossa salvação, a garantia da vida eterna. Veio-me à memória a Sua oração: “Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós. Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a Escritura se cumprisse” [Jo 17.11-12].

Enquanto meditava, não pude deixar de me emocionar diante do amor que o Pastor tem por Seu rebanho; e senti-me, no instante, reconfortado e aquecido pelas promessas e proteção de Deus, de que estou seguro em Suas mãos, e ninguém pode arrebatar-me delas.

Houve a alegria que a indignação não pode impedir. Houve o conforto que a insegurança não pode reter. Houve a esperança que a desconfiança não bloqueou. Houve a paz que a aflição não estancou. Houve mesmo o regozijo de que o Deus vivo é soberano sobre tudo e todos, mesmo sobre o meu assalto. Como diria o pr. John Piper, numa analogia provável, não desperdice o seu assalto.

Quando as viaturas da PM chegaram, os vizinhos, familiares [trabalho próximo de casa] e curiosos espantaram-se com a minha calma. Provavelmente, em outros tempos, quando ainda não era convertido, reagiria aos marginais. Talvez os dominasse, talvez fosse dominado. Mas naquele instante, ainda que a situação fosse violenta e coercitiva, desfrutei de uma calma que não julgava existir. A mesma calma que tenho quando, hoje, penso na hipótese concreta da morte. Para alguém que desde a mais tenra idade se viu numa luta ferrenha contra a maior de nossas inimigas, ter a certeza de que ela foi derrotada na cruz por Cristo, dissipa toda e qualquer angústia.

Um dia morrerei. Um dia você morrerá. Um dia, todos estaremos diante do Juiz supremo. Contudo, o salvo, aquele que ouve e crê no Senhor, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas já passou da morte para a vida [Jo 5.24]. Mas ao ímpio,"como escapareis da condenação do inferno?" [Mt 23.33].

Porque “a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz” [Jo 3.19].

Portanto, não desperdice o seu assalto, ou qualquer mal que lhe sobrevenha. Saiba que nada acontece alheio à vontade soberana de Deus, e de que, se for o roubo, a doença, o acidente, a catástrofe, a dor, ou qualquer outro desastre, cumpra-se a ordem de Paulo:"Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Jesus Cristo para convosco" [1Ts 5.18]. Por que, na fraqueza, Deus nos faz fortes. E, assim como o ouro é provado pelo fogo, o crente é purificado nas provações, nas quais, ainda que um pouco contristados, devemos grandemente nos alegrar, para que a nossa fé se ache em louvor, e honra, e glória na revelação do Senhor [1Pe 1.6-7]. Sem as provações, como serão manifestos em nós os frutos do Espírito? Como ter mansidão, fé, longanimidade e temperança se estivermos em “céu de brigadeiro”?

Em um dos finais possíveis, me vi sobre um dos assaltantes esmurrando-o até desfigurá-lo. Não vou dizer que a idéia não me trouxe certo ânimo, e um desejo de vingança. Felizmente, não durou muito. Pensei também que poderia ter uma arma. De certa forma, a idéia não me agradou também. Isso não quer dizer que seja um pacifista, no sentido marxista da palavra. Sei que eles pregam paz quando querem guerra. E o objetivo é de que os outros sejam desarmados para que possam usar da sua beligerância sem qualquer resistência[2]. Não é isso. O crente combate muitas guerras. Porém nossa luta não é contra a carne e o sangue, mas contra as hostes espirituais da maldade, para que possamos "resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes" [Ef 6.12-13].

Ainda que tendo direito, creio que o usaria apenas em circunstâncias extremas; provavelmente se um familiar, amigo ou indefeso precisasse de tal atitude diante de um ofensor. Seria eu um covarde? Talvez. A resposta mais certa seria sim. Mas há algo que o Senhor Jesus disse, e que por analogia serve para o Seu povo: “O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui” [Jo 18.36]. Ainda que Cristo governe todo o universo, o Seu reino não é daqui. No reino de Cristo não haverá o mal nem o pecado. Então, por dedução, ainda que vivendo no mundo, não pelejaríamos contra ele, porque também não somos daqui. Deus não nos quer fora do mundo, mas livres do mal. E o mal pode ser exatamente não aceitar a perda. Pode ser o celular roubado, ou a saúde tirada, ou a demissão, ou a injúria sofrida, ou mesmo a morte. O prejuízo é algo inconcebível ao homem natural. Ninguém quer perder, antes todos querem ganhar. Mas o Cristianismo é diferente. Cristo deu-nos o exemplo de que, ao perder a Sua vida para depois tomá-la, ganhou para Si um povo eleito e santo, o qual foi remido pelo Seu sangue derramado na cruz, como o sangue de um cordeiro imaculado.

Infelizmente, não sabemos perder o que nos é caro [algumas coisas, desnecessárias], quanto menos administrar essas situações. Ao invés de nos sujeitar à vontade divina, nos iramos, desejamos vingança, revoltamo-nos nas vicissitudes, as quais nos levam diretamente às murmurações contra Deus. Em última instância, tudo é regido pelo Senhor, e se não nos acomodarmos à Sua vontade, rejeitando-a, rejeitamo-lO também.

Ainda que inconscientemente, se a glória de Deus é o fim de tudo, não o louvamos.

