27 abril 2011

Cristo: a negação do pecado


OU A IMPOSSIBILIDADE DE PECAR


Por Jorge Fernandes Isah*

Retornarei a um tema do qual me afastei por algum tempo, que causou alguma polêmica por aqui e exortações públicas de alguns irmãos para que eu voltasse à verdade. As postagens as quais me refiro são, entre outras:

A questão é que no conjunto do meu pensamento, sempre afirmei ser Cristo 100% Deus e 100% homem, em acordo com o que a Bíblia define claramente e que a ortodoxia ou a tradição da Igreja confirmou por séculos. Não tenho dúvida alguma de que a doutrina da divindade e humanidade de Cristo é bíblica e verdadeira. Portanto, não há o que se discutir quanto ao fato de que eu, eventualmente, esteja comprometendo esse princípio bíblico basilar da fé cristã, pois não estou, visto crer plenamente nele.

A Escritura está recheada de referências tanto à humanidade como à divindade de Cristo, de tal forma que não há como não reconhecê-la, a menos que se seja  movido pelo sentimento de querer destruir a verdade e corromper a revelação especial de Deus para os homens. Apenas mentes acostumadas à mentira e formadas nela podem conceber que o Senhor não seja homem e Deus ao mesmo tempo, de que ele não possua as duas naturezas. Não entrarei nos pormenores de como se deu a união hipostática do Senhor[1], visto não ser esse o objetivo deste texto. Se Deus quiser, no futuro, poderei abordar o tema.

Nos artigos citados, a questão que aventei e que gerou algum mal-estar foi o fato de fazer duas declarações e distinções não tanto ortodoxas [2]:

1) De que a natureza humana do Senhor Jesus era eterna [a essência; a mesma que nos foi dada por Deus e nos tornou à sua imagem e semelhança];
2) De que ele era diferente do homem, ou seja, não completamente igual ao homem por não possuir o pecado nem a possibilidade de pecar.

Em relação ao ponto 1, talvez eu faça uma nova abordagem mais à frente; talvez, não sei. Focarei agora o ponto 2, a nítida distinção que há entre Cristo e nós por causa do pecado que ele não tem e nós temos. Como sempre, farei a pergunta inicial: Não seria o pecado um diferencial fundamental a nos distinguir de Cristo?

Primeiro, a definição de pecado, o qual "é tudo o que é contrário ao caráter de Deus. Como a glória de Deus é a revelação do seu caráter, o pecado é uma insuficiência do homem em relação à glória ou ao caráter de Deus (Rm 3.23)" [3].

Considero uma ótima definição pois ela estabelece que o pecado é algo completamente exterior a Deus, e cuja natureza não se opõe meramente a ele, mas anula-o completamente. O pecado poderia ser entendido como uma reação radical à Deus, à santidade, autoridade, essência e natureza, bondade e perfeição, justiça e graça, numa tentativa pífia de tomar o seu lugar, substituindo-o por elementos antagônicos, díspares e viciados, como se a falsificação pudesse, em algum momento, revestir-se da autenticidade do Autor Supremo; onde a imitação assumisse o caráter próprio do original. Pois, onde há ordem, é impossível a desordem. Onde há o bem, é impossível o mal. Onde há santidade, não há pecado. Onde há justiça, não há injustiça. Onde há vida, não há morte. Na origem, não existe incerteza. Na unidade, não há dispersão. No eterno, não há efêmero. Por isso o pecado é a resistência ou a obstinação do homem em reconhecer a glória do Altíssimo.

É possível que alguém avente a hipótese de eu estar me entregando ao dualismo, o que não é o caso. A Bíblia afirma que todas as coisas foram criadas por Deus, estabelecidas eternamente em seu Decreto, de tal forma que nada, absolutamente nada, surgiu à sua revelia; pois toda a criação, seja espiritual ou material, veio a existir do nada; não havia substância pré-existente a qual Deus utilizou para formar o universo. O que vale dizer que tanto o mal como o pecado não são autocriados ou originários de outra "força", mas vieram à existência pela vontade decretiva de Deus. Portanto, tudo, em seus mínimos e irrelevantes detalhes, está sujeito ao Criador, sem que pudesse existir alheio à sua deliberação; e aqui, como já disse, inclui-se o pecado, o mal, a Queda, etc.

Mas o que isso tem a ver com Cristo?

Tudo!

Visto ser Deus, e por ele todas as coisas virem a ser, pois se assim não fosse não se realizariam; e por todas elas serem sustentadas pelo poder da sua palavra; reconhecemos o seu poder, autoridade e perfeição. Mais especificamente, o fato é que por suas naturezas e atributos perfeitos, Cristo jamais pecou. Mesmo em sua humanidade, ele não poderia pecar. O pecado é-lhe algo completamente exterior e estranho, assim como é para Deus, de tal forma que, em Cristo, o pecado não teria qualquer oportunidade de se manifestar, como não teve nem terá. Por isso é-me inconcebível a idéia da "possibilidade de Cristo pecar", como uma blasfêmia, uma afronta à sua santidade e perfeição. A humanidade de Cristo não é perfeita porque ele não pecou, mas ele não pecou porque ela é perfeita. Há uma diferença brutal nisso. A mera possibilidade de Cristo vir a pecar, ainda que como hipótese remota, afetaria a sua perfeição. Se não cogitamos o mesmo de Deus, porque o cogitaríamos para Cristo, sendo ele Deus? Ou seria Cristo duas pessoas em uma? Ou a combinação das duas naturezas gerando uma terceira? E assim teríamos uma personalidade esquizofrênica e conflituosa? A disputar, na confusão, um sentido incompreensível e não declarado na Escritura? Se na sua humanidade fosse possível, metafisicamente falando, o pecado, isso afetaria a sua perfeição e divinidade, pois ainda que as suas naturezas não se comuniquem, elas fazem parte da mesma pessoa, o Verbo. Não há dualidade em Cristo, mas unidade. Não é possível a imperfeição no perfeito. Nem o transitório no perpétuo. A singularidade de Cristo está em sua divindade-humanidade, mas também no fato de sua humanidade ser exclusiva. Nem mesmo o Adão pré-queda era como Cristo, visto ter pecado, e não ter podido não pecar [4].

Sabemos que o pecado traz consigo uma série de anomalias, e seus efeitos noéticos tornam o homem em inimigo de Deus; de maneira que ele sempre se oporá ao Criador, rebelando-se em sua pretensa autonomia, rejeitando-o, e agradando-se de não obedecer à sua vontade. O homem, se Cristo não o resgatar, estará irremediavelmente perdido, condenado. Este é o maior e definitivo dano provocado pelo pecado: a eterna separação de Deus. Seria a obra completa de sua realização: a morte eterna. Então, como é possível imaginar que Cristo poderia se enquadrar nessa condição, ainda que como uma probabilidade impossível? O próprio decreto eterno estabeleceu que Cristo encarnaria, assumiria a forma humana, e não pecaria. E ele é inexorável; não se movendo em sua irredutibilidade. Porém, a perfeição e santidade do Redentor vai muito além do decreto eterno, pois são atributos da sua natureza, mesmo em relação à sua natureza humana, que não estava sujeita à influência ou coerção do pecado.

