10 outubro 2023

Estudo sobre a Confissão de Fé Batista de 1689 - Aula 21: Objeções à imutabilidade de Deus






Por Jorge F. Isah

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CAPÍTULO 2: DEUS E A SANTÍSSIMA TRINDADE

1. O Senhor nosso Deus é somente um, o Deus vivo e verdadeiro, [1] cuja subsistência está em si mesmo e provém de si mesmo; [2] infinito em seu ser e perfeição, cuja essência por ninguém pode ser compreendida, senão por Ele mesmo. [3] Ele é um espírito puríssimo, [4] invisível, sem corpo, membros ou paixões; o único que possui imortalidade, habitando em luz inacessível, a qual nenhum homem é capaz de ver; [5] imutável, 6 imenso, 7 eterno, [8] incompreensível, todo-poderoso; [9] em tudo infinito, santíssimo, 10 sapientíssimo; completamente livre e absoluto, operando todas as coisas segundo o conselho da sua própria vontade, 11 que é justíssima e imutável, e para a sua própria glória; 12 amantíssimo, gracioso, misericordioso, longânimo; abundante em verdade e benignidade, perdoando a iniquidade, a transgressão e o pecado; o recompensador daqueles que o buscam diligentemente; 13 contudo justíssimo e terrível em seus julgamentos, 14 odiando todo pecado, 15 e que de modo nenhum inocentará o culpado. 16 Deus tem em si mesmo e de si mesmo toda a vida, 17 glória, 18 bondade 19 e bem-aventurança. Somente ele é auto-suficiente, em si e para si mesmo; e não precisa de nenhuma das criaturas que fez, nem delas deriva glória alguma; 20 mas somente manifesta, nelas, por elas, para elas e sobre elas a sua própria glória. Ele, somente, é a fonte de toda existência: de quem, através de quem e para quem são todas as coisas, 21 tendo o mais soberano domínio sobre todas as criaturas, para fazer por meio delas, para elas e sobre elas tudo quanto lhe agrade. 22 Todas as coisas estão abertas e manifestas perante Ele; 23 o seu conhecimento é infinito, infalível e independe da criatura, de maneira que para Ele nada é contingente ou incerto. 24 Ele é santíssimo em todos os seus pensamentos, em todas as suas obras, 25 e em todos os seus mandamentos. A Ele são devidos, da parte de anjos e de homens, toda adoração, 26 todo serviço, e toda obediência que, como criaturas, eles devem a criador; e tudo mais que Ele se agrade em requerer de suas criaturas. Neste ser divino e infinito há três pessoas: o Pai, a Palavra (ou Filho) e o Espirito Santo; 27 de uma mesma substância, igual poder e eternidade, possuindo cada uma inteira essência divina, que é indivisível. 28 O Pai, de ninguém é gerado ou procedente; o Filho é gerado eternamente do Pai; 29 o Espirito Santo procede do Pai e do Filho, eternamente; 30 todos infinitos e sem princípio de existência. Portanto, um só Deus; que não deve ser divido em seu ser ou natureza, mas, sim, distinguido pelas diversas propriedades peculiares e relativas, e relações pessoais. Essa doutrina da Trindade é o fundamento de toda a nossa comunhão com Deus e confortável dependência dEle.
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INTRODUÇÃO E EXPOSIÇÃO:

Há aqueles que não acreditam no atributo da imutabilidade, confundindo Deus com um ser estático, imóvel. A imutabilidade não implica, jamais, em inatividade, em um Deus imóvel e passivo. Sabemos que Deus é o Senhor da História, de que ele age ativa e incessantemente, de forma que, se não fosse por ele, nada do que existe se manteria e sustentaria. Ele é aquele que sustenta todo o universo, mesmo as partículas invisíveis e muitas coisas que o homem ainda desconhece da criação. Deus é imutável em seu ser e propósitos, o que não quer dizer que ele esteja paralisado, mas que tudo acontecerá conforme a sua vontade imutável, segundo o seu decreto imutável, de forma que tudo é por ele e para ele. Ainda que os planos divinos se desdobrem e se realizem progressivamente no tempo, eles acontecerão conforme a sua imutável vontade, sem que possam ser revertidos, anulados ou modificados.

