18 outubro 2010

A falsificação do bem











Por Jorge Fernandes Isah

    Não tenho por hábito escrever sobre política; nem quero tê-lo. Não que haja algum problema, que o tema seja proibido ou irrelevante. Não é isso. É que não me considero capacitado para tal tarefa, a despeito de ter aprendido muito nos últimos anos sobre o assunto. Acontece que há uma defasagem grande, e que não sei se serei capaz de sincronizá-la com o tempo, interesses e aptidão, e com a ignorância que ainda persiste. Porém, não tenho dúvidas de que um dos males do século passado, e que se espalha perigosamente no presente século, é o marxismo. Eu mesmo me descobri marxista apenas após ser confrontado pelo pensamento de alguns irmãos; e devo um especial agradecimento à Norma Braga, ao André Venâncio, aos irmãos de O Tempora, O Mores e ao Edson Camargo, entre outros. A sociedade, de uma forma geral, sem saber, assim como eu não sabia, defende o que não conhece e vive o que considera extinto, com o agravante de realizar um culto necrófilo, e se comunicar com os mortos. 
    Pois bem, assim como o nazismo, sua alma gêmea, o marxismo, escancara o ideário comum e a prova de que pertencem ao mesmo gênero ideológico. Como uma religião suprema, ele se vê como o absoluto, o arbitrário e todo-poderoso "deus", numa tentativa frustrada de substituir o Deus Vivo e bíblico. De alguma forma, se define como o salvador do homem, no sentido de que o homem se perdeu na história, e de que está capacitado a recriá-lo ao seu modo. Coloca-se como único habilitado a construir o homem ideal, restabelecer o homem primevo a partir da recriação da vontade sob a base ideológica estabelecida no cientificismo, mais notoriamente o darwinismo, partindo-se de um sentido evolutivo e purificador gnosticista. 
    Mais do que se pensa, há uma ligação intrínseca entre marxismo e nazismo, de tal forma que Hitler capturou muitos dos métodos de Lénin e Stalin aplicando-os em sua política genocida. Redefiniram a moral, dando-lhe uma roupagem que a distinguisse da velha moral bíblica; mas sempre a partir desta, como parasitas alimentando-se dela, produzindo, porém, um produto corrompido capaz de destruir a velha ordem e reestabelecer uma ordem nova. Para isso são necessários todos os meios para se reconstruir o regime e o homem novos, mesmo com a desculpa de se destruir uma pseudo-raça ou pseudo-classe. Eles se tornam irrelevantes, sejam quais forem, pois o objetivo, o que importa, é o fim a ser atingido. Os atos ruins e imorais que se pratica e comete são transformados em bons numa insidiosa e progressiva inversão de valores, redefinindo o senso comum de moral. O significado é claro: a destruição de uma pseudo-raça poluída, impura [nazismo], ou pseudo-classe contaminada pelo capitalismo [comunismo]. E criar um ídolo a partir do homem, mas que estará sobre o mesmo homem, como um pacificador a cultivar a trégua a partir de uma guerra interminável.
    Mas se há algo que os marxistas fizeram com maestria foi jogar para debaixo do tapete todos os seus crimes e táticas hediondas, apelando para uma falsa moralidade que justificasse os meios utilizados tanto para se chegar ao poder como para mantê-lo. O nazismo foi e é execrado publicamente como a mais odiosa manifestação totalitária, e o comunismo é esquecido em seus crimes igualmente odiosos e totalitários. Por que? 
    Enquanto ao nazismo se deu a valorização real de suas atividades, revelando-o em seu caráter mais cruel, sanguinário e injusto, ao comunismo se deu um caráter minimizador e reducionista; mas mais do que isso. No decorrer da história, seus crimes, o apelo à crueldade e injustiça máximas, foram tomados como modos legítimos de se "salvar" o homem, a partir da intervenção "milagrosa" do estado totalitário. E isso se deveu à distorção da moral, à corrupção do bem, que tornou possível as mentes contempladoras e cúmplices adotarem um discurso messiânico a partir da rebelião e sublevação da ordem moral. Aplica-se a "pedagogia da mentira", a qual, quando dita muitas vezes, acaba por se tornar em verdade. No comunismo, essas questões impoem-se mais sutilmente, em princípio, ao ponto em que partidos e movimentos marxistas não se apercebem da intoxicação absoluta da consciência moral pelo domínio ideológico completo. Está-se impossibilitado de discernir a corrupção que se processou, e passa-se uma vida inteira sem perceber isso. A prova maior é a de que não existem partidos nazistas no mundo [não com essa terminologia], enquanto não somente há partidos marxistas como governos comunistas espalhados planeta afora. E como isso é possível, diante de todos os crimes, barbárie e destruição nos lugares onde o comunismo se estabeleceu?
    O comunismo é dissimulado e muito mais perverso e perigoso do que o nazismo [ainda que o nazismo seja perigoso e perverso também], exatamente pelo seu caráter doutrinário "sutil", ao valer-se e servir-se do espírito de justiça e bondade para difundir e perpetrar o mal. Cada experiência recomeça na inocência, como se não se estivesse a praticar atos imorais, criminosos, espúrios e destrutivos. É essa subversão que o torna tão maligno, ao sugerir que o homem continuará sendo bom mesmo praticando efetivamente o mal, tudo para se alcançar um bem comum, destruindo-se o inimigo [e esse inimigo pode ser praticamente tudo, desde que se possa defini-lo como colaborador da classe capitalista; e, por isso, essa e outras definições estão sempre em reconstrução, ganhando novos ares e contornos ao bel-prazer do discurso marxista de perverter a verdade transformando-a em a mentira]. Enquanto o nazismo pede, diretamente, que o homem atue conscientemente como um criminoso. Não lhe é sugerido nada mais além disso. Que ele destrua o inimigo, ao qual ele de antemão já sabe quem é.