Isso, por si só, já seria argumento suficiente para distinguir Cristo dos demais homens. Mas ao se dizer que a natureza de Cristo não é idêntica à do restante da humanidade, toma-se uma proporção desproporcional, ao ponto de se concluir que assim a sua obra expiatória não seria possível. Mas onde mesmo a Bíblia afirma que Cristo é idêntico, em todos os detalhes, ao homem? Esta não seria uma acertiva na qual se está mais preocupado em preservar a nossa condição de semelhantes a ele do que em reverenciá-lo por sua obra consumada? Ou mesmo revelar a sua singularidade na normalidade do homem? Ou sua pessoalidade na nossa incapacidade pessoal de ser como ele é? E poder glorificá-lo naquilo em que ele é, mesmo diferente de nós?

Veja bem, não nego ou relativizo nenhum ponto da ortodoxia cristã, mas acho um exagero e mesmo um despropósito, afirmar que Cristo é 'ipsis litteris" como nós, à parte de sua divindade. Com isso, não estou questionando a sua humanidade, nem que seja homem, mas questiono o fato de como nós, seres imperfeitos, iníquos, rebeldes e inconstantes em nossa irregularidade poderíamos ser comparados a ele, perfeito, santo, obediente, um com o Pai em sua absoluta unidade. Cristo é "sui generis", único, peculiar, fora do comum em sua Pessoa, ainda que tenha a mesma humanidade que nós... à exceção da disposição adâmica ao pecado.

Contudo, o pecado não é um mero detalhe... Assim como a disposição ao pecado também não é. E se todos, sem exceção, temos essa disposição, ao ponto em que o pecado se tornou inevitável em nossas vidas, Cristo não a tem, por isso, não pecou. A sua natureza humana, ainda que semelhante à nossa, é impecável. E isso faz uma enorme, grandiosa diferença, tanto nele, como na boa obra operada em nós, e que nos levará, infalivelmente a não mais pecar, pois, naquele glorioso dia, seremos feitura sua, de tal forma que em nós a sua glória imaculada consumar-se-á, e adquiriremos, por sua graça, a  sua perfeição que anulará o pecado, tornando-o extinto e ineficaz em sua inocuidade.

E essa é a mais viva esperança que o cristão pode desejar, quando, face a face com o Senhor e Salvador, seremos finalmente como ele é. E teremos enfim a sua natureza humana, em todos os seus detalhes, capacitando-nos à santidade e à impossibilidade de ceder ao pecado. Quando toda a obra planejada e posta em execução por Deus no tempo, na história, se consumará definitivamente. E somente ali os eleitos reconhecerão que nunca foram como ele, mas agora, eternamente, serão! Pois Cristo é a negação do pecado!

Notas: * Escrito e narrado por mim... mas o áudio chega sempre algumas horas ou dias depois.
[1] União Hipostática: é a união das duas naturezas, divina e humana, em uma Pessoa; o que faz de Cristo uma Pessoa Teoantrópica, ou seja, ele é ao mesmo tempo Deus e homem. 
[2] O fato da minha declaração não ser considerada "ortodoxa" não a inviabiliza como biblica. Muito da ortodoxia, e tem-se de definir o que seja ortodoxia primeiramente, é discutível inclusive por ortodoxos. E o que vale, necessariamente, é o princípio estabelecido na Escritura, mesmo que ele não seja considerado ortodoxo. Especificamente no meu caso, eu nego a heterodoxia do que disse, e afirmo que os meus postulados são bíblicos. 
[3] Dicionário Bíblico Wycliffe - pg. 1.485 - Editora CPAD.
[4] Sobre não concordar com a posição de Agostinho quanto à idéia de que o Adão pré-queda poderia "não pecar e pecar", ler o meu texto: "Todos esses anos... e nunca fica fácil"


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36 comentários:

  1. Querido irmão, antes de mais nada, faz bem em procurar explicitar a sua fé, já que humanamente pode fazê-lo.nem todas as pessoas podem refletir sobre essas questões, uma sem se perderem e outra, sem perderem a fé que já possuam. Daí a minha defesa das várias e muitas estratégias de diferentes igrejas que apontam para Jesus de modo diferente. Nós para o bem ou para o mal, podemos fazer esse tipo de reflexão.
    Sobre o primeiro ponto, é o mínimo, é o basilar, crer em Cristo como Deus e Filho de Deus. O segundo ponto, pode-se legitimamente abordá-lo cuidadosamente e se sentir alguma derrapada por falta de base teológica e informação cristã, dê um passo atrás e se aquiete e fique com o que suporta na sua fé.
    Para mim resumidamente Jesus poderia pecar ( por possibilidade ) mas não poderia por natureza.Nós podemos nãopecar por possibiliadade, mas não podemos deixar de pecar por natureza. Fique na paz. A Bíblia revela claramente o que digo e fico com ela contra qualquer teólogo ou teologia.
    Fique na paz do Senhor meu irmão.

    Fui o primeiro a comentar..ganho o que? brincadeira...rs...rs..rs...

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  2. Helvécio,

    seu resumo: "Jesus poderia pecar (por possibilidade) mas não poderia por natureza.Nós podemos nãopecar por possibiliadade, mas não podemos deixar de pecar por natureza", é mais ou menos o que eu disse em três laudas...[rsrs]. Cristo não poderia pecar jamais, enquanto nós, não podemos não pecar até aquele dia em que, pelo poder de Deus, jamais pecaremos.

    Grande abraço, meu irmão!

    Cristo o abençoe!

