Jorge F. Isah
Já ouviu de Jim Jones?...
Se pudesse resumir a figura de Jim Jones
em uma frase: ele foi um vigarista!... Não, um apóstata!... Um
psicopata!... Um assassino!... Talvez
essas e mais outras tantas o retratariam, mas fato é que Jim Jones,
passados quase 50 anos do massacre em
Jonestown, permanece um enigma. Para
alguns foi um líder socialista. Outros, o próprio deus reencarnado. Ainda
outros, esperança. Foi cabo-eleitoral. Ativista de direitos das minorias.
Mensageiro de uma nova ordem. Porém, quem era mesmo?
Nascido James Warren Jones, em Randolph,
Indiana, aos 13 de maio de 1931, filho de James Thurman Jones e Lynetta Putnan.
O pai foi ex-combatente na 1ªGrande Guerra e sofreu com as sequelas das
trincheiras, tendo sérios problemas nos pulmões que o debilitavam e impediam de
executar tarefas físicas. Tornou-se alcoólatra e um pária que dependia da
assistência estatal e do salário da esposa, apesar de vir de uma família rural
e financeiramente estável. Lynetta era um caso à parte. Trocou várias vezes o
próprio nome, se dizia descendente dos Cherokees, e vivia enaltecendo a sua
origem, empregos e feitos que nada tinham a ver com a realidade. Fantasiava a
fim de satisfazer-se e de minimizar o próprio autodesprezo: uma forma de não
ser obrigada a aceitar o que todos viam, mas se recusava a ver.
Com isso, Jim vivia a perambular pelas
ruas; era alimentado pelos vizinhos; muitos o recebiam durante o dia enquanto a
mãe estava no trabalho e o pai no boteco. Algo que a pequeno vilarejo de Lynn
se dispôs a fazer, mesmo a família Jones sendo vista como esquisita. O pai era
vítima da guerra, um combatente necessitado de piedade e, por isso, ganhou a
simpatia de todos. Lynetta, pelo contrário, era arrogante, desbocada e
grosseira, as vezes estúpida, falava o que lhe dava na teia e não raro exaltava
a sua sinceridade, quando na verdade era apenas insolente e rude. Os Jones
também não frequentavam nenhuma igreja e não professavam nenhuma fé, algo
inusitado em uma comunidade maciçamente cristã.
Aos domingos, a mãe de Jim ficava em casa,
o pai era visto no mesmo bar, enquanto os demais moradores se distribuíam nas
congregações da região.
Jim, desde pequeno, tinha uma obceção pela morte, e
fazia questão de frequentar todos os cultos, em todas as igrejas. Era possível
vê-lo saindo de uma em direção a outra e assim sucessivamente. Chegou a se
batizar em várias delas. Reunia os amiguinhos para sepultar animais mortos,
momento em que pregava e entrega as suas almas. Com o tempo, passou a matá-los,
e seus longos sermões afastaram de vez a assistência.
Desde a adolescência, leu muito sobre socialismo,
comunismo e nazismo, tendo Lenin, Stalin e Hitler como seus ídolos, e Mao
Tsé-Tung por herói. Cada vez mais se interessava por assuntos ligados ao
racismo, à pobreza, e acreditava que o objetivo de Jesus era trazer a igualdade
entre todos os homens; com isso, o alvo das suas “pregações” eram os pobres e
miseráveis e negros e índios, cujas expectativas Jim queria suprir. A ideia de
um mundo igualitário não era uma armadilha para apanhar incautos, no início, mas
no decorrer da trajetória “messiânica” ele simplesmente os manipulava ao seu
bel-prazer, com o fim de sustentar o seu poder e o culto pessoal.
Uma boa intenção à princípio levou Jim a
gradualmente extorquir e se apoderar dos recursos dos membros, com o mote de
criar um paraíso terreno, já que não existia o celestial. A sua capacidade não
pode ser desprezada, já que não alcançava apenas a ralé social, mas incorporou
ao seu séquito contadores, engenheiros, médicos, jornalistas, políticos e ocupou
cargos na prefeitura de Indianápolis e São Francisco. Foi bajulado por
candidatos à promotoria, câmaras legislativas e, até mesmo, pela esposa do
futuro presidente Jimmy Carter, Rosalynn, e o candidato a vice, Walter Mondale.