Jó, ao rebater as insanas palavras de sua mulher, disse: Como fala qualquer doida, falas tu; receberemos o bem de Deus, e não receberíamos o mal?” [Jó 2.10]. Em tudo isto ele não pecou contra Deus. Mas e nós? O que diríamos se alguém nos dissesse: “Ainda reténs a tua sinceridade? Amaldiçoa a Deus, e morre”? [Jó 2.9]. É nessas horas que se vê a diferença entre o servo e o não-servo; entre o que crê e o que não crê; entre o santo e o impuro; entre a verdade e a mentira. Não somente nas situações limites, mas no dia-a-dia quando somos confrontados pelas mínimas e insignificantes decisões, que nos levam a cometer o que muitos chamam de “pequenos delitos ou pecadinhos”.

Aquele revólver apontado para mim podia ser de brinquedo. Podia nem mesmo ter balas. Podia ser tão velho que jamais dispararia. Mas ainda que fosse mortal, pudesse me matar, e efetivamente me matasse, queria poder dizer do fundo do meu coração, com toda a minha alma: “Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o Senhor o deu, e o Senhor o tomou: bendito seja o nome do Senhor” [Jo 1.21].

Certamente, Deus me concederia mais essa graça, e eu diria.

Nota: [1] O meu pastor disse que deveria tê-los chamado para orar, no que ele está certo, e arrependo-me de não ter pensado isso; mas, ainda não sou espiritual a este ponto, infelizmente. E, de certa forma, vi o quão distante estou do homem espiritual, perfeito e santo, em que me transformarei na eternidade, pelo poder do meu Senhor. Isto não é desculpa para a minha carnalidade, apenas a constatação de que estou anos-luz de distância de poder dizer, como Paulo disse: Não sou eu quem vivo, mas Cristo vive em mim... Na verdade, ainda nem orei pelas almas dos meliantes, o que farei de imediato; pedindo que Deus coloque em suas vidas um homem verdadeiramente espiritual, que lhes revele o amor e a graça de nosso Senhor, proclamando o Seu santo Evangelho.
[2] A intenção não foi discutir o assunto do ponto de vista sócio-político, ainda que tenha tocado ligeiramente na questão, mas uma abordagem essencialmente espiritual.
[3] Hoje, faz cinco anos da minha regeneração. Agradeço a Deus por ter se apiedado de mim, derramado sobre a minha alma sua graça e misericórdia, e escolhido-me antes da fundação do mundo para ser conforme a imagem do Seu Filho Amado Jesus Cristo. Há muito o que caminhar, e muito em que ser conformado à santidade e perfeição do Senhor, mas sei que a boa obra iniciada em minha vida se aperfeiçoará, e será concluída até o Dia de Cristo. Bendito seja o Seu santo nome! Amém!

