Por Jorge Fernandes Isah
Primeiro, vamos definir alguns termos segundo o dicionário Priberan:
Amor(1) - 1.Sentimento que induz a obter ou a conservar a pessoa ou a coisa pela qual se sente afeição ou !atração.
2. Paixão atrativa entre duas pessoas.
3. Afeição forte por outra pessoa.
4. O próprio ser que se ama. (Usado também no plural)
Verdade(2) - 1. Conformidade da ideia com o objeto, do dito com o feito, do discurso com a realidade.
2. Qualidade do que é verdadeiro; realidade; !exatidão; coisa certa e verdadeira.
3. Por ext. Sinceridade, boa-fé.
4. Princípio certo; axioma.
Agora, pense um pouco: é possível haver amor sem verdade?... A maioria, certamente, dirá que não. É impossível conciliar o amor em meio à mentira, a hipocrisia, ao engano. Intelectualmente a resposta é bem mais fácil de obter. Mas, e na prática? Será que vivemos a verdade quando dizemos andar em amor?
Hoje em dia, é muito comum se ouvir dizer: irmão, deixa de ser crítico, o importante é o amor. Ou, devemos amar os nossos irmãos ainda que estejam no erro. Ou, Deus amou o mundo, por que não podemos amá-lo também? Ou, julgar é pecado!... E segue-se uma lista de expressões tão fúteis quanto incoerentes quanto mentirosas, no sentido de que se é possível caminhar em amor com alguém que transita no erro sem apontar-lhe o erro, ou pior, fazendo “vistas grossas” ao engano, como se ele não existisse, ou fosse irrelevante.
O amor, por si só, é inclusivo. Posso amar uma pessoa ainda que ela não me ame, e posso ser amado por alguém sem que eu o ame. Porém, a verdade é exclusiva, ela não se juntará ao erro ou engano, mas o revelará, a expor-lhe o falso caminho. Por isso satanás se empenhou em destruir a verdade no coração do homem. Desde o Éden, o seu trabalho incessante é com o objetivo de desqualificar, relativizar e descontextualizar a verdade, ao ponto em que ela seja desfigurada, descaracterizada e, por fim, inexista como um princípio racional e moral; sendo removida e substituída pela irracionalidade e pela má-fé ardilosamente tramada. Por isso o mundo não quer saber de absoluto, nem de verdade, pois, onde ela estiver a fraude ficará evidenciada, e será desmascarada; e a mentira se torna a opção mais servil, favorável e multifacetária aos intentos do seu autor.
Biblicamente o que é o amor? Segundo Paulo, “O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem. Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros” (Rm 12.9-10)... "O amor... não folga com a injustiça, mas folga com a verdade” (1Co 13.6).
Segundo Cristo, “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim... Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama” (Jo 14.6, 21).
Segundo João, “O amor é este: que andemos segundo os seus mandamentos. Este é o mandamento, como já desde o princípio ouvistes, que andeis nele" (2Jo 1.6).
Antes de definir o amor como os dicionários fazem a Bíblia revela-o na manifestação dos atos divinos. Mais do que explicar, ela demonstra-o. Mais do que classificá-lo, ela exprimi-o não somente por palavras, mas por gestos. Ao invés de ser um simples postulado, ela o comprova factualmente; e a prova maior é que Deus entregou o Seu Filho Amado por amor dos eleitos. Da mesma forma, a vida cristã não se resume a um emaranhado de teorias desconectadas da realidade, a vida cristã está voltada para a prática muito mais do que para as especulações. Não que a teoria ou doutrina seja irrelevante. Não é isso. Sem uma base doutrinária sólida e biblicamente fundamentada, a vida cristã se revestirá de múltiplos subjetivismos, e qualquer um fará o que lhe der “na telha”, segundo aquilo que julgar melhor. Mas esse julgamento em nada terá a ver com a verdade, logo, não é objetivo, nem santo, nem justo, pois não procede de Deus. A verdade não admite metades, nem tons cinza, nem possibilidades, nem pode ser amoldada ou ter a sua ordem transigida. Como disse várias vezes, não há muros onde subir e no qual se encontre a verdade. Ela é única, monopolizadora, polarizadora, opondo-se e suprimindo toda a mentira.
