17 abril 2023

A generalização do caos





Por Jorge F. Isah



Muitas pessoas encontram-se desanimadas com o quadro político, econômico e social do país, e são tomadas de sobressalto a cada novo escândalo veiculado pela mídia, chegando-se mesmo a uma angústia da alma, a um estado de desolação, sem esperanças ou perspectivas a motivá-las a um futuro, mesmo longínquo, em que o Brasil possa ressurgir da lama na qual está atolado até o cocuruto.

A questão não se resume aos escândalos diários, como se fosse apenas o desdobramento do ofensa à ordem do dia anterior, mas deve-se ter a real dimensão de tudo isto que está acontecendo e por quais motivos e objetivos acontecem. Não é simplesmente roubalheira ou corrupção ocasionais, ainda que perdurem ao menos nos últimos 12 anos de governo (até porquê o histórico de corrupção na república é algo germinal; iniciou-se antes mesmo do fim da Monarquia), e nem tão somente ligados apenas a um partido. É claro que as dimensões do furto, da corrupção, dos desvios públicos atingiram níveis inimagináveis nas mãos de “companheiros”, ao ponto em que a maior empresa brasileira e uma das dez maiores do mundo até 2008, encontra-se em estado falimentar; se fosse uma empresa privada já teria quebrado, mas como não é, respira por aparelhos, em coma.

A pergunta que se deve fazer é: Como se mantém um governo no poder? Como fazê-lo perpetuar-se? E garantir que se perpetue?

O dinheiro é apenas o meio para se conseguir isso, comprando votos, coaptando, alugando cargos, favorecendo aos amigos do "rei", ou seja, aparelhando o estado de tal maneira que não haja resistência à permanência ou manutenção no poder de um grupo ideológico. E os políticos sabem e souberam muito bem fazer isso (e estão fazendo "com louvor"), debaixo de nossas barbas, sem haver uma efetiva oposição, onde muitas lideranças, por conveniência, desonestidade, cumplicidade ou ignorância se desse conta do que acontece e foi tramado há mais de trinta anos pelo Foro de São Paulo¹, seguindo a cartilha do Fabianismo e Gramscianismo². Seria injusto imputar toda a culpa do caos nacional a eles, aos progressistas, pois a alma desta nação está tão arraigada à “Lei de Gerson”, o levar vantagem em tudo, que as chances de alguém furar essa bolha é de 1 para 100, e olhe lá!

O que se chama "oposição" não o é de princípios, mas de cargos e postos, no intuito de apenas assumirem o seu lugar no governo e tocar o barco tal ou qual eles tocam. Em suma, seria trocar seis por meia dúzia. Então, pensar apenas em um escândalo, em um roubo, em um desmando, em uma afronta à lei, é ter uma visão localizada, minimizada da realidade, faltando-se compreender a abrangência efetiva do propósito e união continental para a implantação de uma "pátria totalitária" nas Américas. Saindo o atual governo, quem entrará em seu lugar? Caso haja um lugar a se ocupar?... E a valsa continuará sendo tocada na mesma toada.

Isso se agrava pelo fato da maioria das pessoas acreditarem no absurdo de que existam partidos conservadores ou de direita no país, quando se tem apenas cartas do mesmo baralho ou a outra face da mesma moeda. No fim das contas, o establishment só quer saber de si mesmo, e os cidadãos e a nação se virem e lasquem para pagar as suas contas, via impostos e taxas quase sempre imorais e escorchantes. É pessimismo, podem dizer alguns, mas a realidade o prova, e a história mais recente (vide Argentina, Venezuela, Bolívia, Nicaragua, etc) apenas se repete por aqui e em tantos outros lugares também.

Qual a solução?... A curto e médio prazo não vejo nada de efetivo. A coisa está tão preta, mas tão preta, que o "reino de terror" está em franco desenvolvimento, e o que virá pelos próximos meses e anos não é nada animador. Enquanto as pessoas permanecerem atentas apenas ao "último escândalo", nada ou pouco poderá ser feito de factual e legítimo. A solução é a longo prazo, uma mudança de mentalidade, o abandono da mente carnal por uma mente cristã. E isso somente acontece quando as pessoas entendem e aceitam o evangelho, em todo o seu corpo, em toda a sua totalidade e sabedoria. Para um veneno (o pecado, o crime, a impiedade, a imoralidade, p.ex.) apenas o antídoto: Cristo³!

Para muitos parecerá simplismo ou reducionismo, mas como alguém pode caracterizar ou considerar o evangelho de Cristo dessa maneira?

Entretanto, o ódio deste mundo a ele e a sua palavra é algo entranhado no DNA humano, subindo à cabeça e descendo ao coração, de uma maneira tão virulenta que é mais fácil imaginar um paraíso perfeito criado pelas mãos humanas, mas que não saí do discurso ideológico e do papel, pois a realidade e a história provam, e provaram (e reprovaram) a sua eficácia em negá-lo na prática; é mais fácil o delírio e o jogo de palavras do que se submeter ao jugo leve e suave de Cristo.

Ainda que o mundo não conheça a graça divina, é-se possível viver nele minimamente em ordem (se é que tal existe), mesmo na desordem pós-Queda. Sociedades não muito antigas como a europeia e a americana, fundadas em valores cristãos, parecem-me ainda possíveis; mesmo que na atual conjuntura de degradação mental e espiritual seja uma loucura para as multidões de desavisados!

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Notas: 1] O Foro de São Paulo é uma organização criada em 1990 por Fidel Castro, Hugo Chaves e Lula com o nítido objetivo de implementar a "grande pátria", ou seja, a comunização de toda a América Latina nos moldes de Cuba. Basta olhar para os nossos vizinhos, e também o Brasil, para ver como eles foram bem-sucedidos em seus intentos. 

2] Fabianismo e Gramscianismo são movimentos políticos marxistas que acreditam na progressiva e gradual evolução da sociedade, utilizando da democracia, para instalar o comunismo. 

3] Mesmo sabendo que um reino de paz não acontecerá antes do retorno do Senhor Jesus, urge-se ainda mais a pregação do evangelho. Não para mudar o estado geral de coisas, as quais parecem quase irreversíveis, e não somente no Brasil mas no mundo, mas para que, ao menos, alguns saibam que a saída está aí, bem na cara de todos, mas por uma série de fatores, entre eles a Queda e a depravação total do homem (que a mentalidade moderna teima em não reconhecer), eles escolheram o caminho tortuoso da ilusão, de se criar uma outra realidade, onde o massacre ideológico teima em afirmar e insistir na criação de um mundo perfeito à margem de Deus e do seu Evangelho, o que é impossível, um sofisma dos mais grandiosos. De qualquer forma, como servos, resta-nos proclamar o Reino, e que ele venha!

4] Queda é o evento no qual o homem e a mulher, no Éden, desobedeceram a Deus e, por isso, o pecado entrou no mundo. A visão bíblica e cristã é de que com ela toda a criação foi corrompida, contaminada pelo pecado e desobediência, não somente o homem, mas todo o Cosmos, por causa do homem. 

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