05 outubro 2009

O CADÁVER QUE A CHUVA MOLHA
















Por Jorge Fernandes Isah

Muitos se perguntam se o Inferno existe. E dou-lhes certeza, existe! Por que a Bíblia diz. Não vou nem me ater a relacionar versículos. Eles estão em tão grande profusão por toda a Escritura que é desnecessário. Se alguém lhe falar que isso é “lenda”, “mentira”, “coação psicológica” ou “radicalismo teológico”, afaste-se dele, pois o objetivo é unicamente o de destruí-lo definitivamente, assim como ele mesmo se acha devastado.
Nos piores momentos de impiedade da minha vida, quando estava escravizado pelo pecado, eu acreditava tanto num tipo equivocado de amor divino, um amor engodado e subjugado, que não O considerava capaz de me condenar. Em minha loucura, achava que o Deus bondoso não poderia criar um lugar tão terrível como o descrito na Escritura, onde os pecadores fossem lançados e atormentados eternamente, "para o fogo que nunca se apaga, onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga" [Mc 9.43-44]. O meu coração estava tão corrompido pela autocompaixão, que o Seu amor era uma espécie de escudo protetor a me desobrigar de cumprir a Sua palavra, garantindo-me descumpri-la, e manter-me enredado no caminho pervertido. O objetivo era de que a minha iniqüidade prevalecesse sobre o amor de Deus; era como o calço que equilibraria a mesa defeituosa e manca; uma muleta capaz de fazer o coxo se arrastar sem que seja curado do seu mal. Era preciso que eu anulasse a Sua justiça e, por conseguinte, o sacrifício de Cristo na cruz do Calvário, com a idéia perversa de um amor contemplativo e inútil, suficiente para me manter num coma irreversível.
É interessante como tudo se processa:
1) O conhecimento de Deus e de Sua Lei Moral, inatos em minha alma, revelavam-me os pecados, ainda que não os assumissem como tal.
2) Para justificá-los, apelava para o amor complacente, tolerante e conveniente, o qual julgava divino, quando não passava de uma tentativa desesperada de ser aprovado por Ele, sem a necessidade de arredar o pé da antiga vida de pecados.
3) Então suprimia o Inferno e qualquer tipo de condenação; acreditando que mesmo o diabo seria absolvido em nome desse suposto amor divino. No fundo, não passava de uma tentativa frustrada de demovê-lO da sua convicção, de considerá-lO volúvel e maleável, facilmente moldado por todo o meu coração perverso e estúpido.
4) Por fim, como a Escritura é categórica em relação ao julgamento de Satanás [e também do réprobo], optei pela sua não existência; e as citações escriturísticas não passavam de apelos morais à minha consciência, no sentido de o mal ser condenado e combatido na sociedade, sem que o pecador o seja. Desta forma, as criaturas tornavam-se mais importantes do que o Criador, e o projeto de santidade de Deus era uma mera obsessão ortodoxa, um delírio teológico legalista [1].
5) A expiação do Senhor, o tema central e corrente de toda a Escritura, passou a ter também um apelo meramente moral, no sentido de se buscar, seja na bondade, no serviço, na consciência, na integração social, o bem que há em nós e que sempre vencerá o mal. Somente desse modo a humanidade evoluirá por seus próprios meios, à sua maneira, até finalmente alcançar a perfeição [2].
Assim, progressivamente, vai-se afastando da revelação especial, em detrimento de uma “revelação pessoal”, na qual o ímpio conforta-se com a idéia de que tudo será perdoado, ainda que não seja necessário arrependimento, ainda que seja preservada a sua velha natureza, e a dissolução servisse de prêmio à desobediência, à leviandade, ao ignóbil pensamento de que se é possível “passar a perna em Deus”.
O novo-nascimento operado pelo Espírito Santo, primeiramente, nos revela a nossa condição imoral e iníqua. Sem a constatação do que somos, o reconhecimento de que estamos verdadeiramente perdidos e mortos para Deus, não há arrependimento nem salvação. Duvido do crente que diz que sempre foi crente. Por menor que seja o processo de regeneração, por mais tênue que seja a diferença entre a sua vida pregressa e a nova vida, há de se arrepender. Mesmo crentes nascidos em berços cristãos, cujos pais, avós e bisavós eram crentes, terão de se deparar mais cedo ou mais tarde com os seus pecados, sendo confrontados pela Palavra e o mover do Espírito em suas vidas. Ainda que se tenha lido a Bíblia muitas vezes, ouvido dezenas de pregações, e até se concluiu o seminário, o Evangelho não passará de construções gramaticais aos seus olhos e ouvidos, nada além de palavras e frases sucedendo-se sem sentido, ou quando muito, confundindo-o.
Porém, quando Deus o confronta com o texto bíblico e o Espírito Santo lhe revela a sua condição de rebelde, mostrando o seu estado miserável diante da santidade e glória divinas, não há como resistir: somos inapelavelmente abatidos em nossa soberba, nossos olhos são abertos, nossa mente é conformada à mente de Cristo, os joelhos se dobram, a cerviz se curva, e a escravidão do pecado é-nos arrancada, reconhecemos Cristo como Senhor, e somos eternamente salvos pelo Seu perfeito amor.
Então, qualquer tentativa de se minimizar o novo-nascimento como a transposição radical do reino das trevas para o Reino da luz, deve ser combatida. Nada é mais diabólico do que rejeitar o novo-nascimento, porque sem ele, o homem apenas será mantido no estado de impiedade, sustentando a inimizade contra Deus, a sua condição de caído em Adão, e a perpetuar a sua natureza carnal, conservando-se morto.
Sem a regeneração, não há salvação. Não adianta saber todos os versículos de cor, nem ter uma vida de aparente piedade, nem estar a serviço da igreja, nem dizimar e ofertar, nem participar da ceia, nem mesmo pregar a palavra. Deus pode usá-lo de várias maneiras [e o usará quer você queira ou não] e você pode até mesmo estar convencido de sua salvação, mas a sua fé não é por Cristo, mas em seus méritos próprios. E ninguém será justificado por obras de justiça própria; porque a sua fé não está nEle, mas em si mesmo, em seu esforço, e no grande cristão que você aparenta ser; nada disso surtirá algum efeito, a não ser condená-lo; ainda que se considere bom o suficiente para receber a misericórdia divina, quando, se não for lavado no sangue do Cordeiro, não poderá chegar diante do Seu trono alegando qualquer outra justificativa. A única que satisfaz o Todo-Poderoso é ser expiado por Cristo, e ser absolvido dos pecados pelo Seu sacrifício remidor.
Você não passa de um tolo! Não é salvo. Nunca foi. E continua sob a ira de Deus.
Se não houver aquele dia, em que numa ínfima fração de tempo você se viu como realmente é, e foi movido irresistivelmente pelo Espírito Santo a ser como Cristo, você ainda está morto em seus delitos e pecados. De nada adiantará espernear, alegar inocência, porque a obra de salvação é completamente de Deus, e o homem não pode auxiliá-lO em nada. Tudo é dEle para o eleito, o qual foi destinado para a vida eterna apenas pela Sua vontade. Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado” [Rm 6.6].
O réprobo somente faz produzir provas contra si, infringindo a Lei Moral tantas vezes quanto a sua mente caída é capaz de se deleitar na malignalidade.
Por isso, muitos se recusam a crer no Inferno e na condenação; por que não foram regenerados, e se não foram, como acomodar os seus pecados à Palavra? Não tem jeito. É impossível. Então usarão de artifícios para desqualificá-la, distorcê-la ou recriá-la. Ao idealizarem o paraíso, contentam-se em permanecer atolados no pântano como se fosse possível fazer dele um jardim sem remover toda a lama. Querem que brote flores no terreno estéril. Querem exalar o doce perfume de Cristo, quando estão apodrecendo. Querem-se vivos, quando estão mortos. Querem respirar, quando estão asfixiados. É como o cérebro sem oxigênio.
Assim é o ímpio.
O cadáver que a chuva molha.
Nota: [1] Interessante que os liberais nos acusam de todo o tipo de distorção. Dizem que traçamos absolutos quando eles não existem. Dizem que levamos a Bíblia a uma literalidade doentia. Dizem que o propósito de Deus não é o de condenar ninguém. Dizem que a revelação especial foi construída por homens, e, portanto, está sujeita a falhas. Dizem que Deus deu apenas uma idéia geral do Seu plano, e que os homens acrescentaram e distorceram essa mensagem inicial. Dizem que a Bíblia não é divina, mas humana; e tem apenas bons exemplos morais, mas nada que leve a criatura à salvação ou condenação.
Eles proclamam uma cartilha de motivos para a sua impiedade, para manterem-se em conluio com o pecado, sem que haja qualquer prova concreta do que afirmam; nada além da mais simplória e débil especulação. Contrariamente, podemos afirmar que eles não passam de incrédulos, de crentes em uma fé distorcida e talhada à imagem dos seus deuses: eles mesmos e o diabo. E isso não é mera especulação. É o próprio Deus falando através da Bíblia, a revelação especial.

