19 agosto 2008

PECADO











Por Jorge Fernandes

O pecado arromba a porta,
Empurra-me ao abismo,
À sua beira, sinto que não preciso cair,
Mas as trevas profundas,
E no prazer ignominioso,
Lanço-me à desolação;
Sei que sofrerei,
Sei-me odioso,
Não devia permiti-lo,
Desprezo ao meu Senhor,
Ao alertar-me, dá-me não escolher o mal,
Fico a ruminar a idéia,
E como num cabo-de-guerra,
Vejo-me a puxar e tracionado,
Atraído pelo desvio,
Ainda embatendo-me,
Já derrotado.

Ao seduzir a ofensa,
Persuade-me a falsa promessa,
Domina-me,
E a convicção de cair vítima do erro,
Faz-me tenaz em obtê-lo.
Não é mais uma luta...
A dúvida cedeu ao vigor abjeto,
Hesitação virou crença,
Quando, é a questão,
Se agora ou em qual momento,
Detalhe sórdido a prolongar a queda.

Demônios riem-se,
Esfregam as mãos,
É só o tempo,
De apertar-me o laço,
Para que o folguedo comece
No inferno.

O delírio num flash,
Tenho as mãos sujas,
Os pés olhos e um coração podre,
Lodaçal a impregnar a pele,
Pragas erguem ninhos nos cabelos.

Quero chorar,
Rasgar-me num grito,
A madrugada a esconder-me,
Qual meliante furtivo,
Socar-me à parede,
E ver que nada disso mitiga a dor,
Ou faz renascer a alma morta.

Careço de perdão,
Eu mesmo não o faria,
Então de joelhos,
Curvo-me envergonhado,
Triste,
Pela tentação a rondar solerte;
Então clamo,
Orando ao meu Senhor,
Que se compadeça,
Apiede-se de mim,
Livre-me da culpa,
Que carrego como constipação.

E somente Ele,
O Rei da graça,
Ouve-me...
As dívidas liquidadas,
Pois o resgate,
Ele pagou
Na cruz.

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