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  3. Meu jovem teólogo do sec. XXI irmão Jorge,
    sua argumentação é boa e detalhada. Em pontos onde outros escorregam você mostra uma boa firmeza e isso enaltece seu texto. Gostaria de ponderar algumas coisas:1 Voce afirma que: "Onde há o bem, é impossível o mal. Onde há santidade, não há pecado. Onde há justiça, não há injustiça. Onde há vida, não há morte. Na origem, não existe incerteza. Na unidade, não há dispersão. No eterno, não há efêmero". Isso está correto mesmo, mas neste seu argumento onde encontramos possibilidade de Deus criar o mal se Ele é o eterno bem? Nele não há e não havia a menor possibilidde de geração de algo completamente contrário à sua natureza e estrutura. (Somente para pensar). Dizer que o mal criado pelo decreto eterno de Deus não resolve essa incoerência.
    2 - Você diz: "Mesmo em sua humanidade, ele não poderia pecar". Então se existisse somente a humanidade perfeita como você afirma que ela era, Ele teria vencido o pecado por ter uma humanidade perfeita? Ele somente não pecou por causa da União Hipostática. Sem ela como resistir ao pecado?
    3 - Você diz: "mesmo em relação à sua natureza humana, que não estava sujeita à influência ou coerção do pecado.". Se não estava sujeita ao pecado então as tentações foram farças. Se nada poderia ser tentado então tentar para que? A natureza humana tentada sem o auxílio, suporte da natureza divina não possuia está natureza perfeita e ou perfeição dita, pois, seria totalmente estranha à raça humana, o que impossibilitaria a sua salvação.
    4 - Você diz: "A singularidade de Cristo está em sua divindade-humanidade, mas também no fato de sua humanidade ser exclusiva. Nem mesmo o Adão pré-queda era como Cristo, visto ter pecado, e não ter podido não pecar". Jorge, que humanidade é está que é tão diferente da de Adão pré queda? Se for muito acima da de Adão então não haveria necessidade da encarnação, bastaria Deus ter criado um ser com a humanidade como a que você descreve e a salvação se daria do mesmo jeito. Acredito que neste ponto você dá um belo salto rumo ao imponderável. A humanidade que você descreve em Cristo nunca se igualaria à que Deus havia criado em perfeição no Éden o que acarretaria em uma não salvação, pois, somente a humanidade criada no Éden deveria prestar contas a Deus e nunca uma super humanidade como você a descreve. Gregória de Nanzianzo pos um ponto final nesta discussão lá pelo ano 355 quando disse: "Aquilo que não foi encarnado não foi resgatado" ou seja, se a encarnação se deu em uma natureza humana acima da de Adão então não houve redenção alguma.
    5 - "Por isso convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo". Seu argumento "Mas onde mesmo a Bíblia afirma que Cristo é idêntico, em todos os detalhes, ao homem? Esta não seria uma acertiva na qual se está mais preocupado em preservar a nossa condição de semelhantes a ele do que em reverenciá-lo por sua obra consumada?" creio eu extrapola um pouco a história da teologia, pois, o texto de Hebreus não diz o você afirmou, mas extamente o contrário, isso se quisermos seguir uma boa exegese. Não fala de nós nos assemelharmos a Ele, mas Ele a nós. Só isso mais nada.
    6 - "pois ainda que as suas naturezas não se comuniquem". Fica então a pergunta? O homem Cristo pode ser adorado?
    Como sempre um pouco de interrogação pode nos levar a uma melhor caminhada. Quem sabe ao apimentar este diálogo conseguiremos melhores respostas no futuro próximo?
    Parabéns pelo texto, pela coragem em abordá-lo, somente nos enriquecemos com esta atitude.
    um aforte abraço
    Pr. Luiz Fernando

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  4. Caro irmão Jorge,

    Muito bem dito pelo nobre pastor Luiz Fernando, você está exercitando um ministério teológico, por que não? Algo que você defende claramente em seus muitos textos. Eu da minha simples parte, combato até veêmentemente o poder da teologia, como combato o poder exercido inlegitimamente o poder do academicismo que leva governo, educação, organização do trabalho a decisões estapafúrdias. Mas voltando a teologia, o seu trabalho de estruturar e organizar a fé, particularmente a fé cristã, até para podermos pontuar os pontos apontados pelo Pr. Luiz Fernando é legítimo e importante.

    Um abraço mais uma vez. Embora externasse a sua opinião sobre alguns de meus textos em visitas ao "Pregador", se puder achar tempo passe por lá. Estendo o convite ao Pr. Luiz Fernando.

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  5. Em tempo,

    Visitei o blog do TBB e na opção textos, os textos estão com fonte clara sobre um fundo claro, possivelmente o fundo foi mudado e agora torna desagradável a leitura.

    Um abraço.

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  6. Pr. Luiz Fernando,

    jovem teólogo é uma boa piada, pois não sou nem uma nem outra coisa... a única verdade é que estou no séc. XXI [rsrs].

    Obrigado pelo elogio, mas como minha avó dizia, primeiro o irmão amaciou o couro para depois dar uma boas chibatadas... e doeu [rsrs].

    Brincadeira à parte, realmente o irmãos faz questionamentos que não sei se conseguirei responder, e que dariam, cada um, uma ótima e extensa postagem. Mas vou tentar.

    1) Deus é bom, perfeito e santo. A Bíblia o afirma de capa a capa. E Deus faz tudo segundo a sua vontade, e nada é possível fora dela [o que a Bíblia também afirma de uma capa a outra]. Aí, incluo o mal e o pecado. O fato é que Deus não peca, não pratica o mal, mas suas criaturas o fazem. Se eu disser que Deus não criou o mal, fica a pergunta: quem criou? Ou como ele surgiu?

    Tudo tem um princípio, e o princípio de tudo é o próprio Deus. Se atentarmos para o fato de que a criação é ex-nihilo, do nada, antes de Deus criar não havia nada além de si mesmo. Mas como Deus pode criar o mal e ser bom? Penso que ambas as afirmações são bíblicas, tanto o fato de Deus ser bom como o fato dele criar o mal [Is 45 e Rm 9]. Por exemplo, uma sinfonia pode ser perfeita, como o ápice entre todas as obras-primas, e ainda assim conter sons desagradáveis aos ouvidos se isolados e separados do todo. E esses sons ou notas isoladas não significam nada, mas associadas e agrupadas formarão uma combinação harmoniosa, melodiosa que resultará no que chamamos de música. O homem tende a ver as coisas de forma fragmentada, fatiada, e seria bom observássemos o todo, para assim compreender as partes.

    Da mesma forma, entendo que o decreto eterno, santo e perfeito, terá elementos não necessariamente bons; muitos, maus, mas que no conjunto determinará a sua perfeição. Refletindo a perfeição e santidade divinas.

    Continua...

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  7. [...]

