Estou a ler “Confissões” de Agostinho de Hipona [1], e, vez ou outra, me deparo com algumas afirmações contraditórias do autor. Com isso não quero desqualificar a obra, nem sou louco para tanto. O livro é mais do que bom, é ótimo! Porém contaminado pela idéia extrabíblica do livre-arbítrio; ou a tentativa de defender Deus dos ataques inimigos, daqueles que querem desacreditá-lo por causa da existência do mal; ou ainda pelos que insistem em manter seus “esquemas” conceituais e doutrinários a todo custo; ele diz: "Pois eu não sabia que o mal é apenas privação do bem, privação esta que chega ao nada absoluto"[2].
Esta última afirmação não me convenceu. O mal não pode ser o nada absoluto, nem o nada absoluto resultar num mal absoluto. O "nada" nada pode criar, nem dele resultar efeito algum, sendo causa de qualquer coisa, mesmo que um “nada” maior ou menor do que nada. Ele é o que é: nada; e mais nada.
Da mesma forma, dizer que o mal é a privação do bem, implica em que ele, assim como o bem, pode ser autocriado e existir fortuitamente. Acontece que se o bem é proveniente de Deus, o mal é proveniente do quê? Da ausência de Deus? Mas estaria Deus ausente de algum lugar? Poderia haver algum espaço onde Ele não esteja presente? Onde o Seu conhecimento não alcance? Haveria algo possível de existir contrário à mente divina? Uma espécie de "energia" ou "força" que subsista alheia a Ele? Pode haver algum recôndito na criação onde Deus deixou-o à própria sorte, abandonando a pessoalidade com que não somente criou mas sustenta todas as coisas, para a impessoalidade de negligenciá-la ou omitir-se [deísmo]? É possível haver algo que se sustente por vontade própria?
A Bíblia afirma que tudo, absolutamente tudo, é sustentado pelo poder da palavra, a qual é Cristo. Por Ele tudo foi criado, existe e subsiste [Cl 1.15-17; Hb 11.3]. Portanto, parece-me ilógica essa assertiva, a menos que ela tenha um cunho simbólico, figurado, seja uma metáfora; mas para que isso acontecesse, não se poderia usar os termos “mal” e “bem” como Agostinho os usa. Os termos utilizados são os que conhecemos como definidos semanticamente.
Os ímpios foram criados para o mal, a fim de exercê-lo e praticá-lo, e por isso, e por desempenhá-lo com especial veneração, serão irremediavelmente condenados [Pv 16.4]. Se foram criados com esse propósito, o mal, que eles praticam, também. Logo Deus criou-os objetiva e determinadamente, cumprindo os Seus santos e perfeitos desígnios.
Dizer que o mal é a ausência absoluta do bem, e de que isso seja o nada absoluto, representa dizer que ele não existe, nem é praticado, nem produz os efeitos pelos quais o Senhor o criou. Seria apenas uma ilusão, o produto da mente, como algumas religiões garantem? Ou, de alguma forma, Deus foi impedido ou incapaz de manter o bem na esfera em que o mal atua? O que levaria à perigosa e maligna idéia de que Deus pode ter sido pego de surpresa, ou não ser o Todo-Poderoso como a Escritura assevera. Em muitos aspectos, vejo sérios problemas à manutenção da doutrina da soberania, onisciência, onipotência, perfeição e santidade divinas quando o mal parece ser colocado em uma categoria “extra” Deus. Por mais que os argumentos sejam bem construídos, agradáveis, e revestidos de certa nobreza metafísica, ainda assim, se não estiverem em harmonia com o texto bíblico, são reprováveis.
Agostinho, em sua doxologia e amor a Deus [há de se entender que o nosso amor ainda é imperfeito, e somente será perfeito no glorioso dia do Senhor], costura uma doutrina que fica aquém da Escritura, com o nítido objetivo de salvaguardar Deus da criação do mal e, para isso, utilizou-se de um raciocínio falacioso. Entenda, não estou a anular nem inabilitar a sua obra. Reconheço-o como instrumento divino na construção dos fundamentos teológicos cristãos, em sua sistematização, na proclamação do Evangelho e defesa da fé. Por ele, Deus operou na Igreja revelando verdades que estavam enevoadas ou esquecidas; porém, em relação ao mal, a despeito da inspiração e sublimidade dos versos, não passa de incompreensão e interpretação deturpada da Bíblia.
Dizer que o mal é a ausência absoluta do bem, e de que isso seja o nada absoluto, representa dizer que ele não existe, nem é praticado, nem produz os efeitos pelos quais o Senhor o criou. Seria apenas uma ilusão, o produto da mente, como algumas religiões garantem? Ou, de alguma forma, Deus foi impedido ou incapaz de manter o bem na esfera em que o mal atua? O que levaria à perigosa e maligna idéia de que Deus pode ter sido pego de surpresa, ou não ser o Todo-Poderoso como a Escritura assevera. Em muitos aspectos, vejo sérios problemas à manutenção da doutrina da soberania, onisciência, onipotência, perfeição e santidade divinas quando o mal parece ser colocado em uma categoria “extra” Deus. Por mais que os argumentos sejam bem construídos, agradáveis, e revestidos de certa nobreza metafísica, ainda assim, se não estiverem em harmonia com o texto bíblico, são reprováveis.