      A reeducação comunista, na verdade, faz o homem acreditar que o mal é bom, escondida atrás da moral comum, travestindo-se dela, com o intento de pervertê-la, transtornando a realidade e a moral; almejando sobreviver em um nível "superior" de imoralidade.
      Essas ideologias, em seus cernes, estão sempre a construir o homem, tornando-o em besta, fazendo-o crer ser um anjo. Por isso não há possibilidades de arrependimento no comunismo, especificamente, pois não há do que se arrepender [em contrapartida, o âmago do Cristianismo é exatamente o arrependimento]. A mente está condicionada e domesticada a tratar dos assuntos sempre pelo crivo da nova moral marxista [ou imoralidade], e, para tanto, não existem contigências que possam julgar e condenar os fins quando obtidos. Eles estão sempre justificando os seus erros com a idéia de que é para o bem de todos, quando, nem todos, ou melhor, a maioria é privada desse bem, seja com suas vidas, consciência, fé, e para isso, o indivíduo não somente tem de ser adestrado mas recriado, para que o coletivo se purifique. É engraçado como uma ideologia que oprime de todas as formas o indivíduo possa apelar para o senso de liberdade ao fazê-lo. E o pior ainda é que muitos acreditam que isso é possível.
     A busca incessante dos fins, sempre "justificáveis", nunca levará o homem a obtê-los, mas a uma guerra persistente e interminável de, delirantemente, querer atingi-lo. Mesmo com todas as evidências contrárias, revelando exatamente o oposto do que o discurso dialético apregoa, o marxista sempre estará disposto a tornar o doce em amargo e o amargo em doce, o bem em mal e o mal em bem. E o novo homem apenas é uma deformação ainda maior da velha e naturalmente corrompida humanidade, fruto da Queda, no Éden.
     Outro ponto que me chama a atenção é a questão da memória, a qual já falei. Mas a capacidade de se lembrar das atrocidades nazistas não tem o mesmo lugar e intensidade quando se trata de lembrar das atrocidades marxistas. Parece que àqueles o perdão é impossível mesmo diante do arrependimento, enquanto a estes tudo é permitido, e não se é requerido o arrependimento e, portanto, o perdão é compulsório e subliminar. O mundo parece estar sempre disposto a execrar o nazismo [no que está certo], mas, incoerentemente, é contemplativo e contemporizador com os "feitos" marxistas, sendo capaz de até mesmo louvá-los.
     O mais impressionante é que o marxismo tem suas origens no cristianismo [uma espécie de anti-cristianismo], o qual, servindo às mentiras de seu "mestre", o diabo, incorporou à retórica elementos nitidamente cristãos, tais como a solidariedade, a piedade, o amor ao próximo, a justiça, etc, para abandoná-los tão logo assumi-se o poder; o que acentua o caráter incoerente e contraditório de cristãos que também são marxistas. Na verdade eles estão prontos e de prontidão para defenderem a ideologia, e nem tanto para defender a doutrina bíblica; e em sua incoerência, esquecem-se dos milhões de cristãos mortos, presos e marginalizados pelos regimes comunistas em toda a história e ainda hoje, simplesmente porque é intolerável ao estado que se creia e adore o Deus ao invés do ídolo, o próprio estado, que deseja se apossar do trono que não lhe pertence nem pertencerá.
     É por isso que em matéria de Cristianismo os chamados cristãos-marxistas não entendem nada do Evangelho, desconhecendo o seu real significado e objetivo que é não tornar o homem perfeito na terra, nem criar o homem ideal, mas que os cristãos sejam exatamente aquilo para o que foram chamados: imitadores de Cristo. Em qual mundo é possível se defender uma ideologia que, em sua história, massacrou e ainda massacra milhões de irmãos? Apenas por amarem o Senhor de suas vidas? Apenas por professarem a fé indestrutível? Apenas por não se sujeitarem a "rezar" na cartilha esquerdista? E não adorarem o deus-estado? E não crerem num falso-salvador? Somente neste mundo caído, e miserável, e cego, e nu, no qual vivemos; em que vale mais dizer o que se quer ser, como uma possibilidade ainda que irreal, do que viver o que se diz ser.
     Não acredito na redenção do homem pelo homem ou por qualquer sistema ideológico. O homem somente será redimido pelo Evangelho de Cristo, pela regeneração que o Espírito Santo operará nele através da Palavra. E o que muitos cristãos esperam é que o estado faça esse trabalho, e o homem seja perfeito dentro de um quadro de impiedade e imoralidade, como se a natureza pecaminosa fosse capaz de produzir algum fruto além do pecado. E esperam glorificar a Deus com isso, com seus trapos de imundície, com uma justiça pessoal, a partir de suas obras, e não com a justiça perfeita e santa de Cristo.
    Não acredito no paraíso na Terra, porém, o que os marxistas almejam é recriar um novo Éden, um céu bizarro onde a injustiça, o anti-ético e o imoral prevaleçam sobre toda a justiça, a ética e moral. Então, eles se utilizam da liberdade, da democracia, das instituições legitimamente estabelecidas para, quando chegarem ao poder, abolir exatamente a liberdade, implantar a tirania e a ditadura, e destruir as mesmas instituições pelas quais foi-lhes possível o acesso ao poder. E os cristãos, aqueles que foram regenerados por Cristo, são os primeiros da lista. E nem é preciso esperar para ver; basta uma rápida pesquisada na história e nos noticiários que nos chegam através de grupos missionários como o "A Voz dos Martires" e "Portas Abertas" para se descobrir que os crentes são tratados como inimigos pelo estado totalitário. E inimigos, devem ser destruídos. 
     Mas graças a Deus que o nosso reino não é daqui; contudo, no reino de justiça do Senhor, aqueles que consentiram com o mal serão responsabilizados, mesmo pelo mal que não fizeram, mas por não combatê-lo; e outros, ainda mais, por se aliarem a ele.

