Muitos entendem esse dom como sendo o mesmo de curar, como várias vezes Cristo e os apóstolos fizeram: dar vista aos cegos, audição aos surdos, a fala aos mudos, e restaurar membros aleijados [pernas e mãos, p.ex.]. Para isso, muitos tradutores substituem o termo "maravilhas" por "milagres", criando uma generalização que o apóstolo não quis dar. Por milagres, podemos entender uma ação imediata de Deus no cosmos, onde se incluiriam todos os dons relacionados em 1Co 12, e, muitos mais. Ainda que se possa tratá-los como sinônimos, penso que o escritor quis estabelecer uma separação, dando um caráter singular ao "operar maravilhas", contudo, estabelecer claramente essa diferenciação é algo muito difícil. Essa distinção também está presente na dissociação entre ele e o dom de curar [leia o estudo sobre este dom], demonstrado, ao citá-los, na mesma sequência, separadamente, e não como um mesmo sinal indistinto. Assim, ele não queria que um dom fosse considerado análogo ao outro, revelando que eram ações inconfundíveis, diversas, mas realizadas pelo mesmo Espírito. Logo, operar maravilhas e curar não podem ser tomados como a mesma coisa, como se fossem um mesmo dom, senão, por que Paulo os mencionaria distintamente? Ora, porque são dons diferentes e não idênticos, ainda que possam ser comparados em seu caráter sobrenatural. Sabemos o que é o dom de cura, mas o que vem a ser operação de maravilhas?
Primeiro, deve-se definir a palavra maravilha e sua aplicação
no texto bíblico. Maravilha, milagres e sinais têm em comum, como já
insinuei, o fato de serem ações ou manifestações especiais de Deus no
mundo natural, uma interferência contrária, oposta e extraordinária,
revelando um poder e uma realidade que estão acima, que são superiores,
ao mundo físico ou natural.
Como também já vimos, os dons espirituais têm o objetivo de
legitimar e autorizar o ministério dos apóstolos como instituído por
Deus. Eles nunca estão sozinhos, mas sempre acompanhados da pregação do
Evangelho, como confirmação de que eles são testemunhas vivas da palavra
de Cristo. Na verdade, os apóstolos falavam ousadamente de Cristo, e
ele confirmava a veracidade, "permitindo que por suas mãos se fizessem
sinais e prodígios" [At. 14.3]. Muito do que pode ser dito deste dom já
foi exposto nas aulas anteriores, não sendo necessário repeti-los.
Ao meu ver, o que diferencia o dom de operar maravilhas dos
demais dons é a sua manifestação em eventos exteriores ao homem. Pode
ser que a minha definição se enquadre numa limitação ou numa espécie de
reducionismo do poder divino, mas penso que esse foi o propósito de
Paulo ao mantê-lo distinto dos demais dons.
Eles aconteceram em vários momentos históricos, como, por exemplo:
1)
Moisés estendeu a sua mão sobre o Mar, e ele se abriu, e os judeus
atravessaram-no: "Então Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o
SENHOR fez retirar o
mar por um forte vento oriental toda aquela noite; e o mar tornou-se em
seco, e as águas foram partidas.
E os filhos de Israel entraram pelo meio do mar em seco; e as águas
foram-lhes como muro à sua direita e à sua esquerda! [Ex 14.21-22];
2) Josué orou e o Sol e a Lua pararam: "Então Josué falou ao SENHOR, no dia em que o SENHOR deu os amorreus nas mãos dos filhos de Israel, e disse na presença dos israelitas: Sol, detém-te em Gibeom, e tu, lua, no vale de Ajalom. E o sol se deteve, e a lua parou, até que o povo se vingou de seus inimigos. Isto não está escrito no livro de Jasher? O sol, pois, se deteve no meio do céu, e não se apressou a pôr-se, quase um dia inteiro" [Js 10:12-13];
3)
Jesus transformou água em vinho: "E estavam ali postas seis talhas de
pedra, para as purificações dos judeus, e em cada uma cabiam dois ou
três almudes. Disse-lhes Jesus: Enchei de água essas talhas. E
encheram-nas até em cima. E disse-lhes: Tirai agora, e levai ao
mestre-sala. E levaram. E,
logo que o mestre-sala provou a água feita vinho (não sabendo de onde
viera, se bem que o sabiam os serventes que tinham tirado a água),
chamou o mestre-sala ao esposo, E
disse-lhe: Todo o homem põe primeiro o vinho bom e, quando já têm
bebido bem, então o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho.
Jesus principiou assim os seus sinais em Caná da Galiléia, e manifestou a
sua glória; e os seus discípulos creram nele" [Jo 2.6-11];
4) Cristo andou sobre as águas e acalmou a
tempestade: "E o barco estava já no meio do mar, açoitado pelas ondas;
porque o vento era contrário; Mas, à quarta vigília da noite, dirigiu-se
Jesus para eles, andando por cima do mar. E os discípulos, vendo-o
andando sobre o mar, assustaram-se, dizendo: É um fantasma. E gritaram
com medo. Jesus, porém, lhes falou logo, dizendo: Tende bom ânimo, sou
eu, não temais. E respondeu-lhe Pedro, e disse: Senhor, se és tu,
manda-me ir ter contigo por cima das águas. E ele disse: Vem. E Pedro,
descendo do barco, andou sobre as águas para ir ter com Jesus. Mas,
sentindo o vento forte, teve medo; e, começando a ir para o fundo,
clamou, dizendo: Senhor, salva-me! E logo Jesus, estendendo a mão,
segurou-o, e disse-lhe: Homem de pouca fé, por que duvidaste? E, quando
subiram para o barco, acalmou o vento" [Mt 14.24-32];
5) Podemos também citar os apóstolos Pedro e Paulo, por cujas mãos Deus ressuscitou a Dorcas [At 9.40] e Êutico [At 20.9-12].