Agostinho, em sua doxologia e amor a Deus [há de se entender que o nosso amor ainda é imperfeito, e somente será perfeito no glorioso dia do Senhor], costura uma doutrina que fica aquém da Escritura, com o nítido objetivo de salvaguardar Deus da criação do mal e, para isso, utilizou-se de um raciocínio falacioso. Entenda, não estou a anular nem inabilitar a sua obra. Reconheço-o como instrumento divino na construção dos fundamentos teológicos cristãos, em sua sistematização, na proclamação do Evangelho e defesa da fé. Por ele, Deus operou na Igreja revelando verdades que estavam enevoadas ou esquecidas; porém, em relação ao mal, a despeito da inspiração e sublimidade dos versos, não passa de incompreensão e interpretação deturpada da Bíblia.
Quer dizer que estou a rejeitar a sua obra? Longe disso. Ao contrário. Quero apenas garantir que em meio a todos os seus acertos, o erro não seja confundido com eles; não seja de alguma forma diluído na verdade, passando-se por ela.
À medida que a leitura avança, percebemos que a vida de Agostinho está tão intrinsecamente ligada a Deus que não é possível discorrer sobre qualquer ponto sem reportá-la ao senhorio divino.
Por exemplo, quanto à natureza caída do homem, que se inclina, almeja, deseja e se deleita na prática do mal, do pecado; em relação à depravação do homem e sua responsabilidade perante Deus, concordo em gênero e número com o que diz, estando plenamente em conformidade com a revelação especial.
Para falar do Senhor como o Ser infinito e eterno, ele diz; “'Tu, porém, és o mesmo eternamente', e todas as coisas de amanhã e do futuro, de ontem e do passado, hoje as farás, hoje as fizeste!"[3], ecoando o ensino do Salmo 102.27 e Hebreus 1.12.
Ou ainda: "Alguém pode ser autor de sua própria criação?"[4]; ao referir-se à criatura, mostrando a impossibilidade de qualquer coisa existir aparte de Deus, o qual sendo não-criado é o único autor de tudo o que foi criado.
São fragmentos que espelham posições bíblicas, e das quais nenhum ortodoxo rejeitará.
Mas, voltando à questão do bem e do mal, parece-me que a idéia agostiniana se resume à presença e ausência de Deus, da ação de Deus e da ação do "não-Deus" para que o bem e o mal existam, respectivamente. Contudo, ele mesmo afirma que não há universo possível para contê-lo [Deus], mostrando a sua infinitude. Então, como o mal surgiu a partir da não-presença do Deus infinito na criação finita?
Ao distinguir entre tudo e o pecado, como este não estando incluído na categoria "tudo" [o que considero um grave erro doutrinário e lógico], Agostinho mostra-se contraditório ao dizer: "Senhor, meu Deus, ordenador e criador de tudo o que existe na natureza, com exceção do pecado, de que és apenas regularizador"[5].
Ao assumir que Deus não criou o pecado [e por conseguinte o mal], sendo apenas seu regulador, coordenador, estaria agindo sobre quais leis? As Suas ou de outrem? E como ficaria a citação de que Deus criou "tudo o que existe na natureza", mas o "tudo" pode significar alguma coisa rotulada de "não-tudo", mesmo que seja o pecado? Implicando, na verdade, que Deus não é o único Criador perfeito e santo, havendo a possibilidade de outro agente criativo? Estaríamos diante da idéia de um "não-Deus" em alguma parte da criação?
De várias formas, Agostinho tenta, inexplicavelmente, não-explicar o explicável, como um caçador preso em sua própria armadilha.
Nota: 1-"Confissões", de Santo Agostinho - Editora Paulus
2-Idem - pg 75
3- " - pg 26-27
4- " - pg 26
5- " - pg 32
Jorge,
ResponderExcluirAinda não li confissões, mas o estou adquirindo. Porém, pedaços esparsos da obra já li e consigo apreender a essência do pensamento agostiniano.
Confesso que não aprecio muito essa incapacidade de alguns de enxergarem esse "defeito" em Agostinnho com relação a não vincular a existência do mal e do pecado a Deus, a fim de "resguardar" , por assim dizer, a sua metafísica. Deus fez o mal e fez o bem e isto está explícito na Bíblia. E entendo que o mal foi criado exclusivamente para que houvesse o ímpio (Pv 16:4) para o dia da ira. Tudo, para a glória dEle. E pra mim isso é relativamente simples!
Deus está em tudo e em toda a criação, não se ausentando de nada. Concordo com você, pois se o mal e o pecado não foram criados por Deus, por quem foi criado? Pelo Diabo? Teríamos então configurado o dualismo? Ou Satanás seria uma espécie de "deus" menor (deismo)? Afirmar isso seria negar a ubiquidade, a capacidade de Deus estar em todos os lugares, exatamente por ser o Criador de tudo.
Portanto, eu também vejo esse erro de Agostinho, mas também reconheço a sua enorme importância para o cristianismo, inclusive, para o pensamento reformado pré-Calvino.
Grande abraço. Ótimo texto.