Nota: 1-Escrevi o texto a partir de meus comentários ao livro "A infelicidade do século" de Alan Besançon, os quais podem ser lidos AQUI. Motivado, também, por uma conversa com um querido irmão que votará na Dilma e que é marxista [ainda que ele não se reconheça como tal]. Em nossa conversa, ele disse que a política acabava se reduzindo à escolha entre Serra e Dilma, e que devíamos discutir mais ampliadamente. Por isso decidi expor, ainda que desordenadamente e sem a capacidade necessária, o por quê, no fim-das-contas, temos responsabilidade no que pensamos e dizemos, mas sobretudo no que fazemos. E como fazemos. Ou como deixamos de fazer. 
2-Outro ponto que sempre me chama a atenção quando vou discutir política com crentes é que o Cristianismo pode e deve estar presente em todas as áreas da vida, mas nunca na política. Dizem que a Bíblia não trata de política, logo o crente está proibido de exercê-la em qualquer nível. Mas o Senhor nos ordenou a ser luz em todos os lugares, e não está reservado um lugar intocável para as trevas, no caso, a política. Elas devem ser dissipadas, jamais preservadas; de outra forma, como a verdade alcançará a mentira a fim de destruí-la? 

20 setembro 2010

Bate-Papo com André Venâncio










Por Jorge Fernandes Isah

Todos sabem que o Kálamos é um blog pessoal. Tanto que apenas a primeira postagem foi de um terceiro, no caso o Dr. Lloyd-Jones, que não poderia ser classificado como “terceiro”, mas um entre os primeiros. O fato é que, de lá para cá, sempre postei textos pessoais; por isso criei o “Guerra pela Verdade” para publicar reflexões e impressões de outros escrevinhadores.

Porém, desta vez, estou reproduzindo abaixo uma conversa que tive com o André Venâncio no Gtalk [meio papo, meio entrevista], e considerei apropriado reproduzi-la aqui, com a devida autorização do André. Quando lhe comuniquei a idéia, ele me perguntou: “Por quê?”. Eu disse: “Porque sim, ora!” [rsrs]. Na verdade, foi um bate-papo em que muitos assuntos foram introduzidos, o suficiente para aguçar a minha curiosidade; e certamente aguçará a de outros. Não pensei em “leitores” especiais, porque os assuntos abordados podem instigar a todos que ainda não se aperceberam deles.