    Em Atos, Pedro nos diz que Pilatos, Herodes, os judeus e os gentios se juntaram para "fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho tinham anteriormente determinado que se havia de fazer" [4.28], referindo-se ao decreto de Deus. Aqui, "tua mão e o teu conselho" referem-se à mão e ao conselho de Deus. Não me parece que Pedro tenha dúvidas de que Deus havia decretado a humilhação e morte do Senhor, ainda que os culpados fossem exclusivamente Herodes, Pilatos, os gentios e os povos de Israel. E o que ele reafirma em Atos 3.18: 'Mas Deus assim cumpriu o que já dantes pela boca de todos os seus profetas havia anunciado; que o Cristo havia de padecer". Os profetas eram de Deus, a mensagem era de Deus, a determinação era de Deus, a vontade era de Deus, mas os agentes foram as suas criaturas. Deus não pode ser afetado pelo mal, pois como disse, o mal é exterior a ele, assim como o pecado também o é. Como ser eternamente imutável, algo criado no tempo não pode "contaminá-lo", nem influenciá-lo, muito menos pressioná-lo ou mudar o seu caráter e natureza eternamente imutáveis. Tentando fazer novamente uma analogia, seria como uma pescaria. O pescador pode usar um anzol, uma rede ou arpão para abater o peixe; os meios podem tornar a coisa mais eficiente e rápida, mas o resultado, ao final, será o mesmo, obter do alimento. Sei que parecerá um exemplo pragmático ou utilitarista, dos meios justificando os fins; mas o fato é que, o fim de tudo, será sempre a glória de Deus. E o reconhecimento pelos eleitos de que Deus é santo, perfeito e bom. Ainda que no percurso ele tenha de transformar o mal em bem; e é o que ele sempre faz.

    Pode ser que alguém diga: mas isso tornaria o homem em marionete de Deus. Na verdade, entendo que o homem é livre segundo a sua natureza, ou seja, livre para pecar. Não digo pecados específicos apenas, mas para viver, se alegrar, e externar "um estado pecaminoso", do qual não pode sair sem que Deus abra-lhe a porta de saída. Mas mesmo nessa "liberdade" para pecar, Deus refreia o homem, a fim de que não dê vazão completa a esse estado de iniquidade. Ou seja, mesmo no pecado, o homem não é livre para fazer o que não está ordenado e predestinado por Deus... e, prefiro ser uma marionete nas mãos de Deus, obedecendo-o e servindo-o, do que ser livre para pecar obstinadamente.

    continua...

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  8. Pr. Luiz Fernando,

    Como as respostas ao pr. Luiz Fernando, demorarão, peço-lhe paciência para tentar responder tudo. Virão à prestação ou em conta-gotas...

    Helvécio,

    obrigado por entender a minha motivação. Mas saiba que ela sempre tem como objetivo glorificar a Deus, ainda que eu nem sempre consiga. E ajudar alguns irmãos no conhecimento de Deus e entendimento da sua vontade, ainda que também nem sempre eu consiga.

    É claro que seria hipócrita se não dissesse que há também o meu desejo de crescer no conhecimento de Deus e de sua vontade, e que sou desafiado muitas vezes pela própria Escritura e por afirmações não-bíblicas de outros irmãos [ao meu ver]. Então, assumo o caráter investigativo e especulativo, pois nem tudo definido pela tradição convence-me. Digo que é a menor parte da minoria, mas ainda são coisas que me inquietam.

    Cleiton,

    sinceramente, não sei. Mas se quiser o áudio, contate-me por email que será um prazer envia-lo para você. O meu é dosty@monergismo.com

    Obrigado pela visita.

    Cristo os abençoe!

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  9. Sobre o áudio irmão, no windows, o real Prayer 11 é capaz de baixar arquivos de áudio como o seu. No Linux ( vale para o windows também ) no Firefox e no Chrome há uma extensão para baixar vídeos que é capaz de baixar arquivos de áudios e há alguns programas só para isso que não testei, enfim uma vez postado na rede , pegar é o menor dos problemas.Não sei se ajudei.

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  10. Helvécio,

    para quem não entende nada de tecnologia, como eu, fiquei a ver návios. Mas o Cleiton e outros irmãos podem ter sido ajudados por você. Obrigado pelas dicas.

    Abraços.

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  11. Pr. Luiz Fernando,

    continuando a nossa saga teológica [rsrs], vou ao ponto 2 e 3...
    A Bíblia nos diz que Cristo é o homem perfeito, não sou a dizê-lo [Ef 4.13 e Cl 1.28]. E ele o é exatamente por não ter pecado. Em sua humanidade, o seu juízo, sua inteligência, raciocínio, sentimentos, moral, ética, e tudo o mais que compõe o caráter humano, são inerentemente santos, não havendo mancha alguma, mas forjada na mesma retidão divina. Por isso, Cristo não pecou. Ele não pecou porque, ao contrário de Adão e todos nós, sua humanidade é perfeita e impecável. Não creio que houvesse qualquer disposição em Cristo para o pecado, por isso, não concordo com a sua afirmação de que sem a natureza divina, Cristo cederia à tentação. O próprio fato das duas naturezas coexistirem na mesma pessoa, implicam na pureza, perfeição e santidade inatas da natureza humana, do contrário, não haveria união entre elas.
    Quanto à tentação, entendo o seguinte: Cristo foi tentado, não há dúvidas quanto a isso, é fato [Hb 4.15]. Na Bíblia, lemos várias tentativas dos sacerdotes e fariseus tentando-o a negar a sua filiação e missão. Mas ele se manteve irredutível. Satanás o tentou no deserto, mas ele se manteve irredutível. Não cedendo ao pecado. Sendo obediente ao Pai até a morte. Agora, pensemos um pouco, e imaginemos que Cristo, em sua natureza humana "predisposta" ao pecado [devemos entender que as naturezas não se misturam] quisesse pecar, opondo-se à sua natureza divina santa. O que teríamos? Um dualismo impossível na pessoa do Senhor. Quando se afirma que Cristo poderia pecar, coloca-se em questão a não-perfeição da sua natureza humana, mas, o imperfeito poderia coexistir juntamente com o perfeito na mesma Pessoa?
    [continua]

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  12. [...]

    Creio que quando se pensa assim, só podemos chegar a uma hipótese: a de que Cristo não possuía a natureza divina, pois ela jamais se associaria a algo que não fosse igualmente perfeito e santo como ela. É o nosso caso. Somente após sermos lavados e regenerados pelo sacrifício de Cristo, é que temos comunhão com Deus. Se eu não for alvo da expiação do Senhor, jamais terei qualquer comunhão com Deus. Alegar que a natureza divina "blindou" a natureza humana de Cristo, impedindo-o de pecar, equivale dizer que esta era imperfeita, pois sem a blindagem seria possível o pecado, e se o pecado é possível, podemos dizer que Cristo seria impossível, em santidade e perfeição. Além de haver um claro conflito de interesses, e sabemos que não há isso no Senhor.

    [continua]

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  13. Pr. Luiz Fernando,

    Partindo para o ponto 4: não disse que Cristo é humanamente "outro humano", mas o simples fato de não pecar e não podê-lo o tornaria diferente nesse aspecto em relação aos demais homens. Em tudo o mais Cristo é como nós, porém, o fato de não pecar e ser um homem perfeito o tornou em muitos aspectos diferentes de nós, porque, senão, o pecado não afetaria a nossa humanidade como afetou.