Em Cristo,
Ricardo
Prezado irmão Jorge,
ResponderExcluirquando se tem por definição que Deus cria o mal, então sua argumentação caminha para uma lógica irrefutável. Mas quando não se aceita a possíbilidade de Deus ter criado o mal, pois, seria uma contradição filosófica para alguns, então Agostinho está correto. Quando Agostinho propõe que o mal é a ausência do bem ele está dizendo que o mal não existe por si só ou que o mal tenha existência ontológica. Nessa linha de raciocínio Agostinho é perfeitamente compreensível e correto. Para tentar exemplificar o argumento de Agostinho teríamos: "Um carro é o bem e a ferrugem é o mal, logo, o mal só existe no outro nunca em si mesmo, dai a afirmativa do mal ser a ausência do bem ou a privação do bem. Se acontecesse de a ferrugem corroer todo o carro, logo, o mal deixaria de existir ou seja seria o nada." Se todos os homens praticassem 100% a Palavra de Deus não haveria lugar para o mal. Vale lembrar que Agostinho escreve no século IV em meio uma efervecência de idéias. Seria muito difícil para qualquer um de nós elaborar qualquer definição teológica vivendo o processo tão intensamente como ele viveu. Percebe-se que a construção de uma teologia sadia passou por Agostinho e outros gigantes da fé e se temos uma teologia firmada e afirmada é porque estes gigantes elaboraram suas definições e o fizeram atendendo necessidades prementes, dai a construção e não a definição final. Precisamos olhar para o século IV com olhos do homem deste século. Nosso entendimento hoje é muito maior e mais complexo, haja vista, estarmos 1600 depois deles.
Como o irmão afirmou e o fez com muita propriedade nós engatinhamos aos pés de Agostinho e outros e sua contribuição é um legado que os séculos não podem apagar. Parabenizo-lhe por ler Agostinho e emitir opiniões, somente assim o crescimento acontece.
Um abraço
Em Cristo
Amado Irmão Isah,
ResponderExcluirLouvo a tentativa de expor contrário ao posicionamento de Agostinho sobre a presenção do mal na esfera criada.
Entendo que o conceito do mal ser a privação do bem, torna-o passivo, o que está em DESACORDO com as Escrituras. Como bem o Irmão frisou.
Quanto à participação de Deus no mal. Os versos Hab 1:13; Tia 1:13 e 1 Jo 1:5 mostram que Deus não tem relacionamento nenhum com o mal.
E nenhuma discilplina do conhecimento é capaz de explicar a introudução do mal no mundo criado. Sabemos que não veio de Deus.
Portanto, acredito que não temos material bíblico para sustentar que Deus criou o mal, pelo contrário, temos para garantir que Deus não é seu autor.E o conceito de santo ou santidade confirma esta posição.
Só assim, Deus poderá condenar o mal. E se julgar o mal é muitas vezes chamado de Ira de Deus, conclui-se que o SANTO não tem qualquer relação com o pecado (mal).
Em Cristo.
Ricardo,
ResponderExcluirleia "Confissões". É um livro maravilhoso, em que Agostinho, como se estivesse a orar, conversa com Deus. É uma autobiografia permeada por teologia, pelo conhecimento de Deus, por reverência e amor a Ele.
O único problema, ao meu ver, refere-se à questão do livre-arbítrio ao qual Agostinho parece "inclinado" a aceitar, e na relação Deus com a criação do mal e do pecado.
Quanto aos que possam vir a crer em satanás como o criador do mal, pergunto: como ele poderia fazê-lo tendo o conhecimento limitado, sendo finito, não-perfeito, não-santo, não-onipotente, e criatura? É possível o diabo criar algo tão poderoso como o mal e o pecado? Ou antes foi sujeitado a ele? Seria o diabo capaz de criar algo do nada? Assim como Deus criou tudo do nada? Estaria ele em pé-de-igualdade com o Senhor Todo-Poderoso?
A resposta é: não! Pois o texto bíblico claramente afirma que Deus é o criador de tudo, e não apenas da maioria das coisas. E, se o diabo ou qualquer outra criatura tem o poder de criar do nada, não seria um outro "Deus"? E isso não é o abominável dualismo gnóstico?
Quanto ao valor de Agostinho como um dos principais fundamentadores da fé cristã, não tenho dúvidas disso, ainda que ele tenha errado em algumas coisas, assim como eu e o irmão certamente cometemos erros em profusão muito maior do que ele.
Grande abraço, meu irmão e amigo!
Cristo o abençoe!
Pr. Luiz Fernando,
ResponderExcluirA questão é: se a minha argumentação está certa, a de Agostinho está errada, e vice-versa. Mas, o que importa é: qual delas está em conformidade com a Escritura?
Não sou versado em filosofia, ainda que tente me esforçar em entendê-la; e muitos irmãos tem-me ajudado a compreender o que me é incompreensível, pois a minha mente é completamente teológica.
Não estou a crucificar Agostinho, disse isso no texto; "Confissões" é um ótimo livro, e reconheço como ele foi instrumento de Deus na fundamentação da fé cristã. Mas também não preciso concordar com aquilo que ele diz do ponto de vista metafísico e que se confronta com a Escritura.
Por mais que o respeite e reconheça o seu zelo, importância, e a beleza do seu texto, sou obrigado a me ater à Bíblia, e, dentro dela não há como considerar a hipótese do mal ser autocriado ou criado por outro que não seja o Deus bíblico.
Este, inclusive, me parece um dos problemas para a defesa da fé, pois, ateístas e deístas estão sempre questionando a nossa fé no Deus bíblico, porque não temos a ousadia de lhes responder biblicamente sobre o mal, mas ficamos a repetir a mesma ladainha humanista, buscando válvulas-de-escape filosóficas que nada têm a ver com a Escritura.