O
que nos leva à seguinte pergunta: existem pessoas com esses dons hoje?
Alguém que possa agir contra a própria natureza e as leis físicas?
Certamente que não. Veja bem, não dizemos que milagres e
acontecimentos maravilhosos como os relatados acima não possam
acontecer, pois não é isso. Somente não cremos que Deus ainda distribui
dons sobrenaturais aos homens, pois, como já foi mostrado, eles não eram
apenas feitos em si mesmos, eventos que se autoexplicassem sem a
necessidade de um exame acurado. Eles estavam sempre atrelados à
revelação escriturística, testificando a autoridade investida por Deus aos apóstolos e àqueles a quem os apóstolos designavam, como testemunhas
de Cristo e seu Evangelho. O próprio Senhor realizava-os, primeiramente
para revelar ao mundo a autoridade divina do Filho, da segunda pessoa
da Trindade Santa, mas também apontando para o Pai, aquele que o enviou.
Esses dons eram sinais de testemunho, confirmando que a palavra
proferida era a fiel e autêntica palavra de Deus. Assim, também, o
testemunho apostólico comprovava a ressurreição do Senhor, de que com ele comeriam e beberiam após a sua morte [At 10.34-42].
Não nos esqueçamos também de que as Escrituras ainda não
estavam concluídas ou fechadas, e foram esses homens que a redigiram,
e, para tanto, os dons espirituais eram sinais de que a palavra escrita
carregava o selo legítimo da autoridade divina.
Por fim, o apóstolo reivindica que a salvação, anunciada
inicialmente por Cristo, foi confirmada, naquele tempo [e ainda hoje],
pelos que a ouviram [apóstolos e discípulos], testificando Deus com
eles, por sinais e milagres, e várias maravilhas e dons do Espírito
Santo. Então, nada disso é mais necessário hoje, porque temos a certeza
de que, pela palavra revelada, a salvação é um dom de Deus pela fé em
Cristo.
Hoje, mais do que demonstrar o poder de determinado pastor ou
missionário, o que não faria sentido, visto a revelação estar
completamente explicitada e concluída, e nada poder ser-lhe acrescentada [pois o
fazendo, implicaria em maldição ao que acrescentar ou tirar algo da
Escritura], os milagres e maravilhas realizados por Cristo e seus
apóstolos reportam-nos à certeza, mais do que a esperança, de que Deus
governa soberanamente sobre tudo e todos, e de que, no dia do Senhor, a
tão desejada redenção universal virá como cumprimento da promessa de
Cristo, revelando-nos a sua glória. De forma que o reino das trevas será
definitivamente vencido e destruído [Lc 11:20-23], a morte será
finalmente aniquilada [1Co 15.26], todo sofrimento expirado, assim como
toda lágrima, enxugada [Ap 21.4], e o caos dará lugar à ordem e paz
eternas, nos novos céus e terra [Ap 21.1]. E não mais serão necessários
milagres, porque viveremos o eterno milagre: a salvação!
Notas: 1) Aula realizada na EBD do Tabernáculo Batista Bíblico;
Notas: 1) Aula realizada na EBD do Tabernáculo Batista Bíblico;
2) Baixe esta aula em Aula 79 - Dons - Operação de Maravilhas.MP3
3) Muitos outros pontos foram abordados no áudio, e que não estão presentes no texto
3) Muitos outros pontos foram abordados no áudio, e que não estão presentes no texto
Como Deus poderia ter ordenado a imobilização do Sol, se hoje sabemos que não e ele que gira sobre a Terra e sim o contrário ! Ou alguém aí nunca ouviu falar de Galileu Galillei ?
ResponderExcluirGeraldo,
ResponderExcluirapesar da sua implicância militante [o estilo é próprio dos militantes anticristãos ou religiosos], e da nítida intenção de causar uma querela, responder-lhe-ei:
Começando do final, o que Galileu tem a ver com o teor do meu texto? Por acaso estou discutindo algum ponto científico, por aqui? Ou o meu texto é exclusivamente teológico? Se quer discutir o texto, faça-o nos limites do texto, e não fique procurando pretexto para uma "briguinha", como parecem ser suas intenções, típicas de um menino birrento.
Impressiona-me como tipos semelhantes a você leem mal e fazem questionamentos ainda piores, investidos de um reducionismo infantil e bobo, no qual tentam transparecer uma áurea de sabedoria e superioridade, mas, que, contudo, denotam apenas um espírito provocativo e beligerante.
Para o seu conhecimento, o fato ocorrido com Josué aconteceu, aproximadamente, mil anos antes de Cristo, portanto, era-lhe impossível saber que a Terra girava em torno do Sol, logo a perspectiva do autor do texto bíblico é a mesma que você vê e todos nós vemos: o sol mover-se. Mas, para você, já é suficiente para desmerecer toda a narrativa, enquanto foi incapaz de entendê-la minimamente. Ao menos esforce-se em ler e entender o que lê, para não fazer perguntas bocós e chegar a conclusões esdrúxulas.
E ainda pergunta-me se ouvi falar de Galileu? Como se somente você soubesse? É muita pretensão e tolice. Portanto, se não se ativer ao teor do texto, e questões pertinentes a ele, e ficar como cego em tiroteio, não publicarei mais os seus comentários, e a nossa conversa encerra-se aqui.
Cristo o abençoe, e abra-lhe os olhos!
[É o meu desejo sincero, e não uma provocação; que fique claro!]