De qualquer forma, seja qual for o motivo, o importante é que o André, com sua inteligência privilegiada e seus conhecimentos, é um ótimo ponto de partida para a reflexão e o aprimoramento de assuntos ligados à Teologia, Filosofia e Ciência.

Aproveito para indicar o blog do André, o 
 “Retratos por Escrito”; altamente recomendado.

Mãos à obra!

Boa leitura.

O BATE-PAPO:
Eu: Como vai, André? Tudo bem?
André: Tudo bem, graças a Deus! E com o irmão?
Eu: Tudo na santa paz de Cristo... Preparando alguma novidade para o blog?
André: Logo vou publicar algo que poderá lhe interessar.
Eu: Tudo o que publica me interessa... O problema é que a maioria delas não compreendo direito, por isso não comento... Para não parecer mais idiota do que sou...
André: hehehe... Entao você podia perguntar uma coisinha ou outra de vez em quando, talvez eu não esteja sendo muito claro...
Eu: Não. Tenho certeza que sou quem não alcança a sua clareza [rsrs]
André: Então, talvez uma explicação mais obscura ajude... hehehe...
Eu: Pode ser [rsrs]. Mas acho que você não conseguirá ser obscuro...
André: Não é difícil. É só escrever sobre um assunto que eu também não entendo nada.
Eu: É, mas para quê? Só para não ser claro? [rsrs]. Você não me parece um cara teimoso, tipo cabeça-dura.
André: Só pra provar que você está errado... hehehe
Eu: Mas no fundo, eu sei que estou certo [rsrs].
André: hehehe... Brincadeiras à parte, isso que eu falei é verdade: percebi que quanto menos eu entendo uma coisa, mais obscuro e impreciso fica o que digo a respeito. É assim que sei quando preciso estudar melhor alguma coisa.
Eu: Tem gente que prefere ser assim o tempo todo... Para parecer superior. Quero dizer, ser obscuro para ninguém entender e parecer um fora de série.
André: Ah, sim! Mas é raro achar alguém bom nisso. A maioria se desmascara logo
Eu: A maioria não sabe ler... Vai na onda.
André: Pois é!
Eu: Na verdade, a maioria nem lê, mas diz que leu.
André: É, a gente nunca sabe se não leu mesmo ou se leu e não entendeu nada
Eu: Tem livros que são fechados, não que o autor queira fechar, mas é que a mente do leitor está fechada, ou ainda não aberta para o que ele escreveu. Por exemplo, assuntos que você escreve, eu não faço nem idéia... Até tento ler, mas vejo que está além do meu conhecimento.
André: Em que tipo de assunto isso costuma acontecer?
Eu: Principalmente quando é algo que se relaciona com o lado científico... Matemática, Física, coisas do gênero que você gosta de postar vez ou outra. É que me parece, posso estar enganado, que você busca um "significado" filosófico mesmo nas áreas científicas.
André: É algo mais ou menos por ai. Eu me interesso muito pelas áreas onde a ciência se relaciona com a filosofia e a teologia. Isso começou ainda na adolescência, por causa de meu interesse pela questão da evolução. Daria um capitulo interessante do meu progresso intelectual... Ainda tenho que contar essa historia no blog.
Eu: Pois deve. Para o bem dos que crêem na evolução, e estão sendo enganados.
André: Mas isso foi só o começo. Há vários outros pontos de contato. Por exemplo, na neurociência, com a questão da consciência humana, ou na mecânica quântica, com relação ao alcance das leis naturais. E tem também a própria questão de como encarar a natureza. Existem alternativas que não se enquadram na moderna concepção de ciência. Aristóteles e os medievais (católicos ou muçulmanos) são exemplos disso.
Eu: Puxa, daria um braço para entender de mecânica quântica [rsrs].
André: hehe... Um dia eu posso tentar te explicar, mas não vou querer seu braço, fique tranqüilo.
Eu: Graças a Deus! Pensando bem, se tiver que perdê-lo, prefiro não entender nada de M.Q...
André: O ponto onde eu quero chegar é que algumas descobertas cientificas têm implicações filosóficas e teológicas,  e vice-versa. Algumas verdades filosóficas e teológicas têm implicações cientificas.   
Eu: Tem algum livro para indicar sobre o assunto? Não sobre mecânica quântica, mas sobre essa relação de filosofia e ciência?