Quando alguém diz que a imutabilidade é um “engessar” de Deus, ele não entende do que está falando. Deus decretou, ordenou, planejou e executou todas as coisas, sem que elas possam não-acontecer. Jó, mesmo diante do sofrimento pelo qual passava, reconheceu que Deus tudo pode, e nenhum dos seus planos pode ser frustrado [Jó 42.2]. Salomão também compreendeu esse atributo maravilhoso: “Muitos propósitos há no coração do homem, porém o conselho do Senhor permanecerá” [Pv 19.21]. Ainda mais contundente é a afirmação do profeta: “O Senhor dos Exércitos jurou, dizendo: Como pensei, assim sucederá, e como determinei, assim se efetuará... Porque o Senhor dos Exércitos o determinou; quem o invalidará? E a sua mão está estendida; quem pois a fará voltar atrás?” [Is 14.24, 27 – ver Is 43.13].

Ele não criou o mundo e abandonou-o. Mas todas as coisas surgem e acontecem pelo seu santo, perfeito e imutável projeto; cada coisa no universo existe, se move e vive pelo agir divino, pelo seu poder infinito de ordená-las. Porém, sempre aparecerá alguém a dizer que Deus mudou ou se arrependeu. Mas o Deus perfeito, infinito, santo e imutável pode mudar? Haveria contradição entre o que ele mesmo afirma em sua palavra e entre o que alguns afirmam? Deus abriria mão da sua imutabilidade, o que vale dizer, da sua divindade, para ser o não-Deus? Por que ele faria isso? E, pode Deus deixar de ser Deus? A verdade é que, como sempre, a compreensão humana está sujeita às falhas e imperfeições naturalmente disponíveis em seu ser. Quando o homem deixa de reconhecer em Deus aquilo que ele mesmo diz de si mesmo para dar vazão às suas elucubrações, como se fosse possível a Deus ser comparado aos homens, as chances de acertos, mesmo mínimos, tornam-se irrisórias. O que muitos fazem é transferir para ele parte da natureza humana, confundindo a linguagem humana, pela qual Deus se deu a conhecer ao homem, com o caráter e a natureza divina.

Os nomes de Deus, que foram estudados algumas aulas atrás, atestam a manifestação divina de várias formas, mas em todas elas, ele permanece imutável. Sendo Criador, Senhor, Salvador, Juiz, Libertador, Providente, etc, Deus se revela aos homens de maneiras diversas, em cada curso da história ele poderá se manifestar através de características diferentes, contudo, permanecendo o mesmo.

Na Escritura encontramos Deus se dando a conhecer a partir de sentimentos e reações humanas, o que se chama de antropopatismo, que nada mais é do que a atribuição a ele de qualidades humanas, ou análogas a outros seres; ele é chamado do “Leão da Tribo de Judá”, Rocha, Pastor, Refúgio. Com isso não se quer dizer que ele seja um mamífero ou um mineral ou uma casa. São recursos de linguagem que o próprio Deus, em sua misericórdia e bondade, se deu a comparar para que pudéssemos conhecê-lo.  O ser divino, como já estudamos, é infinito, infinitamente perfeito, e podemos conhecê-lo limitadamente [ainda que ele se revele fundamentalmente como Deus]. De maneira simples, Deus atribui a si mesmo alguns dos sentimentos humanos, mas que em nada têm a ver com mudança de personalidade, propósito ou natureza. Trechos como os de Gn 6.6-7, Ex 32.14, Jr 18.8-10 e Jn 3.9-10, por exemplo, revelam a imutabilidade divina, ao contrário do que se imaginaria isolando-os e não os relacionando com outras partes da Escritura. O plano ou decreto eterno permanece inalterado, não estando sujeito a variações por conta das circunstâncias; mas dentro do seu plano, Deus mudou de um curso de ação para outro curso de ação, ações essas que são imutáveis, e que foram estabelecidas pelo próprio Deus. Na verdade, a mudança não é em Deus, mas no homem e nas relações que o homem tem com Deus.