Era ferrenho defensor do grupo “Panteras Negras”(de
viés marxista-leninista), que, em meio ao discurso de justiça e promoção dos
direitos sociais, tornava-se mais e mais violento e agressivo, a ponto de
torturar e matar desafetos. Eles foram a inspiração para Jim Jones, que se tornava
também cada vez mais paranoico, acreditando que o governo americano o
perseguia, a criar a sua própria segurança armada, um pequeno exército a
serviço do pavor e coação. Segundo os critérios do próprio líder, que não
precisava de provas ou investigação para transformar um aliado em inimigo,
qualquer um podia ser “abordado” pela tropa, num claro sinal de ameaça.
Em certo momento, no início dos anos 1960, Jim quis
migrar o templo para o Brasil, e escolheu Belo Horizonte para sede (em uma
lista das cidades mais seguras do mundo, para o caso de haver um ataque nuclear).
Veio com a esposa e braço direito, Marceline, os filhos naturais e adotivos (a “família
arco-íris” se compunha de crianças de origem coreana, indígena e negra, além
dos legítimos). Contudo, se no país natal era um líder em ascensão, em meio ao
espírito naturalmente bagunçado do brasileiro, que não tinha qualquer ligação
com as pautas sociais e políticas americanas, viu-se apenas como mais um
missionário. Não conseguiu apoio do governo, políticos, e muito menos da elite
mineira. Desiludido, dois anos depois foi para o Rio de Janeiro onde também
passou ileso, a não ser por prostituir-se, com o consentimento ainda que
consternado de Marceline (sua esposa), ao dormir com uma ricaça e levantar
fundos de US $ 5.000,00 para um orfanato. É aquela história pragmática dos
meios justificarem os fins, quando a amoralidade encontra a melhor, talvez a
mais oportuna, justificativa para o desejo intolerável.
De volta, criou uma comuna, em Mendocino, na
Califórnia. O local era quase um campo
de concentração: havia toque de recolher, as visitas não eram permitidas, sair
somente com autorização; a correspondência dos membros era vigiada e, se
necessário, censurada; os telefonemas eram rigorosamente controlados; a ordem
era trabalhar e se dedicar integralmente às atividades da comuna e, nos
“sermões”, Jones sempre batia na tecla do “nós contra eles”, algo facilmente
discernível hoje nos movimentos progressistas (infelizmente, por um tipo de
osmose, muitos “conservadores e de direita” também têm utilizado o mesmo ardil.
E a máxima de Goebbels se espalha como peste: “Uma mentira dita mil vezes
torna-se verdade”).
Por essa época, Jones resolveu ter uma amante fixa
entre seus “súditos”, mas, para efeitos públicos, a fidelidade a Marceline
permanecia. À medida que o seu apetite sexual, associado ao vício alcoólico e
posteriormente a drogas mais pesadas, os relacionamentos com mulheres e homens
tornou-se notório entre os membros do Templo. O surreal, para não dizer outra
coisa, era a proibição aos demais membros de serem libertinos e poligâmicos,
bêbados, drogados e gays. A máxima do “faça o que eu digo, não faça o que faço”,
mostrava o nível de hipocrisia a pairar no Templo do Povo.
Se a membresia tinha de se sujeitar a trabalhos
extenuantes e forçosos, além das rações alimentícias insuficientes para suprir
as demandas físicas, e praticamente viverem amontoados em quartos com outros
doze ou treze colegas, Jones reservava a si mesmo um estilo de vida quase
nababesco: permitia levar a família (com a amante junto) em férias anuais,
viagens e passeios esporádicos, idas a cinemas, McDonalds, e utilizar roupas de
grife. Foi por essa época que adotou o indefectível óculos escuros, e nunca estava
em público sem eles.
Dali, sairia, em 1974, para uma aventura na Guiana
Inglesa, país onde o socialismo governava e a comunicação não seria impecílio.