André: Eu tenho interesse em investigar certas questões cientificas de uma perspectiva que não comprometa as verdades bíblicas... O livro que vou escrever um dia... hehe...
Eu: Escreve logo!
André: Veja, meu irmão! Os livros que li sobre a relação entre filosofia e ciência falam de uma perspectiva secularista e, quase sempre, cientificista. É justamente contra isso que me levantei desde a adolescência.
 Eu: Já vi que não vou entender nada...
 André: Mas os livros cristãos (criacionistas) quase sempre falam mais da evidência propriamente cientifica que da relação disso com outros campos.
Eu: Não gosto muito do evidencialismo
André: Eu sei... hehe... Eu também tenho meus problemas com ele, mas o problema nem é esse.
Eu: É qual?
André: Eu gostaria de fazer um trabalho abrangente sobre as limitações do método cientifico em geral. A idolatria da ciência moderna é um grande problema que acomete até muitos cristãos. Eu expus algumas idéias sobre isso numa aula sobre evolução que dei na minha igreja uns meses atrás. Mas preciso expandir isso. O fato é que não acredito muito numa distinção absoluta entre ciência e outros campos de conhecimento
Eu: A ciência tornou-se em uma deusa quase onipresente, ainda que os cientistas não assumam publicamente [ao menos, a maioria].
André: Os filósofos da ciência brigam há mais de um século para estabelecer o que chamam de "critério de demarcação", ou seja, um critério que permita separar a ciência de todas as outras atividades. Eu me interessei muito por esses debates nos primeiros anos da faculdade. hoje eu acho isso tudo uma bobagem; não só não existe esse critério, mas também ele não teria a menor importância se existisse.
Eu: É possível essa tentativa de separar a ciência das outras áreas de conhecimento?
André: Eu não acho que seja. Sabe aquele interminável debate acadêmico entre racionalistas e irracionalistas (pós-modernos)?
Eu: sim.
André: O negócio do critério de demarcação faz parte disso. Para os racionalistas, é importante encontrar esse critério, porque eles pensam com isso distinguir o conhecimento verdadeiro (ciência) da mera opinião subjetiva (o resto). Os pós-modernos tentam negar esse critério, porque assim crêem destruir a aspiração a todo conhecimento objetivo. Ou seja, mostrando que a ciência não se distingue do resto. Do nosso ponto de vista, naturalmente, temos apenas dois bandos de malucos lutando entre si, cada um tentando fazer triunfar sua maluquice predileta. Eu me convenci da inexistência de critérios de demarcação lendo um pós-moderno, Paul Feyerabend.
Eu: Não somos racionalistas nem pós-modernos, o que somos, então?
André: Somos cristãos, ué!
Eu: Eu sei. Mas pendemos para um lado ou outro?
André: Eu prefiro não pender pra nenhum. Cada um dos lados possui um dogma inadmissível pra nós.
Eu: Sei, mas, por exemplo, apelamos para a razão, os reformados, enquanto os pentecostais são mais, digamos, subjetivos.
André: O dos racionalistas é que a verdade só é acessível pela ciência (ou a razão em geral). O dos pós-modernos é que a verdade não é acessível de forma alguma. Nós concordamos com os primeiros em que a verdade é acessível, inclusive através da ciência, em alguns assuntos. E concordamos com os últimos em que a ciência não tem nada de especial e que a nossa razão não é tão poderosa assim, no fim das contas. O pós-modernismo é uma reação excessiva aos excessos do racionalismo
Eu: Ficamos em cima do muro [rsrs].
André: Bom, quem construiu o muro foram eles, e só eles ficam de um lado ou de outro. Nós pulamos o muro sempre que dá vontade... hehe...
Eu: Sei... Foi só brincadeira, para não parecer que somos bons demais, apesar de sermos [rsrs].
André: hehehe... Mas isso torna nossa situação confortável. A gente fica assistindo de camarote a briga entre os dois, e rindo dos dois. Mas o meu interesse é em procurar na própria evidência cientifica indícios de suas limitações. Por exemplo, eu creio que o método cientifico não é capaz de fornecer informações confiáveis sobre a origem das coisas. E desconfio que talvez nem de quando elas surgiram. E essa hipótese conflitaria com o que crêem quase todos os cientistas criacionistas, e todos os evolucionistas, naturalmente. Mas é o tipo de coisa que eu gostaria de investigar.