No Livro de Jonas, Deus ordenou que os ninivitas se arrependessem do seu pecado, caso contrário, em quarenta dias, seriam destruídos. Ao ouvirem a mensagem do profeta, o rei e o povo se arrependeram, convertendo-se do seu mau caminho, e Deus anunciou que não os destruiria mais. Houve alguma mudança no propósito divino? Não. O trato dos ninivitas com Deus é que mudou, de forma que a ira do Senhor não foi lançada sobre o povo. Mas sabemos que tanto o arrependimento como o desviar-se dos maus caminhos da cidade de Nínive estavam dentro do plano divino. A pregação de Jonas, os ninivitas crendo na palavra profética, e, através da qual se arrependeram, são particularidades que acompanham a ação, o acontecimento, dentro do plano divino, o qual é imutável. Vejam que aqui estão presentes também outros atributos divinos, como a misericórdia, a graça, o perdão de Deus, mas tudo segundo a sua vontade eterna e soberana, de maneira que não haveria como os ninivitas não se arrependerem. Contudo a Bíblia também nos relata sobre povos que foram chamados ao arrependimento e mantiveram-se endurecidos, e sobre eles sobreveio a ira de Deus, consumindo-os. Em nenhum dos casos há mudança de propósito, de desígnio, de projeto, mas de atitudes.

Outro trecho muito usado para defender a ideia de que Deus é imutável, acontece no livro de 2 Reis. Temos o caso do rei Ezequias, a quem o Senhor disse, através do profeta Isaías, que morreria por causa de uma doença. Ezequias então orou a Deus; mas o segredo de Deus era que ele o curaria e lhe daria mais 15 anos de vida, como de fato sucedeu. Tal acontecimento não indica contradição ou mudança. A declaração foi feita para humilhar a Ezequias e revelar-lhe a completa dependência que tinha de Deus, levá-lo a orar, e, assim, a imutável vontade divina fosse concretizada [2Rs 20.1-7].

De qualquer forma, a ideia que a Bíblia nos dá do arrependimento divino é precária, mas suficiente para nos revelar a  singularidade e infinitude divinas, porque há coisas em Deus que são próprias somente dele, e que podem até ter alguma semelhança com as das criaturas, de forma que são expressos como se fossem delas, mas não são suficientes para explicar ou definir o que é exclusivo de Deus. Por exemplo, o termo hebraico traduzido para "arrependimento de Deus" é Nãham, que traduzido quer dizer tristeza ou consolo. Já o termo hebraico para o arrependimento humano, o voltar-se do pecado para Deus, dando-nos a ideia clara de remorso, é Shûb. Ainda que Deus se arrependa, é-nos claramente revelado que o seu arrependimento é díspare do nosso, havendo a possibilidade de existir elementos parecidos, mas, com certeza, não há igualdade entre eles, por tudo o que Deus é e por tudo o que somos. Mesmo que Deus tenha sentimentos parecidos com os nossos, em seu ser perfeito, eles também são perfeitos, e jamais serão iguais aos dos homens.


CONCLUSÃO

A imutabilidade de Deus nos dá, seres mutáveis e falíveis, a certeza de que somente nele encontraremos o repouso necessário, a confiança necessária, a esperança necessária, o ânimo necessário, a vida necessária, e tudo o mais capaz de nos trazer a segurança de que, apenas nele, estaremos completamente seguros. Mas isso não se baseia em nossa percepção ou em nossa capacidade de autoindução [como uma técnica de autoajuda], mas na certeza de que ele não muda nos compromissos e promessas que jurou, em seu nome, realizar por nós, e para nós.

Confiar que temos alguma coisa que possa agradá-lo, quando não há nada em nós que possa agradá-lo, é transferir para nós o mérito que é somente dele. Por mais que façamos, por mais que julguemos ter feito em prol do reino de Deus, isso não será nada diante dele, pois é ele quem, em seu plano imutável, nos capacitou e nos deu a realizá-lo. Afinal, como seres caídos, miseráveis, tolos, pecadores e mutáveis podem se aproximar do Deus absoluto, infinito e perfeito, sem serem consumidos? Apenas através do Filho Amado, Jesus Cristo, pelo qual somos feitos capazes de não somente nos aproximar dele, mas de tê-lo como Pai, e de ser tratado por ele como filhos. A obra maravilhosa de Cristo nos ergueu, limpou e curou, de maneira que fôssemos aceitos, reconciliados eternamente com ele. E isso transcende todo o tempo, ainda que realizada no tempo, pois é fruto da sua vontade e projeto eternos e imutáveis.

