31 janeiro 2019

Digressão sobre a adoração de uma pecadora





Jorge F. Isah


“E eis que uma mulher da cidade, uma pecadora, sabendo que ele estava à mesa em casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com ungüento;
E, estando por detrás, aos seus pés, chorando, começou a regar-lhe os pés com lágrimas, e enxugava-lhos com os cabelos da sua cabeça; e beijava-lhe os pés, e ungia-lhos com o unguento” (Lucas 7:37-38)


Devemos entender uma coisa: Deus é Senhor de tudo e todos! Deus pode todas as coisas, ainda que ele não faça todas as coisas, por causa da sua natureza. Por exemplo, Deus não pode pecar. Nem fazer algo que não seja da sua vontade. Dentro de sua soberania e todo poder, contudo, há algo que Deus não pode fazer, que é adorar. Sim, meus irmãos, parece algo simplório e mesmo banal afirmar tal condição, de tão óbvia. Mas ela é verdadeira, pois o Senhor não pode se autoadorar. Esta prerrogativa nos cabe, exclusivamente a nós, e Ele se alegra e deleita na verdadeira adoração, aquela realizada por seus filhos, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo; e quão grande honra temos em ser seus adoradores.

Já imaginaram como esse privilégio é grandioso, santo e sublime? Somente o povo de Deus pode adorá-lo e, infelizmente, muitos se recusam a fazê-lo, preocupados no culto a ídolos mortos e imaginários, ou a se autoadorarem. Deus não o faz, porque a autoadoração é, em si mesma, um engodo, repleto de vaidade, soberba e arrogância. Estas características são típicas do pecador, jamais de Deus, o qual sendo santo, justo e perfeito, em sua natureza, não poderia manifestá-las.

Mas ele não quer qualquer tipo de adoração, ou que os seus adoradores o façam de qualquer maneira, a fim de satisfazerem antes aos seus desejos íntimos e não a Deus. Em outro trecho das Escrituras, nos é dito, pelo Senhor Jesus, que Deus procura adoradores que o adorem em espírito e em verdade (João 4.23).


Entretanto, para sermos verdadeiros adoradores é necessário humilhação e arrependimento, reconhecendo em Deus o Senhor e Salvador; reconhecendo a nossa condição caída e imperfeita, dominada pelo pecado e, rejeitando o seu domínio, nos entregarmos por completo à direção e condução divinas. Onde havia pecados e conflitos, instala-se a paz e esperança, na fé de que nada, nem ninguém, poderá nos tirar do caminho de vida. Por isso, é fundamental que adoremos a Deus com o coração santo e verdadeiro, a prova máxima de haver arrependimento e, sobretudo, gratidão pelo resgate precioso, permeado pelo amor divino e eterno, mas igualmente doloroso e indigno do Filho: o servo perfeito, na medida perfeita, do perfeito e sublime amor. 

O amor que nos amou primeiro, para que pudéssemos então, e somente então, amá-lo como nos amou.




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