Eu: Os cientistas criacionistas erram ao apelar para o evidencialismo da ciência?
André: Não de todo. Mas em alguns aspectos, sim. Porque apontar contradições entre a evidencia cientifica e a visão evolucionista é um procedimento legitimo. Mas os criacionistas frequentemente caem no erro de idolatrar a ciência tanto quanto seus adversários.
Eu: Como sair desse beco sem saída? Voltar à Escritura? Você é pressuposicionalista e escrituralista?
André: Eu comentei um exemplo, nítido dessa idolatria num livro criacionista aqui: "Um mundo com significado". Sugiro que dê uma olhadinha depois.
 Eu: Vou ler. E prometo que vou entender [rsrs]
André: Se não entender, pergunte desta vez...hehehe... Eu não me considero pressuposicionalista por não ter ainda entendido bem as implicações disso. E tenho algumas dúvidas sobre algumas posturas de alguns pressuposicionalistas eminentes. Mas eu simpatizo com vários pontos importantes. Um outro post que pode lhe interessar, relacionado ao nosso assunto, é este aqui: "História da mentalidade científica".
Eu: Gosto da idéia, sem entender muito bem. Não achei uma definição clara de pressuposicionalismo; ao menos, que me satisfizesse.
André: De qualquer forma, acho que a solução vai nessa direção sim, no sentido de se identificar os pressupostos mais arraigados na moderna concepção de ciência e verificar se são bíblicos ou não. E se sua má aplicação leva a absurdos identificáveis.
Eu: É uma boa definição. E entendi, acho...
André: hehehe... Mas não quero ficar só no negativo. Construir algo também será bom. Existem muitas outras maneiras possíveis de encarar a natureza além da ciência moderna. Aristóteles tinha uma interessante. Os muçulmanos medievais e outros povos tradicionais tinham outra. Sem dúvida a ciência moderna é melhor que tudo isso em alguns aspectos. Mas creio que não em todos.
Uma visão integralmente cristã da natureza deveria conter o que há de verdadeiro em cada uma delas, e talvez outras coisas que não estão expressas em nenhuma.
Eu: Entendi a primeira parte, não a segunda.
André: "e talvez outras coisas que não estão expressas em nenhuma."?
Eu: sim
André: Eu quis dizer apenas que talvez alguns aspectos de uma visão correta da natureza tenham escapado a todas essas visões não-cristãs.
Eu: Certamente.
André: Os perenialiastas, por exemplo, têm criticas muito boas à ciência moderna, mas também não dá pra aceitar integralmente o que eles propõem como alternativa; que é basicamente uma maluquice mística.
Eu: Existe o perenialismo cristão? Li, não sei onde, que Agostinho e Aquino seriam perenialistas
André: Cristão entre aspas, existe sim. Conheço vários perenialistas católicos e ortodoxos. Quanto a Agostinho e Aquino, eu acho pouco provável. Mas já ouvi esses papos.
Eu: Eu li sobre isso, mas não me lembro mais o que é. Lembro que tinha umas boas perguntas para lhe fazer, mas esqueci... O que é perenialismo?
André: Perenialismo é uma teoria ou escola de pensamento religioso que diz que todas as grandes religiões são de origem divina e são meios validos de "realização espiritual" (eles adoram essa expressão).
Eu: Ah... lembrei-me, é algo como o ecumenismo... Ao menos, fiz associação com o ecumenismo... No sentido de tudo levar a Deus e vir de Deus.
André: É uma espécie de ecumenismo sim, mas de um tipo muito particular. É um ecumenismo intelectualmente refinado e de tipo tradicional. E é ecumênico com restrições. Nao é QUALQUER religião que serve. Apenas as grandes religiões, as que fundaram civilizações, e tal. E o perenialismo tem toda uma teoria sobre como as tradições místicas de todas essas tradições convergem.
Eu: É pragmático.
André: Como assim?
Eu: Só servem as religiões que deram certo. Ou mais certo... Vamos conversar sobre o perenialismo; fiquei intrincado com o negócio, e vou ver se me lembro das questões que tinha para lhe perguntar.
André: ok
Eu: Boa noite! Manda um abração para a Norma.
André: Boa noite! Mando, sim. Abraços