[2] A qual nada mais é do que a integração de todos os povos, raças e credos numa simbiose capaz de fazer com que a humanidade se unisse no projeto de construção do homem ideal. Isso significaria a união da luz com as trevas, do bem com o mal, do absoluto com o relativo, do fundamental com o dispensável, de Cristo com Belial, do santo com o profano, do incorruptível com o corrompido. Seria o mesmo que fundir água e óleo, e sabemos que eles não se confundem. 

28 setembro 2009

A GRAÇA ANULADA


















Por Jorge Fernandes Isah

Lê-se e ouve-se muito falar de graça (assim como fala-se pelos cotovelos de amor), mas qual a definição de graça? Seria a graça algo que pudesse servir a múltiplos propósitos, ou é a graça direcionada para apenas um objetivo, ao qual o bom Deus estabeleceu?

Nem vou me alongar quanto à questão da interpretação. Se o Espírito Santo não é suficiente para revelar ao crente mais afoito o significado do que está claramente exposto na Escritura, o que posso fazer além de orar por sua alma? Também não falarei da graça comum, a qual Deus derramou sobre justos e injustos [e da qual tenho sérias dúvidas quanto a terminologia correta, pois a considero mais no campo da providência do que da graça, mas essa é outra discussão]. O foco aqui é a graça salvadora, e a sua ação na vida do crente. Tentarei explicar porque muitos que se consideram sob a graça salvadora enganam-se, pois a ira de Deus permanece sobre eles.

Algumas definições:

1) Dicionário Priberam - graça - s. f. 1. Favor. 2. Perdão. 3. Benevolência. 4. Chiste. 5. Gracejo. 6. Dom sobrenatural, como meio de salvação ou satisfação.[1]

2) Dicionário Wyclife - graça – grego “Charis”, significa: 1. Aquilo que causava atração. 2. Consideração favorável sentida em relação a uma pessoa. 3. Um favor. 4. Gratidão. 5. Usada adverbialmente em frases como: “Por amor a alguma coisa”.[2]

3) Dicionário. Internacional de Teologia N.T. [Entre tantas definições da palavra Charis e Charisma, ficarei com a seguinte, a qual é o foco deste texto] – graça – 1. Dom não merecido, da parte de Deus, às suas criaturas.[3]

Graça é o favor imerecido que Deus concede aos eleitos, os quais estão mortos em seus delitos e pecados e são vivificados pelo Espírito; os quais são inimigos de Deus e se tornam seus amigos; os quais estão condenados e são absolvidos; os quais estão destituídos da Sua glória e passam a ser participantes dela; os quais mereciam perecer no fogo do Inferno e são perdoados, e viverão a eternidade no Céu. A graça é algo que recebemos sem merecer, fruto da misericórdia de Deus, a expressão do Seu amor pelos eleitos, que não nos dá o que merecemos: a morte definitiva.

Pelo sangue derramado do Seu Filho Jesus Cristo, os eleitos são resgatados da condenação do pecado, regenerados pelo poder do Espírito Santo, feitos membros do Corpo de Cristo, salvos e restituídos à comunhão com Deus. Quando não havia esperança, Deus providenciou a esperança. Quando não havia saída, Deus providenciou a saída. Quando estávamos cegos, Deus abriu-nos os olhos. Quando surdos, fez-nos ouvir. Quando havia apenas uma disposição no nosso coração, o pecado, Ele nos santificou, tornando-nos mais alvos do que neve. Quando estávamos em guerra, Ele nos deu a paz. Tudo isso realizado por Cristo na cruz do Calvário, quando pelo Seu sangue, fomos lavados e remidos, transformados de criaturas caídas em filhos adotivos de Deus. Co-herdeiros do Reino de Cristo, da herança incorruptível: a vida eterna.