No meio da selva inóspita, o Templo do Povo poderia, finalmente, se ver livre
das perseguições americanas e proteger-se de um futuro ataque nuclear. Com o
aval do primeiro-ministro Burnham, que via na comuna a saída para as constantes
ameaças de invasão da Venezuela na fronteira, destinou-lha uma área na região
de Port Kaituma. A colônia agrícola de americanos talvez fizesse o governo
venezuelano ponderar nas consequências de ataque a cidadãos da maior nação do
mundo, e isso refrearia o seu espírito expansionista e belicoso.
Por dois anos, um grupo de 50 membros foi
responsável por construir as instalações a fim de receber os cerca de 600
postulantes inicialmente cogitados por Jones. À medida que denúncias se
espalhavam na imprensa, reforçada pela dissidência de membros leais, a fuga
para a América do Sul se tornava mais real e próxima. O temor das acusações
ganharem o apoio popular e do governo, e futuras investigações devassarem o
Templo do Povo, suas práticas, finanças e atividades explicitamente ilegais,
deixavam a liderança apreensiva, perturbada, e a exposição da realidade poria
fim ao movimento.
Jones e Marceline possuíam cerca de 32 milhões de
dólares no exterior, enquanto o “Pai” e a “Mãe”(assim chamados carinhosamente
pelos súditos) convocavam os adeptos a mais e mais sacrifícios, empenho e
volição no sentido de suprir as necessidades comuns.
É possível que Jim quisesse usar os fundos para
implementar o seu ideal socialista fora da América. Poderia ser, também, uma
reserva para si e seus familiares em caso de o culto extinguir-se. A verdade,
porém, é que Jones já especulava o suicídio coletivo, e o chamou de
“revolucionário e socialista”, portanto, não somente fazia parte dos seus
planos como algo aceitável, mas assumiria o caráter desejável e necessário à
causa, validaria os discursos de
rejeitar o capitalismo e apoiar incondicionalmente o socialismo. Seria a
maneira dos membros tomarem nas mãos o
próprio destino, repetia em cada reunião.
Na verdade, alguns se dispuseram a morrer pela
“causa”, mas muitos não queriam e foram obrigados, à força, receber o “suicídio
revolucionário” como bênção e não assassinato. O relato dos sobreviventes deixa
notório o fato de muitos estarem cansados com tudo aquilo, e a morte ser melhor
do que ouvir e participar das maluquices alopradas de Jim. Mas estou me
adiantando um pouco... e Jones, diversas vezes, como um “bom” psicopata, preparou os acólitos encenando o envenenamento, a fim de avaliar o grau de obediência.
Em 1977, quando as coisas estavam insuportáveis na
California, Jones, os filhos, o harém de amantes (fixas e giratórias) e
centenas de membros partiram, finalmente, para o paraíso tropical em meio à
Floresta Amazônica. Nos Estados Unidos, a esposa Marceline ficou responsável
por representar o Templo do Povo, a captação e envio de dinheiro, a compra e
transporte de insumos para o projeto na Guiana.
Nesse ínterim, Jones vivia sobre os efeitos de
drogas e álcool, expunha as pessoas a trabalhos forçados 14, 15, 16 horas por
dia, sob o sol escaldante e o calor asfixiante da selva, e incursionava no que
ficou denominado “noites brancas”, onde todos eram obrigados a ouvir nos vários
alto-falantes espalhados em dormitórios, corredores e pátios, horas fio, as
vezes terminando com o raiar da manhã, a parolagem ideológica e alucinógena do
“Pai”. Aquilo ia minando a resistência física e emocional da população. No auge
do acampamento havia cerca de 900 moradores em Jonestown, a cidade de Jones,
como foi batizada.
Enquanto isso, as denúncias de ex-membros, as
investigações de parte da imprensa (a maioria simplesmente não quis ouvir os
delatores), e a entrada no circuito do congressista Leo Ryan (notório por
farejar situações onde pudesse ganhar fama e fazer o seu marketing pessoal),
chamaram a atenção da opinião pública e das autoridades. As acusações de
sequestro, trabalho escravo, fraudes, além de extorsão, ameaças (houve relatos
de desaparecimentos e mortes de desafeto; nada foi provado, seja pela
intervenção de aliados, seja pela inexistência de fatos) e lavagem de
dinheiro. Discutia-se se o Templo do
Povo era verdadeiramente uma igreja, já que nada remetia a uma, sequer havia
mensagem religiosa, ou um movimento ideológico, político e social. Neste caso,
não faria jus à isenção de impostos.