Cristo é a verdade, “e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 8.32) de todo engano, do pecado, que é a mentira impossível de que se pode opor a Deus impunemente; de que a desobediência não será castigada; de que pouco importa a maneira como irei servi-lO, desde que o faça piedosamente, ainda que essa piedade não passe de um erro em si mesma, quando ela se disfarça de devoção, mas uma devoção cujos fins, ainda que aparentemente bíblicos, não são justificados nem se enquadram nos padrões determinados por Deus. Há uma expressão, “pia fraude”, que indica exatamente uma mentira ou engano para um fim piedoso. Portanto, o padrão de obediência a Deus não está na piedade, mas na verdade que levará à piedade. Qualquer forma de amor será vazia se não estiver firmada na verdade. Posso dizer que amo uma pessoa e vê-la caminhar seguramente para o inferno sem admoestá-la quanto ao caminho que a levará à perdição. Posso dizer que a amo e ainda assim não me sentir incomodado por seus pecados. Isso, invariavelmente, indicará que não estou na verdade, ou ela em mim, pois, se estivesse, não me conformaria com a hipótese de alguém infringir deliberadamente a santidade divina pela dissolução. Se não me importo com o pecado alheio, não me importo com os que pecam, nem com Deus que abomina o pecado e o pecador. Então, o pseudo-amor não passará de um artifício para justificar a omissão e o conluio com o pecado do próximo (o que significa pecar conjuntamente com o outro pecador); e o crente condescendente não passará de um traidor, um escândalo para tudo o que é um cristão bíblico. O amor implicará no desejo de que as pessoas andem na verdade, amem-na, arrependam-se dos seus pecados, odiando-os com o que há de mais santo em seu íntimo, assim como Cristo (Hb 1.9).
Tentar justificar qualquer atitude ou postura com base naquilo que não é bíblico, é uma tentativa de sustentá-lo através do engano. A mente humana é prodigiosa em se autovalidar, e o que muitos de nós têm feito é exatamente isso, dar chancela a algo que não procede da vontade de Deus, mas unicamente tem por significado nos justificar diante de nós mesmos e, de certa forma, diante da Igreja e de Deus. Usar o argumento de que tal procedimento não está proibido expressamente na Escritura, não quer dizer que ele seja autorizado. Nós ainda não nos acostumamos completamente com a subserviência, o sujeitar-se ao nosso Senhor, e queremos propagar uma liberdade que não temos. Onde está escrito que o escravo tem alguma liberdade? Cristo nos comprou com o Seu sangue para nos libertar do pecado e da maldição do inferno, para habitarmos o seu Reino de glória, e para que tivéssemos uma íntima comunhão com Deus. Mas, em momento algum, ouve-se dizer que temos liberdade para fazer isso ou aquilo à revelia da Escritura. A menos que não a consideremos nossa regra de fé. A menos que a desprezemos, não a julgando como a fidedigna palavra de Deus. A menos que falemos da boca pra fora, porque não recebemos o amor da verdade para a salvação (2Ts 2.10). A menos que o nosso coração esteja tão arraigado às coisas do mundo, que a melhor das atitudes é a negligência e a desobediência. Seria isso uma prova de amor ou de desamor? Não seria o mesmo que buscar justiça na injustiça? Cristo em Belial? Fidelidade na infidelidade? Deus entre os ídolos? (2Co 6.14-16). Ou, para ser mais claro ainda, verdade na mentira? Contudo, fomos gerados pela palavra da verdade, para não errarmos, porque toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação (Tg 1.16-18).
Mas julgamos que Deus é mutável, e se é, não se importará em que alteremos um pouquinho aqui e acolá o que nos revelou expressamente, ou mesmo com aquilo que está implícito, mas que pode ser entendido como a Sua manifesta vontade. Algo definitivamente reprovável é quando se quer adaptar a Escritura, o padrão máximo e perfeito da vontade divina, ao padrão mínimo e sedicioso da vontade humana. Em nome das possíveis brechas que acreditam haver na Bíblia (outra corrupção de suas mentes), querem preencher as supostas lacunas com o que de mais desonesto e mesquinho podem gerar.