Outro problema é que os próprios crentes se sentem fragilizados diante do sofrimento e do mal, sem explicações para suas dores, quando o máximo em resposta que obtém é a de que o mal é um "mistério".
Por isso, entendo que temos de proclamar todo o Evangelho, não somente uma parte ou partes dele. Deus é amor por definição, e o fato dEle criar o mal em nada o faz menos amoroso. Da mesma forma, Deus é justo por definição, e a Sua ira não o torna menos justo. Deus é perfeito por definição, e o fato de haver imperfeição no mundo não o torna menos perfeito. Deus é infinito e tem poder ilimitado, portanto, não é possível entender o mal como algo "extra" Deus, à parte dEle, como se fosse algo com a qual tivesse de conviver sem ter muito o que fazer, assim como os socinianos, os adeptos da teologia do processo e relacional reivindicam, diminuindo-o em sua soberania e glória.
Sei que temos de ter cuidado, não agirmos precipitadamente, mas por que não aceitar o que está exposto claramente na Escritura? Se há algo que não podemos nos furtar a entender é que a Bíblia afirma de capa a capa a soberania divina, e seu total controle sobre tudo e todos, de tal forma que uma folha não cai sem que ele queira. E tudo isso, incluído o mal e o pecado, são para a Sua glória, e cumprem o Seu eterno decreto.
Com isso, não quero dizer que o irmão, ou qualquer outro, tem de concordar comigo. Se discordo de Agostinho de Hipona, o certo é que me desaprovem (não por ele ser Agostinho, mas por sua obra que supera em muito a de qualquer grande teólogo contemporâneo; lista da qual sequer posso ser mencionado, pois sou apenas um leigo que ama a palavra e quer vê-la livre de qualquer contaminação).
Como o irmão disse, vamos aprendendo uns com os outros, pelo poder de Deus, até naquele glorioso dia em que nada perguntaremos, pois todas as nossas dúvidas não mais existirão.
Grande abraço meu irmão e amigo!
Cristo o abençoe!
PS: Belo trabalho o Tiago fez no banner do blog "Ministério Força para Viver". Espero que tenha gostado.
Paulo,
ResponderExcluirAgostinho foi um grande servo do Senhor, e Deus o engrandeceu entre os homens e na Igreja; enquanto estou apenas discutindo um ponto que não me parece claramente bíblico, e do qual não tenho pretensão de ir além ou aquém da Escritura: o mal.
A questão do mal ser a privação do bem, segundo Agostinho, tem implicações extrabíblicas, e, por isso, não concordo com ele.
Quanto aos versículos que o irmão citou, nenhum deles se refere à criação do mal, mas afirmam, conforme toda a Bíblia o declara, que Deus é santo e nEle não há mal algum. Há de se entender que o fato de Deus criar o mal não o faz mau, porque o mal é criação, está no nível das criaturas e não do Criador. Portanto, o mal não pode, em nenhum nível ou em qualquer situação, exercer influência sobre Deus. Da mesma forma, Deus estabeleceu na Lei Moral que a morte é um pecado quando praticada pelo homem, contudo, sabemos que a morte é criação e está sob o controle divino, que não peca quando a executa. Ou alguém tem dúvidas de que a morte é um decreto divino?
Temos de entender que toda a criação, e reafirmo, toda a criação, incluídos o mal e o pecado, são criaturas, e, portanto, não podem sujeitá-lo nem exercer qualquer influência nEle.
A Bíblia não descreve como surgiu o mal, mas é impossível não incluí-lo no decreto eterno sem se retirar parte ou grande parte da soberania e glória divinas, assim como os teístas relacionais fazem. E, sabendo que o decreto eterno foi planejado e determinado por Deus, não há muito mais o que dizer, a não ser ficar repetindo chavões humanistas.
Não é o que Pedro diz? "Porque verdadeiramente contra o teu santo Filho Jesus, que tu ungiste, se ajuntaram, não só Herodes, mas Pôncio Pilatos, com os gentios e os povos de Israel; para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho tinham anteriormente determinado que se havia de fazer" (At 4.27-28).
O maior de todos os males e pecados, a crucificação de Cristo, foi executado segundo a mão e o conselho que Deus tinha determinado na eternidade, e que assim fosse feito; e assim foi feito.
Mas, como disse ao pr. Luiz Fernando, vamos dialogando, e que sempre seja o Senhor glorificado em todas as coisas.
Grande abraço, meu irmão e amigo!
Cristo o abençoe!
Amigos,
ResponderExcluirDeus não mente, e Deus disse:
"Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o MAL; eu, o Senhor, faço todas estas coisas".
E ainda:
"Quem é aquele que diz, e assim acontece, quando o Senhor o não mande? Acaso, não procede do Altíssimo tanto o MAL como o bem? (Lam 3:37-38).
Portanto, Deus determina TODAS AS COISAS, a Bíblia exemplifica isso incontáveis vezes. Nada ocorre fora da sua vontade (ativa), logo, o mal está inserido nas coisas determinadas por Deus. Por outro lado, se Ele podia impedir e não o fez, não o faz, é o mesmo que fazer.
Eu penso que o mal está contado entre a providência, como causa de cumprimento dos Seus desígnios eternos ( de Deus), a fim de que tudo que foi determinado por Ele na eternidade se cumpra. Inclusive a existência do ímpio - e para que este exista há que se ter a presença do mal - para o dia da ira.