    Podemos dizer, genericamente, que a moral do homem é igual à de Cristo? Que os pensamentos do homem são iguais aos dele? Que nossas decisões são também iguais? O pecado, quer se queira ou não, afetou demasiadamente a nossa humanidade, de tal forma que ela é o reflexo da sua ação.
    Então, o fato de Cristo jamais pecar e o pecado não ser algo possível em sua humanidade [e isso é fato] o torna bastante diferente de nós. O que não o impediu de nos resgatar, visto ser humano, e por ser o homem perfeito é que foi capaz de fazê-lo. Se fosse imperfeito, jamais poderia redimir o homem adâmico. Para que o homem fosse salvo, era preciso que o inocente, o perfeito, o santo e imaculado ocupasse o seu lugar, e assim, pagasse não as suas culpas, mas as culpas alheias. Se Cristo não fosse perfeito em sua humanidade, não haveria expiação nem redenção.

    A Bíblia faz distinção em todo tempo do homem à semelhança de Adão e do homem à semelhança de Cristo, de tal forma que somente seremos perfeitos, quando formos semelhantes ao nosso Senhor, naquele glorioso dia. Aí sim, jamais pecaremos porque seremos o que jamais fomos, semelhantes ao nosso Senhor. E, por sermos semelhantes a ele, o pecado não terá poder sobre nós, assim como teve com Adão e todos os outros homens.

    É claro que a questão sobre a não perfeição de Adão é uma inferência que faço a partir do texto bíblico, de tal forma que os que apontam a perfeição de Adão o fazem por inferência também. Acredito que a minha conclusão é mais bíblica do que a deles, no que posso estar errado... mas ainda não me convenci.

    Um texto meu que pode esclarecer um pouco o meu posicionamento quanto à questão levantada pelo irmão, é "Cristo não-dual" que pode ser lido aqui mesmo no Kálamos.

    Sobre as "opções" de Deus quanto à sua vontade, como ela é única e imutável, considero-as nada mais do que impossíveis. Deus fez assim, porque assim quis, e assim será.

    Grande e forte abraço, meu irmão e amigo!

    Cristo o abençoe imensamente!

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  14. Pr. Luiz Fernando,

    uma retificação ao meu texto: quando escrevi que as naturezas do Senhor Jesus não se comunicavam, eu quis dizer que elas não se misturavam.
    Ato falho, retificação feita.

    Abraços

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  15. Querido irmão Jorge, há concordância e uma pequeno detalhe que vejo diferente. como concordamos na minha síntese, Nós por possibilidade podemos não pecar mas por natureza podemos sempre pecar. Cristo como homem poderia cair em pecado, tentação o que fosse por possibilidade, mas nunca por Sua natureza. Maria e José poderiam estragar os planos de Deus, mas pelo que Deus os escolheu nunca, daí a escolha de ambos ( não que não tivessem pecado, que não fosse pecadores e que Maria principalmente não tivesse a natureza pecaminosa pela queda de Adão.
    Se Jesus não pudesse pecar por possibilidade a sua saga e obra teria sido um teatro, um embuste, e isso definitivamente não foi. Satanás foi derrotado, toda a legião de demônios junta com ele, porque a vitória foi real, não foi um simulacro, daí o direito de reivindicar a nossa salvação e libertação do poder que as trevas tinham sobre nós, mas só pelo que crêem no nome do Senhor Jesus. Claro a minha posição requer uma outra implicação, a de que tudo é conhecido por Deus mas nem tudo está determinado desde o princípio ( não que isso diminua um átomo da plena Soberania de Deus ) mas já é outra história.

    Um abraço irmão, vale mais uma vez a reflexão em torno do que dizem as Escrituras,provando que a Bíblia não é raza, simplória e nem infantil. É Sabedoria de Deus, não contida facilmente pela mente humana.

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  16. Helvécio,

    estamos falando de hipóteses, porém, hipóteses não realizáveis, pois jamais se realizarão. Então, dizer que Cristo poderia pecar ou cair em tentação é tão impossível como se fazer um quadrado redondo. Isso nunca acontecerá. A tentação não se auto-invalida pelo fato de Cristo não poder ceder a ela. Ela existe por si mesma, mas é ineficaz e inútil em relação a exercer poder sobre o Senhor.

    Da mesma forma, podemos aventar que Cristo estaria sujeito à corrupção da sua carne, porém, a Bíblia nos diz que ele não viu corrupção, e estava decretado eternamente, e os profetas o afirmaram, que sua carne não se corromperia. Podemos alegar uma série de coisas como "possíveis", mas acontece que elas não se realizaram por serem impossíveis. Por mais que eu pense na possibilidade de Cristo pecar ou da sua carne ver a corrupção, o fato é que Cristo não pecou nem sua carne se corrompeu.

    Essa idéia de que Cristo teria de ser suscetível ao pecado como nós é que me assusta, pois apenas o santo, imaculado e perfeito poderia expiar os pecados dos eleitos... uma mente pura e santa jamais cogitará o pecado, apenas as mentes que assim não são o cogitam e acabam por aceitá-lo, pois quer se queira ou não, ele exerce uma influência superior e maior sobre a nossa vontade, a menos que o Espirito Santo nos regenere e nos capacite a resistir, mas mesmo assim, ele nos domina vez ou outra.

    Se não podemos resistir ao pecado sem o poder de Deus, isso implicará no fato de Cristo somente resisti-lo pelo poder da sua natureza divina? Mas Cristo é um, não dois em um. Teria de ser homem, ter a natureza humana, mas nada é dito que ele teria de ser idêntico a nós [ter a predisposição ao pecado] para executar a sua obra. Pelo contrário, o que se diz na Escritura é que ele teria de ser santo, perfeito, imaculado, assim como Deus é. E isso é a exigência máxima de Deus, somente possível por Cristo, para que fôssemos justificados e redimidos.

    E, sinceramente, não é o seu caso, mas parece que estou proferindo uma blasfêmia quando apenas repito o que a Bíblia diz sobre o nosso Senhor, de que a sua humanidade era perfeita. Deveriam me condenar se eu disse o contrário, não é?

    Abraços.

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  17. Pr. Luiz Fernando,

    uma questão que ficou pendente de resposta. O irmão disse que não somos nós que somos semelhantes a Cristo, mas ele é semelhante a nós. Entendo que o texto de Hebreus diz isso: em tudo ele foi semelhante a nós; mas isso não quer dizer que a nossa humanidade veio primeiro que a dele; pois somos a imagem e semelhança de Deus, mas em que somos semelhantes a Deus? Em sua divindande? Ou em sua humanidade?

