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30 dezembro 2024
Estudo sobre a Confissão de Fé Batista de 1689 - Aula 42: A humanidade: o homem como a imagem de Deus
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23 dezembro 2024
Estudo sobre a Confissão de Fé Batista de 1689 - Aula 41: É pecado jurar?
Jorge F. Isah
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13 dezembro 2024
Carta aos Loucos - Carlos Nejar
Jorge F. Isah
Tive o privilégio de ler as provas do mais recente
livro lançado pela Editora Sator, “Carta aos Loucos”, de Carlos Nejar, pelas
mãos do editor e amigo, Felipe Sabino. Conhecedor do meu apreço pela poética do
gaúcho, concedeu-me a honra de lê-lo mesmo antes da publicação. E o que dizer
da prosa escrita pelo poeta?
O
mínimo é que, como sempre, o texto de Nejar é surpreendentemente belo, profundo
e reflexivo. Onde as pistas e enigmas, como no desvendar de um mistério, nos
revelam por meio dos símbolos, sonhos e pesadelos, alegrias e tristezas, dramas
e comédias, o homem em sua essência diametralmente complexa. Constrói-se o
integral a partir de fragmentos, reflexos, átimos da intrincada natureza e
relações, muitas vezes evidentes e, outras tantas, inexpugnáveis... O leitor
não tem a visão geral, do todo, mesmo diante da luz quase a cegá-lo; é
necessário tatear, cuidadosa e lentamente a fim de não se ver arrastado para
fora da trilha meticulosa e escavada impecavelmente na palavra. Certamente, não
é um livro para o leitor apressado ou displicente, ou algo a se fazer de
qualquer maneira.
O fato de Nejar ser principalmente
reconhecido por sua obra poética pode levar alguém a deduzir que se trata de um
prosista menor, de segunda classe; ledo engano! As referências, citações e
camadas sobre camadas de erudição não o tornam ininteligível, posto ser capaz
de “traduzir” para o leitor o conhecimento e sabedoria e espírito luminares a
permear cada frase, parágrafo, página, e encher os nossos olhos mortais dos
encantos sobrenaturais. Ele deve ser lido. Tem de ser lido. Pode ser que a luz
o sufoque, ou o afogue, caro leitor, porém a palavra estende-lhe a mão e puxa-o
ao convés, o lugar seguro, onde poderá descansar a alma e não sucumbir às
armadilhas das circunstâncias, do mundo a espreitá-lo, e vir a dizer como o
personagem Almado: “Não me afogo”. Porque a palavra é viva e remissória, e
envolve-nos em sua maravilhosa graça.
E as coisas grandiosas se embaralham às prosaicas sem que uma cause inveja ou dano à outra, e ambas, em meio às memórias, o discorrer do tempo, a razão e Assombro (nome da cidade onde se desenrola a narrativa e também da esposa do narrador, Israel Rolando, ex-capitão da marinha mercante e, portanto, alusão ao trabalho de conduzir os leitores, tirá-los do emaranhado de conjecturas e instalá-los na sã loucura), amores, perseguições e morte, seja no barulho ou silêncio, começam, desenrolam e se consumam no avassalador amor, sublime, transcendente, divino.
Mas nem tudo são flores. Há, entretanto, o lado menos esperançoso e otimista onde o homem censura, o poder silencia, enquanto se justifica em palavras, e o subterrâneo das consciências é raso, ou profundo demais. No primeiro, está tão visível aos olhos de quem não vê que é impossível notá-lo. No segundo, impossível alcançá-lo. Mas o poeta, sabedor das dores e angustias não se entrega a elas, nem mesmo ao obstinado tempo, onde o espírito não sai ileso, posto redimido pela palavra, avesso ao tempo, na eternidade. Não se desgruda dele o dizer de Alves: “Estou louco de bem”. Até que a paz não seja mais do que o encontro de inúmeras e incessantes batalhas.
Este é um livro do homem, mas também de Deus. Do
Deus-Homem. De milagres, gênesis, recomeços e ressurreições. O sarau de ironia,
humor e graça, e a destrambelhada loucura, cuja missiva, “Carta aos loucos”, é
endereçada a mim, a você, a todos que, diante da sabedoria dos homens não
conheceu a Deus, e aprouve a ele nos salvar e se fazer conhecido pela loucura
do evangelho de Cristo. De forma que a loucura de Deus é mais sábia do que a
dos homens, pois se discerne espiritualmente.
Então, tem-se a luz. E ela nada pesa.