A existência do ímpio e daquilo que lhe move, o mal, serve exclusivamente para a Glória de Deus, quando serão manifestos os eleitos, salvos em Cristo. Eis então, a meu ver, que o mal é necessário para que o bem seja manifesto.
Ricardo.
Ricardo,
ResponderExcluircomo os irmãos no "Cinco Solas" brincam: onde é que assino?
Abraços.
Amigo Jorge,
ResponderExcluirSinto-me deveras honrado com a assinatura (rsrsrs).
Grande abraço!
Ricardo
Irmãos,
ResponderExcluir"Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o MAL; eu, o Senhor, faço todas estas coisas".
O texto acima é uma referência
a Isaias 45.7 onde a palavra mal tanto pode ser mal no sentido ético quanto no sentido de calamidade. Então a questão não seria conclusiva.
"Eis então, a meu ver, que o mal é necessário para que o bem seja manifesto".
Para este argumento deve ser lido Rom 3.8;
Concordo com o aspecto ontológico do Criador, mas também me submeto ao revelado. Não consigo ter a liberdade para afirmar, pela Palavra, que Deus é o criador do mal moral.
Continuarei sem tentar conciliar esta questão.
Isto me faz dar mais graças ao Senhor.
Com admiração aos irmãos.
Em Cristo
Caros
ResponderExcluirSem querer fazer propaganda de "mim mesmo", segue o link de um texto que pode ser anexo deste que o Jorge escreve:
http://oliveira-reflexoes-reformadas.blogspot.com/2010/02/predestinacao-constrangedora.html
É muito constrangedor, mas é bíblico...
- Habacuque 1.13 Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a opressão não podes contemplar...
- Tiago 1.13 Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta.
- 1 João 1.5 Ora, a mensagem que, da parte dele, temos ouvido e vos anunciamos é esta: que Deus é luz, e não há nele treva nenhuma.
Em Habacuque temos uma "figura de linguagem" ou maneira de dizer, pois Deus não é onisciente? Não é onipresente? Ele consegue ficar sem olhar alguma coisa? Ele pode evitar de olhar o mal que ocorre? Não.
Então o texto não está falando isto, mas o que eu vejo no texto é mais ou menos assim ".. que não podes ver o mal e a opressão IMPASSIVELMENTE..."
Em Tiago, também temos um detalhe interessante. Jó foi tentado por quem? Não foi por Satanás? Ele o fez autorizado por quem? Não foi Deus? Diretamente Deus não tentou a Jó, mas "indiretamente" não vieram dele os limites da tentação e todas as demais ações de Satanás? Leiam o texto com cuidado e percebam que quando Deus autoriza Satanás a fazer o que fez, Ele não permite que Jó seja morto, mas permite que muitas pessoas sejam (seus filhos, servos, etc...).
Então o texto não está falando isto, mas o que eu vejo no texto é mais ou menos assim "... Ele mesmo a ninguém tenta DIRETAMENTE..."
Em 1 João é mais fácil explicar. O fato de eu criar uma coisa qualquer não significa que a coisa criada possa ser encontrada em mim.
A pergunta que eu faço é... Estamos dispostos a adorar este Deus?
Ou vamos sair de mansinho... como aqueles que sairam quando Jesus lhes disse sem maiores explicações que eles deveriam comer a sua carne e beber o seu sangue?
Duro é este discurso? (Sim, foi o que os discípulos explicitamente falaram, e só não foram junto pois só no Senhor eles encontravam vida eterna - parece que o egoísmo e a perspectiva de vida eterna é que os manteve perto de um mestre que exigia práticas "canibais" que eles só foram entender que não era nada disto, muito tempo depois).
Leiam o texto em questão novamente em João 6.
Para saberem se Deus é o autor do pecado ou não, eu recomendo lerem Vincent Cheung no link abaixo:
http://www.monergismo.com/textos/livros/autor_pecado_livro_cheung.pdf
Se não quiserem se dar o trabalho, então os meus argumentos são:
Agora falando sobre PECADO:
- O pecado foi criado por Deus, exatamente no dia em que Ele criou a Lei de Deus;
- Sem Lei de Deus que dissesse que não se podia casar com a própria irmã, seria pecado casar com ela? Não. Tanto é que Abraão casou com Sara (sua irmã), antes da Lei e portanto absolutamente não foi abominável diante de Deus por isto. E dela (desta união que depois se tornaria abominavelmente incestuosa) de certa forma veio a descendência da promessa.
- Mas notem que Deus pelo fato de ter criado o pecado (ou a possibilidade dele) de forma alguma Deus peca, pois o homem é que é o agente do pecado e não Deus. E mesmo quando Deus mata Ele não peca, quando Deus envia a desgraça e a morte de milhares Ele também não peca, pois a Lei não se aplica a Ele.
continua...
continuação...
ResponderExcluir- A Lei diz que não devemos fazer imagens de escultura seja de coisa do céu ou da terra. Se fizermos pecamos? Sim. Mas e se Deus fizer, Ele peca? Não. E foi isto exatamente o que Ele fez, quando diretamente mandou Moisés esculpir dois anjos com asas curvadas sobre o propiciatório (a capa ou tampa da arca da aliança) e diante dela da arca e respectiva tampa com os anjos, o sumo-sacerdote se dobrava em joelhos e orava a Deus.
- Se Deus não tivesse criado a Lei Adâmica, a Lei Noética, a Lei Mosaica etc... nada seria pecado, pois não há crime se não houver lei tipificando o mesmo.