    Ao meu ver, somos semelhantes a Deus naquilo em que ele tem de humano e nos deu ser: a inteligência, a razão, emoções [ainda que eu não saiba precisar como se dariam emoções nele, que é imutável], a moral, etc, uma alma capaz de se comunicar com ele. Logo, penso que nós somos semelhantes a Cristo, e não o contrário, como essência, o sopro que Deus deu a Adão no Éden. Pois o corpo foi feito do barro, mas a vida foi dada diretamente de Deus. E a vida, não pode ser nada além da parte imaterial, a alma, pois o próprio Senhor é imaterial, sendo o que considero a essência da nossa humanidade, os atributos transferidos dele para nós [menos os atributos divinos, claro!].

    Bem, é o que penso.

    Grande abraço!

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  18. Caro irmão Jorge, a investigação é boa mas se gera mais dúvidas que certezas já não é boa. Lembra-se que Deus, o Deus bíblico, é conhecedor do bem e do mal. Cristo era,e é conhecedor do bem e do mal.
    Ao perdoar a mulher que seria apedrejada por adultério e ver os pecados dos que a pretendiam matar, Jesus não sabia o que era um adultério, ou uma relação sexual pecaminosa, ou cada pecado ou perversão de cada pecador? Claro que não.

    Cristo como Deus e como homem conhecia o pecado e isso não depõe contra a Sua santidade. Outro coisa a ser analisada é que a profecia é a prova para nós seres humanos das realizações divinas. Profecias não são premonições, adivinhações e em cada situação se caracteriza de foram diferente. As vezes declaram o futuro realmente, entre outros casos são avisos e ainda em outros provas comprováveis a seu tempo de fatos importantes no plano de Deus em relação a nós seres humanos.

    Há uma confusão desnecessária que você faz no que Ele Cristo é igual a nós e no que Ele Cristo seja diferente de nós. Vejamos: decendemos de Adão e Eva, somos em tudo participantes da corrupção resultante do pecado. Jesus é ato direto do Espírito do próprio Deus, gerado pelo Espírito Santo, cem por cento e não cinquenta por cento.
    Maria podemos dizer, com propriedade no século XXI, foi apenas uma barriga de aluguel. Cristo é o primogênito de uma nova criação, o segundo homem, do céu. Aprova de Cristo como homem não foi uma encenação, mas uma luta real. Suou sangue, não desejou o cálice da crucificação, isso foi tentação real. Poderia pedir anjos para o defenderem no Getsêmani, ou foi metáfora?

    Um abraço querido.

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  19. Uma correção, no que eu escrevi:
    Ao perdoar a mulher que seria apedrejada por adultério e ver os pecados dos que a pretendiam matar, Jesus não sabia o que era um adultério, ou uma relação sexual pecaminosa, ou cada pecado ou perversão de cada pecador? Claro que não - CLARO QUE SIM ( pensei uma coisa e escrevi truncado ),Jesus não era inocente sobre coisa alguma, como Deus e como homem. Conhecedor do bem e do mal e conhecedor do que é padecer. Sobre o Getsêmani, poderia pedir aos Anjos que defendessem. Poderia transformar as pedras em pães, sentiu fome e uma fome irresistível e finalmente o abandono, o silêncio já na cruz do Calvário. Um abraço de novo.

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  20. Helvécio,

    primeiro, não disse que as tentações foram encenações; rejeito esta idéia.
    Segundo, concordo com a maior parte do seu comentário.
    Terceiro, em nada o seu comentário invalida o que eu disse.
    Quarto, o fato de Cristo conhecer o pecado [como conceito ou realidade na vida dos homens, pois ele não era realidade na sua vida] não quer dizer que ele pudesse pecar. Posso conhecer um monte de coisas e não querê-las ou desejá-las, e até mesmo, em último caso, querer sem tê-las, por vários motivos.

    Por isso, não vejo relação entre o fato de Cristo conhecer o pecado e ter a possibilidade de pecar.

    A investigação não pode trazer mais dúvidas que certeza, ao meu ver, a menos que se esteja errada desde o princípio. Aí, ela pode mesmo trazer a certeza no erro.

    No meu caso, parece que o problema se resume a um ponto: a possibilidade de Cristo pecar, em sua humanidade. Mas até agora, além do fato de se afirmar que ele foi tentado [e a tentação não pressupõe que ele pudesse, em algum momento, cair; tanto que não caiu], não há nenhuma prova de que ele pudesse realmente pecar.

    Isso para mim é tão absurdo, e tão antibíblico, que sequer posso imaginar cristãos defendendo que Cristo poderia, eventualmente, ter pecado. A sua natureza rejeita isso; sua missão rejeita essa idéia; sua obra também; sua vida a contradiz; sua ressurreição a anula.

    Mas, pensemos: o que representa efetivamente a idéia de que Cristo poderia ter pecado? Com isso, se quer dizer o quê? A quais conclusões levam essa idéia? E do ponto de vista prático, o que ela produz?

    Abraços.

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  21. A sua colocação foi muito pertinente, sobre as consequências práticas. Tenho comigo que é o preço pago,pois se não houve risco não houve sacrifício. Se um trilionário der 10 milhões ou 100 milhões,para ele não é sacrifício, mas se um pobre ajuda outra pessoa, agora sim é um sacrifício e um ato de bondade. Custou algo, custou um alto preço, o qual pouco se imagina e pouco se aproxima do que realmente foi feito. Um grande avião não foi feito para cair. Pelo seu projeto não cairá nunca observadas todas condições naturais de funcionamento,mas sempre há a possibilidade de cair. Diferente de um carro que nunca cairá dos céus se o seu motor parar de funcionar. Cristo não pecaria por natureza, coo não pecou, como venceu todas as coisas, mas há possibilidade houve. Tal "risco" enaltece a sua obera por nós e não depõe contra a Sua santidade e perfeição.

    Um abraço mais uma vez.

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  22. Paz a Todos,

    Se a Bíblia é a "mão de todas as heresias", Cristo "é o pai", não me entendam mal, mas durante a maior parte da história da igreja, foram as interpretações acerca da pessoa de Cristo que geraram grande parte das heresias, muitas das quais ainda sobrevivem até os nossos dias.

    Este é um assunto tão complexo quanto a Pessoa que é objeto de seu estudo. Mas instiga-nos a estudar mais o assunto.

    Ednaldo.

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  23. Acho interessante quando irmãos defendem a "possibilidade" de Cristo pecar, é importante salientar que a idéia de possibilidade só existe em nossas mentes finitas,e isso se dá simplesmente por desconhecimento do futuro.

    Era impossível a Cristo, durante o seu ministério terreno, pecar ou desistir de executar a obra que o Pai Lhe deu. E isso fica muito claro, pelo simples fato dele não ter pecado, nem desistido da obra.