Vale dizer que todos os nossos pecados, passados, presentes e futuros, foram infalivelmente perdoados; e de que nada, absolutamente nada, nem mesmo a minha vontade, poderá retirar-me da condição de salvo, fazer-me perder o que Cristo me deu e pagou com alto preço. O padrão divino de graça é tão alto e eficaz, que a despeito de tudo o que o homem pode fazer em sua rebeldia, o eleito estará segura e eternamente salvo.

Porém, quer dizer que o eleito poderá fazer o que bem quiser, ou seja, cometer quantos pecados quiser, por já estar salvo? Paulo diz: “Que diremos pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde? De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?” (Rm 6.1-2).

Esse tipo de pensamento é uma afronta a Deus, é uma blasfêmia, a prova de que essa pessoa nunca experimentou a salvação, a regeneração espiritual, não possui a mente de Cristo, e está morto em suas ofensas. Porque “sabemos isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado” (Rm 6.6).

O novo homem foi crucificado com Cristo, para que não viva pela carne, nem dê vazão às suas paixões e concupiscências (Gl 5.24). O novo homem está em Cristo, e Cristo nele, para que dê muitos frutos, para sermos o louvor da Sua glória (Jo 15.5, Ef 1.12). O novo homem está firme na liberdade com que Cristo libertou, não estando debaixo do jugo do pecado, sendo agora servo da justiça (Gl 5.1, Rm 6.18). O novo homem foi criado para as boas obras, “as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10). O novo homem não se utiliza do fato de estar debaixo da graça e não da lei para pecar (Rm 6.15). O novo homem aprende e é ensinado pela verdade em Jesus (Ef 4.20-21). O novo homem não se corrompe mais pelas concupiscências do engano (Ef.4.22). O novo homem já está despido do velho homem com os seus efeitos, e já está vestido do novo, “que se renova pelo conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou” (Cl 3.10-11), e segundo Deus, é criado em justiça e santidade (Ef 4.24).

O eleito tem então, pela graça, as seguintes provisões: 1. A justificação (Rm 3.24). 2. A capacitação (Cl 1.29). 3. Uma nova posição (1Pe 2.5,9). 4. Uma herança (Ef 1.3, 14).

Pelo que já foi dito, está mais do que evidente que a salvação é pela graça (Ef. 2.8-9), não há a menor possibilidade de alguém ser salvo por suas próprias obras, pois a salvação, como plano elaborado e executado, tem apenas um arquiteto e construtor, o próprio Deus. O qual operou a salvação nos eleitos de duas formas: 1. Através da expiação de Cristo na cruz. 2. E pela graça irresistível, Deus regenera o pecador, levando-o inevitavelmente a Cristo, a fim de que se arrependa e seja salvo. Como se vê, a graça divina é invencível, e nunca deixará de produzir os efeitos a que foi destinada: a salvação dos eleitos; libertando-os de sua vontade natural iníqua, e moldando-os eficazmente para serem conforme a imagem de Jesus Cristo (Rm 8.29).

Outro benefício produzido pela graça na vida do crente é a santificação. E o que é santidade? Ela é designada no hebraico pela palavra qadosh e qodesh, e no grego por hagios e hagiosyne, que significam cortar, separar; revelando-nos a posição ou relação existente entre Deus e suas criaturas. A idéia da distinção que há entre o comum, o profano e o impuro da criação, com o que é puro e perfeito, a natureza divina. A santidade é o próprio Deus, é o que o caracteriza, e ela inclui todos os seus outros atributos, os quais são coordenados e aplicados por ela, fazendo com que tudo aquilo que O revela seja santo (a graça, o amor, a justiça, a ira, etc). Logo, Deus sendo santo está isento do pecado, e a santidade assume o caráter de nos separar do pecado e nos conformar ao Seu padrão moral.

Assim, a exortação bíblica é para que o eleito seja santo como Deus é santo (Lv 20.26, 1Pe 1.16). Porém, qual o critério de santidade? A santidade de Deus é revelada na lei moral cravada no coração do homem, e pela revelação especial, a Escritura. Especialmente, ela se revela na lei dada a Israel. Como aio, a Lei Moral nos revelou o pecado e a necessidade de arrependimento, para que sejamos novamente reatados à comunhão com Deus, pela fé em Cristo.

São duas ações que levará o eleito à santidade: 1. Na conversão, ele é santificado de maneira posicional em relação a Deus, ou seja, recebemos a santidade de Cristo que nos é imputada, como uma virtude que passamos a ter exclusivamente pela graça salvadora. 2. A obediência aos Seus mandamentos, como a prova do nosso amor pela graça recebida e repousada sobre nós.

O eleito desde sempre é santo por Cristo. Mas o eleito se santifica progressivamente, como fruto da boa obra de Deus iniciada e aperfeiçoada em sua vida (Fp 1.6), no tempo. Nem a santificação posicional, nem a santificação pela obediência podem ser indissociadas. Uma não subsiste sem a outra, e ainda que a segunda necessite da primeira, elas estão entranhadas da mesma forma que irmãos siameses não podem viver separados (como uma idéia geral, não particular). Uma é conseqüência da outra, e ambas são causas de si mesmas. O que não quer dizer que são autoexistentes, mas subsistem pela vontade direta e perfeita de Deus; provém dEle, para que aprovemos as coisas excelentes, para que sejamos sinceros, e sem escândalo algum até ao dia de Cristo (Fp 1.10).