- É pecado comer frango? Para Adão era, pois na Lei Adâmica Deus só lhe permitiu ser vegetariano, e assim se Adão comesse galinha ele seria abominável diante de Deus.
- Agora, sentem-se... e não se escandalizem, depois eu explico mais a frente... Havia lei que dizia que era abominação um homem dormir com outro homem quando do tempo de Sodoma e Gomorra? Pelo que sabemos, não. A Lei de Moisés é que disse isto bem mais a frente. Então eles não pecavam quando eram "sodomitas"? ........ Difícil dizer não é mesmo, mas a resposta é não, não pecavam assim como Abraão não pecou quando casou com sua irmã Sara.
- Então por que eles foram castigados por Deus?
- A mesma pergunta pode ser feita de outra forma, por que uma criancinha de meses que ainda não fez nenhum pecado, não sendo eleita, pode e merece ir para o inferno eternamente?
- O que condenou aquela geração, não foi o pecado, pois nem havia ainda a lei que proibia a sodomia, o que condenou aquela geração, e o que condena uma criancinha "inocente" foi a maldade imputada, ou de outra forma a "Lei do Pecado", ou a "Força do Pecado", ou a "Energia do mal" que neles estava impregnada e manifesta em níveis insuportáveis para Deus (no caso de Sodoma) e impregnada e potencializada (mas ainda não manifesta) no caso de criancinhas ainda não vivificadas pelo novo nascimento (por exemplo as criancinhas que morreram afogadas no dilúvio).
- Sobre criancinhas inocentes podem ler mais no link abaixo (novamente fazendo "propaganda"...):
http://oliveira-reflexoes-reformadas.blogspot.com/2008/03/reflexo-to-malvolo-quanto-possvel.html
- Então Deus criou o pecado? Sim. Quando? Quando criou a Lei (Falo inicialmente especificamente quando ele disse Não comerás da árvore do conhecimento do bem e do mal - e depois falo genericamente dos demais pecados a partir dos demais mandamentos). Mas Deus pecou? Não.
"... porque pela lei vem o conhecimento do pecado" Romanos 3.20b
continua...
"Porque até à lei estava o pecado no mundo, mas o pecado não é imputado, não havendo lei." Romanos 5.13
ResponderExcluirMas por que Abraão também não foi fulminado? Porque no caso dele não foi imputado a maldade (que ele tinha potencialmente tanto quantos os sodomitas), mas imputado justiça mediante a fé.
Agora falando da MALDADE, ou do MAL, ou disto que eu chamei de ENERGIA DO MAL, ou desta força que leva os homens a pecar. Quem criou tal "força"?
Não vou me delongar pois já escrevi demais.
Mas basta uma ou duas perguntas.
Vocês conhecem outro criador além de Deus?
A Bíblia afirma que Satanás é criador?
Falando do que o Jorge chamou de "ladainhas...".
Como é intragável lidar com o mal para as nossas mentes humanas, e é mesmo bom que não façamos juízos temerários, então criamos até inconscientemente estas "ladainhas" para justificar o mal sem "macular" ao Deus Santo que servimos.
Agostinho faz isto com a questão da ausência do bem... E eu provoco dizendo que não existe o bem também, pois o mesmo seria a ausência do mal... e ficaríamos andando em círculos e nem existiria nem bem nem mal...
E Calvino vai pelo mesmo caminho quando fala que até certo ponto devemos ir, e depois existe um precipício que não devemos ultrapassar quando o assunto é soberania.
E as confissões (e seus teólogos) vão pelo mesmo caminho quando inventam aquelas questões "ladainhosas" sobre causas primárias e causas secundárias, como se fosse possível para as causas secundárias substirem sem Deus.
O exemplo da ferrugem é bom, mas falho.
Afinal a ferrugem existe não é mesmo? Então o mal existe também, mesmo que dependa do bem para se manifestar.
O texto abaixo que o nobre colega citou, é bom, mas neste caso ele não está falando do mal (força) mas do mal desgraças, tipo "eu faço a paz e crio ou envio as desgraças..." O que não facilita em nada, pois mostra Deus enviando as desgraças sobre as pessoas culpadas (ímpios) e justas (Jó) indistintamente.
"Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o MAL; eu, o Senhor, faço todas estas coisas".
Da mesma forma o texto abaixo está falando de coisas boas e coisas ruins, e não exatamente do bem ("energia" ou capacidade de ser benigno) e do mal ("energia ou força ou maldade" ou capacidade de ser maligno)
"Quem é aquele que diz, e assim acontece, quando o Senhor o não mande? Acaso, não procede do Altíssimo tanto o MAL como o bem? (Lam 3:37-38).
Por isto eu chamo de constrangedor o atributo da soberania.
Você ou ignora isto e passa a ficar longe de Deus, ou aceita a revelação e entende que Deus pode lidar com o mal de uma forma que não entendemos, e continuar a ser SANTO.
Como Ele faz isto? NÃO SEI.
Mas eu sei que ELE É SANTO.
Natan,
ResponderExcluirmuito obrigado por sua exposição. É que já escrevi bastante sobre o assunto em tantos posts, e já o discutimos tantas vezes, que não quis repetir a maioria dos meus argumentos neste texto. E você, de uma forma generosa, me poupou o trabalho, como um bom amigo.
Além do quê, não sei se fui capaz de expor alguma vez tão bem como você expôs.