    Afirmar a "possibilidade" de Cristo pecar é fazer Deus mentiroso, pois nega a veracidade de todas as profecias veterotestamentárias que diziam respeito a sua total obediência e morte vicária.

    Por que não dizer que era "possível" Cristo não nascer de uma virgem??

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  24. Ednaldo,

    bom vê-lo por aqui.

    É verdade! A maioria das heresias perpetradas pelos inimigos do Evangelho se relacionaram com a Pessoa do Senhor Jesus. É um tema realmente complexo, tanto ou mais como a doutrina da Trindade.

    Mas penso que se tendo os pressupostos bíblicos corretos é-se possível entender adequadamente o que nos revela a Escritura. No caso da natureza humana do Senhor, creio ser impossível a possibilidade de sua pecabilidade, mesmo como idéia ou conceito. A Bíblia não nos dá margem para pensar isso em momento algum, e a alegação de que Cristo foi tentado não permite se chegar à conclusão de que ele poderia pecar.

    O pecado para Cristo é tão impossível quanto a santidade para Satanás. Pois não reconheço na Escritura nada que se refira ao diabo como possível de ser santo ou bom, mesmo como conceito.

    O próprio Senhor nos disse que ele é mentiroso e assassino desde o princípio, o que muitos entendem como sendo o princípio da humanidade, mas vejo como sendo o princípio dele mesmo.

    Mas estou divagando sobre outro tema, ainda que correlato. O fato é que o Senhor é perfeito em suas naturezas, em sua Pessoa, onde o pecado é algo inimaginável e irrealizável. Na verdade, a idéia em si mesma é intolerável.

    Por isso, concordo quando você diz que ela somente é possível em nossas mentes finitas e limitadas.

    E o problema são as implicações dessa afirmativa, que poderiam facilmente nos levar a conclusões igualmente erradas sobre Deus e sua natureza.

    Grande e forte abraço, meu irmão!

    Cristo o abençoe!

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  25. Novamente uma confusão que deve ser esclarecida e dirrimindo todo conceito afirmado confusamente. Possibilidade é o que é possível, não é justificado pelo acontecimento ou não. A escravatura poderia não ter acontecido mas aconteceu várias vezes e de várias formas. O avião poderia ser inventado por qualquer um, um pouco antes, um pouco depois, são apenas exemplos. O que eu afirmei e ninguém me contestou ou reafirmou, foi o preço pago pelo Senhor, o seu penoso trabalho, ou outros detalhes de sua luta pela obra redentora. Logo custou algo, foi difícil, suou sangue, reclamou da falta de solidariedade dos discípulos em orarem com Ele. Ou custou ou não custou nada.Quanto a limitação das nossas mentes, uma delas, seja exatamente o pensamento dicotômico, admitindo só duas possibilidades para tudo ( é verdade que certas coisas são dessa forma ). Várias vezes os fariseus confrontaram Jesus dando-lhe apenas duas possibilidades.Satanás também, no Édem, quando Jesus teve fome. Falta-nos informação sobre muitas coisas, geralmente relacionadas a coisas que para Deus não são primordiais. Nesse caso a vitória de Cristo por nós é uma ponto passivo entre nós. Isso devemos pregar aos outros. Detalhes? podemos divagar e errar.

    Um abraço. Mas prossigamos.

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  26. Helvécio,

    uma coisa é a realidade do sofrimento do Senhor, a angústia pela qual passou ao realizar o seu ministério terreno, culminando com a crucifixação, levando sobre si, por imputação, todos os nossos pecados. Outra coisa é se afirmar a possibilidade de Cristo pecar. Só de imaginar essa idéia, me dá calafrios. Exatamente por ela ser demasiada absurda. O ponto de discussão não é o sofrimento real pelo qual Cristo passou, mas se ele pecaria ou não. E o que a Bíblia afirma desde o princípio é que isso é impossível. Não há uma só linha afirmando essa possibilidade, então, chego à conclusão de que ela não é proveniente da mente divina, mas das mentes humanas. E como já disse, a tentação não pressupõe essa idéia. O fato de ser tentado, em momento algum, nos assegura que ele estivesse sujeito à queda como um homem qualquer.
    E a Bíblia, em sua descrição, não mostra o Senhor Jesus como um homem qualquer; pelo contrário, ele é o centro da Escritura, revelado como único.

    Mas como você disse, vamos pensando...

    Abraços.

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  27. Eu acho que não consegui explicitar mais claramente a minha idéia, tentarei mai suma vez sem monopolizar o debate. Um equilibrista atravessa o espaço entre dois prédios altíssimos num cabo de aço estendido entre eles.
    Qualquer pessoa comum cairia no primeiro ou no segundo passo. O equilibrista profissional não, ele atravessa e sai do outro lado. Assim foi Cristo, Ele não cairia por sua natureza, por sua capacidade única, como não caiu, mas o risco de queda, a possibilidade, a materialidade da queda sempre existiu. Daí a virtude de Sua vitória, conquista, obra, por nós. A sua obra é portanto meritória pelo risco, luta que teve que vencer. Negar esse risco é negar a virtude de Sua obra embora não negue a obra em si. Um abraço.

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  28. Helvécio,

    ok. Sua analogia é muito boa, mas acho que ainda falha, pois o equilibrista tem a possibilidade de cair, e ninguém duvida disso, mesmo que fosse o melhor de todos e nunca tivesse caído. Haverá sempre a chance dele sentir-se mal, um defeito no cabo, ou algum evento natural [o vento forte, chuva, etc] que poderia levá-lo ao chão.

    No caso de Cristo, nem mesmo a maior tentação [e ele foi tentado como nenhum de nós foi], e todos os elementos perversos contidos nela, não poderia fazê-lo cair.

    Entendo o seu argumento, a questão da possibilidade, mas há de se entender que essa hipótese nem mesmo pode ser cogitada como tal no caso do Senhor, logo, não se aplicaria a ele.

    Abraços.

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  29. Bem, uma coisa não exclui a outra, no Ẽdem temos uma profecia, de que Satanás feriria o calcanhar do descendente da mulher e esse lhe esmagaria a cabeça. Essa profecia não é uma revelação, mas uma determinação ( há três tipos de profecias ), logo sob esse aspecto ( não precisa ter arrepios querido irmão ) a vitória de Jesus já era certa. O detalhe que bem podemos passar por cima ( o do ovo e da galinha, é só reconhecer a existência da galinha ). Houve riscos, os Magos tiveram que omitir a infoRmação a Herodes I, Maria e José tiveram que fugir para o Egito, etc, etc. Afinal concordamos que Jesus venceu, viu o seu trasbalho e ficou satisfeito, tem a chave da morte e do inferno, louvemo_Lhe, exaltemo-Lhe, espalhemios a todos quem é o nosso Senhor, nisso estamos sefguris e concordes. AMÉM!