Ele nos elegeu em Cristo antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos irrepreensíveis diante dEle (Ef. 1.4); e a santidade do crente repousa nessa posição, e em sua entrega progressiva, minuto a minuto, à vontade divina e à disposição de andar nos Seus santos caminhos. O fato de ainda permanecermos com a natureza caída, não nos exime do dever de obedecer aos princípios morais bíblicos, nem de trilhá-los, muito menos de ignorá-los em favor dos nossos deleites e paixões carnais. Ainda que a perfeição dependa da remoção final da natureza ímpia, o cristão deve seguir em frente, rumo à perfeição, como imitador de Cristo, o qual é perfeito e santo.

Para isso, é fundamental o estudo da Palavra, através da qual conheceremos Deus e Sua santidade, conheceremos a Sua vontade santa, tomaremos contato com Sua Lei santa, aprenderemos a viver em santidade, a desejá-la e buscá-la, para que através de nossas vidas Deus seja glorificado, e pela ação do Espírito Santo, sejamos santificados.

Infelizmente, o que se tem visto é a banalização da graça. Muitos, utilizando-se indevidamente da palavra, têm se entregado a todo o tipo de pecado; têm se regozijado em sua carne; têm rejeitado a verdade, e vivido intensamente a mentira, sem nenhum sinal de arrependimento, sem nenhuma mudança de vida; fazem-se pior do que a porca lavada na imundície da lama (1Pe 2.22). Negam Cristo e sua eficácia, trazendo sobre si mesmos a condenação. Eles propagam a vergonha herética do antinominialismo, de que o cristão não precisa se submeter ao padrão moral previsto na lei mosaica, bastando a fé, pois a graça se encarrega de deixar “livre” o caminho para o pecado sistêmico. E isso tem outro nome, chama-se depravação autônoma e deliberada de se rebelar contra Deus. Ele ouve a palavra, mas a despreza. Acomodando-a e distorcendo-a em seu arcabouço de iniqüidade. “Porque, se alguém é ouvinte da palavra, e não cumpridor, é semelhante ao homem que contempla ao espelho o seu rosto natural; porque se contempla a si mesmo, e vai-se, e logo se esquece de como era” (Tg 1.23-24). Ou ainda é como “aquele que ouve estas minhas palavras, e não as cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia; e desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda” (Mt 7.26-27).

Ele é o tolo que acha possível enganar Deus. Em seu erro, acredita que Deus se deixará escarnecer, e de que não colherá aquilo que plantou. Na mais profunda ignorância, esforça-se em semear diligentemente na sua carne, na ilusão de não ceifar a corrupção, e ganhar a vida eterna.

O pensamento dele é façamos males, para que venham bens; porque não estamos debaixo da lei, mas da graça, por isso, pequemos. Ao que Paulo respondeu: “A condenação desses é justa” (Rm 3.8).

E assim, pela desobediência, o mal não é restringido neles, não têm os seus pecados revelados, não agradam a Deus, pelo contrário, ofendem-nO, apascentando a si mesmos sem temor (Jd 12); e como meninos levados em roda por toda a sorte de enganos dos homens (Ef 4.14), são incapazes de discernir tanto o bem como o mal (Hb 5.14), negando o Senhor e “trazendo sobre si mesmos repentina perdição” (2Pe 2.1), prometendo liberdade, acabam sendo escravos da corrupção, “porque de quem alguém é vencido, do tal faz-se também servo” (2Pe 2.19), “para os quais a escuridão das trevas eternamente se reserva” (2Pe 2.17).

Com isso, o objetivo deles é o de disseminar na igreja a dissensão e a rejeição à lei de Deus, invadindo a igreja com a fragilidade do pecado, debilitando-a, levando-a ao caminho inverso da santidade: a pecaminosidade. O exemplo máximo do que esse tipo de pensamento pode fazer, e onde chegar, é o estabelecido pela igreja emergente. Eles são sutis em suas mensagens, especialmente por rejeitarem o Evangelho da Cruz, ao qual Paulo disse estar crucificado para o mundo, e o mundo para ele, e do qual ele se gloria (Gl 6.14).

Outras sutilezas são impregnadas paulatinamente nessa doutrina, como a não inspiração e inerrância da Escritura. E assim, pouco a pouco, desviam-se cada vez mais da verdade, uma espécie de desconstrução bíblica, em que a mente pós-moderna e caída se prende a um tipo de tortura mental, em que a dúvida e a incerteza são as plataformas de sua doutrina falida e diabólica, na qual a sua confiança está na carne ao invés de depositada no Senhor (Fp 3.3). Daí, para se afastar definitivamente do padrão bíblico de santidade, e se entregar ao padrão mundano da imoralidade, é um pulo. Começa-se a defender o adultério, o divórcio, a homossexualidade, a masturbação, o aborto, o paganismo ecumênico, e todo tipo de degradação existente, onde o homem ocupa todo o seu coração com a própria desordem, e não há lugar para Cristo. Ao contrário de Paulo, não se quer perder todas as coisas, e considerá-las esterco, para ganhar a Cristo (Fp 3.8).

O que se tem é o evangelho diluído, moderno e cativante, de um estilo elegante e hábil, propositalmente despojado, chegando mesmo a ser fascinante, contudo, ineficaz para a salvação, terrivelmente letal, através do qual é anulada qualquer possibilidade de esperança.

