13 janeiro 2024

A roda quadrada ou algo parecido e inútil

 






Jorge F. Isah



    Antoine Lavoisier, o pai da Química, depois de estudar as reações e estabelecer a “Lei da Conservação da Matéria”, disse: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Antes de partir para o texto em si, quero deixar outra máxima de sabedoria, desta vez, do profeta Isaías: “Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem mal; dos que dizem que as trevas são luz e a luz trevas; dos que fazem do amargo doce e do doce amargo! Ai dos que se fazem passar por sábios e astutos aos seus próprios olhos!” (Isaías 5:20-21).

    Talvez, você se pergunte: que raios está a dizer este escrevinhador?

    Ainda que o químico afirme haver uma constante transformação nas estruturas químicas do universo, ele assegura não ser possível criar nada que não tenha sido criado. Partindo para o homem, não da composição química mas moral, existe uma constante e insistente tentativa de se corromper valores, virtudes e qualidades ao nível das bizarrices, vícios e pecados. As pessoas se acham no direito de perverter coisas básicas e elementares como o sentido da vida, humanidade, o certo e o bem. Por meio de discursos e esquemas irracionais, ilógicos e delirantes, o bem se torna em mal, e o mal em bem, a depender dos interesses, motivação e objetivos dos proponentes. Outra máxima, de os fins justificarem os meios, se encaixaria neste escopo, também.

    Mas, por que essa miscelânea de citações?

    Recentemente, uma ginecologista foi processada por um homem, quando se recusou a atendê-lo em uma consulta. Ora, bolas! O que ela esperava? Não seria mais conveniente mandá-lo arreganhar as pernas cabeludas, introduzir o espéculo (onde?? onde???), e depois agendar uma mamografia? Por que ainda temos de conviver com médicos preconceituosos, racistas e transfóbicos, que não sabem avaliar as necessidades e urgências de pessoas com vontades inclusivistas, sensíveis e umbráticas? Afinal, que culpa têm se a medicina está cega aos anseios e apelos ébrios de psiques túrbidas e enleadas? E taca-lhe um processo, e as coisas se resolverão com indenizações, retratações e mudanças nos protocolos estabelecidos por séculos e séculos de estudos meticulosos, a fim de satisfazer os cacoetes e extravagâncias de uns e outros, por meio de canetadas dos espeloteados legisladores e juristas.

    Caso semelhante aconteceu quando uma jovem fez exames de rotina, e descobriu que colesterol, triglicerídeos, glicose, plaquetas, gama GT, ácido úrico, entre outros, estavam nas alturas. O médico, ao ler os resultados, prescreveu uma série de medicamentos e indicou à paciente um nutricionista:

    - Por quê? – Disse indignada.

    - Você está obesa. Muito acima do peso. E gordura em excesso é a causa de exames tão ruins. – Não minimizou o especialista.

    - O que você tem contra gordos?

    - Nada.

   - Para mim você não passa de um fascista, racista, retrógrado e gordofóbico!

    - Não... – Tentou amenizar o médico, sem sucesso.

    A paciente pegou o celular, chamou a polícia e, enquanto esperava para lavrar um boletim de ocorrência, entre xingos, gritos e acusações, olhou para a careca do doutor e disse:

    - Pelo menos, sou gorda. Mas e você? Já que feiura não tem conserto?

    É por essas e outras que o meu filho quis fazer medicina e eu demovi-lhe da ideia, ameaçando deserdá-lo. Hoje, ele tem um estúdio de tatoos, ganha rios de dinheiro, e quanto mais gordos quiserem emporcalhar seus corpos, mais feliz ele ficará. Sem a necessidade de alertar os riscos à saúde e ganhar um processo nas fuças.

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Nota: 1) Texto publicado originalmente na Revista Bulunga, Número 24

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