À medida que o cerco apertava, Jim Jones convencia
os moradores de que estava em negociações com o embaixador soviético em
Georgetown e, em breve, mudariam e se instalariam em uma região ainda não
escolhida pelo governo. Poderia ser apenas delírio, se antes não fosse uma
trapaça para manter o ânimo da “tropa”.
Mesmo se opondo, Jones consentiu com visitas de
algumas comissões da embaixada americana de Georgetown e do governo guianês.
Estudava-se a ida de uma comissão do Congresso Americano, encabeçada por Ryan,
para uma inspeção em Jonestown. Por meses, Jim se recusou a recebê-los, e as
pressões sobre a comuna aumentavam proporcionalmente às exigências de
Washington. Descontrolado, Jim Jones intensificou as “noites brancas” e a ideia
do fim. Para ratificar o argumento, descrevia à exaustão o relato ocorrido em
Masada, 73 D.C., quando 960 judeus sicários cometeram suicídio coletivo, diante
da iminente conquista e escravidão pelos romanos. Para ele, não havia saída a
não ser o sacrifício, já que os Estados Unidos, tal qual os romanos, estavam em
vias de invadir, prender e escravizar pessoas que buscavam apenas viver em paz
o socialismo. Rapidamente a maioria se convenceu de estar em iminente ataque, e
a solução final não era mais vista com ceticismo.
Depois de Marceline convencer Jim a receber a
comitiva de Ryan, após semanas de tentativas, alegando que o Templo não tinha
nada a esconder de ninguém, e a visita poria fim aos falsos rumores, o “Pai”
ouviu a “Mãe”, mesmo a contragosto, e autorizou. Se quisesse continuar a tocar o negócio, teria
de fazer concessões ou as doações e ofertas, à míngua, cessariam.
Leo Ryan e sua comitiva, acrescida de jornalistas e
repórteres, chegaram em novembro de 1978 em Georgetown. Várias reuniões com a
embaixada, o governo guianês, membros e porta-vozes do Templo do Povo, se
estenderam por dias, enquanto Jim relutava em recebê-los. Foi novamente
Marceline quem o demoveu e intermediou o impasse. Mas a tensão e o clima pesado
pairava no ar, e somente Ryan, ocupado com o seu espetáculo, e os políticos da
capital sentiam que tudo acabaria bem e, ao final, todos estariam satisfeitos. No
geral, havia apreensão e muitas dúvidas quanto ao sucesso da inspeção.
No dia anterior ao massacre, Ryan, assessores, repórteres
e os “Parentes Preocupados”, grupo de ex-membros e familiares de membros
aflitos com as advertências e relatos acerca da autoridade severa, métodos no mínimo anormais e controle
exacerbado de Jones, chegou a Jonestown, recebidos por uma escolta paramilitar.
Logo depois, o próprio líder apresentou-se e trocou poucas palavras com os
visitantes. Quem fez o papel de cicerone foi Marceline, sempre afável e
disposta a apagar qualquer má impressão.
Membros foram entrevistados; acomodações, obras em
andamento e a infraestrutura vistoriados, e, praticamente, tudo foi aprovado. A
conclusão era de não haver motivos para duvidar da legitimidade e intensões de
Jim Jones. Contudo, não sabiam que nos eventos onde estranhos compareciam o
esforço em arranjar as coisas e transparecer ordem, fartura, alegria e produtividade,
faziam parte da “máscara coletiva”. Nada denunciava o racionamento de
alimentos, às vezes água, medicamentos e outras coisas cruciais para a
sobrevivência na selva.
No primeiro dia, alguns membros do templo solicitaram
à comitiva o retorno aos Estados Unidos. Leo Ryan intermediou, junto a
Marceline, a saída de cerca de 15 pessoas. Na verdade, ao chegar, imaginou que
o número de desertores seria maior, na casa dos cem. Marceline, novamente, interveio
junto ao esposo, que esbravejou e chamou os dissidentes de traidores. Por fim,
concordou. Ela ponderou serem apenas 15, ou seja, pouco mais de um por cento.