Por que assim como os fariseus esperavam a justificação pela Lei, aqueles que não a usam legitimamente, rejeitando-a, serão julgados pela Lei. Ao não entenderem o que dizem nem o que afirmam dizer, colocaram-se debaixo da Lei. Para eles, não há graça, porque as suas palavras os roerão como gangrena.

“Mas o Senhor conhece os que são seus” (2Tm 2.19).

Nota: [1] Priberam - disponível AQUI
[2] Dicionário Bíblico Wycliffe - Ed. CPAD
[3] Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento - Ed. VIDA NOVA

21 setembro 2009

Jovem Rico: Condenado? [Comentário Marcos 10.17-27]














Por Jorge Fernandes Isah
 
Por causa do texto Velhos e Novos Fariseus entrei novamente no debate sobre o amor divino, se ele é extensivo a toda humanidade ou somente aos eleitos. Os argumentos podem ser lidos nos comentários ao post, inclusive a discussão se Deus tem sentimento e emoção, ou não.
O irmão que levantou a questão de Deus amar a todos citou o trecho de Marcos 10.17-31, reivindicando-o como prova de que Deus ama até mesmo os réprobos. No que, não concordei; e expus parcialmente minhas conclusões à luz do texto.
Como ainda não havia lido nada parecido com a minha interpretação (a qual nem mesmo eu tinha pensado anteriormente, ainda que lesse o trecho por várias vezes), decidi fazer um estudo, e aprofundar-me nela. Especialmente na única parte que não está presente em Mateus 19.16-30 e Lucas 18.18-30 (textos correlatos), o qual é:
“E Jesus, olhando para ele, o amou” (Mc 10.21). 
A questão é: Jesus amou o jovem rico e, mesmo amando-o, condenou-o ao inferno? O centro da questão é a expressão “o amou”, aoristo derivado do verbo grego agapao[1], empregado para designar o amor de Deus para com o homem.
O versículo completo é: “E Jesus, olhando para ele, o amou e lhe disse: Falta-te uma coisa: vai, vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, toma a cruz, e segue-me” (v.21).
De uma forma geral, e eu mesmo sempre pensei assim, é dado como certa a condenação do jovem, como alguém que não alcançou o Céu. Mas, baseado em quê podemos afirmar tal coisa? Existe alguma passagem que evidencie claramente a não conversão daquele jovem?
Vejamos algumas declarações na passagem:
1- O jovem demonstrou-se humilde e reverente ao correr até Jesus e ajoelhar-se diante dele, chamando-O "Bom Mestre” (v.17).
2- O jovem quer saber como herdar a vida eterna (v.17).
3- Cristo assevera que apenas um é bom, Deus (v.18). E pergunta-lhe se sabe os mandamentos, citando alguns deles (v.19).
4- O jovem respondeu:"Mestre, tudo isso guardei desde a minha mocidade” (v.20).
5- Após o Senhor dizer que lhe faltava vender tudo, dar aos pobres, tomar a sua cruz e segui-lO; ele, “pesaroso desta palavra, retirou-se triste; porque possuía muitas propriedades” (v.22).
A partir desse relato, sabemos que o jovem rico partiu, e nada mais sabemos dele. Então, por que a maioria dos comentaristas e pastores decidiu-se pela sua condenação irremediável?
Muitos se apegam ao que o Senhor disse aos seus discípulos: “Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!... Quão difícil é, para os que confiam nas riquezas, entrar no reino de Deus! É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus”(v. 23-25).
Recapitulando:
1- Cristo o amou, pediu-lhe para dispor os seus bens, e então, segui-lO.
2- O jovem, pesaroso, afasta-se.
3- O Senhor proclama que é muito difícil um rico entrar no reino de Deus.
Onde está escrito que esse jovem não foi salvo? Onde se encontra a garantia de que ele não foi regenerado? E de que não herdou o reino de Deus? A inferência que a maioria faz é de que, como é difícil ao rico herdar o Reino, e aquele jovem teve a sua chance e não a aproveitou, ele foi condenado. A conclusão vai muito além do texto bíblico; na verdade, ela impõe-se ao texto bíblico. Não seria o caso do texto revelar a impossibilidade de alguém obter a salvação por mérito próprio, de, sem a regeneração e o convencimento dado pelo Espírito Santo, alcançar a salvação?
Seria por demais imperioso sustentar a sua perdição. O que está visível e claro é que o jovem, por si só, por suas forças e méritos, não conseguiria a salvação, evidenciando-se que ninguém, por justiça própria (ainda que seja uma mera alegação como a do jovem), pode requerê-la ou obtê-la de Deus.
Alguns pressupostos escriturísticos:
1- Cristo amou a Igreja (Jo 15.9; Rm 8.37; Ef 2.4, 5.2; 1Jo 4.10; Ap 1.5).
2- Cristo morreu pela Igreja, e expiou-a (At 20.28; Ef. 5.25;1Ts 5.10).
3- Cristo não ama os réprobos, pois sobre eles a Sua ira permanece (Jo 3.36; Rm 1.18, 2.5, 9.22; Ef 2.3, 5.6; Cl 3.6;1Ts 2.16).
4- Cristo ama os eleitos, porque sobre eles não derramará a Sua ira (Rm 5.9, 9.23; 1Ts 1.10, 5.9).