Nota: 1- A foto acima é do André com sua esposa, Norma Braga.
2- Além do "Retratos por Escrito", o André escreve, juntamente com a Norma, o blog de livros  "Tamos Lendo" 

13 setembro 2010

Fé & Sinais


















Por Jorge Fernandes Isah

Algo evidente, e por demais evidente no evangelicalismo atual, são os sinais, ou melhor, a necessidade deles para se crer, para se ter fé. O pragmatismo tem-se difundido tanto em nosso meio que tudo o que não se pode ver, tocar, apropriar-se e exibir não funciona, logo deve ser descartado. Vivemos a época em que o material dita o espiritual, de tal forma que a vida neste mundo tem de ser uma prévia do sucesso a ser alcançado na eternidade. O imediato vira infinito; o temporal, eterno; o carnal, espiritual; assim como a dúvida se torna certeza; a tolice, sabedoria; o não-bíblico ganha contornos bíblicos, nem que seja na marra! Porém, fica a pergunta: isso é o Evangelho ou não passa de uma distorção do Evangelho, o contra-evangelho? A mensagem cristã travestida, corrompida, distorcida e rotulada pela mente humanista e seus valores decaídos?

Um rápido "passeio" pelas igrejas e ficará evidenciado o culto utilitarista; cuja motivação está fincada, estabelecida, nas ações, ou melhor, na eficácia delas, no sentido prático em que a fé resultará em benefícios objetivos, em ações visíveis pelas quais se conhecerá a verdade. Em outras palavras, a verdade é conhecida somente se for útil naquele momento ao indivíduo; a verdade somente pode ser conhecida pela experiência, sem a qual, não há o menor sentido [empirismo]. A coisa funciona mais ou menos assim: o indivíduo vai à igreja para buscar duas coisas: a primeira, que Deus satisfaça os seus desejos; a segunda, que seja rápido em satisfazê-los. O seu valor supremo resume-se na capacidade de Deus suprir e proporcionar prazer ao homem, e de evitar que ele sofra. Sempre tendo como ponto de partida a fé do homem, aquela em que o vitorioso a exibirá como um troféu, uma medalha pendurada no pescoço, a refletir os seus feitos. Nada a ver com a fé que nos foi entregue por Deus [Ef 2.8], e que foi uma vez dada aos santos [Jd 3].

Mas, o que vem a ser fé?

Segundo o Priberam: (latim fides, -eis. f. 1. Adesão absoluta do espírito àquilo que se considera verdadeiro. 2. Fidelidade 3. Prova4. Crença.

Segundo o Michaelis: sf (lat fide) Crença, crédito; convicção da existência de algum fato ou da veracidade de alguma asserção. 2 Crença nas doutrinas da religião cristã. 3 A primeira das três virtudes teologais. 4 Fidelidade a compromissos e promessas; confiança.

E, segundo a Bíblia"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem" [Hb 11.1].

As três definições não parecem harmônicas entre si? Paulo não está, de certa forma, corroborando a definição semântica que os lingüistas atribuem à palavra fé? E de que ela tem um valor pragmático-utilitarista? Implicando na legitimidade dos cultos e da vida cristã praticados atualmente pelos evangélicos? Será? O mesmo Paulo diz: "Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas" [2Co 4.18]. E agora, o que lhe parece? Ele continua: "(Porque andamos por fé, e não por vista)" [2Co 5.7].

A questão é que muitos usam "e a prova das coisas que se não vêem" como a necessidade da fé produzir resultados, de tal forma que se eles não aparecem, não há fé. Mas, o que Paulo está a dizer é: a fé é a prova das coisas que não se vêem, porque andamos pela fé, não por vista. A fé é a prova, o testemunho da vida cristã, e a vida cristã é a prova da nossa fé; porque "todos estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas; mas vendo-as de longe, e crendo-as, abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra... em esperança fomos salvos. Ora a esperança que se vê não é esperança; porque o que alguém vê como o esperará? Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o esperamos" [Hb 11.13; Rm 8.24-25].

Pois bem, o ponto é: tenho fé para ver, ou tenho fé para não ver? Se não ver, não tenho fé, ou mesmo não vendo, mantenho intacta a minha fé? Há uma velha onda que diz: posso tudo naquele que me fortalece, distorcendo a mensagem bíblica a fim de atender aos interesses escusos do coração. Com isso, querem dizer que, se tenho fé suficiente, posso tudo [e há de se definir o que venha a ser fé suficiente; e muitos dirão que ela será suficiente dependendo daquilo que se quer e se alcança, ou seja, o tamanho do objeto e consegui-lo é que definirá o tamanho da fé]. Mas vejamos o verso em que se baseiam: "Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece" [Fp 4.13]. Parece uma carta-branca dada por Deus para se ter o que quiser. Bastando escrever o que mais for aprazível, agradável. Porém, o que nos fala Paulo um pouco antes? "Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade... todavia fizestes bem, em tomar parte na minha aflição" [Fp 4.12, 14]. Alguém se candidata a subir no púlpito e defender que posso todas as coisas em Cristo, mesmo que seja na fome e a padecer necessidade? Ou a estar abatido? Ou a participar da aflição alheia? Se pode-se todas as coisas, elas não estarão restritas apenas ao que se considera benéfico dentro do padrão humano. Riqueza, posses, poder... a solução de todos os problemas imediáticos [1] não são os únicos itens abarcados por "todas as coisas", mas também o sofrimento, a tristeza, a dor, a injustiça, a pobreza e tantos outros males. Paulo afirma claramente que Deus o sustentará em todas as situações, e de que ele viverá a fé cristã mesmo nas vissicitudes e reveses da vida.