Sugiro aos irmãos que não deixem de ler os textos indicados, especialmente o "Predestinação Constrangedora" do Natan. É um dos melhores mini-tratados sobre a soberania de Deus que já li.
Ainda que muito do que foi dito aqui até agora possa ser discutido, refutado e confirmado, acredito que a leitura bíblica deve ser exercida com reverência, mas sem o medo de se encontrar a verdade. A maioria, com o argumento do "mistério", esquece-se de que Deus não somente nos deu pistas, mas explicitou de forma incontestável o grau de soberania que detém sobre a criação. Não há dúvidas, nem porque duvidar.
De certa forma, o que acontece é um estado de acomodação do crente, ao considerar que não precisa caminhar mais do que caminhou. Em muitos aspectos, me parece um misto de medo e preguiça, o que, ao contrário do que se afirma, impede-nos de ter o que chamo de "confiança garantida", algo que se consolida pela fé com entendimento. É claro que um crente pode ter confiança em Deus pela fé, mas sem a robustez que o conhecimento de Deus proporciona.
Entendo também que Deus não quis nos deixar ignorantes em relação a algo tão importante e que afeta a vida dos eleitos neste mundo, como o mal. Infelizmente, parece que não estamos preparados para a verdade completa, e nos contentamos com parte dela.
Graças a Deus que não dependemos disso para a salvação; mas o conhecimento correto de Deus a partir da Escritura (sem melindres, exitação ou temores), apenas trará maior gozo e confiança no eleito, sabendo que Deus cuida de cada área da existência (muitas que desconhecemos), de cada parte da criação, controlando-a absolutamente, sem que nada escapa-lhe; sustentando todas as coisas pelo Seu poder.
E, no fim, a glória é somente dEle, seja no conhecimento do salvo que o tem pela revelação divina, ou pelo não-conhecimento do réprobo, ao qual Deus não quis se revelar.
Grande abraço, meus irmãos!
Fiquem na eterna e gloriosa paz do nosso Senhor Jesus Cristo.
Graça e paz Jorge,
ResponderExcluircom tantos argumentos teológicos eu me sinto pequeno demais em argumentar qualquer coisa (rs). Mas, eu concordo com o Ricardo e assino em baixo também em seu argumento.
Fique na Paz!
Pr. Silas
Pr. Silas,
ResponderExcluiré uma honra tê-lo aqui, e ainda mais em saber que aprovou a argumentação. Quanto a ser pequeno ou não para argumentar, o que somos diante de Deus? Nada! Mas aprouve pelo Seu amor nos fazer filhos adotivos em Cristo.
O importante é que estamos aprendendo, e conhecendo o Senhor, pela Sua graça e misericórdia. No final das contas, é isso o que importa: que cada um de nós possa ser aperfeiçoado em sabedoria e amor na comunhão com Deus e os irmãos.
Grande abraço, meu irmão e amigo!
Cristo o abençoe!
Mais um pouquinho...
ResponderExcluirAlguém muito chato (ou seja, eu mesmo) ao ler (reler) o que eu escrevi pode alegar que o pecado já existia antes da lei...
Chato este cara... então "eu mesmo" terei que responder para "mim mesmo", vamos lembrar os textos:
"... porque pela lei vem o conhecimento do pecado" Romanos 3.20b
"Porque até à lei estava o pecado no mundo, mas o pecado não é imputado, não havendo lei." Romanos 5.13
- Nesta hipótese o conhecimento de pecado teria vindo com a lei, mas somente o conhecimento dele, pois o pecado já existiria antes pois o texto outro diz que antes da lei (até à lei) o pecado já estava no mundo;
E agora?
Quando eu estava falando do "pecado" de Abraão ("incesto" antes da lei), e quando eu estava falando do "pecado" de Sodoma ("sodomia" antes da lei), e estava falando do "pecado imputável' ou do pecado que era considerado como pecado efetivo.
Sim pode-se dizer, e a Bíblia afirma isto, que o pecado já existia e era praticado antes da lei, mas somente depois do conhecimento dela é que ele passou a ser imputado (contado, cobrado, validado como pecado).
Mas e como fica a minha acertiva que disse que "Deus teria criado o pecado no mesmo dia em que criou a lei"?
Veja que eu leio o texto assim "... porque PELO CONHECIMENTO da lei vem o conhecimento do pecado".
- Assim eu não vejo somente como o pecado existindo antes da lei, a própria lei já existia antes de ela ter-se tornado conhecida.
- A Lei não foi criada quando Deus a disse pela primeira vez para Adão, ou para Noé, ou para Moisés.
- Quando Ele as disse, Ele apenas tornou conhecida deles o que na sua mente já era um fato eterno ou um decreto eterno decidido antes da fundação do mundo.
Então na eternidade quando Deus sentou consigo mesmo e disse "Façamos... ou venhamos a decidir como será a Nossa Lei para o homem..." neste momento eterno, antes da fundação do mundo, ao decidir criar o mandamento "Não adulterarás", neste mesmo momento o pecado (ou a possibilidade do pecado) foi criada também por Deus.
A história começou, e o pecado só surgiu efetivamente no homem através do primeiro Adão e a partir dele foi imputada a mesma natureza aos demais, mesmo que não tenham pecado nenhuma vez a natureza da maldade estava impregnada neles (bastava deixar fluir que ela se manifestaria com toda a intensidade possível).
Então desde Adão até a lei muitos pecados foram cometidos, mas não imputados pois o "não adulterarás" ainda não tinha chegado ao conhecimento do homem.