E gritam a plenos pulmões: “Amor! Amor! Amor!”, enquanto o verdadeiro amor será manifestado na obediência a quem se ama, na forma como se sujeitará e honra-lO-á. Palavras como edificar, crescer, santificar e glorificar só significarão alguma coisa se estiverem em acordo com a obediência. Sem obediência serão apenas expressões “ao léu” que, de fato, nada representam, nem têm sentido.
Sem o menor pudor, de uma forma maligna, tem-se abandonado qualquer disposição de obediência à Palavra, revelando o nosso desprezo; envolvendo-nos em uma falácia espiritual em que se camufla amorosa, piedosa, e não mentirosamente a verdade, quando se tem especializado no mais sórdido padrão de desobediência, e a verdade se tornou em um mero detalhe, onde, dizem, o que vale é o amor. Mas não é essa uma forma dos homens deterem a verdade em injustiça? (Rm 1.18).
O salmista escreveu: "A tua palavra é a verdade desde o princípio, e cada um dos teus juízos dura para sempre... A tua palavra é muito pura, portanto, o teu servo a ama" (Sl 119.160, 140).
O amor, como Paulo diz, é o maior de todos os dons. Usá-lo como escudo para a desobediência além de desamor é pecado. O amor verdadeiro não é inimigo da verdade, nem a verdade inimiga do amor. Eles se complementam, são indissociáveis, não andam separados. Quem espera ou acredita na desagregação entre o amor e a verdade é o crédulo no impossível: crer na mentira do Evangelho.
Mas aquele que está na verdade não teme nem precisa temer o amor, porque o amor perfeito lança fora todo o temor (1Jo 4.18); "de sorte que o cumprimento da lei é o amor" (Rm 13.10).
Nota: (1) O principal verbo hebraico para amor é “aheb”, enquanto para o grego há várias palavras: “agapao”, “phileo”, “eros”, “philadelphia”, etc. Resumindo, do ponto de vista bíblico, a palavra amor significa “a comunhão entre as pessoas baseadas em atos de auto-sacrifício. Tal amor é a bondade voluntária e deliberada, estendo-se até mesmo aos inimigos por quem não se tem qualquer afeto pessoal” (Dic. Bíblico Wycliffe).
(2) Do heb. "emuna", e do grego "aletheia".
Prezado irmão Jorge,
ResponderExcluirparece-me que na mentalidade evangélica atual amor e verdade não se misturam. São excludentes. As pessoas agem em nome de um amor acomodado e agem em função disso. Quando tratamos pecado com amor, escancaramos as portas para o mal. O amor dever mesclado com a verdade e a verdade deve atuar em amor. Essa visão de amor e verdade isolados somente nos remete a uma visão de Deus esquizofrênica. As pessoas acham que Deus é amor e pronto. Departamentalizam Deus e querem forjar uma visão do todo. Deus é tudo ao mesmo tempo. Amor, justiça, santidade, verdade etc. Quando Ele age em amor, Ele o faz em amor santo, justo, verdadeiro etc. Amor nunca é neutro. Verdade nunca é neutra.
Parabéns pelo belo discernimento alcançado. Continue em frente.
Um abraço
Pr. Luiz Fernando,
ResponderExcluirÉ isso aí! Não há como dissociar o amor da verdade, nem a verdade do amor. Eles sempre estarão em unidade, indissociáveis.
Infelizmente, em nome de um pretenso amor, muitos excluem a verdade, como se fosse possível, e a obediência como algo descartável. Muitos pensam: Para quê obedecer a Deus se ele me ama? Mas o amor não é também obediente? Não é o que Cristo nos revelou? Quem não obedece não ama, e vice-versa.
Não sei a opinião do irmão, mas, ao meu ver, o subjetivismo entre os crentes é uma verdadeira praga, por que ele leva as pessoas à desobediência em nome de um amor que não passa de transgressão.