Mais do que isso, ele chega a se gloriar em suas fraquezas, porque o poder de Deus se aperfeiçoa nela, a fim de que habite nele o poder de Cristo [2Co 12.9]. O que para muitos é sinal de fracasso, para Paulo é êxito, e assim deve ser para nós também. Devemos banir de nossas mentes o falso ensino de que a fé está atrelada ao sucesso, à riqueza, à cura, à prosperidade. Com isso, não quero dizer que pessoas de sucesso, ricas, saudáveis e prósperas não têm fé; mas de que o padrão bíblico de fé está muito além daquilo que temos, tocamos ou somos. Ele está no próprio Deus, o qual nos capacita a ter a fé verdadeira; não uma crença tola; não uma certeza no que é tangível apenas; não em reverter materialmente, numa contrapartida, o que cremos. Isso faz de Deus um negociante, e da fé uma mercadoria. Ao contrário, a fé sempre será uma relação de confiança em Deus por intermédio de Cristo, mas, sobretudo, uma relação de dependência, de submissão, de reverência, de temor a Deus; de reconhecimento da nossa frágil condição, de nossa miserabilidade e pecaminosidade diante dEle, o Deus santo e perfeito; da necessidade da sua graça e misericórdia, sem a qual sequer viveríamos, mas seríamos consumidos [Lm 3.22].

Portanto, não estou falando da fé como um conjunto de crenças; nem no assentimento intelectual puramente, como uma idéia ou conceito decorrente do estudo ou cultura; nem como a possibilidade do conhecimento divino a partir de evidências ou experiências emocionais e místicas; muito menos como a causa de resultados, ainda que proveitosos. A fé bíblica é a única capaz de fazer com que o homem reconheça o testemunho de Deus através das Escrituras, como o auto-testamento divino; nas certezas que somente podem ser vistas e entendidas por aqueles a quem Deus abrir os olhos para verem, e os ouvidos para ouvirem, e a dar-lhes entendimento para que creiam, se convertam e sejam salvos [Jo 12.40]. A fé é autenticada pelo próprio Deus, reveladas pelo seu Espírito, que no-la-deu para que pudéssemos conhecer o que nos é entregue gratuitamente por Ele [1Co 2.10-13]. Logo Cristo é o autor e consumador da nossa fé [Hb 12.2].

Alguém pode dizer: Precisamos dos sinais para crer, assim como Cristo deu sinais para que o povo cresse. Sim. Isso é verdade, o Senhor fez muitos sinais para que acreditassem ser ele o Cristo; "porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome" [Jo 20.31]. Sem que houvesse sinais, o Evangelho não seria escrito. Sem o Evangelho, como crer? Sem a palavra, seria possível conhecer a Deus e ter vida? Há de se entender que a nossa dispensação é outra. Não mais Deus fala diretamente com o povo através dos profetas. Nem os milagres são necessários para que creiamos. O Espírito é que nos ensina, instrui e convence a partir do que está escrito: a Bíblia; porque "nós temos a mente de Cristo" [1Co 2.16]. Nada mais é preciso, ainda que Deus esteja agindo, curando, santificando, salvando, segundo a sua providência, como sempre agiu na história, governando o universo. Precisamos da Palavra, do Espírito e da mente de Cristo. Mais nada, para que a nossa fé seja autêntica.

Após a ressurreição, Cristo apareceu aos apóstolos, menos um, Tomé. Diante do relato dos demais, que viram o Senhor, ele proferiu: "Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos, e não puser o meu dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei" [Jo 20.25]. Novamente, o Senhor encontrou os seus, e Tomé estava entre eles. Cristo lhe disse: "Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente. E Tomé, respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu! Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram" [Jo 20.27-29]. Esse relato não está na Bíblia atoa, mas para que creiamos, mesmo sem os sinais, mesmo sem os milagres estrepitosos; por que a nossa própria vida já é um milagre, ainda mais se significar a eternidade ao lado do nosso Senhor. Mas nada disso acontecerá se não formos resgatados das trevas pelo seu poder.

Cristo fez inúmeros milagres, tais como ninguém mais fez e viu, mesmo assim eles foram insuficientes para salvar uma multidão de incrédulos. Mesmo vendo-os, seus corações permaneceram duros, inflexíveis, diante de tão gloriosa salvação. Por que? Primeiro, os milagres não salvam. Segundo, os milagres não nos faz crer em Cristo. Terceiro, os milagres tornam-nos inescusáveis diante de Deus. Quarto, em muitos casos, o homem busca neles a sua glória, não a de Deus. Como Paulo escreveu: "Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos" [1Co 1.22-23].

De nada adiantam os milagres e o conhecimento, sem fé. Da mesma forma, de nada adianta pregar a Cristo crucificado, sem fé. Pois ele continuará indignando os que pedem milagres e os vêem mas não foram regenerados; e continuará insensato e extravagante para os que buscam conhecimento sem serem regenerados. Porém, aos que foram, bastará a pregação do Evangelho para, crendo, mesmo não vendo, amar o Senhor, "alcançando o fim da vossa fé, a salvação das vossas almas" [1Pe 1.9]

Nota: [1] imediático: aquele que é partidário do imediatismo; que cuida absorventemente do que dá vantagem imediata.