Espero ter explicado.
Assim como a morte de Cristo é um fato eterno e ocorreu nos decretos de Deus antes da fundação do mundo, da mesma forma a Lei, o pecado (ou a possibilidade dele).
"... no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo". Apocalipse 13.8b
Isto também me faz entender o porquê das palavras de Jesus em dizer que haveria menos rigor no dia do juízo para com os de Sodoma do que para com os de Cafarnaum (foi Cafarnaum? Acho que foi...), pois uns tinham "pecado" antes da Lei (Sodoma na sua sodomia), e os outros tinham pecado depois do conhecimento da Lei e dos profetas (Cafarnaum na sua incredulidade).
Caro Natan,
ResponderExcluirEu citei os textos bíblicos sabendo das implicações contrárias, especificamente a assertiva corrente de que Deus "não faz o mal moral", e que os textos se referem ao MAL como as "desgraças" que são enviadas por Ele. Aliás, a Bíblia de Genebra (que eu gosto e uso), explicita bem isso em seus comentários.
Na verdade eu também não quis me estender muito, apenas lançando o caminho para a discussão caminhar. Eu, o Jorge e alguns amigos já discutimos muito essa história das "causas primárias e secundárias"; do mal como "não ser", blábláblá. Inclusive já tive um pequeno entrevero com um irmão exatamente por não aceitar essa explicação "filosófica" para a existência do mal não vinculada diretamente a Deus (segundo o pensamento agostiniano).
Portanto, concordo com o Natan nas suas explanações. Inclusive discordo, em essência, com a explicação dada (ontologicamente) sobre o "carro e a ferrugem", porque a ferrugem não existe por si mesma, ela necessita da existência da matéria que lhe possibilita a existência. Assim o mal: existe como uma ação imediata ou mediata de Deus, como queiram, mas nunca em (e por) si mesmo. E, desde que nada existe em si mesmo divorciado da vontade criadora de Deus, tudo foi por ele criado, mesmo o mal, ainda que não possa ser imputado contra ele, pois Ele, como Criador, é absoluto, e não pode ser alcançado pelas coisas criadas. E ponto.
É assim que creio, sem medo de colocar Deus como Supremo criador de tudo, inclusive do mal moral.
Ricardo
Jorge...
ResponderExcluirApenas uma explicação.
Não me furtaria de participar dessa máteria, mas estou no momento impossibilitado de faze-lo no momento. Assim, que for possível postarei algo sobre essa temática e (inclusive) sobre os seus post referentes a ela.
No mas...
Graça e Paz.
Esli Soares
Natan,
ResponderExcluirsua colocação quanto ao mal decretado eternamente é correta, e com a qual me alinhavo. A questão que envolve algumas discussões e dúvidas está relacionada com o tempo. O decreto é eterno pois a vontade divina é eterna e imutável. Assim o mal (seja moral ou natural), o pecado, a Queda, etc, tudo isso foi planejado e decretado na eternidade, enquanto, para nós, elas acontecem no decorrer da história, no tempo (o qual é criação também).
Portanto é procedente a sua afirmação de que tanto a Lei como o Pecado já existiam antes da fundação do mundo.
Querer colocar o mal e o pecado como algo "inesperado" fragilizará o correto entendimento e conhecimento de Deus como Senhor e Todo-Poderoso. E levará inevitavelmente à rejeição de boa parte da revelação escriturística, assim como os liberais, os descontinuístas radicais e heterodoxos fazem, pinçando aqui e acolá o que lhes atende os interesses, alegorizando e relativizando a verdade absoluta.
Mais uma vez, obrigado por sua rica participação.
Abraços.
Ricardo,
ResponderExcluirO mais estranho é muitos de nós se contentarem com o paradoxo: Deus é soberano e o homem livre (seja em qual nível for, mesmo no da vontade), como se Ele quisesse nos confundir ou não deixar que entendéssemos o que deixou claramente exposto.
A verdade quando proclamada integralmente traz conforto, segurança e esperança ao eleito. Não entendê-la corretamente como revelada pode trazer dúvidas, incertezas e temores. Isso nada tem a ver com salvação, mas com uma vida cristã integral.
Obrigado por sua sempre substancial colaboração.
Abraços.
Pr. Esli,
ResponderExcluirserá uma honra tê-lo novamente por aqui com suas exposições bíblicas.
Sei que teremos muito a aprender consigo.
Grande abraço!
Cristo o abençoe!
Caro Jorge, já que me autorizou dar "pitaco" a despeito da longa exposição feita pelo irmão Ricardo é inútil ficar cruzando versículos e chegando a conclusões aparentemente grandiosas e talvez distantes do que a Bíblia realmente revela. Salvação infantil sempre foi uma das grandes questões da teologia cristã. Quanto ao pecado de Sodoma e Gomorra não serem a forma pela qual praticavam o sexo, o movimento GLS do mundo agradeceria profundamente. Outras questões como ter-se mais de uma esposa, casar-se com parentes, possuir escravos ( a Bíblia não se pronuncia sobre a questão até hoje ), a existência e a imposição cultural dos eunucos, existentes até hoje na Índia, etc. Aparentemente com o intuito sincero de responder todas as questões e dilemas, ainda que bíblicos parece ser um caminho rápido e seguro para desviar-se do que é realmente mais importante.
ResponderExcluirUm abraço a todos.