Glória e honra e louvor ao Deus bendito que, dia após dia, nos revela a sua misericórdia e graça e bondade infinitas para com o seu povo; sem que esse povo tenha feito algo para merecê-lo.
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Notas: 1- Aula realizada na E.B.D do Tabernáculo Batista Bíblico 

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ÁUDIO DA AULA 21

5 comentários:

  1. Jorge, gostei da diferença entre propósito e atitude. Este estudo é uma benção!

    E, creio eu, a maioria das heresias surgem exatamente na quebra da doutrina da imutabilidade de Deus. Assim, mais uma vez, atesto que este teu estudo é fundamental para que não sejamos levados de um lado para o outro por qualquer vento de doutrina. Deus é imutável, Deus não é homem para que minta ou para que volte atrás! Veja que todas essas teologices modernosas usurpam exatamente a verdade da imutabilidade: Teologia da Libertação, do Processo, Relacional, Prosperidade, Feminismo, etc. Tudo nasce do desvio da compreensão do ser de Deus.

    Abraços sempre afetuosos.

    Fábio.

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  2. Fábio,

    Assino embaixo, ao que você escreveu.

    Quando o homem tenta recriar a verdade, não aceitando o que a Escritura diz de Deus, e do próprio homem, temos um "Deus" imperfeito, e um "homem" quase perfeito. No frigir dos ovos, o que se consegue é desonrar a Deus, enganando-se a si mesmo.

    Abração!

    Cristo o abençoe!

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  3. Caro Jorge

    Agora o assunto já fica mais polêmico e bem ao meu gosto... risos...

    Desculpe a demora em responder, estou realmente sem tempo.

    Mas agora segue algumas ponderações:

    1. Você diz "Deus imóvel e passivo". Eu digo, está meio confuso. É possível ser totalmente imóvel a ativo. Imóvel pois é onipresente e não precisa se deslocar daqui para lá, pois já está aqui e já está lá ao mesmo tempo, totalmente ativo pois Ele é e está antes de todas as coisas conforme ensinam as Escrituras.

    2. O Deus Trino é imutável, mas Deus enquanto encarnado era mutável sim senhor... E isto é uma das nossas discordâncias. Além do verso que fala que o Senhor não sabia a data da Parousia e depois da ressurreição passou a saber (situações de mudança portanto), tem aquele outro que diz que Ele (Jesus) aprendeu a obediência pelo padecer, ora pois, só aprende quem está de um estágio de saber para outro, quem já tudo sabe não precisa aprender nada.

    3. Sim o decreto é imutável na perspectiva de Deus, mas na perspetiva do homem é mutável. Mutável para o homem pois como você bem disse o Plano se realiza progressivamente então fica a impressão de que é mutável (o Plano, quando na verdade não é).

    Li o primeiro parágrafo e já deu isto acima.
    Vou parar e depois talvez continue.
    Acabou o tempinho que eu tinha.
    Agora preciso sair correndo.

    Abraço, depois eu volto.

    Não li os últimos textos, talvez no feriadão o faça se conseguir levar um modem para casa.

    Abração!

    Depois continuo lendo e comentando este texto último.

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  4. Natan,

    e eu, que ando fugindo de polêmicas... Mas, vamos lá!

    1) A alegação de imobilidade e passividade divina é dos detratores da imutabilidade, não minha. Por "imobilidade", quero dizer que eles alegam que Deus não é ativo, nem o autor da História, o Deus ao molde dos deístas, e não dos teístas. Com isso, eles afirmam que a imutabilidade seria uma característica de um Deus impessoal. É nesse contexto que eu me referi a "imobilidade".

    2) Você está se contradizendo, quando diz que o Deus Triuno é imutável, e o Deus encarnado é mutável. Afinal, Deus é ou não Deus? O Deus encarnado, o Verbo, a Segunda Pessoa da Triunidade, não é Deus? O problema é que você não distingue a natureza humana de Cristo da natureza divina de Cristo. Cristo é um, a personalidade do Verbo, mas há o homem Cristo que nasceu, cresceu e morreu. Acredito que o aprendizado dele como homem se refere a coisas que normalmente aprendemos: comer, andar, falar, etc. Sobre a obediência, entendo que, pelo fato de estar a carne, ele estava sujeito as tentações da carne, e teve de aprender a obediência a não se curvar a essas tentações, no sentido de rechaçá-las, de rejeitá-las, em amor ao Pai e a toda a Lei. Mas isso é uma especulação minha, preciso me aprofundar na questão, porque, aparentemente, Cristo tendo duas naturezas, mas sendo uma pessoa apenas, tendo uma personalidade única, não poderia querer algo e não querer algo ao mesmo tempo. Mas o fato é que a mutabilidade do homem Jesus, em nada pode interferir ou alterar a imutabilidade do Verbo. Ao Verbo, nada pode ser acrescentado, pois ele é perfeito e absoluto em sua divindade. E o que a sua afirmação contraditória [entendo que você se expressou mal, ou redigiu mal a questão] não tem cabimento, nem encontra respaldo bíblico.