Cristo nos abençoe e santifique a ser cada dia mais semelhantes a Ele.
Obrigado pelo comentário. É sempre um prazer tê-lo aqui no meu minifúndio virtual.
Forte abraço.
Jorge,
ResponderExcluirDiante do que escreveu qual a sua interpretação de Mateus 7.1.6? O crente pode julgar?
Sílvio,
ResponderExcluira palavra "julgar" significa proferir uma sentença, decidir como juiz ou árbitro,ou seja, condenar ou absolver alguém.
Não creio que essa seja uma prerrogativa humana, à exceção, dos magistrados que são constituídos por Deus para tal.
O Senhor Jesus em Mt 7.1-6, combate exatamente a hipocrisia daquele que tem uma trave no olho mas está preocupado em tirar o cisco do olho alheio. Seria o mesmo que eu apontar o dedo para um irmão acusando-o de pecado, enquanto eu vivo no mesmo pecado que ele. Primeiro, tenho de me livrar do meu pecado (a trave), para depois exortá-lo a arrepender-se do seu (o cisco).
De forma alguma Cristo proibe o julgamento, pois, Ele mesmo nos exorta a observar os frutos para se saber a procedência da árvore.
Ao meu ver, o julgamento que ninguém deve fazer é o de se tal irmão é salvo ou não, vai para o céu ou inferno. Isso não nos compete, mas somente a Deus que sonda os corações, e é quem opera a salvação nos eleitos.
Uma pessoa que vive na impiedade, pode, pelo poder de Deus, ser resgatada da condenação ainda que tenha cometido pecados hediondos. Posso mesmo me assustar na eternidade com algumas pessoas que julgava condenadas e estarão ao meu lado louvando e glorificando o Senhor.
Temos de entender que o nosso julgamento é falho, exatamente porque somos imperfeitos e pecadores. Contudo, a Escritura nos revela o que é o pecado (pela Lei Moral), e a necessidade de exortar o irmão que está no pecado. Há regras bíblicas claras, inclusive, de como a Igreja deve disciplinar um irmão que está a persistir no pecado, apesar das advertências.
Pedro afirma que o julgamento deve começar pela igreja, e Paulo pergunta aos Coríntios se não havia ninguém sábio entre eles para julgar os problemas entre os irmãos. Portanto, Cristo está combatendo verdadeiramente a hipocrisia e não o juízo que o crente deve fazer não somente do mundo, mas também da própria igreja. Devemos zelar pela santidade, pela pureza doutrinária, pela reverência a Deus, ou seja, por todos os princípios bíblicos que nos foram entregues.
Nesse caso, o julgamento não é uma condenação humana, mas a condenação bíblica, pois, aos rebeldes ela revelará o seu pecado e a sua punição.
De qualquer forma é um assunto complexo, porém, reafirmo o que disse: Em Mt 7.1-6, Cristo combate a hipocrisia, e o julgamento como uma sentença condenatória àcerca da salvação (se fulano é salvo ou não). Quanto ao caminhar na fé dada uma vez aos santos, todos os santos não somente devem mas têm o dever de zelar pela pureza da igreja, conforme o alerta do Senhor: "E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano" (Mt 18.17);
e de Paulo: "Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais. Porque, que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro? Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai pois dentre vós a esse iníquo" (1Co 5.11-13).
Como vê, o julgamento é preciso, mas à luz da Escritura e não da nossa mente caída. Por isso a santificação é fundamental, pois, sem ela, agiremos carnalmente, como inquisitores, e não em amor tanto para com Deus, para com a Igreja, como para com o próximo. O objetivo nunca deve ser o de condenar, mas o de ser instrumento de Deus para trazer o pecador à santidade; mas isto não nos exime de aplicar os princípios bíblicos da correção (como consequência do juízo bíblico), a fim de não se contaminar o Corpo de Cristo.
É mais ou menos isso.
Espero tê-lo respondido.
Abraços.