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Avaliação:
(*****)
Título:
Carta aos Loucos
Autor:
Carlos Nejar
Editora:
Monergismo (Selo Sator)
Páginas:
180
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28 novembro 2024
19 novembro 2024
O Emblema Vermelho da Coragem - Stephen Crane
Jorge F. Isah
Isso leva Fleming, e o leitor, a perceber o quão prosaica é a figura do soldado: não passa de número, um grão de areia na praia que ninguém vê ou sabe existir. Havia apenas o batalhão entre outros batalhões, um soldado entre milhares de outros, e a morte era o detalhe final a torná-los dispensáveis e incógnitos.
A realidade, entretanto, é de não haver vitória, nem mesmo aos não integrantes, pois as consequências de atos tão vis e malignos lançam seus venenos sobre o mais inocente, ermo e esquecido cidadão. Isso é um fato. Há, porém, outro fato: os afetados, mas não dispostos a povoar o front com crueza e ódio, não os geraram, ou foram causa: sofreram os efeitos, sem colaborar para eles. Alguém pode dizer: mas foi a covardia que os condenou. Será, cara-pálida? Ao decidirem pela vida, que culpa têm na morte? E se faleceram, não participaram do “jogo”, logo, não existe autoria. Ela se restringe aos que mataram, e havia somente eles, seja nos planos, interesses ou execução. Jamais de quem se opôs à beligerância. Guardadas as devidas proporções, é como o indivíduo que, ao explodir a casa do inimigo, atinge também a do vizinho, talvez um amigo. Ele foi apanhado pela contingência das decisões e sucedidos; e se todos agissem assim, a listar as consequências, não haveria mortos e feridos, destruição e ruína... Seria sonhar demais, e esta pode ser uma discussão melhor desenvolvida em outro lugar e momento.
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Nota: Texto publicado originalmente na Revista Bulunga
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Avaliação:
(****)
Título:
O Emblema Vermelho da Coragem
Autor:
Stephen Crane
Editora:
Penguin-Companhia
Páginas:
216
22 setembro 2024
Os Demônios, de Fiódor Dostoievski
Jorge F. Isah
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Engana-se quem espera um livro apenas político, pois Dostoiévski é, sobretudo, o leitor da humanidade, o observador das relações interpessoais e movimentos sociais, o crítico dos fúteis e vaidosos e também dos orgulhosos e irritadiços, descrentes em Deus e crentes em si mesmos. Seja para o bem quanto o mal, ele os disseca, sob a ação de Cristo, dos apóstolos e da igreja. Para ele, a verdadeira redenção é individual, a partir do arrependimento (vide Vierkhoviénski, pai, saído do ateísmo místico e ativista para a verdade do Evangelho), jamais coletiva, e nela reside a verdadeira salvação ou solução para os dilemas da vida. Com isso, não insinua a extinção dos impasses; ao menos se terá o norte correto e absoluto ao qual se deve guiar e buscar. Perguntas que muitos de nós ainda fazemos, e gerações futuras farão, respondeu-nas Dostoiévski, não a partir de sistemas ideológicos e teóricos, mas pela realidade, a vivência, inclusive quando tais sistemas se perpetravam. Há quem não queira ver mas, para ele, não existe solução além de Cristo e o Cristianismo. Ao não reconhecer a própria fragilidade, os próprios erros e pecados, e buscá-los no outro, o homem se torna invariavelmente no pior dos animais.
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Avaliação: (*****)
Título: Os Demônios
Autor: Fiódor Dostoiévski
Editora: Sétimo Selo
Páginas: 1.150
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Nota: Texto publicado originalmente na Revista Bulunga
18 setembro 2024
Malemolência Tupiniquim
Jorge F. Isah
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12 setembro 2024
O infante das pernas tortas
Jorge F. Isah
Nos últimos tempos, após a separação com Elza, a quem ele traiu, humilhou e agrediu, vivia uma série intermitente de problemas financeiros e pessoais. Morreu aos 49 anos, de cirrose hepática, em 1983. No seu féretro, milhões de pessoas o acompanharam, rendendo-lhe homenagem. O homem partia, derrotado em seu último desafio, enquanto o mito continuaria a desfilar nos gramados imaginários mundo afora, nos playgrounds de corações definitivamente encantados.
04 setembro 2024
Ouro de Tolo
Jorge F. Isah
21 agosto 2024
Fome, de Knut Hamsun
Jorge F. Isah
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Avaliação: (***)
Título: Fome
Autor: Knut Hamsun
Editora: Itatiaia
Páginas: 171