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  30. O nobre e simpático Helvécio está errado em muitos pontos que defende.

    Não havia a menor possibilidade de Jesus pecar.

    Está escrito que o Cordeiro de Deus que tira o pecado, MORREU ANTES DA FUNDAÇÃO DO MUNDO.

    O nobre colega "herético" (mas com certeza muito sincero nas suas considerações, não percebe que se o Cordeiro imaculado pagou o resgate antes da fundação do mundo, logo não havia a menor possibilidade de ter pecado.

    O fato-decreto-antes-da-fundação-do-mundo quando foi dado a existência na linha do tempo por Deus, acabou sendo o fato-histórico idêntico ao que tinha sido antes decretado e como fato-decreto já tido como certo, pois repito... está escrito que o Cordeiro morreu antes da fundação do mundo.

    Falo respeitosamente... mas como já disse Rousas Rushdoony, "sincero mas herético".

    Que Deus lhe dê a graça de superar este paradigma arminiano humanista que já se manifesta em seus comentários desde tempos remotos em que começou a comentar aqui.

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  31. Caríssimo irmão Oliveira, se fosse só o caso de pecar não pecar, tudo bem, mas há muitas outras implicações. Já que tocou nesse assunto, que é um a história longa, tentarei sintetizá-la. Paulo embora seja chamado de apóstolo dos gentios, "desobedecia" em certo sentido a Deus, indo a cada cidade que pretendia pregar, primeiro as sinagogas em que pregava aos judeus, mesmo que o Espírito o avisasse, como avisou, que seria preso em determinada cidade. Bem, a preocupação de Paulo e não só dele, era provar aos judeus que a morte de Cristo não era acidental, ou causada pressúpoamente pelos seus algozes e portanto um Cristo fraco que não cumpriu a sua missão de Messias. Daí usar não poucas vezes a expressão "antes da fundação do mundo" que mostra a idéia de que a decisão de que o sacrifício de Jesus ocorresse é anterior pelo pré conhecimento divino sim. Deus, O Pai, não foi supreendido. Jesus usou a expressão convinha que, e Filipe ao etíope também. Não sabemos como, como não sabemos muita coisa, pois são de uma elevação superior às informações que temos. Mas se não houve, como eu coloquei a menor possibilidade, não que Deus se deixasse ser derrotado, teríamos sim um grande embuste e não a verdade e Deus é verdadeiro. Tem que se observar que Satanás é derrotado em todas as suas colocações que se opõem a Deus pro justiça, com o no caso de Jó. Foi provado que Jó amava a deus e não só porque era aparentemente beneficiado por Ele. Jesus se sacrificou, se arriscou, não foi uma viagem turística a sua criação. É claro que o ponto central do calvinismo é, sem dúvida, a predestinação e por ele se sacrifica muitas coisas, é uma obstinação quase, o que é uma pena. Qualquer coisa que coloque em cheque a predestinação é prontamente rechaçada e coisas bem visíveis, observáveis. Sobre herético-sincero, já que falou, o grande João calvino foi um, mas no seu tempo promoveu o evangelismo que acreditou, rechaçou o catolicismo e o venceu. Cometeu erros classos de interpretação teológica que são repetidos até hoje. Mas não foi e não será o único em muitos pontos. Calvino era um simples homem como qualquer um de nós. Erramos hoje também e por que não? Aliás o calvinismo distorce coisas básicas para defender algumas de suas premissas, mas não acuso nenhum calvinista de ignorância só para vencê-lo em um debate.Não é uma competição de quem sabe mais e quem sabe menos. Prove que a encarnação de Cristo foi um turismo agradável, que nem por possibilidade representou um risco e justamente por isso é uma grande vitória por nós. Investigamos acerca da verdade, pois não a conhecemos, devemos estar certos e errados sobre um monte de coisas, mas não sobre o principal, esperamos. Eu prego aos outros que Jesus pagou um grande preço por nós, e você? Mas na dúvida vou perguntar para Deus, ok?
    Um abraço irmão e não leve a mal, eu não levei tá?

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  32. Ah mais uma coisa: Em nenhum momento afirmei ou defendi que Jesus pecaria ( como não pecou ). O que eu disse foi relacionado a humanidade de Cristo, um tema em que o irmão Jorge sempre se debruça em analisar e que causa certa polêmica. Como Jesus era um homem e não um super-homem todas as coisas eu nos afetam o afetariam também como no caso a sexualidade de Jesus, outra análise a ser feita pelo irmão Jorge. Os testículos de Jesus eram funcionais ( ou não ? ) e se eram produziam espermatozóides como todos os testículos sadios. Jesus teria filhos se os quisesse? Sim. Mas não os teria pois diferentes de nós sabia da sua missão que não incluía ter netos de Deus. Essa é a diferença entre possibilidade e não concretude de uma possibilidade. Se negar esse dilema poderá negar o outro. mas não pode negar a possibilidade e o risco de pecar e negar a sexualidade de Cristo. É isso aí. Acho que o irmão Jorge entendeu a discussão e que nem é questão resultante da bipolaridade calvinismo-arminianismo.

    Um abraço.

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  33. Irmão Oliveira, Jorge e demais irmãos,

    Esse comentário é necessário ao assunto abordado pelo irmão Jorge. Não sou calvinista mas por nenhum motivo, nenhum mesmo, descredencio ou me oponho exatamente a posição teológica dos irmãos. Tampouco descredencio a obra de João Calvino como reformador. De fato defendo duas coisas: a fé irrestrita nas Escrituras, mesmo que não compreendamos e concordemos em todas as coisas e o amor ao Senhor Jesus como nosso Salvador e Senhor. Naquele dia nada lhe perguntaremos. Se ofendi ou pareceu-me fazer uma afirmação pessoa contra alguém ou grupo, me perdoem. Um abraço a todos.

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  34. Caro Helvécio

    Este novo formato de digitação de comentários que o Jorge configurou é irritante.

    Depois de ele trocar de tela para aprovar o comentário acabou não autorizando o mesmo (provavelmente por ser muito longo) e acabei perdendo o comentário...

    Estou com preguiça de digitar e pensar tudo novamente.

    Falei sobre a diferença entre capacidade e possibilidade.

    Falei também que eu me considero "herege sincero" em muitos aspectos.

    Fica na Paz!

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  35. Irmão Oliveira,

    Já perdi também muitos comentários ( e a preguiça me impediu de fazẽ-los de novo ), agora fiquei um pouco mais esperto.

    Faço o seguinte: escrevo o comentário naquela caixinha odiosa mas abençoada; seleciono tudo, copio e aí envio o comentário, se ao final não for, tenho uma cópia para tentar de novo, ok?

    Um abraço, nobre irmão.

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