Voltando à pergunta inicial, não parece ilógico que Cristo amou o jovem rico, mas ainda assim o condenou? Se Deus é imutável, como pode amar e odiar ao mesmo tempo? Alguém pode alegar: Mas Cristo tem a natureza humana. Sim, é verdade. Contudo, Ele jamais pecou (Hb 4.15, 7.26, 9.14; 1Pe 1.19) e, como Deus, é imutável, porque “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente” (Hb 13.8).
Logo, temos aqui um conflito. Ou Cristo amou aquele jovem, e se o amou, assim como ama apenas e tão somente a Igreja, ele foi salvo. Se Cristo condenou-o, não o amou. Mas o texto diz que Ele o amou, então não há por que duvidar que o jovem fosse alvo da graça divina, que o salvou.
Porém, é possível confirmar isso?
Lê-se: “E eles se admiravam ainda mais, dizendo entre si: Quem poderá, pois, salvar-se?” (v.26).
Diante do que o Senhor disse, os apóstolos, como bons mortais, olharam para si mesmos e não viram a menor chance de salvação. Se aquele jovem dizia seguir os mandamentos, parecia sincero em seu desejo de salvar-se, e havia procurado Cristo com esse objetivo, ao não abrir mão de suas posses, refugou; quais seriam então as suas chances? A pergunta demonstrava o estado de espírito deles: não tinham a menor capacidade de salvarem-se por seus esforços.
Aquele rapaz serviu como o modelo de fracasso humano em se obter êxito próprio diante de Deus. A natureza ímpia em nada ajuda. As boas intenções são infrutíferas. A justiça própria é como trapo imundo. Por maior que seja a vontade, o empenho, a disposição de agradar a Deus, decididamente, restar-nos-á a desgraça. Por que, apenas pela Sua graça, a qual proporcionou a remissão dos pecados pelo sacrifício de Cristo na cruz do Calvário, aos eleitos é possível a salvação. Não há outra maneira. Deus decidiu-se por um único caminho, Jesus Cristo, “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos" (At 4.12). Mas parece que os discípulos ainda não tinham noção do caráter redentor do Senhor entre nós.
Há de se entender também que diante das promessas do AT da abundância de coisas temporais, e da tradição dos mestres judeus em afirmar que os homens ricos eram os escolhidos por Deus, a resposta de Jesus caiu-lhes como uma ducha de água fria. Se o rico não podia entrar, quanto mais os pobres. Porém, ao meu ver, a questão principal não é se ricos ou pobres são mais aceitáveis diante de Deus, mas a completa impossibilidade de tanto ricos como pobres de salvarem-se a si mesmos. Cristo quer que os discípulos concluam que é impossível ao homem, por seus meios exclusivos, escapar da condenação eterna. É o que lhes respondeu:
“Para os homens é impossível, mas não para Deus, porque para Deus todas as coisas são possíveis” (v. 27).
A salvação portanto é um dom de Deus, “para louvor da glória de sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado, em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça” (Ef 1.6-7); “porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou” (Rm 8.29.30).
Assim sendo, da mesma forma que muitos inferem que o jovem foi condenado, de minha parte deduzo que Cristo respondeu não somente aos seus discípulos, mas a todos nós, declarando que também aquele jovem, ao qual o Senhor amou, podia ser alvo da graça divina, e salvo finalmente.
O amor de Deus está diretamente ligado àqueles que foram comprados pela morte do Seu Filho Amado. Se um reprovado não foi comprado por Cristo, não há amor. Por que todos fomos feitos um em Cristo, todos somos participantes do Corpo de Cristo, todos fomos eleitos em Cristo, todos seremos semelhantes a Cristo, viveremos e reinaremos eternamente por Cristo. O condenado não participará de nenhuma dessas situações, logo, não pode ser o alvo do amor de Deus, por que ele não está em Cristo, nem Cristo nele.
Concluindo, Cristo amou os eleitos, e não levou sobre Si os pecados de todos, mas de muitos (Hb 9.28); não deu a Sua vida e morreu por todos, mas por muitos (Mt 20.28, 26.28; Jo 11.51-52); não amou a todos, mas a muitos (2Ts 2.15-16); e não rogou pelo mundo, nem por todos, “mas por aqueles que me deste, porque são teus” (Jo 17.9), referindo-se às ovelhas que o Pai eternamente depositou em Suas mãos, a fim de serem infalivelmente resgatadas da condenação eterna.
Cristo amou o jovem rico.
Por que duvidar da sua salvação?

Nota: [1] Agape e Agapao se empregam em quase todos os demais casos no NT para falar do relacionamento entre Deus e o homem - e isto não de modo inesperado, tendo em vista o uso no AT. No caso do subs. agape, porém, não há uso negativo correspondente no NT. é sempre no sentido de he agape tou theou, "o amor de Deus", ou no gen. subsjetivo (i.é, o amor dos homens por Deus), ou com referência ao amor divino por outras pessoas, que a presença de Deus evoca. Desta forma, agape fica bem perto de conceitos tais como pistis -> justiça e charis -> graça, todos os quais têm um ponto único de origem, em Deus somente (Dic. Internacional de Teologia do NT, pg 117 - Editora Vida Nova).