    3)Concordamos, finalmente! [rsrs].

    Grande e forte abraço!

    Cristo o abençoe!

    PS; Mandei-lhe um email, ontem? Você recebeu?

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  5. Caro

    Li seu email e já respondi.

    Sobre sua explicação no item 1, tudo bem, vou dar um desconto... risos...

    Sobre seu ataque no item 2, "vade creto"...

    Não há contradição.
    Deus Trino é imutável pois as três figuras são Espíritos Eternos e imutáveis em propósito etc...

    Todavia quando o Espírito do Verbo encarnou... Bem aqui começa a nossa briga de longa data... Neste momento Jesus a meu ver tinha duas naturezas a humana (o corpo) e a divina (a alma ou o espírito).

    A humana era 100% homem como nós.
    A divina era exatamente a Alma ou o Espirito do Verbo Eterno logo divina e perfeita.

    Ocorre que a meu ver o Verbo abriu mão dos seus atributos divinos: onisciência, onipotência e onipresença e por isto advogo que pelo menos durante o periodo da encarnação, neste tempo Deus Filho foi mutável... risos...

    Não era onisciente pois não sabia a data da Parousia.

    Não era onipresente pois disse depois da ressurreição que tinha recebido de volta todo o poder no céu e na terra.

    Não era onipresente, pois estava entre os homens e ausente do céu (é a minha impressão).

    O embrólio é que eu aceito perfeitamente que Jesus continuasse a ser Deus mesmo sem os atributos divinos, e você acha que não que se tirarmos os atributos ele deixa de ser Deus.

    Logo:

    1. Eu distingo sim as naturezas de Jesus;

    2. Sua especulação sobre o aprendizado dele mostra que estás inseguro e que o meu argumento permanece, a saber, só pode aprender quem está a passar de um estágio de saber para outro, logo mutável;

    3. Sobre conflitos entre as pessoas da Trindade, e a sua expressão "não poderia querer algo e não querer algo ao mesmo tempo" entendo ser perfeitamente possível e claramente expresso no texto que diz "Passa de mim este cálice, todavia não seja feita a MINHA vontade mas a TUA.";

    4. Veja então que Jesus não queria morrer na cruz da forma como ela se apresentava, mas ao mesmo tempo queria morrer para poder fazer a vontade do pai;

    5. Difícil mas é o que está escrito;

    6. Sim o Verbo a meu ver é imutável "em essência", e Jesus o homem é que foi mutável, todavia há um agravante, a meu ver não existe a alma-espírito de Jesus coexistindo com a alma-espírito do Verbo, para mim é como já disse, existia uma só alma que é a do Verbo, Jesus era apenas o envólucro disto através do seu corpo semelhante a homens como nós;

    7. Assim eu posso dizer que Jesus morreu, mas o Verbo sempre foi eterno, e nunca morreu;

    8. Assim posso dizer que Jesus (o corpo) ressuscitou, mas o Verbo nunca ressuscitou, mas vivo tirou a vida de Si mesmo Jesus, e tornou a da-la três dias depois e isto só foi possível pois sempre esteve vivo;

    9.Assim ao Verbo depois de ressurreto pode ser "acrescentado" alguma coisa, na realidade foi DEVOLVIDO e Jesus pode dizer, todo o poder me é dado no céu e na terra, Ele o Verbo voltou a ter o atributos da sua divindade a saber passou a ser onipotente novamente;

    10. E por isto eu que nestes detalhes advogo que até o mesmo o Verbo foi em dado tempo mutável.

    Mas não quero escandalizar ninguém.

    Para as minhas divagações eu citei vários versos bíblicos *não explicitamente mas você sabe quais são", e você para afirmar que eu não tenho cabimento no que digo, não cita os versos... risos...

    Apesar das divergências o carinho é o mesmo para contigo.

    Abraço!

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