Jorge F. Isah
Karl Kraus nasceu na Áustria em 1874. Foi poeta, dramaturgo, ensaísta, jornalista e aforista. Sua pena era ferina e deixou muitos inimigos e desafetos, especialmente entre os do seu meio principal, o jornalismo. Duas vezes indicado ao Prêmio Nobel, foi um dos maiores escritores satíricos (senão o maior) do sec. XX, em língua alemã. Criticava veementemente a degradação e corrupção da língua, onde vislumbrava a causa de todos os males da sua época, acusando políticos, artistas e, especialmente a imprensa, de fomentá-los.
Para ele, a literatura estava se tornando algo vulgar e mal feita, ao ignorar a capacidade de expressão linguística, o despreparo e a desordem mental da maioria dos escritores (a adoção dos vulgarismos tem por objetivo camuflar e ocultar a inabilidade e incompetência de autores), acabavam por se tornar, muitas vezes, fator de glória e orgulho, ou seja, a ignorância e o despreparo deixaram de ser vícios e defeitos para se transmudarem em virtudes e qualidades.
Esse foi o século passado, e o estigma avança rapidamente, também, em nosso tempo. Haverá saída para gerações e gerações bombardeadas e expostas pelo banal, grosseiro e obsceno?...
Deixemos, portanto, Karl Kraus responder.
Deixemos, portanto, Karl Kraus responder.
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"O aforismo jamais coincide com a verdade; ou é uma meia verdade ou uma verdade e meia."
“Escolho o meu inimigo pelo alcance da minha flecha.”
“O segredo do demagogo é de se fazer passar por tão estúpido quanto a sua plateia, para que esta imagine ser tão esperta quanto ele.”
“Existem imbecis superficiais e imbecis profundos.”
“Apenas no prazer da reprodução linguística nasce um mundo a partir do caos.”
“Os mais falsos argumentos podem mostrar um ódio correto.”
“A carreira é um cavalo que chega à porta da eternidade sem cavaleiro.”
“O mundo é uma prisão em que é preferível a cela de isolamento.”
“Os artistas têm o direito de serem modestos e o dever de serem vaidosos.”
“Dizer a verdade sem acreditar nela deveria ser considerado desonesto.”
“O mal nunca prospera melhor do que quando lhe põem um ideal à frente.”
“Um poema só é bom enquanto não sabemos quem foi que o escreveu.”
“A linguagem é a mãe, não a criada do pensamento.”
“O amor e a arte não abraçam o que é belo, mas o que justamente com esse abraço se torna belo.”
“Uma das causas mais comuns de todas as doenças é o diagnóstico.”
“O vício e a virtude são parentes como o carvão e o diamante.”
“Só é artista aquele que é capaz de transformar a solução num enigma.”
“Educação é aquilo que a maior parte das pessoas recebe, muitos transmitem e poucos possuem.”
“O fraco fica em dúvida antes de tomar uma decisão; o forte, depois.”
“O diabo é um optimista se acredita que pode piorar as pessoas.”
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