Não havia porquê impedir, ainda que ela mesma tenha tentado dissuadi-los. Aos
mais íntimos porém, Jones disse que hoje são 15, amanhã 30, e depois... No
fundo, ele não permitiria isso.
Quando o grupo se preparava para abandonar o
acampamento, uma tempestade desabou sobre a vila, impossibilitando a partida
até o aeródromo de Kaituma. A estrada rapidamente ficou intransitável. Todos
tiveram de se acomodar e esperar o dia seguinte, caso a torrente parasse.
Pouco antes, enquanto os moradores eram
entrevistados, um grupo dissidente fugiu, aproveitando-se do tumulto provocado
pela visita. À noite, após uma inspeção, Marceline descobriu a ausência de
alguns membros, reportou isso a Jones que fez as contas de mais 11 traidores,
totalizando 26. Ryan não foi informado da fuga, mas Jones havia decidido
colocar um ponto final naquela situação.
Na manhã seguinte, 18 de novembro, após mais duas ou
três adesões ao grupo que ansiava retornar à pátria, um membro desferiu um
golpe de faca em Ryan que por pouco não foi fatal. Aquilo o assustou e aos
demais, enquanto Jones permanecia impassível e com um risinho sarcástico. A
comitiva e os “traidores” embarcaram no caminhão de volta à Kaituma, e de avião
iriam para Georgetown.
A história já vai longe, então, resumirei.
Enquanto Jones executava os planos traçados
anteriormente de envenenamento, outro plano se desenvolvia (as transcrições das
conversas gravadas entre Jim e os membros são estarrecedoras. Não as farei
aqui. Você pode ouvi-las e ver muitas imagens no Youtube ou, por exemplo, ao
ler “Jim Jones”, de Jeff Guinn, a principal fonte desta matéria).
Continuando, enquanto em Jonestown 900 pessoas eram
mortas por livre vontade ou coagidas, a segurança do acampamento abriu fogo na
pista de pouso em Kaituma, matando 5 pessoas e ferindo outras tantas. Entre os
mortos estava o congressista Leo Ryan e sua secretária. Curiosamente, quatro
soldados guianeses, responsáveis pela escolta do grupo, não interviram no
ataque, apenas observando as cenas brutais. Havia o temor de envolverem-se e
causar um conflito internacional, pois eram americanos matando americanos.
É como escavar um lixão, quanto mais se mexe, mais
lixo aparece.
Jim Jones, com todo o seu carisma, charme e apelo
popular, ficará mesmo marcado na história como um frio, louco e desmedido
assassino. Em seu orgulho, blasfêmia e falta de afeto natural, tinha aparência
de piedade, mas negava-a.
Casos assim nos enche de compaixão e tristeza, e
pode ainda ser mais triste, pois, neste mundo, os exemplos, ao invés de
servirem de alerta, tornam-se causa e motivação para repeti-los. Se há
cinquenta anos, quase mil pessoas foram exterminadas pela cegueira própria ou
pela fraqueza moral, pessoas como Jim Jones são o sinal de que nas trevas
sempre é possível surgir homens tenebrosos e cruéis.
Que Jim Jones, a despeito da sua crença na
reencarnação, esteja definitivamente morto.
E nada, ou alguém, reivindique o seu trono.
__________________________________________
Bibliografia: Jim Jones
Autor: Jeff Guinn
Editora: DarkSide
Páginas: 544
__________________________________________
Li materiais avulsos e assisti a vídeos no
youtube. A maioria das informações estavam em harmonia, confirmando,
especialmente as fontes primárias (e muitas delas estão vivas), o assombroso e
terrível desfecho das loucuras psicóticas e socialistas de Jones, descritos por
Guinn. Por isso, não me referi a ele
como pastor e seu culto por igreja, já que as características do Templo do Povo
não tinham nada a ver com religiosidade, não no sentido cristão do termo. Era
mais um politburo. E um chamariz para atrair incautos.