Concordo que a verdade está cada vez mais distante da igreja. O que a gente vê é pregação, louvor e muita coisa que não tem nada com o culto. É o acrescimo humano a Bíblia, muita coisa que não tem respaldo na Bíblia é praticado como se fosse de Deus mas é coisa do diabo, para agradar o diabo e seus demonios.
ResponderExcluirA igreja não é mais o lugar das ovelhas mas dos bodes. A muito tempo atrás o crente era conhecido. A gente olhava para um e dizia, esse é crente. Hoje em dia, crente e incrédulo é tudo a mesma coisa, eles fazem a mesma coisa, se vestem do mesmo jeito, ouvem a mesma música, vao ao mesmo bar, e até vão na mesma igreja. O crente de hoje não tem mais o sinal de Cristo, mas da besta. É duro, mas a mentira se tornou verdade e a verdade mentira. Ninguém quer tomar a sua cruz e seguir a Jesus. O crente de hoje quer é sombra e água fresca, é moleza e ser aceito pelo mundo. As igrejas estão podres assim como os pastores e ministérios estão podres, comidos pela praga do pecado e do que é mundano.
Parabéns pelo texto.
Carlos,
ResponderExcluirHá de se entender duas diferenças no que você disse:
1)De que há a Igreja verdadeira, pela qual Cristo morreu, e esses fazem parte do Corpo de Cristo, e jamais serão lançados fora, e zelaram por aquilo que é bíblico e verdadeiro.
2) Há igrejas que estão preocupadas exclusivamente consigo mesmas, e rezam a mesma cartilha que satanás deu ao mundo, e se adaptam a ele, e servem aos seus ideais malignos. Essas igrejas não têm nada a ver com o Corpo de Cristo, não fazem parte dEle, estão condenadas ela mentira, repudiam a verdade.
Portanto, não há porque ser pessimista; ainda que o remanescente dos eleitos seja pequeno (no que alguns não concordam, não é Natan?) tudo ocorrerá segundo a vontade divina. Cabe a cada um de nós, eleitos de Deus, zelar pela fé dada uma vez aos santos, em obediência e servidão ao nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Obrigado pelo comentário.
Volte sempre.
Sílvio,
ResponderExcluirAinda quanto a questão de Mt 7.1-6, ao reler sua pergunta e a minha resposta, veio-me à mente o seguinte detalhe:
Cristo ao dizer que "com o juízo que julgares sereis julgado", alerta-nos de que, julgando hipocritamente o próximo, além de estarmos em pecado (não pelo julgamento em si, mas pelo julgamento hipócrita, ou seja, por estar em pecado, fazer vistas grossas a ele e apontar o dedo para o irmão), seremos julgados pelo pecado da hipocrisia.
Ao meu ver, o alerta do Senhor está evidenciado pela sentença: "com a medida que medires sereis medido".
A hipocrisia, entre outras coisas, visa tirar o foco de nós e transferi-lo a outro, com o nítido objetivo de esconder nossos pecados através da revelação dos pecados alheios. Logo, além de tudo, há uma evidenciada intenção de não arrependimento e não regeneração no hipócrita. Ele quer que todos os olhares se voltarem para o alvo do seu julgamento, e aos olhos humanos ele se revista de uma santidade que não possui, pelo contrário, sua alma se delicia na vergonhosa pecaminosidade.
Por isso, o Senhor Jesus condenou tão peremptoriamente os fariseus, sacerdotes e escribas por suas atitudes hipócritas.
Em Mt 23, Ele proclama em alto e bom som suas atitudes e o seu destino final.
Há pessoas que vêem na proclamação do Senhor uma atitude de amor. Mas não consigo vê-lo amando aqueles que tão veementemente chama de "raças de víboras", "sepulcros caiados", "condutores de cegos", "hipócritas", "assassinos"("a uns deles matareis e crucificareis; e a outros deles açoitareis nas vossas sinagogas e os perseguireis de cidade em cidade"). Senão, qual a razão de proferir: "serpentes, raça de víboras! como escapareis da condenação do inferno?" (v. 33).
Para mim, Cristo está proferindo um julgamento contra os fariseus e escribas. Não vejo de outra forma.
Abraços.